Testemunhos para a Igreja 1
Capítulo 6 — A experiência do advento
Com vigilância e tremor aproximávamo-nos do tempo* em que se esperava aparecesse o nosso Salvador. Com solene fervor, buscávamos, como um povo, purificar nossa vida a fim de estar prontos para O encontrar em Sua volta. Apesar da oposição de pastores e igrejas, o Beethoven Hall, na cidade de Portland, estava lotado todas as noites, especialmente aos domingos. O Pastor Stockman era um homem de profunda piedade. Não desfrutava de boa saúde, mas quando se punha perante o povo, parecia elevar-se acima de sua enfermidade física e sua face se iluminava com a percepção de estar ensinando a sagrada verdade de Deus. T1 48.2
Havia um solene e penetrante poder em suas palavras, que atingia muitos corações. Ele, às vezes, expressava um fervente desejo de viver até que pudesse saudar o Salvador vindo nas nuvens do céu. Sob seu ministério, o Espírito de Deus convencera a muitos pecadores e os levara ao aprisco de Cristo. Ainda se realizavam reuniões em casas particulares em diferentes partes da cidade, com os melhores resultados. Os crentes* animavam-se a trabalhar por seus amigos e parentes, e dia a dia multiplicavam-se as conversões. T1 48.3
Todas as classes acorriam às reuniões do Beethoven Hall. Ricos e pobres, grandes e humildes, pastores e leigos, estavam todos por vários motivos, ansiosos por ouvir a doutrina do segundo advento. Muitos vinham e, não encontrando lugar nem para ficarem de pé, voltavam desapontados. A ordem seguida nas reuniões era simples. Fazia-se usualmente uma breve e incisiva palestra, concedendo-se em seguida liberdade para exortações gerais. Havia, em regra, o maior silêncio possível a uma tão grande multidão. O Senhor continha o espírito de oposição enquanto Seus servos expunham as razões de sua fé. Algumas vezes o instrumento era fraco, mas o Espírito de Deus dava peso e poder à Sua verdade. Sentia-se a presença dos santos anjos na reunião, e várias pessoas eram acrescentadas diariamente ao pequeno núcleo de crentes. T1 49.1
Uma ocasião, enquanto o Pastor Stockman estava pregando, o Pastor Brown, pastor batista cristão, estava assentado à plataforma, escutando o sermão com intenso interesse. Ficou profundamente comovido e subitamente seu rosto empalideceu como o de um morto; vacilou na cadeira, e o Pastor Stockman tomou-o nos braços precisamente quando ia caindo ao chão, e o deitou no sofá atrás do estrado, onde ficou sem forças até o sermão terminar. T1 49.2
Levantou-se então, com o rosto ainda pálido, mas resplendente com a luz do Sol da Justiça, e deu um testemunho muito impressionante. Parecia receber santa unção do alto. Ele tinha por costume falar vagarosamente, de maneira fervorosa, sem qualquer agitação. Nessa ocasião, suas palavras solenes e comedidas traziam consigo um novo poder, enquanto advertia os pecadores e seus irmãos pastores a porem de lado a incredulidade, o preconceito e a fria formalidade e, semelhantemente aos nobres bereanos, pesquisarem os Sagrados Escritos, comparando escritura com escritura, para apurar se essas coisas eram ou não verdadeiras. Ele rogava aos pastores presentes que não se sentissem ofendidos pela maneira direta e penetrante pela qual o Pastor Stockman apresentava o solene assunto, que dizia respeito a todos. T1 49.3
Disse ele: “Desejamos alcançar o povo; queremos que os pecadores sejam convencidos e verdadeiramente se arrependam, antes que lhes seja muito tarde para serem salvos, a fim de que não se cumpram neles a lamentação: ‘Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.’ Jeremias 8:20. Irmãos pastores dizem que nossas setas os atingiram. Farão eles a gentileza de se pôr de lado e permitir que atinjamos o coração dos pecadores? Se eles fizeram a si mesmos alvos de nossas advertências, não têm razão para protestarem contra os ferimentos que receberam. Ponham-se à margem, irmãos, e vocês não serão atingidos.” T1 50.1
