História da Redenção

143/232

Capítulo 35 — A organização do evangelho

Este capítulo é baseado em Atos dos Apóstolos 6:1-7.

“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.” Estes gregos eram residentes de outros países onde se falava a língua grega. Muito maior era o número de conversos judeus que falavam o hebraico; porém, aqueles tinham vivido no Império Romano, e falavam somente o grego. A murmuração começou a surgir entre eles de que as viúvas gregas não eram tão liberalmente supridas como os necessitados dentre os hebreus. Qualquer parcialidade desta espécie teria sido um agravo a Deus; e prontas medidas foram tomadas para restaurar a paz e a harmonia entre os crentes. HR 259.1

O Espírito Santo sugeriu um método pelo qual os apóstolos poderiam ficar isentos da tarefa de repartir com os pobres, ou tarefas similares, pois deviam ser deixados livres para pregar a Cristo. “Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.” HR 259.2

A igreja de comum acordo escolheu sete homens cheios de fé e da sabedoria do Espírito de Deus, para atender os negócios pertinentes à causa. Estêvão foi o primeiro escolhido; ele era judeu por nascimento e religião, mas falava a língua grega, e era versado nos costumes e maneiras dos gregos. Foi portanto considerado a pessoa mais apropriada para estar à testa e ter a supervisão da distribuição dos fundos destinados às viúvas, órfãos e aos reconhecidamente pobres. Esta escolha satisfez a todos, de modo que o descontentamento e a murmuração foram aquietados. HR 260.1

Os sete homens escolhidos foram solenemente apartados para seus deveres, pela oração e pela imposição das mãos. Aqueles que foram assim ordenados, não estavam entretanto, excluídos de ensinar a fé. Pelo contrário, é lembrado que “Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”. Eles estavam plenamente qualificados para instruir na verdade. Eram também homens de juízo calmo e discrição, bem capacitados para tratar de casos difíceis de julgamento, murmuração ou inveja. HR 260.2

A escolha de homens para efetuarem os negócios da igreja, de modo que os apóstolos pudessem ficar livres para seu trabalho especial de ensinar a verdade, foi grandemente abençoado por Deus. A igreja crescia em número e em poder. “Crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.” HR 260.3

É necessário que a mesma ordem e sistema sejam mantidos na igreja agora como nos dias apostólicos. A prosperidade da causa depende grandemente de serem seus vários departamentos conduzidos por homens hábeis, qualificados para suas posições. Os que são escolhidos por Deus para serem líderes em Sua causa, tendo a supervisão geral dos interesses espirituais da igreja, devem ser aliviados, tanto quanto possível, de cuidados e perplexidades de natureza temporal. Aqueles a quem Deus chamou para ministrar em palavra e doutrina devem ter tempo para meditação, oração, e estudo das Escrituras. Seu claro discernimento espiritual é diminuído ao entrarem em mínimos detalhes de negócios e no trato com os vários temperamentos das pessoas que se reúnem em qualidade de igreja. É próprio que todos os assuntos de natureza temporal se apresentem perante os oficiais qualificados e sejam por eles ajustados. Mas se são de caráter tão difícil que frustre sua sabedoria, devem ser levados ao conselho daqueles que têm a supervisão de toda a igreja. HR 260.4