Conselhos para a Igreja

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Capítulo 40 — A escolha dos alimentos

Nosso corpo é formado pela comida que ingerimos. Há constante desgaste dos tecidos do corpo; todo movimento de qualquer órgão implica um desgaste, o qual é reparado por meio do alimento. Cada órgão do corpo requer sua parte de nutrição. O cérebro deve ser abastecido com sua porção; os ossos, os músculos e os nervos requerem a sua. Maravilhoso é o processo que transforma a comida em sangue, e se serve desse sangue para restaurar as várias partes do organismo; mas esse processo está prosseguindo continuamente, suprindo a vida e a força a cada nervo, cada músculo e tecido. CI 225.1

Deve-se escolher o alimento que melhor proveja os elementos necessitados para a edificação do organismo. Nessa escolha, o apetite não é um guia seguro. Mediante hábitos errôneos de comer, o apetite se tornou pervertido. Muitas vezes exige alimento que prejudica a saúde e a enfraquece em lugar de fortalecê-la. Não nos podemos guiar com segurança pelos hábitos da sociedade. A doença e o sofrimento que por toda parte dominam são em grande parte devidos a erros populares com referência ao regime alimentar. [...] CI 225.2

Mas nem todas as comidas saudáveis em si mesmas são igualmente adequadas a nossas necessidades em todas as circunstâncias. Deve haver cuidado na seleção do alimento. Nossa comida deve ser de acordo com a estação, o clima em que vivemos e a ocupação em que nos empregamos. Certas comidas apropriadas para uma estação ou um clima, não o são para outro. Assim, há diferentes comidas mais adequadas às pessoas segundo as várias ocupações. Muitas vezes, alimentos que podem ser usados com proveito por pessoas que se empenham em árduo labor físico não são próprios para as de trabalho sedentário, ou de intensa aplicação mental. Deus nos tem dado ampla variedade de comidas saudáveis, e cada pessoa deve escolher dentre elas aquelas que a experiência e o bom senso demonstram ser as mais convenientes às suas próprias necessidades. — A Ciência do Bom Viver, 295-297. CI 225.3

O plano original de Deus quanto à nossa alimentação — A fim de saber quais são os melhores alimentos, cumpre-nos estudar o plano original de Deus para o regime do homem. Aquele que criou o homem e lhe compreende as necessidades designou a Adão o que devia comer: “Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente [...] e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento”. Gênesis 1:29. Ao deixar o Éden para ganhar a subsistência lavrando a terra sob a maldição do pecado, o homem recebeu também permissão para comer a “erva do campo”. Gênesis 3:18. CI 225.4

Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime dietético escolhido por nosso Criador. Esses alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante. [...] CI 226.1

A fim de manter a saúde, é necessária suficiente provisão de alimento bom e nutritivo. CI 226.2

Se planejarmos sabiamente, os artigos que promovem a boa saúde podem ser obtidos em quase todas as terras. Os vários artigos preparados de arroz, trigo, milho e aveia são enviados para toda parte, bem como feijões, ervilhas e lentilhas. Estes, juntamente com as frutas nacionais ou importadas, e a quantidade de verduras que dão em todas as localidades, oferecem oportunidade de escolher um regime dietético completo, sem o uso de alimentos cárneos. [...] CI 226.3

Onde quer que as frutas secas como passas, ameixas, maçãs, pêras, pêssegos e abricós se podem obter por moderado preço, verificar-se-á que se podem usar como artigos principais de regime, muito mais abundantemente do que se costuma fazer, com os melhores resultados para a saúde de todas as classes. — A Ciência do Bom Viver, 295, 296, 299. CI 226.4

A ciência de preparar os alimentos — Cozinhar não é ciência desprezível, porém uma das mais essenciais na vida prática. É uma arte que todas as mulheres deviam aprender, devendo ser ensinada de um modo que beneficiasse às classes mais pobres. Fazer comida apetecível e ao mesmo tempo simples e nutritiva requer habilidade; pode no entanto ser feito. As cozinheiras devem saber preparar alimento de maneira simples e saudável, e de modo que seja mais apetecível e mais são, justo por causa de sua simplicidade. — A Ciência do Bom Viver, 302, 303. CI 226.5

Façamos progresso inteligente na simplificação do nosso regime alimentar. Na providência de Deus, cada país produz artigos de alimento contendo os nutrientes necessários para a construção do corpo. Esses produtos podem ser transformados em pratos saudáveis e apetitosos. — Medicina e Salvação, 274. CI 226.6

