Testemunhos para a Igreja 1

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Capítulo 5 — Oposição de irmãos formalistas

Por seis meses, nenhuma nuvem se interpôs entre mim e meu Salvador. Onde quer que se apresentasse uma oportunidade, eu dava meu testemunho e era grandemente abençoada. Por vezes, o Espírito do Senhor vinha sobre mim com tal poder, que minhas forças diminuíam. Para alguns que haviam saído das igrejas tradicionais, isso era um teste, e faziam observações que muito me afligiam. Muitos não podiam acreditar que alguém pudesse ser tão plena do Espírito Santo, enquanto separada de todas as suas forças. Minha posição era extremamente penosa. Comecei a ponderar comigo mesma se não seria justificável deixar de testemunhar durante as reuniões e reprimir meus sentimentos, quando houvesse tal oposição no coração de alguns que eram mais avançados do que eu em idade e experiência. T1 44.1

Adotei, por um tempo, a estratégia do silêncio, tentando convencer-me de que omitir meu testemunho não impediria de viver fielmente minha religião. Muitas vezes fui fortemente impressionada de que era meu dever falar nas reuniões, mas deixei de assim fazer e senti que havia ofendido o Espírito de Deus. Afastei-me das reuniões algumas vezes, porque essas eram freqüentadas por aqueles a quem meu testemunho aborrecia. Contive-me para não ofender meus irmãos e permiti assim que o temor do homem rompesse a constante comunhão com Deus, que havia trazido bênção ao meu coração durante tantos meses. T1 44.2

Havíamos estabelecido diversos lugares na cidade para acomodar aqueles que desejavam assistir às reuniões de oração. A família que mais fortemente se opusera a mim, assistiu a uma dessas reuniões. Nessa ocasião, enquanto a congregação se achava em oração, o Espírito do Senhor Se fez presente à reunião, e um dos membros dessa família ficou prostrado como morto. Seus parentes choravam, friccionavam-lhe as mãos e procuravam reanimá-lo. Por fim, ele recuperou parcialmente as forças para louvar a Deus, abrandar seus temores e aclamar em triunfo a notável evidência do poder de Deus sobre si. O jovem não pôde voltar para casa naquela noite. T1 44.3

A família creu ser essa uma manifestação do Espírito de Deus, mas não se convenceu que foi o mesmo poder que repousara sobre mim, separando-me das forças e enchendo meu coração de paz e amor por Jesus. Eles atestaram que minha sinceridade e total honestidade não poderia ser posta em dúvida, mas consideravam que eu enganava a mim mesma, em tomar pelo poder de Deus o que era apenas resultado de esgotamento nervoso. T1 45.1

Minha mente estava em grande perplexidade em conseqüência dessa oposição, e como o tempo da reunião se aproximava, fiquei em dúvida se era bom para mim assistir ou não. Alguns dias antes, fui acometida de grande aflição por causa dos sentimentos manifestados contra mim. Finalmente decidi ficar em casa e assim estar a salvo das críticas dos irmãos. Ao tentar orar, repeti estas palavras várias vezes: “Senhor, que queres que [eu] faça?” Atos dos Apóstolos 9:6. A resposta que senti em meu coração parecia ordenar-me que tivesse confiança em meu Pai celestial e esperasse pacientemente o conhecimento de Sua vontade. Entreguei-me ao Senhor em singela certeza, como a de uma criança, lembrando que Ele havia prometido àqueles que O seguissem que jamais andariam em escuridão. T1 45.2

Um senso de dever impeliu-me a ir à reunião. Fui com a plena segurança de que tudo correria bem. Enquanto estávamos curvados diante do Senhor, meu coração se dilatou em oração e se encheu com a paz que só Cristo pode proporcionar. Eu me regozijava no amor do Salvador e minhas forças desapareceram. Com fé semelhante a de uma criança eu apenas pude dizer: “O Céu é meu lar e Cristo é o meu Redentor.” T1 45.3

Alguém da família antes mencionada que era contra as manifestações do poder divino sobre mim, nessa ocasião afirmou crer estar eu sob incitamento, e achava ser meu dever dominá-lo. Mas, pensava ele, em lugar de fazer isso eu estava incentivando essas emoções como evidência do favor divino. Suas dúvidas e oposição não me afetavam mais, pois eu parecia estar escudada pelo Senhor e erguida acima de todas as influências exteriores. Ele, porém, mal acabara de falar quando um homem forte, um consagrado e humilde cristão, foi prostrado por terra pelo poder de Deus, diante de seus olhos, e a sala encheu-se com a presença do Espírito Santo. T1 46.1

