Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 6 — Experiência não confiável
Querida irmã N:
Na visão que me foi dada em 10 de Dezembro de 1871, vi que algumas coisas têm sido grandes empecilhos para a recuperação de sua saúde. Seus peculiares traços de caráter a têm impedido de receber o bem que poderia ter recebido, e melhorar de saúde como poderia. Você tem uma rotina especial a cumprir e não se desviará dela. Tem suas idéias, as quais leva a efeito, quando freqüentemente não estão em harmonia com a lei física, mas simplesmente de acordo com sua opinião. T3 67.2
Possui mentalidade forte e vontade fixa, e pensa que compreende a si mesma melhor do que os outros, porque você analisa seus sentimentos. É guiada pelos próprios sentimentos e governada pela própria experiência. Experimentou este e aquele plano para sua total satisfação, e decidiu que seu raciocínio era o melhor a ser seguido em seu caso. Mas qual tem sido seu critério? Resposta: Seus sentimentos. Agora, minha irmã, que têm seus sentimentos que ver com os fatos reais no caso? Bem pouco. Sentimentos são um critério pobre, especialmente quando sob o controle de uma imaginação forte e de uma vontade firme. Você tem mentalidade muito resoluta, e sua conduta lhe é delineada; mas você não vê seu caso de um ponto de vista correto. Sua opinião não pode ser confiável quando se trata do próprio caso. T3 68.1
Foi-me mostrado que você teve alguma melhora, mas não tanta, ou tão depressa, ou tão completa, como poderia, porque toma seu caso nas próprias mãos. Por esta razão, e para que sentisse ser seu dever ser guiada pelo critério dos mais experientes, eu quis que viesse ao Instituto de Saúde. Os médicos no Instituto de Saúde compreendem a enfermidade, suas causas e o tratamento apropriado melhor do que você; e se você de boa vontade submeter suas idéias fixas, e seguir o critério deles, há esperança quanto a sua recuperação. Mas se recusar fazer isto, não vejo esperança de você conseguir o que poderia com tratamento apropriado. T3 68.2
Como afirmei, você, minha irmã, confia na experiência. Sua experiência leva você a seguir certa conduta. Mas aquilo que muitos chamam de experiência não é experiência de modo algum; é simplesmente hábito, ou mera condescendência, seguida cegamente e com freqüência ignorantemente, com uma determinação firme, fixa, e sem consideração inteligente ou pesquisa relativa às leis que atuarão na obtenção do resultado. T3 68.3
Experiência real é uma diversidade de experimentos cuidadosos feitos com a mente despida de preconceito e não controlada por opiniões e hábitos previamente estabelecidos. Os resultados são anotados com cuidadoso esmero e desejo sério de aprender, de melhorar e de reformar todo hábito que não esteja em harmonia com as leis físicas e morais. A idéia de outros questionar o que você aprendeu por experiência lhe parece tolice e mesmo crueldade. Mas há mais erros recebidos e firmemente retidos de falsas idéias de experiência do que de qualquer outra causa, pelo fato de que aquilo que é geralmente chamado experiência não é absolutamente experiência; porque nunca houve uma prova satisfatória por uma real verificação e pesquisa cabal, com um conhecimento do princípio envolvido na ação. T3 69.1
Sua experiência foi-me mostrada como não merecedora de confiança porque se opõe à lei natural. Está em conflito com os imutáveis princípios da natureza. A superstição, minha querida irmã, que vem de uma imaginação doentia, lança-a em conflito com a ciência e os princípios. Qual deverá ser renunciado? Seus fortes preconceitos e idéias muito fixas acerca de qual o melhor procedimento a seguir, a seu próprio respeito, por muito tempo a detiveram do bem. Por anos compreendi seu caso, mas tenho-me sentido incapaz de apresentar o assunto de modo tão claro que você o visse e compreendesse, e pusesse em prática a luz que lhe foi concedida. T3 69.2