Muitos não consideram esta uma questão de dever, por isso não procuram preparar alimento adequadamente. Este pode ser feito de maneira simples, saudável e fácil, sem usar banha, manteiga ou alimentos cárneos. A habilidade deve estar ligada à simplicidade. Para isso, as mulheres devem ler e, depois, transformar pacientemente em prática o que leram. — Testimonies for the Church 1:681. CI 226.7

Frutas, cereais e verduras, preparados de maneira simples, livres de especiarias e gordura animal de qualquer espécie, fazem com leite ou nata, o regime alimentar mais sadio. — Conselhos Sobre Saúde, 115. CI 227.1

Cereais e frutas preparados sem gordura, e no estado mais natural possível, devem ser o alimento para as mesas de todos os que professam estar-se preparando para a trasladação ao Céu. — Testimonies for the Church 2:352. CI 227.2

Em geral, usa-se demasiado açúcar no alimento. Bolos, pudins, massas folhadas, geléias e doces são causa ativa de má digestão. Especialmente nocivos são os cremes e pudins em que o leite, ovos e açúcar são os principais ingredientes. Deve-se evitar o uso abundante de leite e açúcar juntos. — A Ciência do Bom Viver, 301, 302. CI 227.3

Quanto menor for a quantidade de açúcar introduzida no preparo da alimentação, menor a dificuldade experimentada em virtude do calor do clima. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 95. CI 227.4

O leite que se usa deve ser perfeitamente esterilizado; com esta precaução, há menos perigo de contrair doenças por seu uso. — A Ciência do Bom Viver, 302. CI 227.5

Pode vir o tempo em que não seja seguro usar leite. Se, porém, as vacas são sadias e o leite suficientemente fervido, não há necessidade de criar antecipadamente um tempo de angústia. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 357. CI 227.6

Comidas condimentadas — Os condimentos, tão freqüentemente usados pelos mundanos, são prejudiciais à digestão. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 339. CI 227.7

Nesta época de pressa, quanto menos estimulante for a comida, melhor. Os condimentos são prejudiciais em sua natureza. A mostarda, a pimenta, as especiarias, os picles e coisas semelhantes irritam o estômago e tornam o sangue febril e impuro. O estado de inflamação do estômago do bêbado é muitas vezes pintado para ilustrar os efeitos das bebidas alcoólicas. Condição semelhante de inflamação é produzida pelo uso de condimentos irritantes. Dentro em pouco, a comida comum não satisfaz o apetite. O organismo sente necessidade de alguma coisa mais estimulante. — A Ciência do Bom Viver, 325. CI 227.8

Muitos têm condescendido tanto com o paladar, que a menos que tenham justamente o alimento exigido pelo mesmo, não encontram prazer nele. Caso sejam postas diante deles comidas condimentadas, fazem o estômago trabalhar aplicando-lhe esse causticante açoite; pois esse estômago tem sido tratado de tal modo que não reconhece comida não estimulante. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 340. CI 227.9

Os condimentos a princípio irritam as tenras mucosas do estômago, mas finalmente destroem a sensibilidade natural dessa delicada membrana. O sangue torna-se febril, despertam-se as propensões animalescas, enquanto se enfraquecem as faculdades morais e intelectuais, tornando-se servas das paixões baixas. A mãe deve cuidar em pôr diante de sua família uma alimentação simples, se bem que nutritiva. — Conselhos Sobre Saúde, 114. CI 227.10

A importância da regularidade — Tomada a refeição regular, deve-se permitir ao estômago um descanso de cinco horas. Nenhuma partícula de alimento deve ser introduzida no estômago até a próxima refeição. Neste intervalo o estômago efetuará seu trabalho, estando então em condições de receber mais alimento. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 179. CI 228.1

A regularidade nas refeições deve ser fielmente observada. Coisa alguma se deve comer entre elas, nada de doces, nozes, frutas, ou qualquer espécie de comida. A irregularidade na alimentação arruína a saúde dos órgãos digestivos, com detrimento da saúde em geral, e da alegria. E, quando as crianças chegam à mesa, não apetecem os alimentos sãos; desejam o que lhes é prejudicial. — A Ciência do Bom Viver, 384. CI 228.2

Quando nos deitamos para repousar, o estômago já devia ter concluído a sua obra, a fim de, como os demais órgãos do corpo, fruir repouso. Para as pessoas de hábitos sedentários, as ceias tarde da noite são particularmente nocivas. [...] CI 228.3

Em muitos casos, a fraqueza que leva a desejar alimento é sentida porque os órgãos digestivos foram muito sobrecarregados durante o dia. Depois de digerir uma refeição, os órgãos que se empenharam nesse trabalho precisam de repouso. Pelo menos cinco ou seis horas devem entremear as refeições; e a maior parte das pessoas que experimentarem esse plano verificará que duas refeições por dia são preferíveis a três. [...] CI 228.4

