Testemunhos para a Igreja 3
Seção 21 — Testemunho para a Igreja
Capítulo 1 — Portadores de responsabilidades
Prezados Irmãos e Irmãs:
Sinto-me compelida neste momento a cumprir um dever há muito negligenciado. T3 9.2
Antes da enfermidade perigosa e prolongada de meu marido, ele fez durante anos mais trabalho do que dois homens deveriam ter feito no mesmo período. Ele não encontrava tempo para aliviar-se da pressão dos cuidados e obter repouso mental e físico. Através dos testemunhos foi advertido de seu perigo. Foi-me mostrado que ele fazia demasiado trabalho mental. Vou transcrever aqui um testemunho escrito, dado em 26 de Agosto de 1855: T3 9.3
“Quando em Paris, Maine, foi-me mostrado que a saúde de meu marido estava em condição crítica, que sua ansiedade mental tinha sido excessiva para sua força. Quando a verdade presente foi publicada pela primeira vez, ele fez grande esforço e labutou com pouco encorajamento ou auxílio de seus irmãos. Desde o início, assumiu responsabilidades que eram excessivas para sua força física. T3 9.4
“Essas responsabilidades, se fossem igualmente partilhadas, não teriam sido tão exaustivas. Enquanto meu esposo assumia muita responsabilidade, alguns de seus irmãos no ministério não estavam dispostos a assumir nenhuma. E aqueles que evitavam trabalhos e responsabilidades não compreendiam as obrigações dele, e não estavam interessados no progresso da obra e causa de Deus como deviam ter estado. Meu marido sentiu esta falta e tomou sobre os ombros os encargos que eram demasiado pesados e que quase o esmagavam. Como resultado desses esforços extras mais pessoas serão salvas, mas tais esforços prejudicaram sua constituição física e o privaram de energia. Tem-me sido mostrado que ele deve em grande medida pôr de lado sua ansiedade; Deus deseja que ele seja aliviado desse trabalho exaustivo, e que ele gaste mais tempo no estudo das Escrituras e na companhia dos filhos, procurando desenvolver-lhes a mente. T3 9.5
“Vi que não é nosso dever nos afligir com provações individuais. Tal esforço mental suportado pelas faltas de outros deve ser evitado. Meu marido pode continuar a trabalhar com toda sua energia, como tem feito, e como resultado descer à sepultura, e seus trabalhos para a causa de Deus serem perdidos; ou ele pode ser aliviado, enquanto ainda tem alguma força, e viver mais tempo, e seus trabalhos serem mais eficientes.” T3 10.1
Vou agora transcrever de um testemunho dado em 1859: “Em minha última visão foi-me mostrado que o Senhor desejava que meu marido se entregasse mais ao estudo das Escrituras, para que ele fosse qualificado a trabalhar mais eficientemente na palavra e doutrina, tanto no falar como no escrever. Vi que no passado tínhamos esgotado nossas energias por causa de muita ansiedade e cuidado para conduzir a igreja a uma posição correta. Esse trabalho cansativo em vários lugares, assumindo as responsabilidades da igreja, não é exigido; porque a igreja devia assumir os próprios encargos. Nosso trabalho é instruí-los na Palavra de Deus, insistir com eles sobre a necessidade de religião prática e definir tão claramente quanto possível a posição correta com respeito à verdade. Deus deseja que ergamos nossa voz na grande congregação sobre pontos da verdade presente que são de importância vital. Estes devem ser apresentados com clareza e decisão, e devem também ser postos por escrito, para que os mensageiros silenciosos os levem ao povo por toda parte. Uma consagração mais completa ao trabalho essencial é requerida de nossa parte; devemos ser sinceros para viver à luz do semblante de Deus. Se nossa mente fosse menos ocupada com problemas da igreja, seria mais livre para ser exercitada em assuntos bíblicos; e uma maior dedicação à verdade bíblica acostumaria a mente a seguir nesta direção, e seríamos assim melhor qualificados para a importante obra a nós confiada. T3 10.2
