Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 21 — A igreja de Battle Creek
Há objeções sérias à localização da escola em Battle Creek. A igreja é grande e há um bom número de jovens ligados a ela. Se a influência que um membro exerce sobre outro numa igreja tão grande fosse de caráter edificante, levando à pureza e à consagração a Deus, então a juventude que viesse a Battle Creek teria maiores vantagens do que se a escola fosse localizada em algum outro lugar. Mas se as influências em Battle Creek forem no futuro como têm sido nos últimos anos, eu advertiria os pais a manter seus filhos fora de Battle Creek. Há apenas poucos naquela grande igreja que exercem uma influência que solidamente atrairá pecadores a Cristo; enquanto há muitos que, por seu exemplo, desviarão aos jovens de Deus para o amor do mundo. T3 197.1
Muitos na igreja de Battle Creek têm grande falta em assumir sua responsabilidade. Aqueles que têm religião prática manterão sua identidade de caráter sob quaisquer circunstâncias. Não serão como “a cana abalada pelo vento”. Lucas 7:24. As pessoas localizadas a certa distância sentem que seriam altamente favorecidas se tivessem o privilégio de morar em Battle Creek, em meio a uma igreja forte, onde seus filhos pudessem ser beneficiados pela Escola Sabatina e reuniões. Alguns de nossos irmãos e irmãs no passado fizeram sacrifícios para que seus filhos vivessem aqui. Mas foram desapontados em quase todos os casos. Havia poucos na igreja que manifestavam abnegado interesse nesses jovens. Os membros da igreja em geral conduziram-se como estranhos farisaicos, alheios àqueles que mais precisavam de sua ajuda. Alguns dos jovens ligados com a igreja, que professavam servir a Deus, mas amando mais o prazer e o mundo, estavam dispostos a fazer amizade com jovens desconhecidos que apareciam em seu meio, e a exercer forte influência sobre eles para levá-los ao mundo em vez de levá-los para mais perto de Deus. Quando estes voltam para casa, estão mais longe da verdade do quando vieram a Battle Creek. T3 197.2
São necessários homens e mulheres no centro da obra que sejam pais e mães afetuosos em Israel, que têm coração que pode receber mais do que meramente a “mim e aos meus”. Devem ter coração abrasado com amor pelos queridos jovens, quer sejam membros da própria família ou filhos de seus vizinhos. São membros da grande família de Deus, pelos quais Cristo tinha um tão grande interesse que fez todo sacrifício possível para salvá-los. Deixou Sua glória, Sua majestade, Seu trono real e vestes de realeza, e tornou-Se pobre, para que por Sua pobreza os filhos dos homens enriquecessem. 2 Coríntios 8:9. Finalmente derramou Sua vida na morte para que pudesse salvar a humanidade de uma miséria sem esperança. Este é o exemplo de benevolência desprendida que Cristo nos deu como modelo a seguir. T3 198.1
Na providência especial de Deus muitos jovens e também alguns de idade madura têm sido lançados nos braços da igreja de Battle Creek para que os abençoasse com a grande luz que Deus lhes deu e que, por seus esforços desinteressados, pudessem ter o privilégio precioso de trazê-los a Cristo e à verdade. Cristo ordena a Seus anjos que ministrem a favor daqueles que são trazidos sob a influência da verdade, para abrandar-lhes o coração e fazê-los susceptíveis às influências de Sua verdade. Enquanto Deus e Seus anjos estão fazendo Seu trabalho, aqueles que professam ser seguidores de Cristo parecem ser friamente indiferentes. Não trabalham em harmonia com Cristo e os santos anjos. Embora professem ser servos de Deus estão servindo aos próprios interesses e amando o próprio prazer, e almas estão perecendo a seu redor. Estas almas podem verdadeiramente dizer: “Ninguém se preocupa comigo.” A igreja deixou de aproveitar os privilégios e bênçãos a seu alcance, e por sua negligência do dever perdeu oportunidades áureas de ganhar almas para Cristo. T3 198.2
Incrédulos têm vivido entre eles durante meses, e estes não fizeram nenhum esforço especial para salvá-los. Como há o Mestre de considerar tais servos? Os incrédulos teriam respondido aos esforços feitos em seu favor se os irmãos e irmãs tivessem vivido à altura de sua exaltada profissão de fé. Se estivessem procurando uma oportunidade de trabalhar no interesse de seu Mestre, para promover Sua causa, teriam manifestado bondade e amor por eles, procurado oportunidades de orar com e por eles, e sentido uma responsabilidade solene repousando sobre eles de mostrar sua fé por suas obras, por preceito e exemplo. Por seu intermédio essas almas poderiam ter sido salvas para serem como estrelas na sua coroa de regozijo. Mas, em muitos casos, a oportunidade áurea passou para nunca mais voltar. As almas que estavam no vale da decisão tomaram sua posição nas fileiras do inimigo e tornaram-se inimigas de Deus e da verdade. E o registro da infidelidade dos professos seguidores de Jesus subiu ao Céu. T3 198.3