O costume de comer apenas duas vezes por dia, em geral, demonstra-se benéfico à saúde; todavia, sob certas circunstâncias, talvez algumas pessoas tenham necessidade de uma terceira refeição. Esta, porém, deve ser muito leve, e de comida de fácil digestão. — A Ciência do Bom Viver, 304, 321. CI 228.5

Quando os alunos combinam o esforço físico e mental, [...] deixa de existir, em grande parte, a objeção à terceira refeição. [...] Tomem os estudantes a terceira refeição, preparada sem verduras, mas com alimento simples e saudável, tais como frutas e pão. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 178. CI 228.6

A comida não deve ser ingerida muito quente nem muito fria. Se está fria, as forças vitais do estômago são chamadas a fim de aquecê-la antes de ter começo o processo digestivo. Bebidas frias, pelo mesmo motivo, são prejudiciais. Por outro lado, o uso copioso de bebidas quentes é debilitante. Na verdade, quanto mais líquido for ingerido nas refeições, tanto mais difícil se tornará a digestão do alimento, pois o líquido precisa ser absorvido primeiro para que principie a digestão. Não useis sal em quantidade, evitai os picles e comidas condimentadas, servi-vos de abundância de frutas, e a irritação que requer tanta bebida nas refeições desaparecerá em grande parte. A comida deve ser ingerida devagar, completamente mastigada. Isso é necessário para a saliva ser devidamente misturada com o alimento, e os sucos digestivos chamados à ação. — A Ciência do Bom Viver, 305. CI 228.7

A aplicação dos princípios de saúde — Há verdadeiro bom senso na reforma do regime. O assunto deve ser estudado de forma ampla e profunda. Ninguém deve criticar outros porque não estejam, em todas as coisas, agindo em harmonia com seu ponto de vista. É impossível estabelecer uma regra fixa para regular os hábitos de cada um, e ninguém se deve considerar critério para todos. Nem todos podem comer as mesmas coisas. Comidas apetecíveis e sãs para uma pessoa podem ser desagradáveis e mesmo nocivas para outra. Alguns não podem usar leite, ao passo que outros tiram bom proveito dele. Há pessoas que não conseguem digerir ervilhas e feijão; para outros, eles são saudáveis. Para uns, as preparações de cereais integrais são boas, enquanto outros não as podem ingerir. — A Ciência do Bom Viver, 319, 320. CI 229.1

Onde tem havido condescendência com hábitos errôneos, não deve haver demora em reformá-los. Quando a dispepsia tem sido o resultado do mau trato infligido ao estômago, façam-se cuidadosos esforços para conservar o resto da resistência das forças vitais, afastando toda sobrecarga. Talvez o estômago nunca recupere inteiramente a saúde depois de longo tempo de mau trato; mas uma correta orientação no regime dietético poupará posterior debilidade, e muitos se recuperarão mais ou menos. [...] CI 229.2

Homens fortes, que se empenham em ativo trabalho físico, não são forçados a cuidar tanto no que respeita à qualidade e à quantidade do alimento, como as pessoas de hábitos sedentários; mas mesmo esses desfrutariam melhor saúde se usassem de domínio sobre si mesmos quanto ao comer e ao beber. CI 229.3

Alguns desejariam que se lhes prescrevesse uma regra exata para seu regime. Comem demais, e depois se lamentam, e ficam sempre a pensar no que comem e bebem. Não deve ser assim. Uma pessoa não pode ditar uma estrita regra para outra. Cada um deve exercer discernimento e domínio, agindo por princípio. [...] CI 229.4

A reforma dietética deve ser progressiva. À medida que as doenças aumentam nos animais, o uso de leite e ovos se tornará cada vez menos livre de perigo. Deve-se fazer um esforço para os substituir com outras coisas que sejam saudáveis e pouco dispendiosas. O povo de toda parte deve ser ensinado a cozinhar sem leite e ovos, isso o quanto possível, fazendo não obstante comida saudável e gostosa. [...] CI 229.5

Deus não é honrado quando o corpo é negligenciado ou maltratado, ficando assim incapacitado para Seu serviço. Cuidar do corpo, proporcionando-lhe comida saborosa e revigorante, é um dos principais deveres dos pais de família. É muito melhor usar roupas e mobília menos caras do que restringir a provisão de alimento. CI 229.6