“Foi-me mostrado que Deus não coloca sobre nós responsabilidades tão pesadas como temos levado no passado. É nosso dever falar à igreja e mostrar aos membros a necessidade de trabalharem por si mesmos. Eles têm sido carregados por tempo demasiado. A razão por que não se deveria exigir de nós assumir pesadas responsabilidades e nos empenhar em atividade embaraçosa é que o Senhor tem trabalho de outra natureza para executarmos. Ele não deseja que esgotemos nossas energias físicas e mentais, mas as mantenhamos em reserva, para que em ocasiões especiais, sempre que ajuda seja realmente necessária, nossa voz possa ser ouvida. T3 11.1
“Vi que mudanças importantes seriam feitas, nas quais nossa influência seria requerida para liderar; que influências surgiriam, e erros seriam ocasionalmente introduzidos na igreja, e então nossa influência seria exigida. Mas se estivéssemos exaustos por trabalhos anteriores, não possuiríamos aquele discernimento calmo, prudência e autocontrole necessários para a ocasião importante na qual Deus desejaria que desempenhássemos parte relevante. T3 11.2
“Satanás tem prejudicado nossos esforços afetando a igreja de modo a exigir de nós trabalho quase dobrado para abrirmos caminho através de escuridão e descrença. Estes esforços para colocar as coisas em ordem nas igrejas têm esgotado nossa força, e resultaram em cansaço e debilidade. Vi que temos um trabalho a fazer, mas o adversário das almas impedirá todos os nossos esforços. O povo pode estar em um estado de apostasia, de modo que Deus não o possa abençoar, e isso será desalentador; mas não devemos ser desencorajados. Precisamos cumprir nosso dever em apresentar a luz, e deixar a responsabilidade com o povo.” T3 11.3
Transcreverei aqui um outro testemunho, escrito em 6 de Junho de 1863: “Foi-me mostrado que nosso testemunho é ainda necessário na igreja, que devemos nos esforçar para nos pouparmos de provas e cuidados, e que devemos preservar uma piedosa atitude mental. É dever daqueles no Escritório usar mais seu cérebro, e de meu marido usar menos o seu. Muito tempo é gasto por ele em várias questões que confundem e cansam a mente, e o desqualificam para estudar ou escrever, e assim impede que sua luz brilhe na Review como deve. T3 11.4
“A mente de meu marido não deve ser abarrotada e sobrecarregada. Precisa ter descanso, e ele deve ser deixado livre para escrever e cuidar de assuntos que outros não podem cuidar. Os que trabalham no Escritório poderiam remover dele um grande fardo de cuidados se eles se dedicassem a Deus e sentissem profundo interesse na obra. Não deve haver sentimentos egoístas entre aqueles que trabalham no Escritório. Estão empenhados na obra de Deus, e terão de dar contas a Ele por seus motivos e pela maneira como este ramo da obra é efetuado. Requer-se que disciplinem a mente. Muitos acham que o esquecimento não deve ser condenado. Isso é um grande erro. Esquecimento é pecado. Resulta em muitas confusões, muitos transtornos e muitos erros. Coisas que devem ser feitas não devem ser esquecidas. A mente precisa ser posta à prova; precisa ser disciplinada até que se lembre. T3 12.1
“Meu marido tem tido excessiva preocupação e tem feito muitas coisas que outros deviam ter feito, mas que ele receava dar-lhes a fazer, com medo que em sua desatenção cometessem erros não facilmente remediados, e assim resultar em perdas. Isso tem sido uma fonte de perplexidade à sua mente. Aqueles que trabalham no Escritório devem aprender. Devem estudar, praticar e exercitar o cérebro; pois têm só esse ramo de atividade, enquanto meu marido tem a responsabilidade de muitos departamentos da obra. Se um funcionário comete um erro, deve sentir que cabe a ele indenizar o prejuízo do próprio bolso, e não deve permitir que o Escritório sofra prejuízo por causa de seu descuido. Ele não deve deixar de assumir responsabilidades, mas deve tentar de novo, evitando os erros anteriores. Desse modo, aprenderá a ter o cuidado que a Palavra de Deus sempre requer, e então não fará mais do que seu dever. T3 12.2
