Testemunhos para a Igreja 6

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Capítulo 28 — Unidade em nossa obra

À medida que a obra médico-missionária se estender, haverá tentação de torná-la independente de nossas associações. Foi-me, porém, apresentado, que esse plano não é certo. Os diferentes ramos de nossa obra não são senão partes de um grande todo. Têm um único centro. T6 235.1

Lemos em Colossenses: “O corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.” Colossences 2:17-19. Nossa obra, em todas as suas linhas, é demonstrar a influência da cruz. A obra de Deus no plano da salvação não deve ser realizada de qualquer forma desarticulada. Não deve ser operada ao acaso. O plano que proveu a influência da cruz, proveu igualmente os métodos de sua difusão. Esse método é simples em seus princípios e abrangente em suas linhas claras e distintas. Parte une-se a parte em perfeita ordem e relação. T6 235.2

Deus uniu Seu povo sob a forma de igreja de modo que revele ao mundo a sabedoria Daquele que formou esta organização. Ele sabia quais planos estabelecer para a eficiência e sucesso de Seu povo. A adesão a esses planos os habilitará a testificarem da autoria divina do grande plano para a restauração do mundo. T6 235.3

Os que tomam parte na obra de Deus deverão ser conduzidos e guiados por Ele. Toda ambição humana deve fundir-se em Cristo, que é a Cabeça de todas as instituições estabelecidas por Deus. Ele sabe como colocar e manter em operação todas as Suas agências. Sabe que a cruz deve ocupar o lugar central, pois ela é o meio de expiação para o homem e exerce influência em todas as partes do governo divino. O Senhor Jesus, que tem estado presente em toda a história deste mundo, conhece os métodos que devem ser investidos com poder para atuar sobre as mentes humanas. Ele sabe da importância de cada agência e compreende como cada uma delas deve relacionar-se com todas as demais. T6 235.4

“Porque nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si.” Romanos 14:7. Essa é uma lei de Deus no Céu e na Terra. Ele é o grande centro. DEle procede toda vida. A Ele pertencem todo serviço, homenagem e lealdade. Para todos os seres criados existe o grande princípio de vida — dependência de Deus e cooperação com Ele. O relacionamento existente na pura família de Deus no Céu deveria existir na divina família terrestre. Abaixo de Deus, deveria Adão desempenhar o papel de cabeça da família humana, a fim de manter os princípios da família celestial. Isso traria paz e felicidade. Mas Satanás determinara-se a fazer oposição à lei que diz que “ninguém vive para si mesmo.” Ele desejou viver para o eu. Procurou deslocar para si mesmo o centro de influência. Foi isso que incitou a rebelião no Céu, e foi a aceitação humana desse princípio que trouxe o pecado à Terra. Ao Adão pecar, o homem rompeu com o centro ordenado pelo Céu. O demônio tornou-se o poder central do mundo. Onde estivera antes o trono de Deus, estabeleceu Satanás o seu trono. O mundo depositou suas homenagens, uma espécie de oferta voluntária, aos pés do inimigo. T6 236.1

Quem seria capaz de introduzir os princípios ordenados por Deus em Sua jurisdição e governo a fim de contrafazer os planos de Satanás e conduzir o mundo de volta à lealdade? Deus disse: “Enviarei Meu Filho.” “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16. T6 236.2

Esse é o remédio para o pecado. Cristo diz: “Onde Satanás estabeleceu o seu trono, estará a Minha cruz. Ele será expulso, e Eu serei erguido para atrair a Mim todos os homens. Tornar-Me-ei o centro do mundo redimido. O Senhor Deus será exaltado. Os que agora são controlados por ambições humanas, por humanas paixões, tornar-se-ão Meus obreiros. Influências malignas têm conspirado para contrafazer todo o bem. Uniram-se em confederação para levar os homens a pensarem que é correto opor-se à lei de Jeová. Entretanto, o Meu exército entrará em conflito com as forças satânicas. Meu Espírito se combinará com todas as agências celestiais para opor-se àquelas. Unir-Me-ei a cada agente humano santificado, em todo o Universo. Nenhum de Meus agentes deverá estar ausente. Tenho trabalho para todos os que Me amam, ocupação para cada alma disposta a agir sob Minha direção. A atividade do exército de Satanás, o perigo que envolve a alma humana, reclama as energias de cada obreiro. Entretanto, não será exercida a compulsão. A depravação humana deve ser tratada com o amor, a paciência, a longanimidade de Deus. Minha obra será a salvação dos que se encontram sob o governo de Satanás.” T6 237.1