Alguns chefes de casa poupam na mesa da família a fim de proporcionar dispendiosa hospedagem às visitas. Isso não é sábio. Deve haver maior simplicidade na hospedagem. Dê-se primeiro atenção às necessidades da família. CI 229.7

Uma economia destituída de sabedoria e os costumes artificiais impedem o exercício da hospitalidade onde é necessária e quando seria uma bênção. A quantidade regular de alimento deve ser de maneira que se possa receber de boa vontade o inesperado hóspede, sem sobrecarga para a dona-de-casa, com preparativos extras. [...] CI 230.1

Considerai cuidadosamente vosso regime. Estudai das causas para os efeitos. Cultivai o domínio de vós mesmos. Mantende o apetite sob o domínio da razão. Nunca abuseis do estômago, comendo excessivamente, mas não vos priveis da comida saudável e saborosa que a saúde exige. — A Ciência do Bom Viver, 308, 310, 320-323. CI 230.2

Os que entendem as leis da saúde e são governados por princípios fugirão dos extremos, tanto da condescendência como da restrição. Sua alimentação é escolhida não meramente para agradar o apetite, mas para fortalecimento do organismo. Procuram conservar todas as faculdades nas melhores condições para o mais elevado serviço a Deus e aos homens. O apetite acha-se sob o controle da razão e da consciência, e são recompensados com a saúde física e mental. Embora não insistam de modo impertinente em seus pontos de vista para os outros, seu exemplo é um testemunho em favor dos princípios corretos. Essas pessoas exercem vasta influência para o bem. — A Ciência do Bom Viver, 319. CI 230.3

Não devemos, no sábado, aumentar a quantidade de alimento ou preparar maior variedade do que noutros dias. Ao contrário, a refeição do sábado deve ser mais simples, convindo comer menos do que nos outros dias, a fim de ter o espírito claro e em condições de compreender os temas espirituais. [...] CI 230.4

Embora deva a gente abster-se de cozinhar aos sábados, não é necessário ingerir a comida fria. Em dias frios, convém aquecer o alimento preparado no dia anterior. As refeições, posto que simples, devem ser apetitosas e atraentes. — Testimonies for the Church 6:357. Especialmente nas famílias em que há crianças, é bom, aos sábados, qualquer coisa que seja considerada como um prato especial, coisa que a família não tenha todos os dias. — A Ciência do Bom Viver, 307, 308. CI 230.5

O controle do apetite — Uma das mais vigorosas tentações que o homem tem de enfrentar é quanto ao apetite. Existe entre a mente e o corpo misteriosa e admirável relação. Um reage sobre o outro. Conservar o corpo em condição saudável a fim de desenvolver-lhe a resistência, para que cada parte do organismo funcione harmoniosamente, eis o que deve constituir o primeiro estudo em nossa vida. Negligenciar o corpo é negligenciar a mente. Não pode ser para glória de Deus terem Seus filhos corpo enfermo ou mente atrofiada. Condescender com o paladar à custa da saúde é ímpio abuso dos sentidos. Os que cometem qualquer espécie de intemperança, seja no comer ou no beber, desperdiçam as energias físicas e enfraquecem a força moral. Esses experimentarão a retribuição que acompanha a transgressão da lei física. — Testimonies for the Church 3:485, 486. CI 230.6

Muitos estão se incapacitando para o trabalho, mental e fisicamente, pelos excessos no comer e pela satisfação de paixões concupiscentes. Fortalecem-se as tendências pecaminosas, enquanto a natureza moral e espiritual se debilita. Quando estivermos junto ao grande trono branco, que registro apresentará então a vida de muitos! Então verão o que poderiam ter realizado se não tivessem envilecido as faculdades que Deus lhes concedera. Então reconhecerão que alturas de grandeza intelectual poderiam ter atingido, se tivessem dedicado a Deus toda a força mental e física que lhes confiara. Em sua agonia de remorso ansiarão poder viver de novo toda a sua vida. — Testimonies for the Church 5:135. CI 231.1

Todo verdadeiro cristão controlará o apetite e as paixões. A menos que ele esteja livre da servidão do apetite, não pode ser um genuíno e obediente servo de Cristo. É a condescendência com o apetite e as paixões que tornam a verdade sem efeito para o coração. Impossível é ao espírito e ao poder da verdade santificarem o homem — alma, corpo e espírito — quando ele é dominado pelo apetite e a paixão. — Testimonies for the Church 3:569, 570. CI 231.2