Existem hoje muitos doentes que sempre assim permanecerão, porque não se convencem de que seu modo de viver não merece confiança. O cérebro é a capital do corpo, a sede de todas as forças nervosas e da ação mental. Os nervos procedentes do cérebro controlam o corpo. Pelos nervos do cérebro são transmitidas impressões mentais para todos os membros do corpo, como se fossem fios telegráficos, e eles controlam a ação vital de todas as partes do organismo. Todos os órgãos de movimento são governados pelas comunicações que recebem do cérebro. T3 69.3
Se a sua mente está impressionada e convencida de que o banho lhe fará mal, a impressão mental é comunicada a todos os nervos do corpo. Os nervos controlam a circulação do sangue; portanto, o sangue, através da impressão mental, é confinado aos vasos sangüíneos, e perdem-se os bons efeitos do banho. Tudo isto se dá porque o sangue é impedido pela mente e a vontade de fluir prontamente e vir à superfície para estimular, despertar e promover a circulação. Suponhamos que você tenha a impressão de que se tomar banho sentirá frio. O cérebro manda essa informação aos nervos do corpo, e os vasos sangüíneos, em obediência à sua vontade, não podem realizar seu trabalho e promover uma reação após o banho. Não há razão na ciência ou na filosofia para se pensar que um banho ocasional, tomado com esmerado cuidado, não possa senão trazer-lhe benefício. Isso ocorre especialmente nos casos em que há pouco exercício para manter os músculos em atividade e ajudar a circulação do sangue pelo organismo. O banho livra a pele do acúmulo constante de impurezas e mantém a pele úmida e elástica, aumentando e equilibrando assim a circulação. T3 69.4
As pessoas que estão com saúde não devem de maneira alguma negligenciar o banho. Devem fazer o possível para tomar pelo menos dois banhos por semana. As que não estão com saúde têm impurezas no sangue e a pele não está em condição saudável. A multidão de poros, ou pequenos orifícios, através dos quais o corpo respira, tornam-se obstruídos e cheios de matéria residual. A pele precisa ser cuidadosa e perfeitamente limpa, a fim de que os poros desempenhem o seu trabalho de libertar o corpo das impurezas. Por isso, as pessoas fracas e doentes necessitam com certeza das vantagens e bênçãos do banho pelo menos duas vezes por semana, e com freqüência mais ainda do que isto é necessário. Quer a pessoa esteja doente ou com saúde, a respiração torna-se mais livre e fácil se o banho for praticado. Por meio dele, os músculos tornam-se mais flexíveis, a mente e o corpo são igualmente revigorados, o intelecto torna-se mais lúcido e mais vigorosa cada faculdade. O banho é um calmante dos nervos. Promove a transpiração, estimula a circulação, neutraliza as obstruções do organismo e age beneficamente sobre os rins e órgãos urinários. O banho auxilia os intestinos, o estômago e o fígado, comunicando energia e nova vida a cada um. Também estimula a digestão, e, em vez de enfraquecer-se, o organismo é fortalecido. Em vez de aumentar a possibilidade de resfriado, um banho, convenientemente tomado, protege contra ele, pois a circulação é aumentada, e os órgãos uterinos, que estão mais ou menos congestionados, são aliviados; pois o sangue é levado à superfície, e se consegue um fluxo de sangue mais livre e mais regular através de todos os vasos sangüíneos. T3 70.1
É dito que a experiência é a melhor mestra. Experiência genuína é de fato superior ao conhecimento livresco. Mas hábitos e costumes amarram homens e mulheres com cadeias de ferro, e são geralmente justificados pela experiência, segundo o sentido comum do termo. Muitos têm maltratado a experiência preciosa. Têm-se apegado a seus hábitos perniciosos, que estão decididamente enfraquecendo a saúde física, mental e moral; e quando a gente procura instruí-los, eles justificam sua conduta referindo-se à experiência. Mas a verdadeira experiência está em harmonia com a lei natural e a ciência. T3 71.1
