Testemunhos para a Igreja 2

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Capítulo 2 — Trabalhando por Cristo

Pelo que me tem sido mostrado, os observadores do sábado estão-se tornando mais egoístas, ao se tornarem mais ricos. Seu amor por Cristo e Seu povo está decrescendo. Não vêem as privações dos necessitados, nem lhes sentem as dores e tristezas. Não compreendem que, ao esquecer-se dos pobres e sofredores, negligenciam a Cristo e, ao aliviar-lhes tanto quanto possível as necessidades e sofrimentos, servem a Jesus. T2 24.1

Cristo diz a Seu povo redimido: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me. T2 24.2

“Então, os justos Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome e Te demos de comer? Ou com sede e Te demos de beber? E, quando Te vimos estrangeiro e Te hospedamos? Ou nu e Te vestimos? E, quando Te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-Te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” Mateus 25:34-40. T2 24.3

Tornar-se um batalhador, prosseguir pacientemente na prática do bem que requer esforço abnegado, é uma tarefa gloriosa, sobre a qual o Céu dispensa o seu sorriso. O trabalho fiel é mais aceitável a Deus do que o mais zeloso culto revestido da mais pretensa santidade. O verdadeiro culto é o trabalho junto com Cristo. Orações, exortação e palestras são frutos baratos, freqüentemente entrelaçados; mas os frutos que se manifestam em boas obras, no cuidado dos necessitados, dos órfãos e das viúvas, são frutos genuínos, e produzem-se naturalmente na boa árvore. T2 24.4

“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago 1:27. Boas obras são os frutos que Cristo requer que produzamos: palavras amáveis, atos de bondade, de terna consideração para com os pobres, os necessitados, os aflitos. Quando as pessoas simpatizam com os oprimidos por desânimo e angústia, quando a mão dispensa aos necessitados, são vestidos os nus, bem-vindos os estrangeiros a um assento em sua sala e um lugar em seu coração, os anjos chegam muito perto, e acordes correspondentes ecoam no Céu. Cada ato de justiça, misericórdia e bondade produz melodia no Céu. O Pai contempla do Seu trono os que praticam esses atos de misericórdia, conta-os como o Seu mais precioso tesouro. “E eles serão Meus, diz o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para Mim particular tesouro.” Malaquias 3:17. Cada ato de misericórdia feito aos necessitados, aos sofredores, é referido como feito a Jesus. T2 25.1

“Então, dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não Me visitastes. Então, eles também Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não Te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna.” Mateus 25:41-46. T2 25.2

Jesus aqui Se identifica com Seu povo sofredor. Fui Eu que tive fome e sede. Fui Eu o estrangeiro. Fui Eu que estive nu. Fui Eu que estive doente. Fui Eu que estive na prisão. Ao saborearem o alimento de sua tão farta mesa, Eu passava fome na choça ou na rua não distante de vocês. Ao fecharem contra Mim sua porta, ao passo que seus bem mobiliados aposentos estavam desocupados, Eu não tinha onde reclinar a cabeça. Seu guarda-roupa estava cheio de grande suprimento de peças de vestuário, com as quais desnecessariamente se dissiparam recursos, que poderiam ter dado aos necessitados. Eu estava destituído de roupa confortável. Quando vocês desfrutavam saúde, Eu estava doente. O infortúnio atirou-Me na prisão e ligou-Me com grilhões, abatendo-Me o espírito, privando-Me de liberdade e esperança, enquanto vocês vagueavam livres. Que união Jesus aqui expressa como existente entre Ele e Seus sofredores discípulos! Torna seu caso o dEle próprio. Identifica-Se como sendo em pessoa o próprio sofredor. Notem, cristãos egoístas, toda negligência aos pobres e órfãos necessitados, é negligência a Jesus na pessoa deles. T2 25.3