Foi-me mostrado que se os jovens de Battle Creek fossem fiéis à sua profissão de fé, poderiam exercer sobre seus colegas uma influência poderosa para o bem. Mas uma boa parte dos jovens em Battle Creek precisa de uma experiência cristã. Não conhecem a Deus por experiência própria. Não têm individualmente uma experiência pessoal na vida cristã, e perecerão com os incrédulos, a menos que obtenham tal experiência. Os jovens desta classe seguem a inclinação em vez de o dever. Alguns não procuram ser governados por princípio. Não se angustiam para entrar pela porta estreita, tremendo de medo de não serem capazes. São confiantes, jactanciosos, orgulhosos, desobedientes, ingratos e profanos. Exatamente esse tipo de classe leva almas à ruína na estrada larga. Se Cristo não está neles, não podem exemplificá-Lo na vida e no caráter. T3 199.1
A igreja em Battle Creek tem tido grande luz. Como um povo, eles têm sido favorecidos por Deus de modo especial. Não têm sido deixados na ignorância quanto à vontade de Deus a seu respeito. Podiam estar muito mais avançados do que estão agora, se tivessem andado na luz. Não são aquele povo separado, peculiar e santo que sua fé requer, e que Deus reconhece como filhos da luz. Não são tão obedientes e devotos em sua posição exaltada e obrigação sagrada como se requer dos filhos que andam na luz. A mensagem mais solene de misericórdia jamais dada ao mundo lhes foi confiada. O Senhor fez daquela igreja a depositária de Seus mandamentos num sentido em que nenhuma outra igreja o foi. Deus não lhes mostrou Seu favor especial em lhes confiar Sua verdade sagrada para que eles apenas fossem beneficiados pela luz dada, mas para que a luz do Céu refletida sobre eles brilhasse para outros e fosse refletida de novo para Deus pelo fato daqueles que recebem a verdade O glorificarem. Muitos em Battle Creek terão de dar a Deus terrível prestação de contas por esta pecaminosa negligência do dever. T3 199.2
Muitos daqueles em Battle Creek que professam crer na verdade contradizem sua fé por suas obras. São tão incrédulos e estão tão longe de cumprir os requisitos de Deus e de viverem à altura de sua profissão de fé como a igreja judaica nos dias do primeiro advento de Cristo. Se Cristo aparecesse entre eles, reprovando e repreendendo o egoísmo, o orgulho e o amor da amizade do mundo, como Ele fez em Seu primeiro advento, poucos O reconheceriam como o Senhor da glória. O quadro que Ele lhes apresentaria diante de sua negligência do dever, eles não aceitariam e diriam em Seu rosto: “O Senhor está inteiramente enganado; fizemos esta boa e grande coisa, e realizamos esta e aquela obra maravilhosa, e temos o direito de ser grandemente exaltados por nossas boas obras.” T3 200.1
Os judeus não entraram nas trevas de uma vez. Foi uma obra gradual, até não poderem discernir a dádiva de Deus em enviar Seu Filho. A igreja em Battle Creek tem tido vantagens superiores, e eles serão julgados pela luz e privilégios que têm tido. Suas deficiências, sua incredulidade, sua dureza de coração e sua negligência em apreciar e seguir a luz não são inferiores às dos judeus favorecidos, que recusaram as bênçãos que poderiam ter aceito e crucificaram o Filho de Deus. Os judeus são agora um espanto e uma vergonha ao mundo. T3 200.2
A igreja em Battle Creek é como Cafarnaum, que Cristo representa como sendo exaltada até ao Céu pela luz e os privilégios que lhe foram dados. Se a luz e os privilégios com que foram abençoados tivessem sido dados a Sodoma e Gomorra, elas poderiam ter permanecido até hoje. Se a luz e o conhecimento que a igreja em Battle Creek recebeu tivessem sido dados às nações que vivem em trevas, podiam estar muito mais adiantadas do que aquela igreja. T3 200.3
A igreja de Laodicéia realmente cria nas bênçãos do evangelho e as apreciava, pensando que era rica no favor de Deus, quando a Testemunha Verdadeira os chamou de pobres, nus, cegos e miseráveis. Este é o caso da igreja em Battle Creek e de uma grande parte daqueles que professam ser o povo guardador dos mandamentos de Deus. “O Senhor não vê como vê o homem.” 1 Samuel 17:7. Seus pensamentos e caminhos não são como nossos caminhos. Isaías 55:8. T3 201.1
As palavras e a lei de Deus escritas no coração e manifestadas por uma vida consagrada e santa têm influência poderosa para convencer o mundo. “Avareza, que é idolatria” (Colossences 3:5), inveja e amor do mundo serão desarraigados do coração daqueles que são obedientes a Cristo, e será seu prazer praticar a justiça, amar a misericórdia e andar humildemente com Deus. Oh, quanto isto abrange, andar humildemente com Deus! A lei de Deus, se for escrita no coração, levará “cativo todo entendimento” e vontade “à obediência de Cristo”. 2 Coríntios 10:5. T3 201.2
Nossa fé é peculiar. Muitos que professam estar vivendo sob o som da última mensagem de misericórdia não estão separados do mundo em suas afeições. Curvam-se diante da amizade do mundo e sacrificam luz e princípio para garantir seu favor. O apóstolo descreve o povo favorecido de Deus nestas palavras: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” 1 Pedro 2:9. T3 201.3