Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 23 — Efeito dos debates
Em 10 de Dezembro de 1871, foram-me mostrados os perigos do irmão K. Sua influência sobre a causa de Deus não é o que deve ou poderia ser. Ele parece estar cego quanto ao resultado de sua conduta; não discerne que espécie de rastro deixa após si. Não trabalha de um modo que Deus possa aceitar. Vi que ele estava em tão grande perigo como estava Moses Hull antes de abandonar a verdade. Ele confiava em si mesmo. Imaginava que era de tão grande valor à causa da verdade que a causa não o podia perder. O irmão K pensa da mesma forma. Confia demasiadamente em sua força e sabedoria. Se pudesse ver sua fraqueza como Deus a vê, ele nunca se lisonjearia nem sentiria a menor razão para vangloriar-se. E a menos que faça de Deus sua dependência e força, naufragará na fé tão certamente como aconteceu com Moses Hull. T3 212.1
Em seu trabalho, ele não busca força de Deus. Ele depende de estímulo para despertar sua ambição. Ao trabalhar com poucos, onde não há entusiasmo especial para estimulá-lo, ele perde a coragem. Quando o trabalho é difícil e ele não é motivado por este estímulo especial, não se apega então mais firmemente a Deus e não se torna mais fervoroso para atravessar a escuridão e ganhar a vitória. Irmão K, você freqüentemente torna-se infantil, fraco e ineficiente na hora que deve ser mais forte. Isso deve demonstrar-lhe que seu zelo e animação nem sempre são da melhor fonte. T3 212.2
Foi-me mostrado que aqui está o perigo de jovens pastores se empenharem em debates. Eles aplicam a mente ao estudo da Palavra para buscar as coisas que ferem, e se tornam sarcásticos; em seu esforço para enfrentar um adversário, muito freqüentemente deixam Deus fora da questão. O estímulo do debate diminui seu interesse em reuniões onde tal estímulo não existe. Aqueles que se empenham em debates não são os obreiros mais bem-sucedidos e bem qualificados para edificar a causa. O debate é cobiçado por alguns, e estes preferem tal espécie de trabalho a qualquer outro. Não estudam a Bíblia com humildade de espírito para que saibam como alcançar o amor de Deus; como Paulo diz: “Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” Efésios 3:17-19. T3 212.3
Os jovens pastores devem evitar debates, pois estes não aumentam a espiritualidade, nem a humildade de espírito. Em alguns casos, talvez seja necessário enfrentar um orgulhoso alardeador contra a verdade de Deus, num debate franco; geralmente, porém, esses debates, sejam orais, sejam escritos, resultam em mais dano do que bem. Depois de um debate, repousa sobre o pastor uma responsabilidade maior quanto a manter o interesse. Ele deve achar-se em guarda contra a reação que é suscetível de ocorrer após uma agitação religiosa, e não ceder ao desânimo. T3 213.1
Homens que não admitem as reivindicações da lei de Deus, que são tão claras, geralmente seguirão uma conduta ilegal; mas têm há tanto tempo se aliado ao grande rebelde em guerrear contra a lei de Deus, que é o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, que estão acostumados com este trabalho. Em sua luta não abrirão os olhos nem a consciência à luz. Fecham os olhos, com receio de serem iluminados. Seu caso é tão sem esperança como o foi o dos judeus que não queriam ver a luz que Cristo lhes trouxera. As maravilhosas evidências que Ele lhes dera de Seu caráter messiânico nos milagres que fez, curando os doentes, ressuscitando os mortos e fazendo as obras que nenhum outro homem tinha feito ou podia fazer, em vez de enternecer e subjugar-lhes o coração, e vencer seus preconceitos ímpios, os inspiraram com ódio e fúria satânicos como Satanás possuía ao ser expulso do Céu. Quanto maior luz e evidência tinham, tanto maior era seu ódio. Estavam decididos a extinguir a luz condenando Cristo à morte. T3 213.2
