Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 2 — Habilidade não santificada
Foi-me mostrado que o irmão B tem sérios defeitos de caráter, que o desqualificam a estar intimamente ligado com a obra de Deus onde responsabilidades importantes devem ser assumidas. Ele tem suficiente habilidade mental, mas o coração e as afeições não têm sido santificados para Deus; portanto, não se pode confiar nele como qualificado para uma obra tão importante como a publicação da verdade no Escritório em Battle Creek. Um erro ou negligência do dever nesta obra afeta a causa de Deus como um todo. O irmão B não percebeu seus defeitos, por isso não se reforma. T3 22.1
É por pequenas coisas que nosso caráter é formado em hábitos de integridade. Você, meu irmão, tem estado disposto a subestimar a importância dos pequenos incidentes da vida diária. Este é um grande erro. Nada que tenhamos a fazer é realmente insignificante. Toda ação é de algum peso, ou do lado certo ou do lado errado. É somente agindo por princípio nas pequenas transações comuns da vida que somos provados e nosso caráter formado. Nas variadas circunstâncias da vida somos testados e provados, e assim adquirimos poder para resistir às provas maiores e mais importantes que nos toca suportar, e somos qualificados para preencher posições ainda mais importantes. Deve a mente ser exercitada por meio de provas diárias a hábitos de fidelidade, a uma percepção das reivindicações do que é certo e do dever acima da inclinação e do prazer. As mentes assim exercitadas não hesitam entre o certo e o errado, como o junco oscila ao vento; mas tão logo se lhes apresente o assunto, discernem imediatamente que princípio está envolvido, e instintivamente escolhem o certo sem discutir o assunto por muito tempo. São leais porque se exercitaram para hábitos de fidelidade e verdade. Sendo fiéis no mínimo, adquirem força, e torna-se-lhes fácil serem fiéis em grandes coisas. T3 22.2
A educação do irmão B não foi de natureza a fortalecer aquelas qualidades morais que o habilitariam a ficar de pé somente pela força de Deus na defesa da verdade, em meio da mais severa oposição, firme como uma rocha aos princípios, leal ao caráter moral, inabalável a louvor humano, censura ou recompensas, preferindo a morte de preferência a uma consciência violada. Tal integridade é necessária no Escritório de Publicações, de onde verdades solenes e sagradas estão saindo, pelas quais o mundo deve ser provado. T3 22.3
A obra de Deus requer homens de alto poder moral para empenhar-se em sua divulgação. Procuram-se homens cujo coração seja fortalecido com santo fervor, homens de firme propósito que não sejam facilmente abalados, que possam renunciar a todo interesse egoísta e dar tudo pela cruz e a coroa. A causa da verdade presente está precisando de homens que sejam leais à retidão e ao dever, cuja integridade moral seja firme, e cuja energia seja comparável à generosidade da providência de Deus. Qualificações como estas são de maior valor do que riqueza incalculável investida na obra e causa de Deus. Energia, integridade moral e forte propósito pelo que é reto são qualidades que não podem ser supridas com qualquer quantia de ouro. Homens que possuem estas qualidades terão influência em toda parte. A vida deles é mais poderosa do que eloqüência sublime. Deus requer homens de sensibilidade, homens inteligentes, homens de integridade moral, os quais Ele possa fazer depositários de Sua verdade, e que representarão corretamente Seus sagrados princípios na vida diária. T3 23.1
Em certos aspectos o irmão B tem uma habilidade que poucos possuem. Se seu coração fosse consagrado à obra, ele poderia preencher uma posição importante no Escritório com a aprovação de Deus. Ele precisa converter-se e humilhar-se como uma criancinha, e procurar a religião pura do coração, a fim de que sua influência no Escritório, ou na causa de Deus em qualquer parte, seja o que deveria ser. Como tem sido, sua influência tem prejudicado a todos os que estão ligados ao Escritório, mas especialmente os jovens. Sua posição como chefe lhe deu influência. Ele não se conduziu conscienciosamente no temor de Deus. Favoreceu a uns mais do que a outros. Negligenciou aqueles que por sua fidelidade e habilidade mereciam encorajamento especial, e trouxe aflição e perplexidade àqueles pelos quais deveria ter um interesse especial. Os que ligam suas afeições e interesse a um ou dois, e os favorecem em detrimento de outros, não deviam nem por um dia manter sua posição no Escritório. Esse favoritismo não santificado a favor de alguns que agradam a sua fantasia, com negligência de outros que são conscienciosos e tementes a Deus, e a Seus olhos de mais valor, é ofensivo a Deus. Aquilo que Deus valoriza devemos valorizar. O adorno “de um espírito manso e quieto” (1 Pedro 3:4) Ele considera como de mais valor do que beleza externa, adorno exterior, riquezas ou honra mundana. T3 23.2
