História da Redenção

142/232

O segundo julgamento

“Nisto, indo o capitão e os guardas, os trouxeram sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome, contudo enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue deste homem.” Eles não estavam tão dispostos a levar a culpa pela morte de Jesus, como quando se associaram ao clamor da vil turba: “Seu sangue caia sobre nós e nossos filhos.” HR 256.2

Pedro, com os demais apóstolos, tomou a mesma linha de defesa que tinha seguido em seu primeiro julgamento: “Então Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes importa obedecer a Deus do que aos homens.” Foi o anjo enviado por Deus que os libertou da prisão ordenando-lhes a ensinar no templo. Seguindo suas instruções eles estavam obedecendo ao divino comando, o que deveriam seguir fazendo com qualquer risco para si mesmos. Pedro continuou: “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-O num madeiro. Deus, porém, com Sua destra, O exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados. Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que Lhe obedecem.” HR 256.3

O Espírito da inspiração estava sobre os apóstolos, e os acusados se tornaram acusadores, lançando o assassínio de Cristo sobre os sacerdotes e príncipes que formavam o conselho. Os judeus ficaram tão irados que decidiram, sem qualquer outro julgamento e sem a autoridade dos oficiais romanos, tomar a lei em suas próprias mãos e matar os prisioneiros. Já culpados do sangue de Cristo, estavam agora ávidos de manchar as mãos com o sangue de Seus apóstolos. Mas estava ali um homem de saber e alta posição, cujo claro intelecto viu que este violento passo traria terríveis conseqüências. Deus suscitou um homem de seu próprio conselho para deter a violência dos sacerdotes e príncipes. HR 257.1

Gamaliel, o sábio fariseu e doutor, um homem de grande reputação, era uma pessoas de extrema precaução, que antes de falar em favor dos prisioneiros, pediu que eles fossem removidos. Então falou com grande ponderação e calma: “Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque antes destes dias se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus.” HR 257.2

Os sacerdotes não podiam senão ver plausibilidade nesta opinião; foram obrigados a concordar com ele, e com muita relutância soltaram os prisioneiros, depois de os castigar com varas e insistir com eles vez após vez a não mais pregarem em nome de Jesus, ou suas vidas seriam o preço de sua ousadia. “E eles se retiraram do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome. E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.” HR 258.1

Os perseguidores dos apóstolos devem ter ficado bem perturbados quando viram sua falta de habilidade para derrotar estas testemunhas de Cristo, que tiveram fé e coragem para transformar sua vergonha em glória e seu padecimento em alegria por amor de seu Mestre, que tinha suportado humilhação e agonia antes deles. Dessa maneira estes bravos discípulos continuaram a ensinar em público, e em particular nas casas, a convite de seus habitantes que não ousavam confessar abertamente sua fé, por temor dos judeus. HR 258.2