Os que odeiam a lei de Deus, que é o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, ocupam o mesmo terreno que os judeus incrédulos. Seu poder desafiante seguirá aqueles que guardam os mandamentos de Deus, e qualquer luz será rejeitada por eles. Sua consciência tem sido violada há tanto tempo, e o coração se tornou tão duro por preferirem as trevas à luz, que imaginam que é uma virtude deles, a fim de alcançar seu objetivo, dar testemunho falso ou baixar-se a quase qualquer conduta equivocada ou engano, como fizeram os judeus em sua rejeição de Cristo. Raciocinam que o fim justifica os meios. Eles virtualmente crucificam a lei do Pai, como os judeus crucificaram a Cristo. T3 213.3
Devemos abraçar toda oportunidade de apresentar a verdade em sua pureza e simplicidade onde houver qualquer desejo ou interesse para ouvir as razões de nossa fé. Aqueles que têm se demorado mais sobre as profecias e os pontos teóricos de nossa fé devem sem demora tornar-se estudantes da Bíblia sobre assuntos práticos. Devem tomar um gole maior na fonte da verdade divina. Devem estudar cuidadosamente a vida de Cristo e Suas lições de piedade prática, dadas para o benefício de todos e para serem a norma do viver correto para todos os que venham a crer em seu nome. Devem estar imbuídos do espírito de seu grande Modelo e ter uma percepção elevada da vida consagrada de um seguidor de Cristo. T3 214.1
Cristo foi ao encontro de todas as classes nos tópicos e maneira de Seu ensino. Ele comeu e hospedou-Se com os ricos e os pobres, e Se familiarizou com os interesses e ocupações dos homens, a fim de obter-lhes acesso ao coração. Os eruditos e os intelectuais ficavam satisfeitos e encantados com Seus discursos, e contudo eram tão claros e simples para serem compreendidos pelas mentes mais humildes. Cristo valeu-Se de cada oportunidade para instruir o povo sobre as doutrinas e os preceitos celestiais que deviam ser incorporados na sua vida e que os distinguiria de todos os outros religiosos por causa de seu caráter santo e elevado. Estas lições de instrução divina não são aplicadas à consciência dos homens como devem ser. Estes sermões de Cristo fornecem aos pastores que crêem na verdade presente discursos que serão apropriados para quase qualquer ocasião. Aqui está um campo de estudo para o estudante da Bíblia, no qual ele não pode interessar-se sem ter o espírito do Mestre celestial no próprio coração. Aqui estão assuntos que Cristo apresentou a todas as classes. Milhares de pessoas de todo tipo de caráter e todo nível da sociedade eram atraídas e encantadas pelos assuntos que lhes eram apresentados. T3 214.2
Alguns pastores que estão há tempo na obra de pregar a verdade presente têm cometido grandes faltas em seu trabalho. Eles têm-se educado como combatentes. Eles têm estudado assuntos argumentativos com o fim de debate, e gostam de usar esses assuntos que prepararam. A verdade de Deus é simples, clara e conclusiva. É harmoniosa e, em contraste com o erro, brilha com clareza e beleza. Sua consistência a recomenda ao julgamento de todo coração que não está cheio de preconceito. Nossos pregadores apresentam argumentos sobre a verdade, os quais lhes foram preparados, e, se não há impedimentos, a verdade arrebata a vitória. Mas foi-me mostrado que em muitos casos o pobre instrutor toma para si o crédito da vitória ganha, e o povo, que é mais mundano do que espiritual, louva e honra o instrumento, enquanto a verdade de Deus não é enaltecida pela vitória que obteve. T3 215.1