Depois de ele se recuperar, eu estava muito feliz por dar meu testemunho em favor de Cristo e falar de Seu amor por mim. Confessei a falta de fé nas promessas de Deus e meu erro em impedir as orientações do Espírito por medo dos homens, e reconheci que, apesar de minhas dúvidas, Ele havia me concedido provas surpreendentes de Seu amor e graça sustentadora. O irmão que se havia oposto a mim ergueu-se, e em lágrimas confessou que seus sentimentos a meu respeito haviam sido equivocados. Humildemente pediu-me perdão e disse: “Irmã Ellen, nunca mais porei sequer uma palha em seu caminho. Deus mostrou-me a frieza e obstinação de meu coração, que foram subvertidas pela demonstração de Seu poder. Eu estava muito errado.” T1 46.2

Então, voltando-se para o povo, disse: “Quando a irmã Ellen me pareceu tão feliz, pensei: Por que eu não me sinto assim? Por que o irmão R não recebe tais evidências? pois sempre achei que ele era um devoto cristão, todavia, tal poder não repousou sobre ele. Ergui uma oração silenciosa para que, se fosse pela influência do Espírito de Deus, o irmão R tivesse essa experiência ainda naquela noite. T1 46.3

Quase no mesmo momento que esse desejo brotou no meu coração, o irmão R caiu prostrado por terra mediante o poder divino, clamando: “‘Que o Senhor opere!’ Jeremias 21:2. Meu coração está convencido de que tenho estado lutando contra o Espírito Santo, mas não mais desejo desgostá-Lo por minha obstinada incredulidade. Bem-vinda, luz! Bem-vindo, Jesus! Eu estava apostatado e endurecido, sentindo-me ofendido se alguém louvava a Deus e manifestava transbordante alegria em Seu amor; mas agora meus sentimentos mudaram, minha oposição acabou, Jesus abriu-me os olhos e ainda posso erguer-Lhe louvores. Eu dissera coisas amargas e cortantes sobre a irmã Ellen, pelas quais ainda me entristeço. Peço-lhe perdão e a todos os que se acham aqui presentes.” T1 46.4

O irmão R deu, então, seu testemunho. Seu rosto estava iluminado com a glória do Céu, enquanto louvava ao Senhor pelas maravilhas que Ele realizara naquela noite. Disse ele: “Este lugar é terrivelmente solene por causa da presença do Altíssimo. Irmã Ellen, no futuro você terá nossa ajuda e encorajadora simpatia, em lugar da cruel oposição que lhe tem sido feita. Temos sido cegos às manifestações do Santo Espírito de Deus.” T1 47.1

Todos os opositores foram levados a ver seu erro e a confessar que a obra era realmente do Senhor. Na reunião de oração que aconteceu logo em seguida, o irmão que havia confessado estar errado em sua oposição, experimentou o poder de Deus de tal maneira, que seu rosto brilhou com a luz celestial e ele caiu desamparado ao chão. Quando recobrou as forças, novamente reconheceu que havia ignorantemente lutado contra o Espírito do Senhor, nutrindo sentimentos antagônicos a meu respeito. Em um novo encontro de oração, outro membro da mesma família passou por experiência semelhante e deu o mesmo testemunho. Poucas semanas mais tarde, enquanto a grande família do irmão P estava reunida em oração, em sua casa, o Espírito de Deus moveu-Se através da sala e prostrou os curvados suplicantes. Meu pai chegou logo em seguida e os encontrou todos, pais e filhos, submetidos ao poder do Senhor. T1 47.2

A fria formalidade começou a se dissolver ante a poderosa influência do Altíssimo. Todos os que se haviam oposto a mim confessaram que haviam ofendido o Espírito Santo, e uniram-se comigo em simpatia e amor pelo Salvador. Meu coração estava jubiloso porque a misericórdia divina suavizara-me o caminho, e recompensara tão generosamente minha fé e confiança. Unidade e paz agora moravam entre nosso povo que aguardava a vinda do Senhor. T1 48.1