Estou familiarizada com pessoas que fazem elevada profissão de fé, cujo coração está tão encerrado no amor-próprio e no egoísmo, que não podem apreciar o que escrevo. Pensam apenas na própria vida e vivem só para si mesmas. Sacrificar-se para fazer bem aos outros, prejudicar-se para beneficiar outros, para elas está fora de cogitação. Não têm a mínima idéia de que Deus requer isso delas. O “eu” é seu ídolo. Preciosas semanas, meses e anos passam para a eternidade, mas não têm no Céu nenhum registro de atos bondosos, de sacrificarem-se pelo bem de outros, de alimentarem o faminto, vestirem o nu ou acolherem o estrangeiro. Se soubessem serem dignos todos quantos procuram partilhar Sua liberalidade, então talvez fossem induzidos a fazer alguma coisa nesse sentido. Mas há virtude em aventurar alguma coisa. Talvez hospedemos anjos. T2 26.1

Há órfãos de quem se deve cuidar; mas alguns não querem aventurar-se a empreender isso, pois lhes traria mais trabalho do que o que desejam fazer, não lhes deixando senão pouco tempo para agradar a si mesmos. Mas quando o Rei estabelecer o juízo, esses que nada fazem, mesquinhos, egoístas aprenderão que o Céu é para os que trabalharam, os que se negaram por amor de Cristo. Providência alguma foi tomada para os que tiveram cuidado especial em amar a si mesmos e sustentar-se. O terrível castigo com que o Rei ameaça os que estão à Sua esquerda, nesse caso, não é por causa de seus grandes crimes. Não são condenados pelas coisas que fizeram, mas pelo que não efetuaram. Vocês não fizeram aquilo que o Céu lhes designou que realizassem. Cuidaram de vocês mesmos, e podem ter sua parte com os que a si próprios se comprazem. T2 27.1

A minhas irmãs, direi: Sejam filhas da benevolência. “O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Lucas 19:10. Vocês podem ter pensado que se achassem uma criança sem defeito, tomá-la-iam e dela cuidariam; mas o perturbar o espírito com uma criança extraviada, fazê-la desaprender muitas coisas e aprender outras, ensinar-lhe o domínio próprio, é uma obra que se recusam a empreender. Ensinar os ignorantes, compadecer-se dos que sempre estiveram aprendendo o mal e reformá-los, não é tarefa leve; mas o Céu pôs a esses em seu caminho. São bênçãos disfarçadas. T2 27.2

Anos atrás, foi-me mostrado que o povo de Deus havia de ser provado na questão de estabelecer lares para os desabrigados; que haveria muitos destituídos de lar, em conseqüência de crerem na verdade. Pela oposição e perseguições, crentes ficariam sem abrigo, e seria dever dos que têm lar abrir completamente a porta aos que não o têm. Mais recentemente me foi mostrado que Deus haveria de provar Seu povo professo com referência a essa questão. Cristo, por nossa causa Se tornou pobre para que nós, por Sua pobreza, enriquecêssemos. 2 Coríntios 8:9. Fez sacrifício para que pudesse prover um lar aos peregrinos e forasteiros que, neste mundo, buscavam uma pátria “melhor, isto é, a celestial”. Hebreus 11:16. Devem os objetos de Sua graça, que esperam ser herdeiros da imortalidade, recusar-se a dividir seu lar com os desabrigados e necessitados, ou relutar em fazê-lo? Deveríamos nós, que somos discípulos de Jesus, recusar a estranhos a entrada em nossa porta porque os mesmos não se acham familiarizados com os seus habitantes? T2 27.3

Porventura não tem aplicação a este tempo a ordem do apóstolo: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos”? Hebreus 13:2. Estou diariamente sofrendo com demonstrações de egoísmo entre nosso povo. Há uma alarmante falta de amor e cuidado por aqueles que têm direito a isto. Nosso Pai celestial nos põe no caminho bênçãos disfarçadas, mas alguns há que não tocam nelas, temendo que os privem do prazer. Anjos estão observando para ver se aproveitamos as oportunidades ao nosso alcance para fazermos o bem; estão esperando para ver se abençoaremos a outros, para que eles por sua vez nos abençoem. O Senhor mesmo nos fez com sorte diversa — alguns pobres, outros ricos, alguns afligidos — para que todos possamos ter uma oportunidade de desenvolver o caráter. Aos pobres é propositadamente permitido por Deus que o sejam, a fim de que sejamos testados e provados e desenvolvamos o que está em nosso coração. T2 28.1