Os verdadeiros seguidores de Cristo não escolherão amizade íntima com aqueles cujo caráter tem sérios defeitos, e cujo exemplo como um todo não seria seguro seguir, enquanto é seu privilégio associar-se com pessoas que têm consciencioso respeito para com o dever nos negócios e na religião. Aqueles que têm falta de princípio e devoção geralmente exercem uma influência mais forte para moldar a mente de seus amigos íntimos do que é exercida por aqueles que parecem bem equilibrados e capazes de controlar e influenciar os que têm defeito de caráter, aqueles que têm falta de espiritualidade e devoção. T3 24.1
A influência do irmão B, se não for santificada, põe em perigo a salvação daqueles que lhe seguem o exemplo. Sua pronta diplomacia e habilidade são admiradas, e faz com que as pessoas ligadas a ele lhe dêem crédito por qualificações que não possui. No Escritório ele era negligente quanto a seu tempo. Se isso afetasse somente a ele, seria de pouca importância; mas sua posição como chefe deu-lhe influência. Seu exemplo diante das pessoas no Escritório, especialmente os aprendizes, não era prudente e consciencioso. Se, com seu talento engenhoso o irmão B possuísse um senso elevado de obrigação moral, seus serviços seriam inestimáveis para o Escritório. Se seus princípios fossem tais que nada o desviasse da linha reta do dever, se nenhuma sugestão que pudesse ser apresentada tivesse conseguido seu consentimento para a prática de uma ação errada, sua influência teria moldado outros; mas seu amor ao prazer o seduziu a abandonar seu posto de dever. Se ele tivesse estado na força de Deus, inamovível à censura ou lisonja, firme ao princípio, fiel a suas convicções da verdade e da justiça, teria sido um homem superior e teria obtido influência dominante em toda parte. O irmão B precisa de simplicidade e economia. Precisa do tato que o habilitaria a adaptar-se à generosa providência de Deus e a tornar-se o homem do momento. Ele ama o louvor humano. É levado pelas circunstâncias, sujeito à tentação e não se pode confiar em sua integridade. T3 24.2
A experiência religiosa do irmão B não era perfeita. Era movido por impulso, não por princípio. Não tinha o temor de Deus nem buscava Sua glória, e “seu coração não era reto para com Ele”. Salmos 78:37. Ele agia de modo muito parecido com um homem empenhado em negócio comum; tinha muito pouco senso da santidade da obra em que estava empenhado. Não praticara abnegação e economia, e portanto não tinha experiência nisso. Por vezes ele trabalhava seriamente e manifestava bom interesse na obra. Então de novo se descuidava com seu tempo e gastava momentos preciosos em conversa sem importância, impedindo que outros cumprissem seu dever, dando-lhes um exemplo de irresponsabilidade e infidelidade. A obra de Deus é sagrada e requer homens de alta integridade. Precisam-se de homens cujo senso de justiça, mesmo nas questões menores, não lhes permita fazer um registro de seu tempo que não seja minucioso e correto; homens que reconheçam que estão lidando com recursos que pertencem a Deus, e que não se apropriem injustamente de um centavo sequer para uso próprio; homens que sejam tão fiéis e exatos, cuidadosos e diligentes no trabalho na ausência do chefe como em sua presença, demonstrando por sua fidelidade que não são meramente bajuladores, servos que precisam ser vigiados, mas obreiros conscienciosos, fiéis e verdadeiros, que fazem o que é correto não para receber louvor humano, mas porque amam e escolhem o correto devido ao elevado senso de sua obrigação para com Deus. T3 25.1