O grande objetivo por que Cristo suportou aquele longo jejum no deserto foi ensinar-nos a necessidade da abnegação e da temperança. Essa obra deve começar à nossa mesa, e ser estritamente efetuada em todos os aspectos da vida. O Redentor do mundo veio do Céu para ajudar o ser humano em sua fraqueza para que, no poder que Jesus lhe veio trazer, ele se torne forte para vencer o apetite e a paixão, fazendo-se vitorioso em todos os pontos. — Testimonies for the Church 3:488. CI 231.3

Capítulo 40—El alimento que comemos

Nuestro cuerpo se forma con el alimento que ingerimos. En los tejidos del cuerpo se realiza de continuo un proceso de reparación, pues el funcionamiento de los órganos acarrea desgaste, y éste debe ser reparado por el alimento. Cada órgano del cuerpo exige nutrición. El cerebro debe recibir la suya; y lo mismo sucede con los huesos, los músculos y los nervios. Es una operación maravillosa la que transforma el alimento en sangre y aprovecha esta sangre para la reconstitución de las diversas partes del cuerpo; pero esta operación, que prosigue de continuo, suministra vida y fuerza a cada nervio, músculo y órgano. CPI 398.1

Deben escogerse los alimentos que mejor proporcionen los elementos necesarios para la reconstitución del cuerpo. En esta elección, el apetito no es una guía segura. Los malos hábitos en el comer lo han pervertido. Muchas veces pide alimento que altera la salud y causa debilidad en vez de producir fuerza. Tampoco podemos dejarnos guiar por las costumbres de la sociedad. Las enfermedades y dolencias que prevalecen por doquiera provienen en buena parte de errores comunes respecto al régimen alimenticio. CPI 398.2

Pero no todos los alimentos sanos de por sí convienen igualmente a nuestras necesidades en cualquier circunstancia. Nuestro alimento debe escogerse con mucho cuidado. Nuestro régimen alimenticio debe adaptarse a la estación del año, al clima en que vivimos y a nuestra ocupación. Algunos alimentos que convienen perfectamente a una estación del año o en cierto clima, no convienen en otros. También sucede que ciertos alimentos son los más apropiados para diferentes ocupaciones. Con frecuencia el alimento que un operario manual o bracero puede consumir con provecho no conviene a quien se entrega a una ocupación sedentaria o a un trabajo intelectual intenso. Dios nos ha dado una amplia variedad de alimentos sanos, y cada cual debe escoger el que más convenga a sus necesidades, conforme a la experiencia y a la sana razón.1 CPI 398.3

El plan original de Dios para la alimentación del hombre

Para saber cuáles son los mejores comestibles tenemos que estudiar el plan original de Dios para la alimentación del hombre. El que creó al hombre y comprende sus necesidades indicó a Adán cuál era su alimento. “He aquí—dijo—que os he dado toda planta que da semilla,... y todo árbol en que hay fruto y que da semilla; os serán para comer”. Génesis 1:29. Al salir del Edén para ganarse el sustento labrando la tierra bajo el peso de la maldición del pecado, el hombre recibió permiso para comer también “plantas del campo”. Génesis 3:18. CPI 399.1

Los cereales, las frutas carnosas, las oleaginosas y las legumbres constituyen el alimento escogido para nosotros por el Creador. Preparados del modo más sencillo y natural posible, son los comestibles más sanos y nutritivos. Comunican una fuerza, una resistencia y un vigor intelectual que no pueden obtenerse de un régimen alimenticio más complejo y estimulante.2 CPI 399.2

Para conservar la salud, se necesita una cantidad suficiente de alimento sano y nutritivo. CPI 400.1

Si procedemos con prudencia, podremos conseguir en casi cualquier país la clase de alimentos que más favorece a la salud. Las variadas preparaciones de arroz, trigo, maíz y avena, como también las judías, porotos o fréjoles, guisantes y lentejas se exportan hoy a todas partes. Estos alimentos, junto con las frutas indígenas o importadas, y con la variedad de verduras propias de cada país, facilitarán la elección y la composición de comidas, sin necesidad de carnes. CPI 400.2

Donde las frutas desecadas, como uvas pasas, ciruelas, manzanas, melocotones o duraznos, y albaricoques o damascos, puedan obtenerse a precios moderados, se verá que pueden emplearse como alimentos de consumo corriente mucho más de lo que se acostumbra, y con los mejores resultados para la salud y el vigor de todas las clases de personas activas.3 CPI 400.3

La ciencia culinaria

La ciencia culinaria no es una ciencia despreciable, sino una de las más importantes de la vida práctica. Es una ciencia que toda mujer debería aprender, y que debería ser enseñada en forma provechosa a las clases pobres. Preparar manjares apetitosos, al par que sencillos y nutritivos, requiere habilidad; pero puede hacerse. Las cocineras deberían saber preparar manjares sencillos en forma saludable, y de tal manera que resulten sabrosos precisamente por su sencillez.4 CPI 400.4

