Testemunhos para a Igreja 2
Capítulo 3 — Vendendo os direitos de primogenitura
Querido irmão D:
Fui designada a escrever-lhe há algum tempo, mas nossas ocupações têm sido tão constantes e cansativas que não tenho tido tempo nem forças para isso. Em minha última visão, seu caso me foi apresentado. Você estava em situação crítica. Conhecia a verdade, compreendia o dever e havia usufruído a luz da verdade; mas, porque ela interferia em suas atividades seculares você estava prestes a sacrificar a verdade e o dever em favor da própria conveniência. Visava a vantagens pecuniárias, perdendo de vista o eterno peso de glória, e pronto a fazer um imenso sacrifício pela promissora perspectiva de ganho. Você estava a ponto de vender seus direitos de primogenitura por um prato de lentilhas. Houvesse você trocado a verdade pelo lucro terreno, não seria esse um pecado de ignorância, mas uma transgressão intencional. T2 37.3
Esaú, seduzido por um prato favorito, sacrificou sua primogenitura para satisfazer o apetite. Satisfeito seu caprichoso apetite, viu a loucura que cometera, mas não achou lugar para arrependimento, embora o tivesse buscado com diligência e com lágrimas. Muitíssimos há que são como Esaú. Ele representa uma classe que tem uma bênção especial, valiosa ao seu alcance — a herança imortal, a vida que dura tanto quanto a vida de Deus, o Criador do Universo, felicidade imensurável e um eterno peso de glória — mas que tem de tal maneira mostrado complacência para com o apetite, paixões e inclinações, que o seu poder de discernir e apreciar o valor das coisas eternas está enfraquecido. T2 38.1
Esaú teve um desejo forte, especial, por uma determinada espécie de alimento, e por tanto tempo estava habituado a satisfazer o eu que não sentiu qualquer necessidade de fugir do prato tentador e cobiçado. Sobre ele pensou, nenhum esforço especial fazendo para restringir o apetite, até que o poder do apetite sobrepôs-se a qualquer outra consideração, e controlou-o, imaginando ele que sofreria grande prejuízo, até mesmo a morte, se não conseguisse aquele determinado prato. Quanto mais nele pensava, mais seu desejo era fortalecido, até que sua primogenitura, que era coisa sagrada, perdeu para ele seu valor e santidade. Ele pensou: Se agora eu a vender, facilmente poderei tê-la de volta. Trocou-a, porém, pelo seu prato favorito, gabando-se de que poderia dela dispor à vontade e recuperá-la quando quisesse. Mas, quando desejou reavê-la, mesmo com grande sacrifício de sua parte, não foi capaz. Então se arrependeu amargamente da imprudência, insensatez e loucura que cometera. Viu agora a questão dos dois lados. Buscou com lágrimas e arrependimento, mas em vão. Havia desprezado a bênção e o Senhor a removeu dele para sempre. Você pensou que se sacrificasse a verdade agora, e seguisse uma conduta de transgressão aberta e desobediência, não ultrapassaria todos os limites tornando-se imprudente, e se ficasse desapontado em suas expectativas e esperanças de lucro mundano, poderia novamente interessar-se na verdade e tornar-se um candidato à vida eterna. Mas ficou decepcionado a esse respeito. Houvesse você sacrificado a verdade por ganhos terrenos, seria à custa da vida eterna. T2 38.2
Na parábola da grande ceia, nosso Salvador mostrou que muitos escolherão o mundo e, como resultado, perderão o Céu. O gracioso convite de nosso Salvador foi desconsiderado. Ele despendera muito no preparo de um imenso sacrifício. Então enviou o convite; mas “todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei e, portanto, não posso ir.” Lucas 14:18-20. O Senhor então deixou os amantes do mundo e das riquezas, cujas terras, bois e esposas eram de tão grande valor em sua estima que consideraram como vantagens mais importantes que poderiam obter, em relação ao generoso convite que lhes havia feito. O senhor da casa ficou irado e desviou-se daqueles que desprezaram seu bondoso oferecimento, e convidou uma classe que não estava tão ocupada, que não era proprietária de terras e casas, mas pobre e faminta, composta de aleijados, cegos e coxos, que apreciariam as generosidades oferecidas e, em troca, renderiam ao Mestre sincera gratidão, sinceros amor e devoção. T2 39.1