Tenho ouvido muitos se desculparem de convidar para seu lar e coração os santos de Deus. “Ora, não preparei nada — nada cozinhei — eles terão de ir a outro lugar.” E ali pode haver outra desculpa, inventada para não acolher os que precisam de hospitalidade, e os sentimentos das visitas são profundamente ofendidos; e partem com impressões desagradáveis em relação ao acolhimento proporcionado por esses professos irmãos e irmãs. Irmã, se não tiver pão, imite o caso apresentado na Bíblia. Vá ter com seu vizinho e diga: “Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe.” Lucas 15:5, 6. Não temos um exemplo de que tal falta de pão jamais se tornasse motivo para recusar entrada a um necessitado. Quando Elias chegou à viúva de Sarepta, ela dividiu seu bocado com o profeta de Deus, e Ele operou um milagre, fazendo com que naquele ato de proporcionar um lar ao Seu servo, e com ele partilhar o alimento, ela própria fosse sustentada, e conservada também a vida do filho. O mesmo se dará no caso de muitos, se fizerem isso alegremente, para glória de Deus. T2 28.2

Alguns alegam falta de saúde — eles teriam prazer em fazer o bem, se tivessem forças. Esses por tanto tempo se concentraram em si mesmos, e em tão alta conta tiveram os seus sentimentos doentios, e tanto falaram de seus sofrimentos, provas e aflições, que isso se tornou como que sua verdade presente. Não são capazes de pensar em ninguém além de si mesmos, por muito que os outros tenham necessidade de simpatia e auxílio. Você que tem pouca saúde — existe para você um remédio. Se cobrir os nus, recolher em casa os desterrados, e repartir o pão com os famintos, “então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará”. Isaías 58:8. Fazer o bem é excelente remédio para a doença. Os que se empenham na obra são convidados a invocarem o Senhor, que prometeu responder-lhes. “Fartará a tua alma em lugares secos...; e serás como um jardim regado, cujas águas nunca faltam.” Isaías 58:11. T2 29.1

Despertem, irmãos e irmãs. Não se esquivem a boas obras. “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Gálatas 6:9. Não esperem que se lhes diga qual o seu dever. Abram os olhos e vejam quem está ao seu redor; familiarizem-se com os desajudados, afligidos e necessitados. Não se escondam deles e não fechem a porta a suas necessidades. Quem dará as provas mencionadas em Tiago, de possuir religião pura e incontaminada de egoísmo e corrupção? Tiago 1:27. Quem está ansioso de fazer tudo que estiver em seu poder para ajudar no grande plano da salvação? T2 29.2

Eu conheço uma viúva que tem dois filhos pequenos para sustentar através do uso de sua agulha. Sua fisionomia é pálida e ansiosa. Durante todo o implacável inverno tem lutado para sustentar-se e a seus filhos. Ela recebe uma pequena ajuda. Mas alguém passaria necessidade se um maior interesse fosse manifestado neste caso? Aqui estão seus dois filhos, de nove e onze anos de idade, precisando de um lar. Quem está disposto a prover-lhes um lar por amor a Cristo? A mãe deve ser aliviada deste cuidado e de estar restringida a sua agulha. Estes meninos estão em um povoado onde sua única protetora é a mãe, árdua trabalhadora. Eles precisam ser ensinados a trabalhar à medida que sua idade o permita. Precisam ser instruídos com paciência, bondade e amor. Alguns podem dizer: “Oh, sim, eu poderia ficar com eles e ensiná-los a trabalhar!” Estes, porém, não devem perder de vista outras coisas que essas crianças precisam além de serem ensinadas a trabalhar. Precisam ser orientadas quanto ao desenvolvimento de um bom caráter cristão. Elas desejam amor e afeição, precisam tornar-se aptas para serem úteis aqui, e finalmente preparadas para o Céu. Dispam-se do egoísmo, e observem se não existem muitas outras pessoas a quem vocês podem ajudar e abençoar com seu lar, simpatia, amor, e encaminhá-las ao “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. João 1:29. Vocês desejam fazer algum sacrifício para salvar pessoas? Jesus, o querido Salvador, está preparando um lar para vocês; em troca por que não preparar um lar para aqueles que precisam, e assim fazendo, imitar o exemplo do Mestre? Se vocês não estão dispostos a fazer isto, quando sentirem necessidade de uma habitação nos Céus, nenhuma lhes será concedida. Pois Cristo declara: “Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim.” Mateus 25:45. Vocês que têm sido egoístas, buscando sempre o bem-estar e benefício próprios, seu tempo de graça está rapidamente se escoando. O que estão vocês fazendo para libertar-se do egoísmo e da inutilidade? Despertem! Despertem! T2 30.1