Os pais não são meticulosos na educação dos filhos. Não vêem a necessidade de moldar-lhes a mente pela disciplina. Dão-lhes uma educação superficial, manifestando maior cuidado pelo ornamental do que pela educação sólida que desenvolveria e dirigiria as aptidões de modo a expor as energias interiores, e fazer que as faculdades mentais se expandissem e se fortalecessem pelo exercício. As faculdades mentais precisam ser cultivadas a fim de serem usadas para a glória de Deus. Cuidadosa atenção deve ser dada ao cultivo do intelecto para que os vários órgãos da mente tenham igual força, sendo postos em exercício, cada um na sua função distinta. Se os pais deixarem os filhos seguirem a tendência da própria vontade, de sua inclinação e prazer, com negligência do dever, o caráter deles será formado segundo essa norma, e não terão competência para qualquer posição de responsabilidade na vida. Os desejos e inclinações dos jovens devem ser restringidos, fortalecidos os pontos fracos de caráter, e reprimidas as tendências fortes demais. T3 25.2
Caso se permita uma faculdade permanecer inativa ou ser desviada do próprio rumo, o propósito de Deus não é executado. Todas as faculdades devem ser bem desenvolvidas. A cada uma se deve dispensar cuidado, pois cada uma exerce influência sobre as outras, e todas elas devem ser exercitadas a fim que o espírito seja devidamente equilibrado. Caso um ou dois órgãos sejam cultivados e conservados em uso contínuo devido a terem nossos filhos escolhido pôr a força da mente em uma direção com negligência de outras faculdades mentais, chegarão à maturidade com a mente desequilibrada e o caráter desarmônico. Serão aptos e fortes em um sentido, mas grandemente deficientes em outros sentidos igualmente importantes. Não serão homens e mulheres competentes. Sua deficiência será acentuada e maculará todo o caráter. T3 26.1
O irmão B cultivou uma propensão quase incontrolável para passeios e viagens de entretenimento. Tempo e dinheiro são desperdiçados para satisfazer seu desejo por turismo. Seu amor egoísta pelo entretenimento leva à negligência de deveres sagrados. O irmão B gosta de pregar, mas nunca assumiu este trabalho de modo a sentir pesar quando não pregasse o evangelho. Com freqüência deixava o trabalho que exigia seu cuidado no Escritório para aceitar convites de alguns de seus irmãos em outras igrejas. Se tivesse sentido a solenidade da obra de Deus para esta época, e marchasse fazendo de Deus sua confiança, praticando abnegação e exaltando a cruz de Cristo, teria realizado algum bem. Mas ele freqüentemente tinha tão pouca percepção da santidade da obra, que aproveitava a oportunidade de visitar outras igrejas fazendo da ocasião uma cena de satisfação própria, em suma, uma viagem de entretenimento. Que contraste entre sua conduta e a seguida pelos apóstolos, que saíam levando a palavra de vida, e na demonstração do Espírito pregavam Cristo crucificado! Eles assinalavam o caminho da vida mediante abnegação e a cruz. Tinham comunhão com seu Salvador em Seus sofrimentos, e seu maior desejo era conhecer “Jesus Cristo, e Este crucificado”. 1 Coríntios 2:2. Não consideravam a conveniência própria, nem contavam sua vida como preciosa. Viviam não para divertir-se, mas para fazer o bem, e para salvar pecadores pelos quais Cristo morreu. T3 26.2
O irmão B pode apresentar argumentos sobre pontos de doutrina, mas as lições práticas de santificação, abnegação e a cruz, ele mesmo não as experimentou. Pode falar ao ouvido, mas não tendo sentido sobre o coração a influência santificadora destas verdades, nem as tendo praticado em sua vida, ele deixa de inculcar a verdade sobre a consciência com um senso profundo de sua importância e solenidade em vista do juízo, quando cada caso deve ser decidido. O irmão B não educou a mente, e sua conduta fora da reunião não tem sido exemplar. Não parece repousar sobre ele a responsabilidade da obra, mas ele tem sido superficial e infantil, e por seu exemplo tem rebaixado a norma da religião. Coisas sagradas e comuns têm sido postas no mesmo nível. T3 27.1
O irmão B não tem estado disposto a suportar a cruz; nem a seguir a Cristo da manjedoura ao tribunal e ao Calvário. Ele tem acarretado sobre si mesmo penosa aflição buscando o próprio prazer. Precisa ainda aprender que sua força é fraqueza e sua “sabedoria” “é loucura”. 1 Coríntios 3:19. Se tivesse sentido que estava empenhado na obra de Deus, e que estava em dívida para com Aquele que lhe deu tempo e talentos, e que requeria que estes fossem usados para Sua glória — tivesse ele ficado firme no seu posto — não teria sofrido aquela longa e enfadonha enfermidade. Sua exposição naquela viagem de entretenimento causou-lhe meses de sofrimento, e teria causado sua morte não fosse pela oração sincera e eficaz oferecida em seu favor por aqueles que achavam que ele não estava preparado para morrer. Tivesse ele morrido naquela ocasião e seu caso seria muito pior do que o de um pecador não iluminado. Mas Deus misericordiosamente ouviu a oração de Seu povo e deu-lhe novo período de vida, para que tivesse oportunidade de arrepender-se de sua infidelidade e remir o tempo. Seu exemplo influenciou a muitos em Battle Creek na direção errada. T3 27.2