“Meu marido deve tomar tempo para agir de acordo com o que seu julgamento lhe diz que preservaria sua saúde. Ele pensa que deve abandonar os fardos e responsabilidades que estavam sobre ele, e deixar o Escritório, ou sua mente seria arruinada. Foi-me mostrado que, quando o Senhor o liberasse de sua posição, Ele lhe daria uma evidência tão clara de sua liberação como lhe deu quando colocou a responsabilidade do trabalho sobre ele. Mas ele tem assumido demasiadas responsabilidades, e os que trabalham com ele no Escritório, e também seus irmãos no ministério, têm estado satisfeitos demais por ele as assumir. Eles têm se esquivado, como regra, de assumir responsabilidades, e têm-se simpatizado com aqueles que estavam murmurando contra ele, e que o tinham deixado só, enquanto era esmagado pela censura, até que Deus vindicou Sua causa. Se eles tivessem assumido uma parte das responsabilidades, meu marido teria sido aliviado. T3 13.1
“Vi que Deus agora requer que tomemos cuidado especial com a saúde que nos deu, porque nosso trabalho ainda não acabou. Nosso testemunho precisa ainda ser dado e terá influência. Devemos preservar nossa força para labutar na causa de Deus quando o nosso trabalho for necessário. Devemos ter o cuidado de não tomar sobre nós mesmos encargos que outros podem e devem levar. Devemos incentivar alegre, esperançosa e tranqüila disposição de espírito; pois nossa saúde depende de fazermos isso. A obra que Deus requer que façamos não impedirá que cuidemos de nossa saúde, para que possamos recuperar-nos do efeito do trabalho exaustivo. Quanto mais perfeita for a nossa saúde, tanto mais perfeito será o nosso trabalho. Quando sobrecarregamos nossas forças e ficamos exaustos, estamos sujeitos a pegar um resfriado, e nessas ocasiões existe o risco de que a doença assuma uma forma perigosa. Não devemos deixar o cuidado de nós mesmos com Deus, quando Ele colocou essa responsabilidade sobre nós.” T3 13.2
No dia 25 de Outubro de 1869, em Adams Center, Nova Iorque, foi-me mostrado que alguns pastores entre nós deixam de levar toda a responsabilidade que Deus deseja que levem. Esta falta lança trabalho extra sobre aqueles que são portadores de responsabilidades, especialmente sobre meu marido. Alguns pastores deixam de sair e arriscar algo na causa e obra de Deus. Decisões importantes precisam ser tomadas, mas como o homem mortal não pode ver o fim desde o princípio, alguns se esquivam de aventurar-se e avançar como a providência de Deus conduz. Alguém precisa avançar; alguém precisa aventurar-se no temor de Deus, deixando o resultado com Ele. Esses pastores que evitam essa parte do trabalho estão perdendo muito. Estão deixando de obter a experiência que Deus designou que tivessem para fazê-los homens fortes e eficientes com os quais se pode contar em qualquer emergência. T3 13.3
Irmão A, você se esquiva de correr riscos. Não está disposto a aventurar-se quando não pode ver o caminho perfeitamente claro. Mas alguém precisa fazer esse trabalho; alguém precisa andar pela fé, ou nenhum avanço será feito, e nada será realizado. O receio de que você poderá cometer equívocos e dar passos errados, e então ser culpado, restringe-o. Você se desculpa de não assumir responsabilidade porque cometeu alguns erros no passado. Mas você deve mover-se segundo seu melhor discernimento, deixando o resultado com Deus. Alguém precisa fazê-lo, e é uma posição difícil para qualquer um. Uma pessoa não deve levar toda essa responsabilidade sozinha, mas com muita reflexão e fervorosa oração ela deve ser uniformemente partilhada. T3 14.1