Com respeito a seus interesses eternos, despertem e comecem a semear a boa semente. O que semearem, também colherão. A colheita está chegando — o importante tempo da ceifa — quando colheremos o que semeamos. Não haverá quebra de safra; a colheita é segura. Agora é o tempo de semeadura. Esforcem-se agora para serem ricos “em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; ... entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.” 1 Timóteo 6:18. Eu lhes imploro, meus irmãos de todas as partes, livrem-se de sua frieza glacial. Estimulem em si mesmos o amor à hospitalidade, um amorável desejo de ajudar àqueles que necessitam. T2 31.1

Vocês podem dizer que têm sido enganados e doado recursos para gente indigna dessa caridade, e ficado desanimados em tentar ajudar os necessitados. Apresento-lhes Jesus. Ele veio para salvar o homem caído, trazer salvação à Sua nação, mas eles não O aceitaram. Trataram Sua misericórdia com insultos e desprezo, e por fim mataram Aquele que veio para lhes dar vida. Abandonou o Senhor a raça decaída por causa disso? Embora os esforços de vocês pelo bem tenham sido malsucedidos por noventa e nove vezes, e vocês tenham somente recebido insultos, ódio e censuras; e se apenas na centésima vez houver sucesso e uma só pessoa se salvar, oh, que vitória foi alcançada! Uma pessoa arrancada das garras de Satanás, uma pessoa beneficiada, uma pessoa encorajada. Mil vezes serão vocês recompensados por todos esses esforços. Jesus lhes dirá: “Sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” Mateus 25:40. Não deveríamos nós alegremente fazer tudo o que pudermos para imitar a vida de nosso divino Senhor? Muitos se retraem ante a idéia de fazer algum sacrifício pelo bem dos outros. Não estão dispostos a sofrer prestando ajuda aos outros. Lisonjeiam-se de que não lhes é requerido que se prejudiquem em benefício dos semelhantes. A esses dizemos: Jesus é nosso exemplo. T2 31.2

Quando o pedido foi feito para que os dois filhos de Zebedeu se assentassem um à direita e outro à esquerda em Seu reino, Jesus respondeu: “Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que Eu hei de beber e ser batizados com o batismo com que Eu sou batizado? Dizem-Lhe eles: Podemos. E diz-lhes Ele: Na verdade bebereis o Meu cálice, mas o assentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda não Me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem Meu Pai o tem preparado.” Mateus 20:22, 23. Quantos poderiam responder: “Nós podemos beber o cálice, receber o batismo”, fazendo-o isso conscientemente? Quantos imitam o grande Exemplo? Todos os que professam ser seguidores de Cristo, ao darem esse passo, comprometem-se a andar como Ele andou. Todavia, a conduta de muitos que fazem alta profissão da verdade mostra que eles fazem muito pouco em conformar a vida com o Modelo. Moldam a própria vida de acordo com seus imperfeitos padrões. Não imitam a abnegação de Cristo ou Sua vida de sacrifício pelo bem dos outros. T2 32.1