É aqui que temos encontrado as maiores dificuldades em questões religiosas. Os fatos mais simples podem ser apresentados, as verdades mais claras sustentadas pela Palavra de Deus podem ser levadas à mente; mas o ouvido e o coração estão fechados, e o argumento todo-convincente é: “Minha experiência.” Alguns dirão: “O Senhor me abençoou em crer e agir como eu faço; portanto não posso estar em erro.” Apegam-se à “minha experiência”, e as verdades mais santificadoras da Bíblia são rejeitadas por causa daquilo que gostam de chamar de experiência. Muitos dos hábitos mais grosseiros são acariciados sob o pretexto de experiência. Muitos deixam de alcançar aquela melhora física, intelectual e moral que é seu privilégio e dever alcançar porque insistem sobre a confiabilidade e segurança de sua experiência, embora esta suposta experiência seja contrária aos mais óbvios fatos revelados. Muitos homens e mulheres, cujos hábitos errôneos destruíram sua constituição e saúde, serão achados recomendando sua experiência como guia seguro para outros, quando é esta mesma experiência que lhes roubou a vitalidade e a saúde. Muitos exemplos podem ser dados para mostrar como homens e mulheres têm sido enganados confiando em sua experiência. T3 71.2
O Senhor, no princípio, fez o homem reto. Foi criado com a mente perfeitamente equilibrada, sendo o tamanho e a força de todos os órgãos perfeitamente desenvolvidos. Adão era um tipo perfeito de homem. Cada uma das qualidades da mente achava-se bem proporcionada, cada qual tendo uma função distinta, e no entanto todas eram interdependentes para seu pleno e apropriado uso. Foi permitido a Adão e Eva comer de todas as árvores do jardim, menos uma. O Senhor disse ao santo par: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2:17. Eva foi enganada pela serpente a crer que Deus não faria como tinha dito. “É certo que não morrereis”, disse a serpente. Gênesis 3:4. Eva comeu e imaginou que sentira as sensações de uma vida nova e mais elevada. Ela levou o fruto ao marido, e o que teve uma influência irresistível sobre ele foi a experiência dela. A serpente dissera que Eva não morreria, e ela não sentira nenhum mau efeito do fruto, nada que pudesse ser interpretado como morte, mas, justamente como a serpente tinha dito, uma sensação agradável que ela imaginou ser como os anjos sentiam. Sua experiência se pôs contra o mandamento positivo de Jeová, e Adão se deixou seduzir pela experiência da esposa. Assim é com o mundo religioso em geral. Os mandamentos expressos de Deus são transgredidos, e “visto como se não executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal”. Eclesiastes 8:11. T3 72.1
Em face dos mais positivos mandamentos de Deus, homens e mulheres seguirão a própria inclinação e então ousam orar sobre o assunto, para persuadir Deus a permitir-lhes ir contra Sua vontade expressa. O Senhor não Se agrada com tais orações. Satanás se coloca ao lado de tais pessoas, como o fez com Eva no jardim, e as impressiona, e elas têm uma agitação mental, e isto interpretam como a experiência mais maravilhosa que o Senhor lhes deu. Uma experiência verdadeira estará em perfeita harmonia com a lei natural e divina. A experiência falsa se alinhará contra a ciência e os princípios de Jeová. O mundo religioso está coberto com um manto de trevas morais. Superstição e fanatismo controlam a mente de homens e mulheres, e lhes cegam o raciocínio de modo que não discernem seu dever para com os semelhantes e seu dever de prestar obediência inquestionável à vontade de Deus. T3 72.2