Ainda havia lugares. Foi dada a ordem: “Sai pelos caminhos e atalhos e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles varões que foram convidados provará a minha ceia.” Lucas 14:23, 24. Eis aí uma classe rejeitada por Deus por que desprezou o convite do Mestre. O Senhor declarou a Eli: “Porque aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão envilecidos.” 1 Samuel 2:30. Disse Jesus: “Se alguém Me serve, siga-Me; e, onde Eu estiver, ali estará também o Meu servo. E, se alguém Me servir, Meu Pai o honrará.” João 12:26. “De Deus não se zomba.” Gálatas 6:7. Se aqueles que possuem luz a rejeitarem ou negligenciarem segui-la, ela se tornará em trevas para eles. T2 40.1
Um imenso sacrifício foi feito pelo querido Filho de Deus, para que pudesse resgatar o homem decaído e exaltá-lo à Sua mão direita, torná-lo herdeiro do mundo e possuidor de glória. Palavras são insuficientes para expressar o valor da herança imortal. A glória, a riqueza e a honra oferecidas pelo Filho de Deus são de infinito valor, e está além da capacidade humana ou mesmo dos anjos alcançar uma exata compreensão de sua dignidade, excelência e magnificência. Se os homens, mergulhados em pecado e degradação recusarem esses favores celestiais, negarem-se a uma vida de obediência, pisotearem os graciosos convites da graça e escolherem as mesquinhas coisas deste mundo, porque são visíveis e convenientes a sua alegria presente, e seguirem o caminho do pecado, Jesus tomará as providências registradas na parábola. Esses não provarão Sua glória, e o convite será estendido a outra classe. T2 40.2
Aqueles que escolhem desculpar-se e continuar em pecado e conformidade com o mundo, serão abandonados a seus ídolos. Virá o dia quando eles não pedirão para serem desculpados, quando ninguém desejará ser desculpado. Quando Cristo vier em Sua glória e na glória de Seu Pai, com todos os anjos em cortejo, escoltando-O e com vozes de triunfo, enquanto melodias encantadoras soarão aos ouvidos, todos então estarão interessados; não haverá nenhum espectador indiferente. Especulações não absorverão a mente. Os mesquinhos pilares de ouro, que haviam enfeitiçado seus olhos, não são mais atraentes. Os palácios que homens orgulhosos construíram e que foram seus ídolos foram abandonados com aversão e desgosto. Ninguém pleiteia por suas terras, bois, pela esposa recém-casada, como razão para ser desculpado de partilhar da glória que irrompe diante de sua atônita visão. Todos a desejam agora, mas sabem que não é para eles. T2 41.1
Em diligente e angustiante oração clamam para que Deus não os abandone. Os reis, os poderosos, os altivos, os orgulhosos, os homens comuns, semelhantemente se curvam sob a pressão do pesar, da desolação, da miséria inexprimível. Orações angustiosas escapam de seus lábios: misericórdia! misericórdia! Salvem-nos da ira de um Deus ofendido! Uma voz lhes responde com terrível distinção, austeridade e majestade: “Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes, rejeitastes todo o Meu conselho e não quisestes a Minha repreensão; também Eu Me rirei na vossa perdição e zombarei.” Provérbios 1:24-26. T2 41.2
Nesse tempo reis e nobres, poderosos e pobres, e homens comuns, semelhantemente, clamarão amargamente. Aqueles que nos dias de sua prosperidade desprezaram a Cristo e Seus humildes seguidores, homens que não se curvaram a Cristo, que odiaram Sua desprezada cruz, estão agora prostrados no lamaçal. Sua grandeza os deixou de vez e eles não hesitam em prostrar-se por terra, aos pés dos santos. Então compreendem com terrível amargor que estiveram comendo o fruto que eles mesmos plantaram, e atenderam as próprias sutilezas. Em sua pretensa sabedoria, voltaram os olhos da eterna e sublime recompensa, rejeitaram os atrativos celestiais e os trocaram por lucros terrenos. O resplendor e o falso brilho terreno os fascinaram e em sua suposta inteligência tornaram-se tolos. Eles exultaram na prosperidade mundana, pensando que suas vantagens terrenas eram tão grandes que poderiam, através delas, recomendar-se a Deus e assegurar o Céu. T2 41.3
O dinheiro era o poder e o deus dos insensatos da Terra; mas sua prosperidade os destruiu. Tornaram-se tolos aos olhos de Deus e de Seus anjos, enquanto homens ambiciosos os julgavam sábios. Agora sua falsa sabedoria era loucura total, e a prosperidade sua destruição. Soam agora gritos de terror e angústia dilaceradora: “Caí sobre nós e escondei-nos do rosto dAquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande dia da Sua ira; e quem poderá subsistir?” Apocalipse 6:16, 17. Fogem para as cavernas a fim de proteger-se; mas sem sucesso. T2 42.1