Aqueles que gostam de empenhar-se em debate geralmente perdem sua espiritualidade. Não confiam em Deus como devem. Amam a teoria da verdade preparada para chicotear o oponente. Os sentimentos de seu coração não santificado têm preparado muitas coisas incisivas para usarem como o estalo de seu chicote para irritar e provocar seu adversário. O espírito de Cristo não tem parte nisso. Embora provido de argumentos conclusivos, o debatedor logo pensa que é bastante forte para triunfar sobre seu oponente, e Deus é deixado fora da questão. Alguns de nossos pastores têm feito do debate seu objetivo principal. Quando em meio ao incitamento causado pelo debate, parecem revigorados e se sentem fortes e falam com veemência; e na incitação muitas coisas impressionam o povo como corretas, embora sejam em si decididamente erradas e uma vergonha para a pessoa culpada de pronunciar palavras impróprias para um pastor cristão. T3 215.2
Estas coisas têm tido má influência sobre pastores que estão lidando com verdades sagradas e elevadas, verdades que hão de se mostrar como um “cheiro de vida para vida”, ou “cheiro de morte para morte” (2 Coríntios 2:16), para aqueles que as ouvem. Em geral, o efeito dos debates sobre nossos pastores é torná-los presunçosos, orgulhosos em sua auto-estima. Isso não é tudo. Os que gostam de debates não são aptos para servir como pastores do rebanho. Exercitaram a mente para enfrentar adversários, para dizer sarcasmos; e não podem descer até aos corações entristecidos e necessitados de conforto. E se demoraram tanto sobre o argumentativo que negligenciaram os assuntos práticos de que o rebanho de Deus necessita. Têm conhecimento muito limitado dos sermões de Cristo, que penetram na vida diária do cristão, e têm pouca disposição para estudá-los. Quando eram pequenos aos próprios olhos, Deus os ajudava; anjos de Deus ministravam a seu favor e tornavam seus trabalhos bem-sucedidos em convencer homens e mulheres acerca da verdade . Mas, ao treinar a mente para debates, eles freqüentemente se tornam grosseiros e ásperos. Perdem o interesse e a terna simpatia que devem sempre acompanhar os esforços de um pastor de Cristo. T3 216.1
Pastores que debatem são em geral desqualificados para auxiliar o rebanho onde ele mais necessita de ajuda. Tendo negligenciado a religião prática no próprio coração e vida, não podem ensiná-la ao rebanho. A menos que haja incitação, não sabem como trabalhar; parecem privados de sua força. Se tentam falar, parecem não saber como apresentar um assunto próprio para a ocasião. Quando devem apresentar um assunto para alimentar o rebanho de Deus, o qual tocará e abrandará os corações, voltam a alguma matéria velha e estereotipada e apresentam os argumentos arranjados, que são áridos e desinteressantes. Assim, em vez de luz e vida, trazem trevas para o rebanho e para si próprios. T3 216.2
Alguns de nossos pastores deixam de cultivar a espiritualidade, mas encorajam uma demonstração de zelo e de certa atividade que repousa sobre um fundamento incerto. Pastores de uma visão calma, de pensamento e devoção, de consciência e fé combinados com atividade e zelo, são necessários nesta época. As duas qualidades, pensamento e devoção, atividade e zelo, devem ir juntas. T3 217.1
Pastores que debatem são os menos dignos de confiança entre nós, porque não se pode depender deles quando o trabalho se torna difícil. Se forem levados a um lugar onde haja pouco interesse, eles manifestarão falta de coragem, zelo e verdadeiro interesse. Dependem tanto de serem reavivados e revigorados pelo estímulo criado por debate ou oposição como o bêbado por sua bebida. Esses pastores precisam converter-se de novo. Necessitam beber abundantemente dos mananciais incessantes que fluem da Rocha eterna. T3 217.2