Balaão consultou a Deus se podia amaldiçoar a Israel, porque assim fazendo tinha a promessa de uma grande recompensa. E Deus disse: “Não irás” (Números 22:12); mas ele foi pressionado pelos mensageiros, e maiores incentivos foram apresentados. A Balaão foi mostrada a vontade do Senhor nesta questão, mas ele estava tão ansioso de receber a recompensa que ousou consultar a Deus pela segunda vez. O Senhor permitiu que Balaão fosse. Então ele teve uma experiência maravilhosa, mas quem teria gostado de ser guiado por tal experiência? Há aqueles que compreenderiam seu dever claramente se estivesse em harmonia com suas inclinações naturais. As circunstâncias e a razão podem claramente indicar seu dever; mas quando são contrárias à sua inclinação natural, estas evidências são freqüentemente postas de lado. Então tais pessoas presumem ir a Deus para saber seu dever. Mas “Deus não Se deixa escarnecer”. Gálatas 6:7. Ele permitirá que essas pessoas sigam os desejos de seu coração. “Mas o Meu povo não quis ouvir a Minha voz. ... Pelo que Eu os entreguei aos desejos do seu coração, e andaram segundo os seus próprios conselhos.” Salmos 81:11, 12. T3 73.1
Aqueles que querem seguir uma conduta que agrada sua fantasia correm o perigo de serem deixados a seguir as próprias inclinações, supondo que sejam as diretrizes do Espírito de Deus. O dever de alguns é indicado de modo suficientemente claro por circunstâncias e fatos; mas, pelas solicitações de amigos, em harmonia com as próprias inclinações, eles desviam-se do caminho do dever e ignoram as claras evidências no caso; então, com aparente escrúpulo, oram longa e fervorosamente por luz. Têm um sentimento fervoroso a respeito do assunto, e interpretam isso como sendo o Espírito de Deus. Estão, porém, enganados. Essa conduta entristece o Espírito de Deus. Eles tinham luz e pela própria natureza das coisas deviam ter compreendido seu dever; mas uns poucos incentivos agradáveis lhes inclinam a mente no rumo errado, e insistem sobre isto diante do Senhor e argumentam seu caso, e o Senhor permite que sigam o próprio caminho. Têm uma inclinação tão forte de seguir o próprio caminho que Ele permite que o façam e sofram as conseqüências. Tais pessoas imaginam que têm uma experiência maravilhosa. T3 73.2
Minha querida irmã, firmeza é uma influência forte e controladora sobre sua mente. Você adquiriu força para erguer-se e enfrentar a oposição, e executar empreendimentos difíceis e desconcertantes. Você não gosta de contenda. É altamente sensível, sente profundamente. É estritamente conscienciosa, e seu julgamento tem de ser primeiro convencido, antes de ceder a opiniões alheias. Se sua saúde física não tivesse sido enfraquecida, você se teria tornado uma mulher eminentemente útil. Por muito tempo tem estado doente, e isto lhe tem afetado a mente de tal forma que seus pensamentos se têm concentrado em si mesma, e a imaginação afetou o corpo. Em muitos aspectos seus hábitos não têm sido bons. Seu alimento não tem sido correto na qualidade e na quantidade. Você tem comido liberalmente, e alimento de qualidade pobre, o que não tem se convertido em bom sangue. Tem educado o estômago para esse tipo de regime. Isso, segundo seu discernimento, era o melhor, porque imaginava dele provir o mínimo de desconforto. Mas essa não foi uma prática correta. Seu estômago não estava recebendo aquele vigor que devia receber de sua alimentação. Tomado em estado líquido, seu alimento não lhe podia dar saudável vigor ou tono ao organismo. Mas quando mudar esse hábito, e comer mais alimentos sólidos e menos alimentos líquidos, sentirá desconforto no estômago. Não obstante, não deve ceder; deve educar o estômago para suportar regime alimentar mais sólido. Você tem usado roupa em demasia e tem debilitado a pele assim fazendo. Não tem dado a seu corpo a oportunidade de respirar. Os poros da pele, as pequenas aberturas pelas quais o corpo respira, têm-se fechado, e o organismo encheu-se de impurezas. T3 74.1