Relatou sua experiência com tal simplicidade e candura, que muitos dos que antes haviam tido preconceito foram tocados até chorar. Sentia-se a influência do Espírito Santo em suas palavras, e via-se em seu rosto. Com santa exaltação, declarou ousadamente que havia tomado a Palavra de Deus como sua conselheira; que se lhe haviam dissipado as dúvidas e fortalecido a fé. Com fervor convidou seus irmãos os pastores, os membros da igreja, os pecadores e incrédulos para examinarem a Bíblia por si mesmos, e insistiu que não deixassem ninguém afastá-los do propósito de descobrir a verdade. T1 50.2
O Pastor Brown, nem na ocasião e nem depois, rompeu sua ligação com a Igreja Batista Cristã, e foi tido em grande consideração por seu povo. Ao terminar ele de falar, os que desejavam as orações do povo de Deus foram convidados a se levantar. Centenas atenderam ao convite. O Espírito Santo repousava sobre a reunião. O Céu e a Terra pareciam aproximar-se. A reunião durou até avançada hora da noite. O poder do Senhor foi sentido sobre jovens, adultos e idosos. T1 50.3
Enquanto voltávamos para nossas casas por diversos caminhos, uma voz louvando a Deus chegou até nós; e como que em resposta, outras vozes aqui e acolá aclamavam: “Glória a Deus; ‘o Senhor reina’”! Salmos 96:10. Os homens iam para seus lares com louvores nos lábios e o alegre som ressoava pelo tranqüilo ar noturno. Ninguém que assistiu a essas reuniões pôde se esquecer daquelas cenas de profundo interesse. T1 50.4
Aqueles que sinceramente amam a Jesus podem apreciar os sentimentos dos que aguardavam com intenso anelo a vinda de seu Salvador. O ponto culminante estava próximo do cumprimento. O tempo em que esperávamos encontrá-Lo estava muito próximo. Aproximávamo-nos dessa hora com calma solenidade. Os verdadeiros crentes permaneciam em doce comunhão com Deus — um penhor da paz que lhes estava garantida no brilhante futuro. Ninguém que experimentou essa esperança e fé poderá jamais esquecer aquelas preciosas horas de espera. T1 51.1
Os negócios seculares foram, pela maioria, postos de lado por algumas semanas. Cuidadosamente examinávamos cada pensamento e emoção de nosso coração, como se estivéssemos em nosso leito de morte e em poucas hora fôssemos fechar os olhos para sempre. Ninguém preparara “vestes de ascensão” para o grande evento; sentíamos a necessidade de evidência interior de que estávamos preparados para encontrar a Cristo, e nossas vestes brancas eram a pureza de coração, caráter limpo do pecado pelo sangue expiatório de nosso Salvador. T1 51.2
Mas o tempo de expectação passou. Esse foi o primeiro grande teste sobre aqueles que criam e esperavam que Jesus viesse nas nuvens do Céu. O desapontamento do expectante povo de Deus foi enorme. Os escarnecedores estavam triunfantes e conquistaram os fracos e covardes para suas fileiras. Alguns que pareciam possuir verdadeira fé pareciam ter sido persuadidos apenas pelo medo. Agora sua coragem retornara com o passar do tempo e se uniram audaciosamente aos zombadores, declarando que nunca foram enganados realmente pela doutrina de Miller, que era um louco fanático. Outros, naturalmente submissos ou vacilantes, abandonaram secretamente a causa. Eu pensava: Se Cristo tivesse realmente vindo, em que se tornariam aqueles fracos e mutáveis? Eles professavam amar e aguardar a vinda de Jesus, mas quando Ele não veio, pareciam muito aliviados e retornaram ao estado de descuido e desrespeito à verdadeira religião. T1 51.3
Estávamos perplexos e desapontados, todavia, não renunciamos à nossa fé. Muitos ainda se apegavam à esperança de que Jesus não retardasse por muito mais tempo a Sua vinda; a palavra do Senhor era certa, não poderia falhar. Sentimos que havíamos cumprido com nosso dever, que havíamos vivido de acordo com nossa preciosa fé. Ficamos decepcionados, mas não desanimados. Os sinais dos tempos indicavam que o fim de todas as coisas estava próximo; e que precisávamos vigiar e nos mantermos em prontidão para a vinda do Senhor em qualquer tempo. Devíamos aguardar com esperança e confiança, não negligenciando as reuniões para instrução, encorajamento e conforto, para que nossa luz pudesse brilhar em meio à escuridão do mundo. T1 52.1