O irmão B recuperou-se de sua enfermidade, mas quão pouco ele ou sua família se humilharam sob a mão de Deus. A obra do Espírito de Deus e a sabedoria que vem dEle não são manifestas para que possamos estar felizes e satisfeitos conosco mesmos, mas para que nossa mente seja renovada em conhecimento e verdadeira santidade. Quão melhor não teria sido para este irmão se sua enfermidade tivesse motivado um exame fiel do coração, para descobrir as imperfeições de seu caráter, para que as pusesse de lado, e com espírito humilde saísse da fornalha como ouro purificado, refletindo a imagem de Cristo. T3 28.1
A doença que ele acarretou sobre si mesmo, a igreja o ajudou a suportar. Foram-lhe providenciados atendentes e suas despesas foram, em grande medida, custeadas pela igreja; mas nem ele nem sua família apreciaram esta generosidade e ternura da parte da igreja. Sentiram que mereciam tudo que foi feito por eles. Ao irmão B levantar-se de sua enfermidade, sentiu-se ofendido com meu marido porque ele desaprovou sua conduta, que era censurável. Ele uniu-se com outros para prejudicar a influência de meu marido, e desde que deixou o Escritório não tem se sentido bem. Ele mal suportaria o teste de ser provado por Deus. T3 28.2
O irmão B não aprendeu ainda a lição que terá de aprender se houver de ser salvo afinal — negar a si mesmo e resistir a seu amor aos prazeres. Terá de passar pela experiência outra vez e ser provado ainda mais severamente, porque deixou de suportar as provas do passado. Ele desagradou a Deus ao justificar-se. Tem pouca experiência na comunhão com os sofrimentos de Cristo. Gosta de ostentação e não economiza seus recursos. O Senhor sabe. Ele pesa os sentimentos interiores e as intenções do coração. Ele compreende o ser humano. Prova nossa fidelidade. Requer que O amemos e O sirvamos de todo o “entendimento”, de todo o “coração” e de todas as “forças”. Marcos 12:30. Os amantes de prazeres podem aparentar uma forma de piedade que envolve até mesmo alguma abnegação, e podem sacrificar tempo e dinheiro, e ainda o eu não ser subjugado, e a vontade levada em sujeição à vontade de Deus. T3 28.3
A influência das jovens D era má em Battle Creek. Não tinham sido educadas. Sua mãe negligenciara seu dever sagrado e não refreara seus filhos. Não os tinha criado no temor e admoestação do Senhor. Foram mimados e dispensados de levar responsabilidades até não terem prazer nos deveres simples da vida doméstica. A mãe ensinara as filhas a pensar muito sobre vestuário, mas o adorno interior não foi exaltado diante delas. Essas jovens eram vaidosas e orgulhosas. Sua mente era impura; a conversa delas corruptora; e não obstante havia uma classe em Battle Creek que se associava com tal tipo de mentalidade, mas não podia associar-se-lhe sem descer a seu nível. Essas jovens não foram tratadas com a severidade que o caso exigia. Gostam da companhia de rapazes, e os rapazes são o tema de sua meditação e conversação. Têm modos corruptos, são teimosas e presunçosas. T3 29.1
A família inteira ama a ostentação. A mãe não é uma mulher prudente e digna. Não está qualificada para criar filhos. Vestir seus filhos para chamar a atenção é de maior significado para ela do que o adorno interior. Ela não tem se disciplinado. Sua vontade não tem sido conformada com a vontade de Deus. Seu coração não está correto para com Deus. T3 29.2
Ela é uma estranha à atuação de Seu Espírito sobre o coração, o que leva os desejos e afeições em conformidade “à obediência de Cristo”. II Cor. 10.5. Ela não possui qualidades mentais enobrecedoras e não discerne as coisas sagradas. Permitiu que seus filhos fizessem o que bem entendessem. A experiência terrível que ela teve com dois de seus filhos mais velhos não fez sobre sua mente a impressão profunda que as circunstâncias exigiam. Ela educou os filhos a amarem o vestuário, a vaidade e a extravagância. Não disciplinou suas duas filhas mais novas. A D, sob uma influência apropriada, seria um jovem digno; mas tem muito a aprender. Ele segue a inclinação em vez do dever. Gosta de fazer a própria vontade e satisfazer o prazer, e não tem conhecimento correto dos deveres que recaem sobre um cristão. Alegremente interpretaria como seu dever a satisfação e inclinação próprias. Ele não dominou a satisfação própria. Tem muito a fazer para melhorar sua visão espiritual, para que possa compreender o que seja ser consagrado a Deus e aprender as reivindicações de Deus sobre ele. Os sérios defeitos de sua educação lhe afetaram a vida. T3 30.1