Durante a enfermidade de meu marido, o Senhor testou e provou Seu povo, para revelar o que estava no coração deles; e assim fazendo, mostrou-lhes o que estava oculto neles mesmos que não era de acordo com o Espírito de Deus. As circunstâncias difíceis sob as quais fomos colocados revelou acerca de nossos irmãos aquilo que de outro modo nunca teria sido revelado. O Senhor provou a Seu povo que a sabedoria do homem é loucura e que, a menos que possuam firme apoio e confiança em Deus, seus planos e projetos se provarão um fracasso. Devemos aprender de todas essas coisas. Se erros são cometidos, eles devem ensinar e instruir, mas não levar a esquivar-se de encargos e responsabilidades. Onde muito está em jogo, e onde questões de conseqüência vital devem ser consideradas, e importantes problemas resolvidos, os servos de Deus devem assumir responsabilidade individual. Não podem depor o fardo e ainda fazer a vontade de Deus. Alguns pastores são deficientes nas qualificações necessárias para edificação das igrejas, e não estão dispostos a gastar-se na causa de Deus. Não têm a disposição de dar-se inteiramente ao trabalho, com seu interesse indivisível, seu zelo inquebrantável, sua paciência e perseverança incansáveis. Com estas qualificações em exercício ativo, as igrejas seriam mantidas em ordem, e os trabalhos de meu marido não seriam tão pesados. Nem todos os pastores têm sempre em mente que o trabalho de todos deve sofrer a inspeção do juízo, e que cada um será galardoado “segundo as suas obras”. Apocalipse 22:12. T3 14.2
Irmão A, você tem uma responsabilidade a desempenhar em relação ao Instituto de Saúde.* Você deve ponderar, deve refletir. Freqüentemente o tempo que gasta lendo é o melhor tempo para você refletir e estudar o que deve ser feito para pôr as coisas em ordem no Instituto e no Escritório. Meu marido assume essas responsabilidades porque vê que o trabalho a favor destas instituições deve ser feito por alguém. Como outros não tomam a frente, ele preenche a lacuna e supre a deficiência. T3 15.1
Deus tem avisado e advertido meu marido a respeito da conservação de suas forças. Foi-me mostrado que ele foi restaurado pelo Senhor, e que vive como um milagre da graça — não a fim de assumir de novo os fardos sob os quais já caiu uma vez, mas para que o povo de Deus seja beneficiado por sua experiência em fazer avançar os interesses gerais da causa, e em conexão com o trabalho que o Senhor me deu, e a responsabilidade que Ele colocou sobre mim. T3 15.2
Irmão A, grande cuidado deve ser exercido por você, especialmente em Battle Creek. Ao fazer visitas, sua conversação deve ser sobre os assuntos mais importantes. Seja cuidadoso em apoiar o preceito pelo exemplo. Este é um cargo importante e exigirá trabalho. Enquanto estiver aqui, você deve tomar tempo para pensar nas muitas coisas que precisam ser feitas e que requerem reflexão solene, atenção cuidadosa e oração sincera e fiel. Você deve ter tanto interesse nas coisas relacionadas com a causa, ao trabalhar no Instituto de Saúde e no Escritório de publicações, como meu marido tem; deve sentir que o trabalho é seu. Você não pode fazer o trabalho para o qual Deus habilitou de modo especial meu marido, nem ele pode fazer o trabalho para o qual de modo especial Deus capacitou você a fazer. Mas ambos, unidos em trabalho harmonioso, você em seu escritório e meu marido no dele, podem realizar muito. T3 15.3
A obra na qual temos um interesse comum é grande; e obreiros eficientes, dispostos, responsáveis são verdadeiramente poucos. Deus lhe dará forças, meu irmão, se você avançar e servi-Lo. Ele dará a meu marido e a mim força em nosso trabalho unido, se fizermos tudo para Sua glória, de acordo com nossa habilidade e força para trabalhar. Você deve ser colocado onde teria oportunidade mais favorável de exercer seu dom segundo a habilidade que Deus lhe deu. Você deve apoiar-se inteiramente em Deus e dar-Lhe a oportunidade de ensiná-lo, conduzi-lo e impressioná-lo. Você sente um profundo interesse na obra e causa de Deus, e deve esperar dEle luz e orientação. Ele lhe dará luz. Mas, como embaixador de Cristo, espera-se que você seja fiel, que corrija o mal com mansidão e amor, e seus esforços não serão em vão. T3 16.1
