Testemunhos para a Igreja 1

9/123

Capítulo 7 — Minha primeira visão

Não muito tempo depois da passagem do tempo em 1844, foi-me concedida a primeira visão. Estava em Portland, em visita a uma querida irmã em Cristo, cujo coração estava enlaçado ao meu. Cinco de nós, todas mulheres, estávamos ajoelhadas silenciosamente no culto familiar. Enquanto estávamos orando, o poder de Deus me sobreveio como nunca o havia sentido antes. Parecia estar cercada de luz, e achar-me subindo mais e mais alto da Terra. Voltei-me para ver o povo do advento no mundo, mas não o pude achar, quando uma voz me disse: “Olha novamente, e olha um pouco mais para cima.” Com isso, olhei mais para o alto, e vi um caminho reto e estreito, levantado em um lugar elevado do mundo. O povo do advento estava nesse caminho, a viajar para a cidade. Tinham uma luz brilhante colocada por trás deles no começo do caminho, a qual um anjo me disse ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava em toda a extensão do caminho, e proporcionava claridade para seus pés, para que não tropeçassem. Se conservavam o olhar fixo em Jesus, que Se achava precisamente diante deles, guiando-os para a cidade, estavam seguros. Mas logo alguns ficaram cansados, e disseram que a cidade estava muito longe e esperavam ter entrado nela antes. Então Jesus os animava, levantando Seu glorioso braço direito; e de Seu braço saía uma luz que incidia sobre o povo do advento, e eles clamavam: “Aleluia!” Outros temerariamente negavam a existência da luz atrás deles e diziam que não fora Deus quem os guiara tão longe. A luz atrás deles desaparecia, deixando-lhes os pés em densas trevas; de modo que tropeçavam e, perdendo de vista o sinal e a Jesus, caíam do caminho para baixo, no mundo tenebroso e ímpio. T1 58.3

Logo ouvimos a voz de Deus semelhante a muitas águas, a qual nos anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144.000, reconheceram e entenderam a voz, ao passo que os ímpios julgaram fosse um trovão ou terremoto. Ao declarar Deus o tempo, verteu sobre nós o Espírito Santo, e nosso rosto brilhou com o esplendor da glória de Deus, como aconteceu com Moisés, na descida do Monte Sinai. T1 59.1

Os 144.000 estavam todos selados e perfeitamente unidos. Em sua testa estava escrito: “Deus, Nova Jerusalém”, e tinham uma estrela gloriosa que continha o novo nome de Jesus. Por causa de nosso estado feliz e santo, os ímpios enraiveceram-se e arremeteram violentamente para lançar mão de nós, a fim de lançar-nos à prisão; mas quando estendemos a mão em nome do Senhor, eles caíram indefesos ao chão. Foi então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado a nós, que lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmãos com ósculo santo; e adoraram a nossos pés. T1 59.2

Logo nossos olhares foram dirigidos ao Oriente, pois aparecera uma nuvenzinha aproximadamente do tamanho da metade da mão de um homem, a qual todos soubemos ser o sinal do Filho do homem. Todos em silêncio solene olhávamos a nuvem que se aproximava e tornava mais e mais clara e esplendente, até converter-se numa grande nuvem branca. A parte inferior tinha aparência de fogo; o arco-íris estava sobre a nuvem, enquanto em redor dela se achavam dez milhares de anjos, entoando um cântico agradabilíssimo; e sobre ela estava sentado o Filho do homem. Os cabelos, brancos e anelados, caíam-Lhe sobre os ombros; e sobre a cabeça tinha muitas coroas. Os pés tinham a aparência de fogo; em Sua destra trazia uma foice aguda e na mão esquerda, uma trombeta de prata. Seus olhos eram como chamas de fogo, que profundamente penetravam Seus filhos. Então todos os rostos empalideceram; e o daqueles a quem Deus havia rejeitado se tornaram negros. Todos exclamamos então: “Quem poderá estar em pé? Estão as minhas vestes sem mancha?” Então os anjos cessaram de cantar, e houve algum tempo de terrível silêncio, quando Jesus falou: “Aqueles que têm mãos limpas e coração puro serão capazes de estar em pé; Minha graça vos basta.” Com isso nosso rosto se iluminou e encheu de alegria o coração. E os anjos tocaram mais fortemente e tornaram a cantar, enquanto a nuvem mais se aproximava da Terra. Então a trombeta de prata de Jesus soou, ao descer Ele sobre a nuvem, envolto em labaredas de fogo. Olhou para as sepulturas dos santos que dormiam, ergueu então os olhos e mãos ao céu, e exclamou: Despertem! Despertem! Despertem! Vocês que habitam no pó, e levantem. Isaías 26:19. Houve um forte terremoto. As sepulturas se abriram, e os mortos saíram revestidos de imortalidade. Os 144.000 clamaram “Aleluia!”, quando reconheceram os amigos que deles tinham sido separados pela morte, e no mesmo instante fomos transformados e “arrebatados juntamente com eles... a encontrar o Senhor nos ares”. 1 Tessalonicenses 4:17. T1 60.1

Todos nós entramos juntos na nuvem, e estivemos sete dias ascendendo para o mar de vidro, aonde Jesus trouxe as coroas, e com Sua própria destra as colocou sobre nossa cabeça. Deu-nos harpas de ouro e palmas de vitória. Ali, sobre o mar de vidro, os 144.000 ficaram em quadrado perfeito. Alguns deles tinham coroas muito brilhantes; outros, não tanto. Algumas coroas pareciam repletas de estrelas, ao passo que outras tinham poucas. Todos estavam perfeitamente satisfeitos com sua coroa. E todos estavam vestidos com um glorioso manto branco, dos ombros aos pés. Havia anjos de todos os lados em redor de nós quando caminhávamos sobre o mar de vidro rumo à porta da cidade. Jesus levantou o potente e glorioso braço, segurou o portal de pérolas, fê-lo girar sobre seus luzentes gonzos e nos disse: “Vocês lavaram suas vestes em Meu sangue, permaneceram firmes pela Minha verdade; entrem.” Todos entramos e sentíamos ter perfeito direito à cidade. T1 60.2

Ali vimos a árvore da vida e o trono de Deus. Do trono provinha um rio puro de água, e de cada lado do rio estava a árvore da vida. De um lado do rio havia um tronco da árvore, e do outro lado outro, ambos de ouro puro e transparente. A princípio pensei que via duas árvores. Olhei outra vez e vi que elas se uniam em cima numa só árvore. Assim estava a árvore da vida em ambos os lados do rio da vida. Seus ramos curvavam-se até o lugar em que nos achávamos, e seu fruto era esplêndido; tinha o aspecto de ouro, de mistura com prata. T1 61.1

Todos nós fomos debaixo da árvore, e sentamo-nos para contemplar a glória daquele lugar, quando os irmãos Fitch e Stockman, que tinham pregado o evangelho do reino, e a quem Deus depusera na sepultura para os salvar, se achegaram e nos perguntaram o que acontecera enquanto eles haviam dormido. Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão pequenas em comparação com o “peso eterno de glória mui excelente” (2 Coríntios 4:17) que nos rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos — “Aleluia! muito fácil é adquirir o Céu!” — e tocamos nossas harpas de ouro e fizemos com que as arcadas do Céu reboassem. T1 61.2