Daniel e Apocalipse
Resposta da História para a Profecia de Daniel
Introdução
Não há motivo para duvidar de que foi Daniel quem escreveu o livro que leva o seu nome. Ezequiel, que foi contemporâneo de Daniel, dá testemunho, por meio do espírito de profecia, de sua piedade e retidão, mencionando-o, a esse respeito, juntamente com Noé e Jó: DAP 21.1
“Ou se Eu enviar a peste sobre essa terra e derramar o Meu furor sobre ela com sangue, para eliminar dela homens e animais, tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, não salvariam nem a seu filho nem a sua filha; pela sua justiça salvariam apenas a sua própria vida” (Ezequiel 14:19-20). DAP 21.2
Sua sabedoria também, até mesmo em sua época, havia se tornado notória, conforme o mesmo escritor deixa transparecer. Ele foi orientado pelo Senhor a dizer ao príncipe de Tiro: “Sim, és mais sábio que Daniel, não há segredo algum que se possa esconder de ti” (Ezequiel 28:3). Mas, acima de tudo, nosso Senhor o reconheceu como profeta de Deus e instruiu Seus discípulos a compreender as predições feitas por intermédio dele para o benefício da igreja: DAP 21.3
“Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes” (Mateus 24:15-16). DAP 21.4
Embora tenhamos um relato mais detalhado de sua infância e juventude do que o registro de qualquer outro profeta, seu nascimento e ascendência permanecem em completa obscuridade. Sabemos apenas que pertencia à linhagem real, provavelmente da casa de Davi, que, em sua época, havia se tornado bastante numerosa. Sua primeira aparição é como um dos nobres cativos de Judá, no primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilônia, no início dos setenta anos de cativeiro, em 606 a.C. Jeremias e Habacuque ainda proferiam suas profecias. Ezequiel começou logo depois e, um pouco mais tarde, Obadias; mas ambos terminaram sua obra muitos anos antes do fim da carreira longa e brilhante de Daniel. Somente três profetas o sucederam: Ageu e Zacarias, os quais exerceram o ofício profético por um breve período contemporâneo, de 520 a 518 a.C., e Malaquias, o último profeta do Antigo Testamento, que pregou por uma pequena temporada por volta de 397 a.C. DAP 21.5
Durante os setenta anos de cativeiro dos judeus, 606—536 a.C., preditos por Jeremias (Jeremias 25:11), Daniel residiu na corte de Babilônia, na maior parte do tempo como primeiro-ministro dessa brilhante monarquia. Sua vida nos oferece uma lição impressionante da importância e vantagem de manter, desde a juventude, a mais estrita integridade para com Deus e nos fornece um exemplo notável de um homem que conservou a mais eminente espiritualidade e cumpriu com fidelidade todos os deveres referentes ao serviço de Deus, ao mesmo tempo em que se engajou nas mais agitadas atividades, carregando as mais pesadas preocupações e responsabilidades que podem recair sobre os seres humanos nesta vida terrena. DAP 21.6
Que repreensão é sua conduta para muitos que, na atualidade, não compartilham nem de um centésimo das preocupações de Daniel absorvendo seu tempo e atenção, mas, mesmo assim, as usam como desculpa para a mais completa negligência dos deveres cristãos, dizendo que não têm tempo para eles. O que o Deus de Daniel dirá a tais pessoas, quando vier recompensar Seus servos com imparcialidade, de acordo com o uso das oportunidades que lhes foram oferecidas, seja aperfeiçoando-as ou as ignorando? DAP 22.1
Contudo, não é só por sua ligação com a monarquia caldeia, a glória dos reinos, nem principalmente por esse motivo, que a memória de Daniel foi perpetuada, cobrindo seu nome de honras. Do alto de sua glória, ele viu o declínio desse império e sua passagem para outras mãos. Seu período de maior prosperidade se conteve dentro dos limites da vida de um homem. Quão breve sua supremacia e quão passageira sua glória! Mas Daniel foi agraciado com honras mais duradouras. Embora amado e elevado por príncipes e potentados de Babilônia, ele desfrutou uma exaltação infinitamente superior, ao ser amado e honrado por Deus e Seus santos anjos e lhe ser franqueado o conhecimento dos conselhos do Altíssimo. DAP 22.2
Em muitos aspectos, sua profecia é a mais notável de todo o relato sagrado. É a mais abrangente. Foi a primeira a apresentar a história consecutiva do mundo desde sua época até o fim. Enquadrou a maior parte de suas predições em períodos proféticos bem definidos, embora se estendessem por muitos séculos futuros. Foi a primeira profecia cronológica definida da vinda do Messias. Marcou a época desse evento com tamanha precisão que os judeus proíbem qualquer tentativa de interpretar seus números, uma vez que ela mostra que eles não têm desculpa ao rejeitarem a Cristo; e suas predições literais e minuciosas se cumpriram de forma tão exata até a época de Porfírio, 250 d.C., que este declarou (por meio da única brecha que conseguiu imaginar em seu forte ceticismo) que as predições não haviam sido escritas na época de Babilônia, mas depois que os acontecimentos já haviam ocorrido. Todavia, esse argumento não está mais disponível, pois cada século que se passou trouxe evidências adicionais da veracidade da profecia, e agora mesmo nos aproximamos do clímax de seu cumprimento. DAP 22.3
A história pessoal de Daniel se estende até alguns anos depois da destruição do reino babilônico pelos medos e persas. Supõe-se que ele morreu em Susã, ou Susa, na Pérsia, por volta do ano 530 a.C., com quase 94 anos de idade. É provável que sua idade o tenha impedido de retornar para a Judeia com os outros cativos hebreus, após o edito de Ciro (Esdras 1:1), em 536 a.C., ano que marcou o fim dos setenta anos de cativeiro. DAP 22.4