Hagamos un progreso inteligente en la simplificación de nuestro régimen alimenticio. En la providencia de Dios, todo país produce artículos de alimentación que contienen la nutrición necesaria para edificar el organismo. Estos pueden presentarse en forma de platos saludables y apetitosos.5 CPI 401.1

Muchos no lo consideran un deber, y por esta razón ni siquiera hacen un esfuerzo por cocinar su comida en forma apropiada. Esto se puede lograr en una forma tan sencilla, saludable y fácil, sin el uso de manteca, mantequilla o carne. La pericia debe ir unida con la simplicidad. Para lograr esto, las mujeres deben leer, y luego con mucha paciencia deben emplear en la práctica lo que han leído.6 CPI 401.2

Las frutas, los cereales, las legumbres y las hortalizas, preparados de una manera sencilla, sin ninguna clase de grasas ni especias,1 constituyen, juntamente con la leche o la crema, el régimen alimenticio más saludable.7 CPI 401.3

Los cereales y las frutas, preparados sin grasa y en forma tan natural como sea posible, deben ser el alimento destinado a todos aquellos que aseveran estar preparándose para ser trasladados al cielo.8 CPI 401.4

Se suele emplear demasiado azúcar en la comidas. Las tortas, los budines, las pastas o pasteles, las jaleas y los dulces son causas activas de indigestión. Particularmente dañinos son los flanes cuyos ingredientes principales son la leche, los huevos y el azúcar. Debe evitarse el consumo copioso de la leche con azúcar.9 CPI 402.1

Cuanto menos azúcar se introduce en la preparación de los alimentos, menos dificultad se experimentará por lo cálido del clima.10 CPI 402.2

Si se hace uso de leche, debe ser bien esterilizada, pues con esta precaución hay menos peligro de enfermedad.11 CPI 402.3

Llegará el tiempo cuando no será seguro usar leche. Pero si las vacas son sanas y la leche se hierve bien, no hay necesidad de crear un tiempo de angustia con anticipación.12 CPI 402.4

Alimentos muy sazonados

Los condimentos, tan frecuentemente usados por la gente del mundo, son ruinosos para la digestión.13 CPI 402.5

En esta época de apresuramientos, cuanto menos excitante sea el alimento, mejor. Los condimentos son perjudiciales de por sí. La mostaza, la pimienta, las especias, los encurtidos y otras cosas por el estilo, irritan el estómago y enardecen y contaminan la sangre. La inflamación del estómago del borracho se representa muchas veces gráficamente para ilustrar el efecto de las bebidas alcohólicas. El consumo de condimentos irritantes produce una inflamación parecida. El organismo siente una necesidad insaciable de algo más estimulante.14 CPI 402.6

Algunos han complacido tanto su gusto, que a menos que tengan precisamente el artículo de consumo que exigen, no hallan placer en comer. Si se pone delante de ellos alimentos condimentados con especias, éstos hacen que el estómago trabaje al castigarlo con ese ardiente látigo; porque ha sido tratado de tal manera que no reconocerá alimentos que no sean estimulantes.15 CPI 402.7

Las especias irritan la delicada mucosa del estómago y destruyen su sensibilidad. La sangre se afiebra, y las propensiones animales se despiertan, mientras que las facultades morales e intelectuales se debilitan y llegan a ser dominadas por las más bajas pasiones. CPI 403.1

La madre debiera aprender a presentar una alimentación sencilla, a la vez que nutritiva, ante su familia.16 CPI 403.2

Regularidad en las comidas

Después que se ha ingerido la comida regular debe dejarse que el estómago descanse cinco horas. Ni una partícula de comida debe ser introducida en el estómago hasta la siguiente comida. En este intervalo el estómago efectuará su trabajo y estará entonces en condición de recibir más alimento.17 CPI 403.3

Hay que observar cuidadosamente la regularidad en las comidas. Al niño no se le debe dar de comer entre comidas, ni pasteles, ni nueces, ni frutas, ni manjar de ninguna clase. La irregularidad en las comidas destruye el tono sano de los órganos de la digestión, en perjuicio de la salud y del buen humor. Y cuando los niños se sientan a la mesa, no toman con gusto el alimento sano; su apetito clama por manjares nocivos.18 CPI 403.4

Cuando nos entregamos al descanso, el estómago debe haber concluido ya su tarea, para que él también pueda descansar, como los demás órganos del cuerpo. A las personas de hábitos sedentarios les resultan particularmente perjudiciales las cenas tardías. CPI 403.5