Se, com suas boas qualificações, o irmão B fosse bem equilibrado e um chefe fiel, seu trabalho seria de grande valia para o Escritório, e ele poderia ganhar o dobro do salário. Mas durante os últimos anos, considerando sua deficiência, com sua influência não consagrada, o Escritório faria melhor sem ele, mesmo se seus trabalhos fossem gratuitos. O irmão e a irmã B não aprenderam a lição da economia. A satisfação do apetite e o amor ao prazer e ostentação têm tido uma influência esmagadora sobre eles. Salário pequeno seria mais vantajoso para eles do que grande. Seriam capazes de gastar tudo, por mais que fosse. Esbanjariam e então, ao vir sobre eles a aflição, estariam inteiramente desprevenidos. Gastariam vinte dólares por semana tão facilmente como doze. Tivessem o irmão e a irmã B sido hábeis administradores, privando a si mesmos, teriam já há tempo um lar próprio e ainda recursos de que servir-se em caso de adversidade. Mas eles não querem economizar como outros têm feito, dos quais têm sido algumas vezes dependentes. Se negligenciam aprender essas lições, seu caráter não será encontrado perfeito no dia de Deus. T3 30.2
O irmão B tem sido alvo do grande amor e condescendência de Cristo, e não obstante ele nunca sentiu que poderia imitar o grande Modelo. Ele reivindica, e durante toda sua vida tem buscado, um melhor quinhão nesta vida do que foi dado a nosso Senhor. Nunca sentiu as profundezas da ignorância e pecado das quais Cristo Se propôs erguê-lo e ligá-lo a Sua natureza divina. T3 31.1
É coisa terrível ministrar coisas sagradas quando o coração e as mãos não são santificados. Ser colaborador com Cristo envolve responsabilidades tremendas; estar de pé como Seu representante não é questão de pouca importância. As terríveis realidades do juízo porão à prova o trabalho de cada um. O apóstolo disse: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor.” “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” 2 Coríntios 4:5, 6. A suficiência do apóstolo não estava nele mesmo, mas na influência benevolente do Espírito de Cristo, que lhe enchia a mente e levava “cativo todo o entendimento à obediência de Cristo”. 2 Coríntios 10:5. O poder da verdade acompanhando a palavra pregada será um “cheiro de vida para vida” ou “de morte para morte”. 2 Coríntios 2:16. Requer-se dos pastores que sejam exemplos vivos da mente e espírito de Cristo, cartas vivas, conhecidas e lidas “por todos os homens”. 2 Coríntios 3:2. Tremo quando considero que há alguns pastores, mesmo entre adventistas do sétimo dia, que não são santificados pela verdade que pregam. Nada menos que o vivificante e poderoso Espírito de Deus atuando no coração de Seus mensageiros para “iluminação do conhecimento da glória de Deus” (2 Coríntios 4:6) pode assegurar-lhes a vitória. T3 31.2
A pregação do irmão B não tem sido marcada pela sanção do Espírito de Deus. Ele pode falar fluentemente e esclarecer um ponto, mas tem faltado espiritualidade a sua pregação. Seus apelos não têm tocado o coração com nova ternura. Tem havido uma sucessão de palavras, mas o coração de seus ouvintes não tem sido vivificado e enternecido com a percepção do amor de um Salvador. T3 31.3
Pecadores não têm sido convencidos e atraídos a Cristo pela percepção de que “Jesus, o Nazareno, passava”. Lucas 18:37. Os pecadores devem ter clara impressão da proximidade e boa vontade de Cristo em conceder-lhes salvação. O Salvador deve ser apresentado ao povo, enquanto o coração do orador deve ser subjugado pelo Espírito de Deus e ser dEle imbuído. O próprio tom da voz, o olhar, as palavras, devem possuir um poder irresistível para impressionar corações e controlar mentes. Jesus deve estar no coração do pastor. Se Jesus está nas palavras e no tom da voz, se são suaves com Seu terno amor, demonstrar-se-ão uma bênção de maior valor do que todas as riquezas, prazeres e glórias da Terra; pois tais bênçãos não vêm e vão sem efetuar uma obra. Convicções serão aprofundadas, impressões serão feitas e surgirá a pergunta: “Que devo fazer para que seja salvo?” Atos dos Apóstolos 16:30. T3 32.1