Filhas de Deus
Miriã, irmã de Moisés
Este capítulo é baseado em Números 12.
Miriã cuidou de Moisés quando sua mãe o escondeu próximo dos juncos, no rio. Posteriormente, ela se associou com Moisés e Arão na libertação do povo de Israel do Egito. Ela era talentosa e possuía muitos dons, mas o sentimento de inveja pela posição de Moisés a levou a cometer muito erros. FD 21.2
Em Hazerote, o próximo acampamento depois de saírem de Taberá, uma prova ainda mais amarga esperava Moisés. Arão e Miriã tinham ocupado posição de grande honra e de liderança em Israel. Ambos eram favorecidos com o dom de profecia e, por determinação divina, tinham estado ligados a Moisés no livramento dos hebreus. “E pus diante de ti a Moisés, Arão, e Miriã” (Miquéias 6:4), foram as palavras do Senhor pelo profeta Miquéias. FD 21.3
A força de caráter de Miriã cedo se mostrara, quando criança vigiara ao lado do Nilo a pequena cesta em que estava escondido o bebê Moisés. De seu domínio próprio e tato Deus Se servira como instrumento para preservar o libertador de Seu povo. Dotada dos dons da poesia e música, Miriã dirigira as mulheres de Israel no cântico e na dança, à margem do Mar Vermelho. Na afeição do povo e honras do Céu, estava ela apenas abaixo de Moisés e Arão. Entretanto, o mesmo mal que a princípio trouxera discórdia no Céu, surgiu no coração desta mulher de Israel, e ela não deixou de encontrar quem com ela simpatizasse em seu descontentamento. [...] FD 21.4
Deus escolhera a Moisés, e sobre ele pusera o seu Espírito; e Miriã e Arão, pelas suas murmurações, eram culpados de deslealdade, não somente para com o líder que lhes fora designado, mas para com o próprio Deus. Os sediciosos faladores foram convocados ao tabernáculo, e levados perante Moisés. “Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e Se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã.” Sua pretensão ao dom profético não foi negada; podia ser que Deus lhes tivesse falado em visões e sonhos. Mas a Moisés, a quem o Senhor mesmo declarou “fiel em toda a Minha casa”, uma comunhão mais íntima fora concedida. Com ele o Senhor falava boca a boca. “Por que, pois, não tiveste temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés? Assim, a ira do Senhor contra eles se acendeu; e foi-Se.” FD 21.5
A nuvem desapareceu do tabernáculo em sinal do desprazer de Deus, e Miriã foi castigada. Ela ficou “leprosa, como a neve”. Números 12:5-10. Arão foi poupado, mas teve severa repreensão no castigo de Miriã. Com o orgulho humilhado até ao pó, Arão confessou seu pecado, e rogou que sua irmã não fosse deixada a perecer por aquele flagelo repugnante e mortal. Em resposta às orações de Moisés, a lepra foi purificada. Miriã foi, contudo, excluída do acampamento durante sete dias. O símbolo do favor divino não repousou de novo sobre o tabernáculo até que ela fosse banida do acampamento. Em atenção à sua elevada posição, pesarosos pelo golpe que sobre ela fora desferido, a multidão toda permaneceu em Hazerote, esperando sua volta. FD 22.1
Essa manifestação do desprazer do Senhor destinava-se a ser um aviso a todo o Israel, para reprimir o crescente espírito de descontentamento e insubordinação. Se a inveja e descontentamento de Miriã não houvessem sido repreendidos de maneira clara, teria resultado um grande mal. A inveja é uma das mais satânicas características que podem existir no coração humano, e uma das mais funestas em seus efeitos. [...] Foi a inveja que, a princípio, causou a discórdia no Céu, e a condescendência com ela acarretou males indizíveis entre os homens. “Onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa”. Tiago 3:16. — Patriarcas e Profetas, 382, 384, 385. FD 22.2
De Cades os filhos de Israel voltaram ao deserto; e, terminado o período de sua permanência no deserto “os filhos de Israel, a congregação toda, vieram ao deserto de Zim, no primeiro mês. Ficou o povo em Cades”. Números 20:1. FD 22.3
Ali morreu Miriã e foi sepultada. Daquela cena de júbilo nas praias do Mar Vermelho, quando, com cântico e danças para celebrar a vitória de Jeová, saiu Israel, até à sepultura no deserto, a qual acabou com o peregrinar de toda a sua vida — essa foi a experiência de milhões que com grandes esperanças haviam saído do Egito. O pecado lhes arrebatara dos lábios a taça de bênçãos. — Patriarcas e Profetas, 410. FD 22.4