O cálculo do tempo era tão simples e claro que mesmo uma criança podia entendê-lo. Desde a data do decreto do rei da Pérsia, encontrado em Esdras 7, que havia sido baixado em 457 a.C., os 2.300 anos de Daniel 8:14 deviam terminar em 1843. Dessa maneira, havíamos olhado para o fim desse ano como o tempo da vinda do Senhor. Ficamos tristemente desapontados quando o tempo se passou e o Salvador não veio. T1 52.2
Não foi percebido, de início, que se o decreto não entrou em vigor no princípio de 457 a.C., os 2.300 anos não se completariam no fim de 1843. Apurou-se que o decreto foi promulgado quase no final de 457 a.C., e portanto, o período profético deveria alcançar o outono de 1844. Por conseguinte, a visão do tempo não tardou, embora assim parecesse. Apoiamo-nos na linguagem do profeta: “Porque a visão ainda é para o tempo determinado, e até o fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.” Habacuque 2:3. T1 52.3
Deus provou Seu povo na passagem do tempo em 1843. O erro cometido na contagem dos períodos proféticos não foi descoberto de uma vez, mesmo por homens cultos que se opunham aos pontos de vista daqueles que aguardavam a vinda de Cristo. Os eruditos declararam que o Sr. Miller estava correto em seu cálculo de tempo, embora o questionassem com respeito ao evento que ocorreria no fim desse período. Mas eles e o expectante povo de Deus incorreram em erro comum na questão de tempo. T1 52.4
Nós críamos plenamente que Deus, em Sua sabedoria, determinou que Seu povo enfrentasse tal desapontamento, o qual foi bem planejado para revelar o coração e o caráter dos que haviam professado esperar e rejubilar-se na vinda do Senhor. Aqueles que aceitaram a mensagem do primeiro anjo (ver Apocalipse 14:6, 7) por temor do juízo divino, e não por causa de amarem a verdade e desejarem uma herança celestial, agora surgiam em sua verdadeira condição. Esses estavam entre os primeiros a ridicularizar os desapontados, que sinceramente desejavam e amavam o aparecimento de Jesus. T1 53.1
Os que passaram pela decepção não foram deixados em trevas; pois, ao pesquisarem o período profético com fervorosa oração, o erro foi descoberto e o traçado da pena profética através do tempo de tardança visto claramente. Em meio à jubilosa expectativa da vinda de Cristo, a aparente demora da visão não havia sido levada em conta, tornando-se uma triste surpresa. Não obstante, essa aflição era necessária para desenvolver e fortalecer os crentes sinceros. T1 53.2
Nossas esperanças estavam agora centralizadas na vinda do Senhor para 1844. Esse também era o tempo para a mensagem do segundo anjo que, voando pelo meio do Céu, dizia em grande voz: “Caiu! caiu Babilônia, aquela grande cidade!” Apocalipse 14:8. Essa mensagem foi primeiramente proclamada pelos servos de Deus no verão de 1844. Como resultado, muitos abandonaram as igrejas caídas. Em ligação com essa mensagem, foi dado o clamor da meia-noite*: “Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro!” Mateus 25:6. Em toda parte do país, raiou a luz no tocante a essa mensagem e o clamor despertou a milhares. Foi de cidade a cidade, de aldeia a aldeia, às mais afastadas regiões do país. Atingiu os cultos e talentosos, bem como os obscuros e humildes. T1 53.3
Esse foi o ano mais feliz de minha vida. Meu coração transbordava de alegre expectativa; mas sentia grande dó e ansiedade pelos que se achavam desanimados e não tinham esperança em Jesus. Unimo-nos, como um só povo, em fervorosa oração para alcançar uma verdadeira experiência e inequívoca prova de nossa aceitação da parte de Deus. T1 54.1
Necessitávamos de grande paciência, pois os escarnecedores eram muitos. Éramos freqüentemente abordados com irônicas referências ao nosso desapontamento anterior. “Vocês ainda não subiram? Quando esperam subir?” e outras zombarias semelhantes eram muitas vezes lançadas sobre nós por nossos conhecidos mundanos, e mesmo por alguns professos cristãos que aceitavam a Bíblia, mas falharam em aprender suas grandes e importantes verdades. Seus olhos cegados nada pareciam ver senão um vago e distante significado na solene advertência: “Porquanto [Deus] tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo” (Atos dos Apóstolos 17:31), e na certeza de que os santos serão arrebatados para se encontrarem com o Senhor nos ares. T1 54.2