Os pobres, os destituídos de lar e as viúvas estão entre nós. Ouvi um rico fazendeiro descrever a situação de uma pobre viúva dentre eles. Ele lamentava sua difícil situação, nestes termos: “Não sei como irá se arrumar neste inverno. Ela está numa situação apertada agora.” Tais pessoas esqueceram o Modelo, e por seus atos, dizem: “Não, Senhor, não podemos beber do copo de abnegação, humilhação e sacrifício de que bebeste, nem ser batizados com os sofrimentos com que foste batizado. Não podemos viver para fazer o bem aos outros. Nosso negócio é ter cuidado de nós mesmos.” Quem deve saber como as viúvas irão se manter senão aqueles que têm bem cheios os celeiros? Os recursos para que elas se mantenham estão à mão. Como ousarão aqueles a quem Deus fez Seus mordomos e a quem confiou recursos, retê-los dos necessitados discípulos de Cristo? Ao assim fazerem, retêm-nos de Cristo. Vocês esperam que o Senhor faça chover grãos do Céu para suprir os necessitados? Não os colocou Ele antes em suas mãos, a fim de ajudá-los e abençoá-los por seu intermédio? Não fez Ele de vocês Seus instrumentos nesta boa obra para prová-los e dar-lhes o privilégio de acumular um tesouro no Céu? T2 32.2

Crianças sem pai e sem mãe são postos nos braços da igreja, e Cristo diz a Seus seguidores: Tomem estas desamparadas crianças, cuidem delas para Mim, e receberão para isto o seu salário. Tenho visto muito egoísmo manifestado nestas coisas. A menos que haja alguma evidência especial de que eles próprios serão beneficiados pela adoção em sua família dos que necessitam de lares, alguns se esquivam, e respondem: Não. Não parecem saber ou preocupar-se com o fato de os tais estarem salvos ou perdidos. Isto, pensam, não lhes diz respeito. Como Caim, perguntam: “Sou eu guardador do meu irmão?” Gênesis 4:9. Não estão dispostos a se darem ao incômodo ou ao sacrifício pelos órfãos, e indiferentemente os entregam aos braços do mundo, que, às vezes, está mais disposto a recebê-los do que esses professos cristãos. No dia de Deus se pedirá contas por estes a quem o Céu lhes deu a oportunidade de salvar. Mas desejavam ser desobrigados, e não se empenhariam na boa obra a menos que daí resultasse proveito próprio. Tem-se-me mostrado que os que recusam essas oportunidades de fazer o bem, ouvirão de Jesus: “Quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim.” Mateus 25:45. Por favor, leiam o texto seguinte: T2 33.1

“Seria este o jejum que Eu escolheria: que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco grosseiro e cinza? Chamarias tu a isso jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo o jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo o nu, o cubras e não te escondas daquele que é da tua carne? Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-Me aqui; acontecerá isso se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo e o falar vaidade; e, se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas nunca faltam.” Isaías 58:5-11. T2 33.2

Essa é a obra especial que está agora diante de nós. Toda nossa oração e abstinência de alimentos de nada valerão a menos que resolutamente lancemos mão dessa obra. Sobre nós repousam sagradas obrigações. Nosso dever é claramente exposto. O Senhor nos falou por meio do Seu profeta. Os pensamentos do Senhor e os Seus caminhos não são os que mortais cegos e egoístas crêem que são ou desejam que sejam. “O Senhor olha para o coração.” 1 Samuel 16:7. Se aí habita o egoísmo, Ele o sabe. Podemos procurar esconder de nossos irmãos e irmãs nosso verdadeiro caráter, mas Deus o conhece. DEle nada se pode esconder. T2 34.1

O jejum que Deus aceita é descrito. “Que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados.” Isaías 58:7. Não esperem que eles venham a vocês. Não repousa sobre eles o trabalho de procurá-los e induzi-los a conceder-lhes um lar. Vocês devem buscá-los e levá-los a sua casa. Devem abrir-lhes seu coração. Com uma das mãos devem pela fé alcançar o braço poderoso que traz salvação, enquanto com a outra, a mão do amor, devem alcançar o oprimido e aliviá-lo. É-lhes impossível estar seguros ao braço de Deus com uma das mãos, enquanto com a outra servem aos próprios prazeres. T2 34.2