Desde que meu marido se recuperou de sua fraqueza, temos trabalhado diligentemente. Não procuramos nossa comodidade ou prazer. Temos viajado e trabalhado em reuniões campais e sobrecarregado nossas forças, de modo que isso acarretou-nos debilidade, sem as vantagens de descanso. Durante o ano de 1870 assistimos a 12 reuniões campais. Em várias destas reuniões, a responsabilidade do trabalho recaiu quase inteiramente sobre nós. Viajamos de Minnesota ao Maine, e então a Missouri e Kansas. T3 16.2
Meu marido e eu trabalhamos para aperfeiçoar a Health Reformer* e fazer dela uma revista interessante e proveitosa, que fosse apreciada, não só por nosso povo, mas por todas as classes. Essa foi uma carga pesada para ele. Fez também melhorias importantes nas revistas Review e Instructor. Ele realizou o trabalho que devia ter sido partilhado por três homens. E enquanto todo este trabalho recaiu sobre ele no ramo de publicações da obra, o departamento de negócios no Instituto de Saúde e na Sociedade de Publicações exigia o trabalho de dois homens para livrá-los de embaraço financeiro. T3 16.3
Homens infiéis a quem foram confiados trabalhos no Escritório e no Instituto tinham, por causa de egoísmo e falta de consagração, deixado as coisas na pior condição possível. Havia negócios não resolvidos que precisavam de atenção. Meu marido preencheu a lacuna e trabalhou com toda sua energia. Ele estava se extenuando. Percebíamos que estava em perigo; mas não sabíamos como poderia parar, a menos que o trabalho no Escritório cessasse. Quase cada dia surgia uma nova perplexidade, alguma nova dificuldade causada pela infidelidade das pessoas que tinham tomado conta do trabalho. Seu cérebro foi sobrecarregado ao máximo. Mas as piores perplexidades estão agora no passado, e o trabalho avança de modo próspero. T3 17.1
Na Associação Geral meu marido insistiu para ser liberado dos encargos postos sobre ele; mas, não obstante sua insistência, a responsabilidade de editar as revistas Review e Reformer foi colocada sobre ele, com o encorajamento de que pessoas que assumissem fardos e responsabilidades seriam estimuladas a se estabelecer em Battle Creek. Mas até agora nenhuma ajuda veio para tirar dele a responsabilidade do setor financeiro no Escritório. T3 17.2
Meu marido está se esgotando rapidamente. Assistimos às quatro reuniões campais do Oeste e nossos irmãos estão insistindo que assistamos às reuniões do Leste. Mas não ousamos assumir responsabilidades adicionais. Quando voltamos do trabalho das campais do Oeste, em Julho de 1871, encontramos inúmeros trabalhos que haviam se acumulado na ausência de meu marido. Ainda não tivemos oportunidade de descanso. Meu marido precisa ser aliviado das responsabilidades que sobre ele pesam. Há muitos que usam o cérebro dele em vez de usarem o próprio. À vista da luz que Deus Se agradou em nos dar, insistimos com vocês, meus irmãos, a liberar meu marido. Não estou disposta a arriscar as conseqüências de meu marido continuar trabalhando como tem feito. Ele os serviu fiel e desinteressadamente durante anos, e finalmente caiu sob o peso dos encargos colocados sobre ele. Então seus irmãos, em quem ele confiara, abandonaram-no. Eles o deixaram cair em minhas mãos, e o desampararam. Por quase dois anos fui sua enfermeira, sua assistente, sua médica. Não quero passar pela experiência uma segunda vez. Irmãos, vão vocês levantar nossos fardos, e permitir que preservemos nossas forças como Deus gostaria, para que a causa como um todo possa ser beneficiada pelos esforços que poderemos fazer com a força que Ele nos dá? Ou nos permitirão ficar debilitados de modo a nos tornarmos inúteis para a causa? T3 17.3