En muchos casos, la sensación de debilidad que da ganas de comer proviene del excesivo recargo de los órganos digestivos durante el día. Estos, después de haber ingerido una comida, necesitan descanso. Entre las comidas deben mediar cuando menos cinco o seis horas, y la mayoría de las personas que quieran hacer la prueba verán que dos comidas al día dan mejor resultado que tres.19 CPI 404.1

La costumbre de comer sólo dos veces al día es reconocida generalmente como beneficiosa para la salud. Sin embargo, en algunas circunstancias habrá personas que requieran una tercera comida, que debe ser ligera y de muy fácil digestión.20 CPI 404.2

Cuando los estudiantes combinan el recargo físico con el mental, la objeción por la tercera comida queda eliminada en gran parte. CPI 404.3

Permítase a los estudiantes que ingieran una tercera comida, preparada sin verduras ni legumbres, pero con alimentos sencillos y sanos, como fruta y pan.21 CPI 404.4

Los manjares no deben ingerirse muy calientes ni muy fríos. Si la comida está fría, la fuerza vital del estómago se distrae en parte para calentarlos antes que pueda digerirlos. Por el mismo motivo las bebidas frías son perjudiciales, al par que el consumo de bebidas calientes resulta debilitante. En realidad, cuando más líquido se toma en las comidas, más difícil es la digestión, pues el líquido debe quedar absorbido antes de que pueda empezar la digestión. Evítese el uso de mucha sal y el de encurtidos y especias, consúmase mucha fruta, y desaparecerá en gran parte la irritación que incita a beber mucho en la comida. CPI 404.5

Conviene comer despacio y masticar perfectamente, para que la saliva se mezcle debidamente con el alimento y los jugos digestivos entren en acción.22 CPI 405.1

Aplicación de los principios de la reforma pro salud

En la reforma alimenticia hay verdadero sentido común. El asunto debe ser estudiado con amplitud y profundidad, y nadie debe criticar a los demás porque sus prácticas no armonicen del todo con las propias. Es imposible prescribir una regla invariable para regular los hábitos de cada cual, y nadie debe erigirse en juez de los demás. No todos pueden comer lo mismo. Ciertos alimentos que son apetitosos y saludables para una persona, bien pueden ser desabridos, y aun nocivos, para otra. Algunos no pueden tomar leche, mientras que a otros les asienta bien. Algunos no pueden digerir guisantes o arvejas ni judías; otros los encuentran saludables. Para algunos las preparaciones de cereales poco refinados son un buen alimento, mientras que otros no las pueden comer.23 CPI 405.2

Cuando se han contraído hábitos dietéticos erróneos debe procederse sin tardanza a una reforma. Cuando el abuso del estómago ha resultado en dispepsia deben hacerse esfuerzos cuidadosos para conservar el resto de la fuerza vital, evitando todo recargo inútil. Puede ser que el estómago nunca recupere la salud completa después de un largo abuso; pero un régimen dietético conveniente evitará un mayor aumento de la debilidad, y muchos se repondrán más o menos del todo. CPI 405.3

Los hombres robustos empeñados en trabajo físico activo no tienen tanto motivo de fijarse en la cantidad y calidad del alimento como las personas de hábitos sedentarios; pero aun ellos gozarán de mejor salud si ejercen dominio propio en el comer y en el beber. CPI 406.1

Hay quienes quisieran que se les fijara una regla exacta para su alimentación. Nadie puede sentar reglas estrictas para los demás. Cada cual debe dominarse a sí mismo y, fundado en la razón, obrar por principios sanos.24 CPI 406.2

La reforma alimenticia debe ser progresiva. A medida que van aumentando las enfermedades en los animales, el uso de la leche y los huevos se vuelve más peligroso. Conviene tratar de substituirlos con comestibles saludables y baratos. Hay que enseñar a la gente por doquiera a cocinar sin leche ni huevos en cuanto sea posible, sin que por esto dejen de ser sus comidas sanas y sabrosas. CPI 406.3

No se honra a Dios cuando se descuida el cuerpo, o se lo maltrata, y así se lo incapacita para servirle. Cuidar del cuerpo proveyéndole alimento apetitoso y fortificante es uno de los principales deberes del ama de casa. Es mucho mejor tener ropas y muebles menos costosos que escatimar la provisión de alimento. CPI 406.4

Algunas madres de familia escatiman la comida en la mesa para poder obsequiar opíparamente a sus visitas. Esto es desacertado. Al agasajar huéspedes se debiera proceder con más sencillez. Atiéndase primero a las necesidades de la familia. CPI 406.5