O bem-estar eterno dos pecadores regulava a conduta de Jesus. Ele “andou fazendo o bem”. Atos dos Apóstolos 10:38. Benevolência era a vida de Seu ser. Não somente fez bem a todos os que iam a Ele solicitando Sua misericórdia, mas os buscava com perseverança. Nunca era estimulado pelo aplauso ou deprimido por censura ou desapontamento. Quando defrontado com a maior oposição e o tratamento mais cruel, permaneceu de bom ânimo. O discurso mais importante que a Inspiração nos deu, Cristo pregou a um só ouvinte. Ao sentar-Se junto do poço para descansar, pois estava cansado, uma mulher samaritana veio para tirar água. Ele viu uma oportunidade para atingir-lhe a mente, e através dela para atingir a mente dos samaritanos, que viviam em grande escuridão e erro. Embora cansado, apresentou as verdades de Seu reino espiritual, que encantaram a mulher pagã e a encheram de admiração por Cristo. Ela partiu anunciando as novas: “Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?” João 4:29. O testemunho daquela mulher converteu muitos para uma fé em Cristo. Por seu relato muitos foram ouvi-Lo por si mesmos e creram por causa de Sua palavra. T3 217.3
Por menor que seja o número dos ouvintes interessados, se o coração é atingido e o entendimento convencido, eles podem, como a mulher samaritana, levar um relatório que despertará o interesse de centenas para examinarem por si mesmos. Ao trabalhar em lugares para criar um interesse, haverá muitas razões para desencorajamento; mas se a princípio parece haver pouco interesse, isso não é evidência de que você errou quanto a seu dever ou lugar de trabalho. Se o interesse aumenta firmemente, e as pessoas procedem criteriosamente, não por impulso, mas por princípio, o interesse é muito mais saudável e duradouro do que se fosse um grande entusiasmo, o interesse sendo despertado repentinamente e os sentimentos agitados por ouvir um debate, uma violenta discussão de ambos os lados do assunto, pró e contra a verdade. Oposição violenta é assim criada, assumem-se posições e tomam-se decisões rápidas. O resultado é um estado febril de coisas. Faltam calma, ponderação e discernimento. Caso se deixe passar essa agitação, ou haja reação por meio de procedimento indiscreto, o interesse nunca mais poderá ser despertado. Os sentimentos e simpatias do povo foram estimulados, mas a sua consciência não foi convencida, nem o coração quebrantado e humilhado perante Deus. T3 217.4
Na apresentação de uma verdade impopular, o que envolve pesada cruz, os pregadores devem ter cuidado para que cada palavra seja segundo a vontade de Deus. Suas palavras nunca devem ser mordazes. Devem apresentar a verdade com humildade, com o mais profundo amor pelas almas, e um sincero desejo quanto à salvação delas, deixando que a verdade penetre. Não devem desafiar os pastores de outras denominações, nem procurar provocar debate. Não devem adotar atitude semelhante à que assumiu Golias ao desafiar os exércitos de Israel. Israel não desafiou a Golias, mas este manifestou orgulhosa altivez contra Deus e Seu povo. O desafio, a altivez e o escárnio devem proceder dos oponentes da verdade, que desempenham o papel de Golias. Mas nada desse espírito deve ver-se naqueles a quem Deus enviou para proclamar a última mensagem de advertência a um mundo sentenciado. T3 218.1
Golias confiou em sua armadura. Aterrorizou os exércitos de Israel com sua presunção selvagem, desafiadora, enquanto fazia a maior exibição de sua armadura, que era a sua força. Davi, em sua humildade e zelo por Deus e Seu povo, propôs enfrentar aquele pretensioso. Saul consentiu, e colocou sobre Davi sua armadura real. Mas Davi não concordou em usá-la. Ele tirou a armadura do rei, pois nunca experimentara uma antes. Mas ele havia experimentado a Deus e, confiando nEle, havia ganho vitórias especiais. Colocar a armadura de Saul daria a impressão de que ele era um guerreiro, quando na verdade era apenas o pequeno Davi que pastoreava o rebanho. Ele não desejava que qualquer crédito fosse dado à armadura de Saul, pois confiava no Deus de Israel. Ele escolheu uns seixos do riacho, e com sua funda e cajado, suas únicas armas, saiu em nome do Deus de Israel para enfrentar o guerreiro armado. T3 218.2