Por meio de Cristo, Deus opera para trazer o homem de volta ao seu original relacionamento com o Criador, e para corrigir as desorganizadoras influências introduzidas por Satanás. Unicamente Cristo permaneceu incontaminado num mundo de egoísmo, onde os homens são capazes de destruir um amigo ou irmão de modo a levar a cabo o esquema posto em suas mãos por Satanás. Cristo veio a nosso mundo, revestindo Sua divindade com a humanidade, para que a humanidade pudesse tocar a humanidade, e a divindade abraçar a divindade. Por entre os ruídos do egoísmo Ele pôde dizer aos homens: “Retornem ao centro de vocês — Deus.” Ele próprio tornou possível ao homem realizar isso ao representar na Terra os princípios do Céu. Como ser humano viveu a lei de Deus. Aos homens, em todas as nações, países e recantos, compartilhará Ele os mais preciosos dons do Céu, se tão-somente aceitarem a Deus como seu Criador e a Cristo como seu Redentor. Cristo unicamente pode efetuar isso. Seu evangelho, presente no coração e nas mãos de Seus seguidores, é o poder que realizará essa grande obra. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!” Romanos 11:33. Tornando-Se Ele próprio sujeito às representações errôneas de Satanás, Cristo tornou possível que se realizasse a obra da redenção. Assim Satanás revelaria por si mesmo ser ele a causa da deslealdade no Universo de Deus. Assim se decidiria para sempre a grande controvérsia entre Cristo e Satanás. T6 237.2

Satanás fortalece as tendências destruidoras da natureza humana. Ele introduz a inveja, o ciúme, o egoísmo, a cobiça, a disputa e a contenda pela mais elevada posição. Agências malignas operam sob a orientação de Satanás. Assim os planos do inimigo, com suas tendências destrutivas, têm sido trazidos para dentro da igreja. Cristo vem com Suas próprias influências redentoras e, através da operação de Seu Espírito, propõe-Se a transferir Sua eficiência aos homens, empregando-os como Seus representantes, como coobreiros Seus, na tentativa de conduzir o mundo de volta à lealdade. T6 238.1

Os homens acham-se unidos em companheirismo, em dependência, uns aos outros. Pelos dourados laços da cadeia do amor devem unir-se firmemente ao trono de Deus. Isso pode ser conseguido tão-somente ao Cristo imputar ao homem finito os atributos que este sempre teria possuído, houvesse ele se mantido leal e fiel a Deus. T6 238.2

Os que, mediante uma inteligente compreensão das Escrituras, têm visão adequada da cruz, os que na verdade crêem em Jesus, têm alicerce seguro para sua fé. Possuem aquela fé que opera por amor e purifica a alma de todas as suas imperfeições, hereditárias e cultivadas. T6 238.3

Deus uniu os crentes através da igreja de modo que um pudesse fortalecer o outro nos bons e justos desafios. A igreja na Terra efetivamente constituirá um símbolo da igreja no Céu, se os membros tiverem uma só mente e uma só fé. O plano de Deus é maculado por aqueles que não são conduzidos pelo Espírito Santo. Outro espírito toma conta deles, pelo que auxiliam no fortalecimento das forças das trevas. Os que são santificados pelo precioso sangue de Cristo não se tornarão um meio para agir em sentido contrário ao grande plano arquitetado por Deus. Não introduzirão a humana depravação em coisas pequenas ou grandes. Não farão coisa alguma que perpetue a divisão na igreja. T6 239.1

É bem verdade que existe joio em meio ao trigo; entre o grupo de guardadores do sábado observam-se males; contudo, desprezaremos a igreja em virtude disso? Não será o caso de os administradores de cada instituição, os dirigentes de cada igreja, assumirem a obra da purificação, de tal modo que a transformação da igreja a torne uma brilhante luz em lugar escuro? T6 239.2

O que não conseguirá realizar cada crente no exercício dos puros princípios celestiais, se ele se recusar a contaminar-se, se permanecer firme como a rocha ao “Assim diz o Senhor”? Jeremias 17:5. Anjos de Deus virão em seu auxílio, preparando o caminho diante dele. T6 239.3

Paulo escreveu aos romanos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:1, 2. Esse capítulo inteiro é uma lição que, imploro, deve ser estudada por todos os que pretendem ser membros do corpo de Cristo. Outra vez Paulo escreveu: “E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são. E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem! Pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé; então, não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que te não poupe a ti também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado.” Romanos 11:16-22. De modo extremamente claro esses versos mostram que não deve haver menosprezo dos agentes que Deus estabeleceu na igreja. T6 239.4