Querido irmão, vida e morte estão diante de você. Sabe por que seus pés têm falseado? Por que não persevera com coragem e firmeza? Você tem a consciência violada. Sua carreira comercial não tem sido reta. Você tem algo a fazer aqui. Seu pai não considerou os princípios comerciais sob a luz correta. Você os vê em geral como algo terreno, mas Deus não os considera assim. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:39. Você tem feito isso? “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento.” Lucas 10:27. Se esse mandamento for obedecido, prepara o coração para atender ao segundo, que é semelhante a esse: “Amarás o próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:39. Todos os mandamentos são resumidos nesses dois. O primeiro inclui todos os quatro mandamentos iniciais, que mostram o dever do homem para com seu Criador. O segundo compreende os últimos seis, que apresentam o dever do homem para com seu semelhante. Desses dois mandamentos dependem a lei e os profetas. Há dois braços imensos sustentando todos os dez mandamentos, os primeiros quatro e os últimos seis. Esses precisam ser estritamente obedecidos. T2 42.2
“Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mateus 19:17. Muitos dos que professam ser discípulos de Cristo passam tranqüilamente por este mundo, tidos aparentemente como homens direitos e ilustres quando têm o íntimo manchado, contaminado o seu caráter e corrompida sua experiência religiosa. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39) proíbe tirar proveito dos outros para benefício próprio. Estamos impedidos de prejudicar nosso semelhante em qualquer coisa. Não deveríamos olhar esse assunto do ponto de vista mundano. Tratar nosso próximo como gostaríamos que ele nos tratasse, é a regra que devemos aplicar praticamente a nós mesmos. As leis de Deus devem ser obedecidas ao pé da letra. Em todas as nossas relações e trato com as pessoas, sejam crentes ou não, essa regra deve ser aplicada: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:39. T2 43.1
Muitos dos que dizem ser cristãos não resistem à avaliação divina; quando pesados nas balanças do santuário, encontram-se em falta. Querido irmão: “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso.” 2 Coríntios 6:17, 18. Que promessa! Mas não devemos perder de vista o fato de que ela está baseada na obediência ao mandamento. Deus o chama para separar-se do mundo. Você não deve em sua conduta seguir as práticas do mundo, nem conformar-se com elas em aspecto algum. “Mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2. T2 43.2
Deus pede separação do mundo. Obedecer-lhe-emos? Sairemos do meio deles, permanecendo separados, distintos? “Porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” 2 Coríntios 6:14. Não podemos nos misturar com o mundo, participar de seu espírito, seguir seu exemplo, e ao mesmo tempo ser um filho de Deus. O Criador do Universo Se dirige a você como um Pai afetuoso. Se você se separar do mundo em suas afeições, e permanecer livre de sua contaminação, e guardando-se “da corrupção” que pela cobiça há no “mundo” (Tiago 1:27), Deus será seu Pai. Ele o adotará em Sua família, e você será Seu herdeiro. Em lugar do mundo, Ele lhe dará, por uma vida de obediência, o reino debaixo de todo o céu. Ele lhe dará “um peso eterno de glória” (2 Coríntios 4:17) e uma vida perdurável como a eternidade. T2 44.1
Seu Pai celeste Se propõe torná-lo membro da família real, mediante “Suas grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”. 2 Pedro 1:4. Quanto mais você compartilhar do caráter dos anjos puros e inocentes, e de Cristo seu redentor, tanto mais vividamente revelará a impressão do divino, e mais fraca será a semelhança com o mundo. O mundo e Cristo estão em divergência, porque o mundo não pode estar em união com Cristo. O mundo também está em conflito com Seus seguidores. Na oração de nosso Salvador a Seu Pai, Ele disse: “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo.” João 17:14. T2 44.2
O chamado para glorificar a Deus no corpo e no espírito, os quais Lhe pertencem, é elevado. Você não deve medir-se pelos outros. A Palavra de Deus apresenta uma regra infalível, um Exemplo imaculado. Você teme a cruz. Ela é um instrumento incômodo de se levar, e porque está coberta de vergonha e humilhação, você a tem evitado. Precisa adotar a reforma de saúde em sua vida; negar a si mesmo e comer e beber para a glória de Deus. Abstenha-se dos desejos carnais “que combatem contra a alma”. 1 Pedro 2:11. Você necessita praticar a temperança em todas as coisas. Eis uma cruz que você tem evitado. Restringir-se a um regime alimentar simples, que o conservará nas melhores condições de saúde, é a tarefa que lhe cabe. Se houvesse vivido à luz que o Céu permitiu brilhar sobre seu caminho, muito sofrimento poderia ter sido evitado em sua família. Sua conduta trouxe o seguro resultado. Enquanto você continuar nesse rumo, Deus não visitará nem abençoará de modo especial sua família e não realizará um milagre para poupá-lo do sofrimento. Um regime simples, livre de condimentos, de alimentos cárneos e gorduras de toda espécie, se demonstraria uma bênção para você e pouparia a sua esposa muito sofrimento, aflições e desalento. T2 45.1