O trecho anterior deste apelo foi lido na reunião campal de New Hampshire, em Agosto de 1871. T3 18.1
Quando voltamos de Kansas, no outono de 1870, o irmão B estava em casa com febre. A irmã Van Horn, ao mesmo tempo, estava ausente do Escritório em conseqüência da febre que lhe sobreveio pela morte súbita de sua mãe. O irmão Smith estava também ausente do Escritório, em Rochester, Nova Iorque, recuperando-se de uma febre. Havia grande quantidade de trabalho inacabado no Escritório, contudo o irmão B deixou seu posto para satisfazer o próprio prazer. Esse fato em sua experiência é uma amostra do homem que ele é. Deveres sagrados pouco lhe importam. T3 18.2
Prosseguir em tal conduta foi uma grande violação da confiança que sobre ele repousava. Que contraste marcante com isso é a vida de Cristo, nosso Modelo! Ele era o Filho de Jeová, e o Autor de nossa salvação. Trabalhou e sofreu por nós. Negou a Si mesmo, e Sua vida inteira foi uma cena contínua de labuta e privação. Houvesse Ele preferido proceder assim, poderia ter passado Seus dias em um mundo de Sua criação, em comodidade e fartura, e reivindicado todos os prazeres e alegrias que o mundo Lhe podia dar. Ele, porém, não considerou Suas próprias conveniências. Viveu, não para agradar a Si mesmo, mas para fazer o bem e prodigalizar Suas bênçãos aos outros. T3 18.3
O irmão B estava com febre. Seu caso era crítico. Para fazer justiça à causa de Deus, sinto-me compelida a afirmar que sua doença não era o resultado de dedicação incansável aos interesses do Escritório. Contágio imprudente numa viagem a Chicago, para divertimento, foi a causa de sua enfermidade longa e enfadonha. Deus não o protegeu ao deixar o trabalho, quando tantos que ocupavam posições importantes no Escritório estavam ausentes. Exatamente quando ele não devia faltar sequer por uma hora, deixou seu posto de dever e Deus não o protegeu. T3 18.4
Não houve para nós período de descanso, por muito que disso necessitássemos. Deviam ser editadas as revistas Review, Reformer e Instructor. Muitas cartas tinham sido postas de lado até voltarmos para examiná-las. As coisas estavam em um estado lastimável no Escritório. Tudo precisava ser posto em ordem. Meu marido começou seu trabalho, e eu o ajudei tanto quanto podia; mas isso foi pouco. Ele trabalhou incessantemente para acertar questões complicadas de negócio e para melhorar a condição de nossos periódicos. Ele não podia depender do auxílio de nenhum de seus irmãos no ministério. Sua cabeça, coração e mãos estavam repletos. Ele não foi animado pelos irmãos A e C, quando sabiam que ele respondia sozinho pelas responsabilidades em Battle Creek. Eles não lhe apoiaram as mãos. Escreveram de um modo muito desanimador sobre a saúde precária deles, e que estavam tão exaustos que não se podia contar com eles para efetuar qualquer trabalho. Meu marido viu que não se podia esperar nada naquele sentido. Não obstante seu trabalho duplo através do verão, ele não podia repousar. E, sem considerar sua debilidade, ele se aplicou a fazer a obra que outros haviam negligenciado. T3 19.1
A revista Reformer estava praticamente morta. O irmão B insistira nos pontos de vista extremos do Dr. Trall. Isto influenciara o doutor a se externar no Reformer de modo mais radical, quanto a deixar o uso do leite, açúcar e sal. A atitude de dever-se abandonar inteiramente o uso desses artigos pode estar certa, a seu tempo; mas não viera ainda a ocasião de assumir uma atitude geral quanto a esses pontos. E os que assumem tal posição, defendendo o completo abandono do leite, manteiga e açúcar, devem afastar de sua mesa essas coisas. O irmão B, mesmo enquanto se punha ao lado do Dr. Trall no Reformer, quanto ao efeito nocivo do sal, leite e açúcar, não praticava o que ensinava. Esses artigos eram usados diariamente em sua mesa. T3 19.2