Ministério santificado reclama negação do eu. A cruz precisa ser erguida e demonstrado o seu lugar na obra do evangelho. A influência humana deve derivar sua eficácia dAquele que é capaz de salvar e de manter salvos todos os que reconhecem sua dependência dEle. Através da união dos membros da igreja com Cristo e uns com os outros, o transformador poder do evangelho será difundido por todo o mundo. T6 240.1

Usa o Senhor, na obra do evangelho, diversos meios, e não se deve permitir que coisa alguma separe esses agentes. Jamais se deve estabelecer uma instituição de saúde como um empreendimento independente da igreja. Nossos médicos devem unir-se com a obra dos ministros do evangelho. Por meio do seu trabalho as pessoas devem ser salvas, para que o nome de Deus seja engrandecido. T6 240.2

A obra médico-missionária não deve em hipótese alguma ser divorciada do ministério evangélico. O Senhor declarou que os dois se acham tão intimamente ligados como o braço com o corpo. Sem essa união, parte alguma da obra é completa. A obra médico-missionária é o evangelho ilustrado. T6 240.3

Deus, porém, não pretende que a obra médico-missionária deva eclipsar a obra da mensagem do terceiro anjo. O braço não deve tornar-se o corpo. A terceira mensagem angélica é a mensagem do evangelho para os últimos dias, e em caso algum deve ela ser obscurecida por outros interesses, e dar a idéia de uma ponderação desnecessária. Em nossas instituições, quando qualquer coisa é colocada acima da mensagem do terceiro anjo, o evangelho não é aí o grande poder que lidera. T6 241.1

A cruz é o centro de todas as instituições religiosas. Essas instituições devem estar sob a direção do Espírito Santo de Deus; em nenhuma instituição deve homem algum ser a única cabeça. A mente divina tem homens para cada lugar. T6 241.2

Mediante o poder do Espírito Santo, toda obra designada por Deus deve ser elevada e enobrecida e levada a testificar em favor do Senhor. Deve o homem colocar-se sob o controle da Mente infinita, cujos ditames lhe cumpre obedecer em cada detalhe. T6 241.3

Procuremos compreender o nosso privilégio de andar e trabalhar com Deus. Embora contenha a expressa vontade de Deus, não possui o evangelho valor algum para os homens, elevados ou humildes, ricos ou pobres, a não ser que se coloquem em sujeição a Deus. Aquele que proporciona aos seus semelhantes o remédio para o pecado, deve ele próprio ser primeiro influenciado pelo Espírito de Deus. Não deve movimentar os remos a menos que esteja sob a direção divina. Não pode trabalhar com eficiência, não pode cumprir a vontade de Deus em harmonia com a mente divina, a menos que descubra, não de fontes humanas, mas da infinita sabedoria, que Deus está satisfeito com os Seus planos. T6 241.4

O benévolo desígnio de Deus abrange cada ramo de Sua obra. A lei da dependência e influência mútuas deve ser reconhecida e seguida. “Nenhum de nós vive para si.” Romanos 14:7. O inimigo tem usado a corrente da dependência para aproximar os homens. Eles se têm unido para destruir no homem a imagem de Deus, para opor-se ao evangelho pervertendo-lhe os princípios. São representados na Palavra de Deus como sendo atados em molhos para ser queimados. Satanás está unindo suas forças para perdição. A unidade do povo escolhido de Deus tem sido terrivelmente abalada. Deus apresenta um remédio. Esse remédio não é uma influência entre muitas influências, e no mesmo nível delas; é uma influência acima de todas as demais sobre a face da Terra, uma influência neutralizante, enaltecedora e enobrecedora. Os que trabalham com o evangelho devem ser elevados e santificados; pois estão lidando com os princípios de Deus. Atrelados a Cristo, são cooperadores de Deus. Assim deseja o Senhor unir Seus seguidores uns aos outros, para que possam ser uma força para o bem, realizando cada qual a sua parte, não obstante nutrirem todos os sagrados princípios de dependência da Cabeça. T6 242.1

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Cristo achava-se ligado a todos os ramos da obra de Deus. Não fazia divisões. Não Lhe parecia estar infringindo a obra do médico ao curar os enfermos. Proclamou a verdade, e quando os doentes vinham para receber a cura, estava tão pronto a colocar sobre eles as mãos quanto estava para pregar o evangelho. Sentia-Se tão à vontade nesse tipo de trabalho quanto Se sentia na proclamação da verdade. T6 242.2