As igrejas ortodoxas usaram de todos os meios para impedir que se propagasse a crença na breve vinda de Cristo. Nas suas reuniões não se dava liberdade àqueles que costumavam mencionar sua esperança na breve vinda de Jesus. Os que professavam amar a Jesus escarnecedoramente rejeitavam as boas novas de que Aquele que diziam ser o seu melhor Amigo, devesse logo visitá-los. Estavam agitados e enraivecidos contra os que proclamavam as novas de Sua vinda e se regozijavam de muito breve contemplá-Lo em glória. T1 54.3
Cada momento me parecia ser da máxima importância. Eu pressentia que estávamos trabalhando para a eternidade, e que os descuidosos e indiferentes se achavam no maior perigo. Nada me obscurecia a fé, e eu me apegava às preciosas promessas de Jesus. Ele dissera a Seus discípulos: “Pedi, e recebereis.” João 16:24. Eu cria firmemente que todo pedido de acordo com a vontade de Deus certamente me seria concedido. Prostrei-me humildemente aos pés de Jesus, com o coração em harmonia com a Sua vontade. T1 54.4
Muitas vezes visitava famílias e empenhava-me em fervorosa oração com aqueles que estavam oprimidos por temores e desânimo. Minha fé era tão forte que nunca duvidava, um momento que fosse, de que Deus atendesse as minhas orações. Sem uma única exceção, fruíamos a bênção e paz de Jesus em resposta às nossas humildes petições, e luz e alegria animavam o coração dos desesperados. T1 55.1
Com diligente exame de consciência e humildes confissões, chegamos devotadamente ao tempo da expectação. Todas as manhãs sentíamos que nosso primeiro trabalho era assegurar-nos de que nossa vida estava reta diante de Deus. Aumentava o nosso interesse de uns para com os outros; orávamos muito, juntos, e uns pelos outros. Congregávamo-nos nos pomares e bosques para ter comunhão com Deus e dirigir-Lhe nossas petições, sentindo nós mais completamente Sua presença quando rodeados por Suas obras naturais. As alegrias da salvação nos eram mais necessárias do que a comida e a bebida. Se nuvens nos obscureciam o espírito, não ousávamos repousar ou dormir antes que fossem varridas pela certeza de que éramos aceitos pelo Senhor. T1 55.2
Minha saúde não estava bem; meus pulmões haviam sido seriamente afetados e minha voz falhava. O Espírito de Deus freqüentemente repousava sobre mim com grande poder, e meu frágil organismo dificilmente podia suportar a glória que inundava meu coração. Parecia que eu respirava a atmosfera do Céu e jubilava ante a perspectiva de mui brevemente encontrar-me com meu Redentor e viver para sempre à luz de Sua face. T1 55.3
O povo expectante de Deus aproximava-se da hora em que ternamente esperava que suas alegrias se completassem na vinda do Salvador. Mas de novo passou o tempo, sem qualquer demonstração do advento de Jesus. Era difícil assumirmos os cuidados da vida que julgáramos para sempre deixados de lado. Foi amargo o desapontamento que atingiu o pequeno rebanho, cuja fé tinha sido tão forte, e tão elevada a esperança. Estávamos, porém, surpresos de que nos sentíssemos tão livres no Senhor, e tão fortemente fôssemos amparados por Sua força e graça. T1 55.4
A experiência do ano anterior, contudo, repetira-se em maior proporção. Grande número de pessoas renunciara a sua fé. Alguns que tinham sido muito confiantes, ficaram tão profundamente feridos em seu orgulho, que queriam como que fugir do mundo. Como Jonas, queixavam-se de Deus, e preferiam a morte à vida. Os que haviam baseado sua fé na evidência de outros, e não na Palavra de Deus, estavam de novo prontos para mudar de opinião. Os hipócritas que haviam pretendido iludir ao Senhor e a si mesmos com seu falso arrependimento e devoção, agora se sentiam aliviados do perigo iminente e abertamente se opunham à causa que haviam, há pouco, professado amar. T1 56.1