Golias desprezou Davi, porque sua aparência era de um mero jovem não treinado na tática de guerra. Golias injuriou a Davi e o amaldiçoou em nome dos seus deuses. Ele sentiu que era um insulto à sua dignidade ter um simples rapazinho, sem sequer uma armadura, para enfrentá-lo. Vangloriou-se do que faria a ele. Davi não se sentiu irritado por ser olhado assim de maneira tão inferior, nem tremeu ante suas terríveis ameaças, mas respondeu: “Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.” 1 Samuel 17:45. Davi diz a Golias que em nome do Senhor lhe fará aquilo que ele lhe ameaçara fazer. “E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e Ele vos entregará na nossa mão.” 1 Samuel 17:47. T3 219.1
Nossos pastores não devem desafiar e provocar debate. Que o desafio venha daqueles que se opõem à verdade de Deus. Foi-me mostrado que o irmão K e outros pastores têm imitado demais a Golias. E então depois de terem sido ousados e provocado debate, confiaram em seus preparados argumentos, como Saul quisera que Davi confiasse em sua armadura. Não confiaram, como o humilde Davi, no Deus de Israel, nem fizeram de Deus sua força. Saíram confiantes e arrogantes, como Golias, engrandecendo-se e não se escondendo atrás de Jesus. Sabiam que a verdade era forte, e por isso não humilharam o coração e não confiaram em Deus com fé para dar a vitória à verdade. Tornaram-se exaltados e perderam o equilíbrio, e freqüentemente os debates não foram bem-sucedidos, e o resultado foi um dano a si próprios e aos outros. T3 219.2
Foi-me mostrado que alguns de nossos jovens pastores estão desenvolvendo uma predileção por debates, e que, a menos que vejam o perigo, isso se demonstrará uma cilada para eles. Foi-me mostrado que o irmão L está em grande perigo. Ele está dirigindo sua mente na direção errada. Está em perigo de passar por alto a simplicidade da obra. Quando ele põe a armadura de Saul, se, como Davi, ele tiver sabedoria de tirá-la porque não a aprovou, pode recobrar-se antes de ir longe demais. Esses jovens pregadores devem estudar os ensinos práticos e teóricos de Cristo, e aprender de Jesus para que tenham Sua graça, mansidão, humildade e singeleza de espírito. Se eles, como Davi, são postos em posição em que a causa de Deus realmente deles exige que enfrentem um desafia-dor de Israel, e se avançam no poder de Deus, nEle plenamente confiantes, Ele os guiará e fará que Sua verdade triunfe gloriosamente. Cristo nos deu um exemplo. “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.” Judas 9. T3 220.1
Logo que o pregador desce da posição que um pastor deve sempre ocupar, e se rebaixa ao cômico para provocar riso à custa de seu oponente, ou quando é sarcástico e ferino, e o insulta, ele faz aquilo que o Salvador do mundo não ousou fazer; pois ele se coloca no terreno do inimigo. Os pastores que contendem com oponentes da verdade de Deus não têm que enfrentar meros homens, mas Satanás e seus exércitos de anjos maus. Satanás espreita a oportunidade de alcançar vantagem sobre os pastores que defendem a verdade, e ao deixarem eles de pôr a sua inteira confiança em Deus, e não serem suas palavras pronunciadas no espírito e amor de Cristo, os anjos de Deus não os podem fortalecer nem iluminar. São abandonados à própria força e os anjos maus impõem suas trevas; por esta razão, os oponentes da verdade parecem às vezes obter vantagem, e o debate produz mais mal do que verdadeiro bem. T3 220.2
Os servos de Deus devem vir para mais perto dEle. Os irmãos K, L, M e N devem procurar cultivar piedade pessoal, em vez de encorajar amor ao debate. Devem estar procurando tornar-se pastores do rebanho, em vez de se prepararem para criar um estímulo agitando os sentimentos do povo. Estes irmãos correm o risco de depender mais de sua popularidade e seu sucesso entre o povo como debatedores perspicazes do que de serem humildes e fiéis obreiros, e mansos e devotos seguidores de Cristo, colaboradores dEle. T3 221.1