Se vocês se empenharem nessa obra de misericórdia e amor, ela lhes parecerá demasiado difícil? Vocês falharão e serão esmagados sob o fardo, e sua família ficará desprovida de sua assistência e influência? Oh, não! Deus cuidadosamente removeu todas as dúvidas a este respeito, comprometendo-Se com vocês mediante a condição de sua obediência. Esta promessa cobre tudo que o mais exigente, o mais hesitante, poderia requerer: “Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará.” Isaías 58:8. Tão-somente creiam que “fiel é o que prometeu”. Hebreus 10:23. Deus pode renovar a força física. E mais, aquilo que Ele diz, Ele o fará. E a promessa não termina aqui. “A tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.” Isaías 58:8. Deus construirá uma fortaleza em torno de vocês. Mas nem ainda aqui termina a promessa. “Então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-Me aqui.” Isaías 58:9. “Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar vaidade; e se abrires a tua alma ao faminto”, “então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos [fome], e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas nunca faltam”. Isaías 58:10, 11. T2 35.1

Leiam Isaías 58, vocês que dizem ser filhos da luz. Leiam de novo, especialmente vocês que se sentem tão relutantes em se darem ao trabalho de favorecer os necessitados. Vocês, cujo coração e casa são demasiado estreitos para prover um lar aos que o não têm, leiam-no; os que podem ver os órfãos e as viúvas oprimidos pela mão de ferro da pobreza e humilhados pela dureza de coração dos mundanos, leiam-no. Estão temerosos de que se introduza em sua família uma influência que lhes custe mais trabalho? Leiam-no. Seus temores podem ser infundados, e uma bênção pode alcançá-los cada dia, conhecida e experimentada. Mas, se por outro lado, trabalho extra é exigido, lancem-no sobre Aquele que prometeu: “Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará.” Isaías 58:8. A razão por que o povo de Deus não é mentalmente mais espiritual, e não tem mais fé, é porque, foi-me mostrado, está limitado pelo egoísmo. O profeta está-se dirigindo aos guardadores do sábado, e não aos pecadores, não aos incrédulos, mas aos que fazem grande profissão de piedade. Não é a abundância de suas reuniões que Deus aceita. Não as numerosas orações, mas a prática do bem, o fazer as coisas certas no tempo certo. É o ser menos egoísta e mais benevolente. Nosso coração precisa expandir-se. Então Deus fará que seja “como um jardim regado... cujas águas nunca faltam”. Isaías 58:11. T2 35.2

Leiam Isaías 1:15-20: “Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos Meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Vinde, então, e argüi-Me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e ouvirdes, comereis o bem desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada, porque a boca do Senhor o disse.” T2 36.1

O ouro mencionado por Cristo, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o qual todos devem possuir, foi-me mostrado ser a fé e o amor combinados; e o amor têm precedência sobre a fé. Satanás está constantemente operando para remover esses preciosos dons do coração do povo de Deus. Todos estão jogando a partida da vida. Satanás está bem ciente de que se ele puder excluir o amor e a fé, e preencher seu lugar com egoísmo e incredulidade, todos os valiosos traços remanescentes serão logo habilmente retirados e o jogo da vida estará perdido. T2 36.2

Meus queridos irmãos, permitirão vocês que Satanás consiga alcançar seu objetivo? Arriscar-se-ão a perder a partida da vida em que estão empenhados para obter a vida eterna? Se Deus tem falado por mim, vocês certamente serão vencidos por Satanás em lugar de serem vencedores, assim como o trono de Deus permanece firme, a menos que sejam inteiramente transformados. Amor e fé devem ser reconquistados. Será que vocês se empenharão novamente nesse conflito e recuperarão os preciosos dons dos quais estão quase desprovidos? Vocês têm de fazer esforços mais diligentes, mais perseverantes e incansáveis, do que antes. Isso não é meramente orar e jejuar, mas ser obedientes, despojar-se do egoísmo e observar o jejum que Deus escolheu, o qual Ele aceitará. Muitos têm se ofendido porque tenho falado francamente, mas isso tenho de continuar a fazer, se Deus pôs essa responsabilidade sobre mim. T2 37.1

Deus requer que aqueles que ocupam posições de responsabilidade sejam consagrados ao trabalho; pois se eles agem erradamente, o povo se sente na liberdade de seguir suas pegadas. Se o povo estiver em falta e os líderes não erguerem sua voz contra isso, sancionam o erro e o pecado lhes é atribuído assim como aos ofensores. Os que ocupam cargos de responsabilidade devem ser homens piedosos e que continuamente sentem o peso do trabalho sobre si. T2 37.2