Os fracos e os ímpios uniram-se em declarar que não podia haver mais temores e expectativas agora. O tempo havia passado, o Senhor não viera, e o mundo permaneceria o mesmo por milhares de anos. O segundo grande teste revelara a massa de inúteis detritos que haviam sido arrastados pela poderosa corrente da fé adventista, e permanecido por algum tempo entre os verdadeiros crentes e sinceros obreiros. T1 56.2
Ficamos desapontados, mas não desanimados. Resolvemos submeter-nos pacientemente ao processo de purificação que Deus julgava necessário para nós, e aguardar com paciente esperança que o Salvador remisse Seus filhos provados e fiéis. T1 56.3
Estávamos firmes na crença de que a pregação do tempo definido era de Deus. Foi isso que levou os homens a examinar a Bíblia diligentemente, descobrindo verdades que antes não haviam percebido. Jonas foi mandado por Deus para proclamar nas ruas de Nínive que dentro de quarenta dias a cidade seria subvertida; Deus, porém, aceitou a humilhação dos ninivitas, e lhes prolongou o período de graça. Contudo, a mensagem que Jonas levara, foi enviada por Deus. Nínive foi provada de acordo com Sua vontade. O mundo olhava para a nossa esperança como uma ilusão, e nosso desapontamento como o seu conseqüente fracasso. T1 56.4
As palavras do Salvador na parábola do servo negligente aplicam-se mui eficazmente àqueles que ridicularizam a iminente vinda do Filho do homem: “Porém, se aquele mal servo disser consigo: Meu senhor tarde virá, e começar a espancar os seus conservos, e a comer, e a beber com os bêbados, virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera e à hora em que ele não sabe, e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas.” Mateus 24:48-51. T1 57.1
Encontrávamos em todos os lugares os escarnecedores sobre os quais falou Pedro, dizendo que viriam nos últimos dias, andando segundo suas próprias paixões e dizendo: “Onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” 2 Pedro 3:4. Mas aqueles que tinham esperado a vinda do Senhor não estavam sem consolação. Haviam obtido valioso conhecimento da pesquisa da Palavra. O plano da salvação estava mais claro em sua compreensão. Cada dia descobriam novas belezas nas páginas sagradas, e uma maravilhosa harmonia através delas todas, um texto explicando outro e não havendo nenhuma palavra empregada em vão. T1 57.2
Nosso desapontamento não foi tão grande como o dos discípulos. Quando o Filho do homem cavalgava triunfantemente para Jerusalém, esperavam que Ele fosse coroado Rei. O povo se ajuntava de toda a região em redor, e exclamava: “Hosana ao Filho de Davi!” Mateus 21:9. E quando os sacerdotes e anciãos pediram a Jesus que silenciasse a multidão, Ele declarou que, se eles se calassem, as próprias pedras clamariam, pois a profecia deveria cumprir-se. Não obstante, dentro de poucos dias esses mesmos discípulos viram seu amado Mestre, que acreditavam iria reinar no trono de Davi, estendido na torturante cruz, por sobre os fariseus zombadores e sarcásticos. Suas elevadas esperanças foram frustradas, e as trevas da morte os cercaram. T1 57.3
Cristo, porém, estava sendo fiel às Suas promessas. Doce foi a consolação que proporcionou a Seu povo, e rica a recompensa dos verdadeiros e fiéis. T1 58.1
O Sr. Miller e os que com ele se achavam supuseram que a purificação do santuário, de que fala (Daniel 8:14), significava a purificação da Terra pelo fogo antes de se tornar a habitação dos santos. Isso deveria ocorrer por ocasião do segundo advento de Cristo; portanto, esperávamos aquele acontecimento no fim dos 2.300 dias, ou anos. Depois de nosso desapontamento, porém, as Escrituras foram cuidadosamente pesquisadas, com oração e fervor; e após um período de indecisão derramou-se luz em nossas trevas; a dúvida e a incerteza foram varridas. Em vez de a profecia de Daniel 8:14 referir-se à purificação da Terra, era então claro que se referia ao trabalho de nosso Sumo Sacerdote a encerrar-se nos Céus, à conclusão da obra expiatória, e ao preparo do povo para suportar o dia de Sua vinda. T1 58.2