Muitos dentre nosso povo haviam perdido o interesse no Reformer, e recebiam-se diariamente cartas com este pedido desanimador: “Queiram cancelar minha assinatura do Reformer.” Recebemos cartas do Oeste, onde a região é nova e as frutas são escassas, perguntando: “Como os amigos da reforma de saúde vivem em Battle Creek? Dispensam eles o sal inteiramente? Se for verdade, não podemos no presente adotar a reforma de saúde. Só podemos obter pouca fruta, e abandonamos o uso de carne, chá, café e fumo; mas precisamos ter algo para sustentar a vida.” T3 20.1
Tínhamos passado algum tempo no Oeste, e sabíamos da escassez de fruta, e simpatizávamos com nossos irmãos que estavam conscienciosamente procurando estar em harmonia com a corporação de adventistas guardadores do sábado. Eles estavam ficando desanimados, e alguns estavam abandonando a reforma de saúde, receando que em Battle Creek eles eram radicais e fanáticos. Em nenhum lugar do Oeste pudemos despertar interesse no sentido de obter assinaturas do Health Reformer. Vimos que os colaboradores do Reformer se afastavam do povo, deixando-o para trás. Se adotamos opiniões que os cristãos conscienciosos, que são de fato reformadores, não podem adotar, como esperar beneficiar a classe de pessoas que só podemos alcançar na área da saúde? T3 20.2
Não devemos ir mais depressa do que nos possam acompanhar aqueles cuja consciência e intelecto estão convencidos das verdades que defendemos. Devemos ir ao encontro do povo onde ele se acha. Alguns dentre nós levaram muitos anos para chegar à posição em que se encontram agora, na questão da reforma de saúde. É obra lenta efetuar uma reforma no regime alimentar. Temos de enfrentar fortes desejos, pois o mundo é dado à glutonaria. Se concedêssemos ao povo tanto tempo quanto nós levamos para chegar ao atual estado avançado na reforma, seríamos muito pacientes com eles, e permitiríamos que avançassem passo a passo, como fizemos nós, até que seus pés estivessem firmemente estabelecidos na plataforma da reforma de saúde. Devemos, porém, ser muito cautelosos para não avançar muito depressa, para que não sejamos obrigados a voltar atrás. Em matéria de reformas, é melhor ficar um passo aquém da meta do que avançar um passo além. E se houver algum erro, seja do lado mais favorável ao povo. T3 20.3
Acima de tudo, não devemos defender com a pena posições que não pomos à prova prática em nossa própria família, em nossas próprias mesas. Isso é uma dissimulação, uma espécie de hipocrisia. No Michigan podemos passar melhor sem sal, açúcar e leite do que muitos que moram no Extremo Oeste ou no Extremo Leste [dos Estados Unidos], onde há escassez de frutas. Mas há muito poucas famílias em Battle Creek que não põem esses artigos sobre suas mesas. Sabemos que o livre uso desses artigos é positivamente nocivo à saúde, e em muitos casos pensamos que, se não fossem usados absolutamente, desfrutar-se-ia muito melhor estado de saúde. T3 21.1
Mas no presente nossa preocupação não é em relação a essas coisas. O povo está tão atrasado que vemos que tudo que pode suportar agora é que o esclareçamos quanto às condescendências nocivas e os estimulantes narcóticos. Apresentamos positivo testemunho contra o fumo, as bebidas alcoólicas, rapé, chá, café, alimentos cárneos, manteiga, condimentos, bolos requintados, tortas de carne, excesso de sal, e todas as substâncias estimulantes usadas como alimento. T3 21.2
Se, aproximando-nos de pessoas que não foram esclarecidas em relação à reforma de saúde, lhes apresentarmos a princípio as atitudes mais radicais, há perigo de se desanimarem ao verem quanto têm que renunciar, de maneira que não farão esforços para reformar-se. Temos de guiar o povo ao longo do caminho paciente e gradualmente, lembrados da profundeza do abismo de onde fomos alçados. T3 21.3