Você não segue uma conduta que lhe asseguraria a bênção divina. Se quiser ter essa graça a beneficiá-lo e Sua presença habitando no seio da família, deve obedecer-Lhe e fazer a Sua vontade a despeito de perdas, ganhos ou do próprio prazer. Não deve consultar seus desejos, nem buscar a aprovação dos mundanos que não conhecem a Deus, nem buscam glorificá-Lo. Se andar contrariamente a Deus, Ele andará contrariamente a você. Se tiver outros deuses diante do Senhor, seu coração será desviado do serviço ao único verdadeiro Deus vivo, que requer todo o coração e afeições não divididas. Deus requer “todo o coração”, “todo o entendimento”, “toda a alma”, “todas as forças”. Marcos 12:30. Ele não aceitará nada menos que isso. Nenhuma divisão será permitida aqui. Nenhum trabalho feito com coração dividido será aceito. T2 45.2
A fim de poder apresentar a Deus serviço perfeito, você deve possuir clara concepção de Seus reclamos. Deve usar os alimentos mais simples, preparados da maneira mais natural, para que os delicados nervos do cérebro não sejam enfraquecidos, entorpecidos ou paralisados, tornando-se-lhe impossível discernir as coisas sagradas, e avaliar a expiação, o sangue purificador de Cristo, como de valor inestimável. “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta, assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” 1 Coríntios 9:24-27. T2 46.1
Se os homens, pela conquista de objeto tão sem valor como uma grinalda ou uma coroa de louros, sujeitam-se à temperança em todas as coisas, quanto mais dispostos não deviam estar em praticar abnegação aqueles que professam estar buscando não somente uma coroa de glória imortal, mas uma vida que deve durar tanto quanto o trono de Jeová, e riquezas que são eternas, honras que são imperecíveis, “um peso eterno de glória”. 2 Coríntios 4:17. Os estímulos apresentados ante os que estão correndo a carreira cristã, não os levarão a praticar abnegação e temperança em todas as coisas, para que possam manter suas propensões sensuais sob domínio, ter o corpo em sujeição, e controlar os apetites e paixões carnais? Assim poderão ser “participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”. 2 Pedro 1:4. T2 46.2
Se a inexcedível e gloriosa recompensa prometida não nos levar a suportar grandes privações e a praticar abnegação, maiores do que as que os mundanos suportam com alegria ao buscarem as ninharias terrenas — um galardão perecível que traz honra a uns poucos e ódio a muitos — seremos indignos da vida eterna. Na sinceridade e intensidade de nosso zelo, perseverança, coragem, energia, abnegação e sacrifício, deveríamos exceder àqueles que se empenham em outras empresas, porque estamos buscando um alvo de mais alto valor que o deles. O tesouro que procuramos é imperecível, eterno, imortal, todo-glorioso; enquanto que o prêmio que os mundanos perseguem dura apenas um pouco; ele é passageiro, perecível, efêmero como uma nuvem matutina. T2 46.3
A cruz, a cruz; tome a cruz, irmão D, e no ato de erguê-la ficará surpreso em saber que ela o ergue e o sustenta. Na adversidade, na privação e tristeza, ela lhe será a força e o apoio. Você a descobrirá toda carregada de misericórdia, compaixão, simpatia e inexprimível amor. Ela se provará a garantia da imortalidade. Que você seja capaz de dizer com Paulo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo.” Gálatas 6:14. T2 47.1