Una economía doméstica imprudente y las costumbres artificiales hacen muchas veces imposible que se ejerza la hospitalidad donde sería necesaria y beneficiosa. La provisión regular de alimento para nuestra mesa debe ser tal que se pueda convidar al huésped inesperado sin recargar a la señora de la casa con preparativos extraordinarios. CPI 406.6

Fijaos con cuidado en vuestra alimentación. Estudiad las causas y sus efectos. Cultivad el dominio propio. Someted vuestros apetitos a la razón. No maltratéis vuestro estómago recargándolo de alimento; pero no os privéis tampoco de la comida sana y sabrosa que necesitáis para conservar la salud. CPI 407.1

Los que entienden debidamente las leyes de la salud y se dejan dirigir por los buenos principios, evitan los extremos, y no incurren en la licencia ni en la restricción. Escogen su alimento no meramente para agradar al paladar, sino para reconstituir el cuerpo. Procuran conservar todas sus facultades en la mejor condición posible para prestar el mayor servicio a Dios y a los hombres. Saben someter su apetito a la razón y a la conciencia, y son recompensados con la salud del cuerpo y de la mente. Aunque no imponen sus opiniones a los demás ni los ofenden, su ejemplo es un testimonio en favor de los principios correctos. Estas personas ejercen una extensa influencia para el bien.25 CPI 407.2

No debemos proveer para el sábado una cantidad de alimento más abundante ni variada que para los demás días. Por el contrario, el alimento debe ser más sencillo, y debe comerse menos para que la mente se encuentre despejada y vigorosa para entender las cosas espirituales. CPI 407.3

Debe evitarse cocinar en sábado; pero no por esto es necesario servir los alimentos fríos. En tiempo frío debe calentarse la comida preparada la víspera. Aunque sencillas, las comidas deben ser apetitosas y agradables. Con particularidad en las familias donde hay niños, conviene que el sábado se sirva algo especial, algo que la familia no suela disfrutar cada día.26 CPI 408.1

Control del apetito y de las pasiones

Una de las tentaciones más intensas que el hombre tenga que arrostrar se refiere al apetito. Entre la mente y el cuerpo hay una relación misteriosa y maravillosa. La primera reacciona sobre el último y viceversa. Mantener el cuerpo en condición de buena salud para que desarrolle su fuerza, para que cada parte de la maquinaria viviente pueda obrar armoniosamente, debe ser el primer estudio de nuestra vida. Descuidar el cuerpo es descuidar la mente. No puede glorificar a Dios el hecho de que sus hijos tengan cuerpos enfermizos y mentes atrofiadas. Complacer el gusto a expensas de la salud es un perverso abuso de los sentidos. Los que participan de cualquier clase de intemperancia, sea en comer o beber, malgastan sus energías físicas y debilitan su poder moral. Experimentarán las consecuencias de la transgresión de la ley física.27 CPI 408.2

Muchos están incapacitados para trabajar tanto mental como físicamente, porque comen con exceso y satisfacen las pasiones concupiscentes. Las propensiones animales son fortalecidas, mientras que la naturaleza moral y espiritual queda debilitada. Cuando estemos en derredor del gran trono blanco, ¿qué informe presentará la vida de muchos? Entonces verán lo que podrían haber hecho si no hubiesen degradado las facultades que Dios les dio. Entonces comprenderán qué altura de grandeza intelectual podrían haber alcanzado, si hubiesen dado a Dios toda la fuerza física y mental que les había confiado. En la agonía de su remordimiento, anhelarán poder volver a vivir de nuevo su vida.28 CPI 408.3

Todo verdadero cristiano debe dominar su apetito y sus pasiones. A menos que esté libre de la servidumbre y esclavitud del apetito, no puede ser siervo fiel y obediente de Cristo. La complacencia del apetito y la pasión hacen que la verdad no tenga efecto sobre el corazón. Es imposible que el espíritu y el poder de la verdad santifiquen a un hombre en alma, cuerpo y espíritu cuando está dominado por el apetito y la pasión.29 CPI 409.1

El principal motivo que tuvo Cristo para soportar aquel largo ayuno en el desierto, fue enseñarnos la necesidad de la abnegación y la temperancia. Esta obra debe comenzar en nuestra mesa, y debe llevarse estrictamente a cabo en todas las circunstancias de la vida. El Redentor del mundo vino del cielo para ayudar al hombre en su debilidad, para que, con el poder que Jesús vino a traerle, lograra fortalecerse para vencer el apetito y la pasión, y pudiese ser vencedor en todo.30 CPI 409.2