O Espírito do Senhor tem Se empenhado com sua esposa por algum tempo. Se vocês entregassem tudo a Deus, ela teria força para tomar sua decisão e viver a verdade. Se escolherem desviar-se da verdade, não irão sozinhos; não se perderão apenas vocês, mas serão agentes para desviar outros do caminho, e o sangue dessas pessoas estará em suas vestes. Houvessem vocês mantido a integridade, sua mãe, seu irmão E e alguém que agora está à beira da sepultura, poderiam neste momento gozar a consolação do Espírito de Deus e ter uma boa experiência na verdade. Tenha sempre em mente que somos responsáveis pela influência que exercemos. Nossa influência ajunta com Cristo ou espalha. Mateus 12:30. Ou somos auxiliadores no estreito caminho da santidade ou um obstáculo, uma pedra de tropeço aos outros, desviando-os do caminho. Você, meu mui estimado irmão, não tem tempo a perder. Seja diligente em remir o tempo, “porquanto os dias são maus”. Efésios 5:16. Seus associados, aqueles cuja companhia você escolheu, têm-lhe sido um estorvo. Saia do meio deles e separe-se. Achegue-se a Deus e una-se estreitamente a Seu povo. Permita que seus interesses e afeições se centralizem em Cristo e Seus seguidores. Ame mais aqueles que mais amam a Cristo. Corte os laços que o têm prendido aos que não amam a Deus e à verdade. “Que comunhão tem a luz com as trevas? ... Ou que parte tem o fiel com o infiel?” 2 Coríntios 6:14, 15. T2 47.2
Você se acha sob o perigo iminente de naufragar na fé. Tem necessidade de toda a força que puder obter do povo de Deus, daqueles que possuem esperança, coragem e fé. Mas não negligencie a oração, a oração secreta. Seja insistente em oração, encoraje seu espírito à verdadeira devoção. Você tem um trabalho a fazer em seus negócios particulares. Algo está errado, mas não sou capaz de dizer o que é. Procure-o cuidadosamente. Estamos edificando para a eternidade. Todos os nossos atos e palavras estão sendo pesados nas balanças do santuário. Um Deus justo e imparcial decide todos os nossos casos, cada acontecimento da história de nossa vida. “Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo também é injusto no muito.” Lucas 16:10. T2 48.1
Não deixe que nada interfira em seu progresso no caminho para a vida eterna. Seus interesses eternos estão em jogo. Precisa haver em você uma obra completa. Deve estar plenamente convertido ou falhará em sua busca pelo Céu. Todavia, Jesus o convida a fazer dEle sua força e sustentáculo. Ele lhe “será socorro bem presente” (Salmos 46:1) em tempos de necessidade. Será para você como a sombra “de uma grande rocha em terra sedenta”. Isaías 32:2. Não seja seu maior desejo o sucesso neste mundo, mas o preparo do coração. Como posso obter o mundo melhor? “Que é necessário que eu faça para me salvar?” Atos dos Apóstolos 16:30. Salvando a si próprio, você salvará a outros. Ao erguer-se, você levantará a outros. Ao apoderar-se da verdade e amparar-se no trono de Deus, auxiliará outros a firmarem sua vacilante fé nas promessas e na graça divinas. A posição que você deve assumir é valorizar mais a salvação do que o ganho terreno e considerar tudo como perda “para que possa ganhar a Cristo”. Filipenses 3:8. Sua consagração precisa ser total. Deus não aceitará nenhuma reserva, nenhum sacrifício dividido, nenhum ídolo acariciado. Você precisa morrer para si mesmo e para o mundo. Renove diariamente sua consagração a Deus. A vida eterna é digna de um esforço vitalício, perseverante, incansável. T2 48.2
Foi-me mostrado que seu irmão ficou convencido da verdade por algum tempo, mas influências o mantiveram afastado. A esposa o impediu de obedecer as próprias convicções. Mas em sua aflição ela buscou ao Senhor e O encontrou. Então ficou ansiosa para que o marido abraçasse a verdade; arrependeu-se de ter-se oposto a ele e de que seu orgulho e amor ao mundo o tivessem impedido de receber a verdade. Como uma filha cansada em busca de repouso, mas incapaz de obtê-lo, por fim atendeu a Seu gracioso convite: “Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Mateus 11:28. Seu fatigado coração buscou ao Senhor, e com arrependimento, humilhação e sincera oração, lançou sua carga sobre o Grande Portador de fardos, e nEle achou repouso. Ela recebeu evidência de que sua humilhação e franco arrependimento foram aceitos por Deus e de que, pelos méritos de Cristo, Ele lhe perdoou os pecados. T2 49.1
Foi-me mostrado, irmão D, que você, porém, tem pouco tempo para trabalhar. Faça sua obra completamente, remindo o tempo. Em suas transações comerciais não permita uma nódoa em seu caráter cristão. Mantenha suas vestes incontaminadas do mundo. Vigie e ore para não cair em tentação. As tentações podem cercá-lo de todos os lados, mas você não é forçado a ceder a elas. Você pode obter forças de Cristo, para permanecer incontaminado das corrupções desta época degenerada. “Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo.” 2 Pedro 1:4. Mantenha os olhos fixos em Cristo, em Sua divina imagem. Imite Sua vida imaculada e será participante de Sua glória, e com Ele herdará “o reino que” lhe “está preparado desde a fundação do mundo”. Mateus 25:34. T2 49.2