Seu hábito de passear a cavalo ao ar livre e ao sol tem sido benéfico. Sua vida ao ar livre a tem sustentado de modo a ter o grau de vigor físico que agora desfruta. Mas tem negligenciado outro exercício que era ainda mais essencial do que este. Você tem dependido de sua carruagem para ir mesmo a uma pequena distância. Pensa que se andasse mesmo uma curta distância isso a prejudicaria, e tem se sentido cansada ao fazê-lo. Mas nisso sua experiência não é digna de confiança. T3 75.1
A mesma força de movimento que você exerce entrando e saindo da carruagem, e em subir e descer escadas, poderia ser exercitada igualmente em caminhar e realizar os deveres comuns e necessários da vida. Você tem sido muito negligente em relação aos deveres domésticos. Não sente que poderia cuidar da roupa de seu marido ou de seu alimento. Agora, minha irmã, esta incapacidade existe mais na sua imaginação do que em sua capacidade de fazê-lo. Pensa que fazendo isso ficará cansada ou sobrecarregada; e de fato se cansa. Mas você tem vigor que se fosse posto em uso prático e econômico realizaria muito bem, e a faria muito mais útil e feliz. Você tem tanto pavor de tornar-se inválida que não tem exercido a força com que Deus a abençoou. Em muitas coisas você ajudou seu marido. Ao mesmo tempo você tem abusado de sua paciência e força. Quando ele pensou que você poderia mudar alguns de seus hábitos e melhorar, você se ressentiu de que ele não compreendia seu caso. Suas amigas perceberam que você poderia ser mais útil em seu lar e não ser tão negligente. Isso a entristeceu. Você pensou que elas não compreendiam. Algumas pessoas têm imprudentemente forçado a opinião sobre você quanto a seu caso, e isso também a entristeceu. Você sentiu que Deus, em resposta à oração, a ajudaria, e deste modo tem sido ajudada muitas vezes. Mas não recuperou aquele vigor físico que era seu privilégio desfrutar, porque não tem feito sua parte. Não tem trabalhado em plena união com o Espírito de Deus. T3 75.2
O Senhor lhe deu uma obra a fazer, a qual Ele não Se propõe fazer em seu lugar. Você deve agir movida por princípio, em harmonia com a lei natural, independente dos sentimentos. Deve começar a agir segundo a luz que Deus lhe deu. Talvez não lhe seja possível fazer tudo imediatamente, mas poderá fazer muito se ativar-se aos poucos, com fé, crendo que Deus será seu ajudador, que Ele a fortalecerá. Poderá fazer o exercício de andar, e cumprindo deveres que exijam trabalho leve, no seio da família, e não dependendo tanto dos outros. A consciência de que você pode fazer algo lhe aumentará as forças. Se usasse mais as mãos, e esforçasse menos o cérebro em fazer planos para outros, sua força física e mental aumentaria. Seu cérebro não é ocioso, mas não há um esforço correspondente por parte dos outros órgãos do corpo. O exercício, para lhe ser de positiva vantagem, deve ser sistematizado e levado a influir nos órgãos debilitados, para que se possam fortalecer pelo uso. A cura do movimento [massagem] é grande vantagem a certa classe de pacientes, enfraquecidos demais para o exercício. É, porém, grande erro crer que todos os enfermos possam confiar nela e dela depender, ao mesmo tempo que negligenciem eles mesmos exercitar seus músculos. T3 76.1
Ao nosso redor estão morrendo milhares que poderiam sarar e viver, se o quisessem; mas a imaginação prende-os. Temem que piorem se trabalharem ou fizerem exercício, quando essa é justamente a mudança de que precisam para se recuperar. Sem isso jamais se sentirão melhor. Devem exercer a força de vontade, erguendo-se acima de suas dores e debilidades, empenhar-se em atividade útil e esquecer que têm dores nas costas, nos lados, nos pulmões e na cabeça. Negligenciar exercitar todo o corpo, ou parte dele, causará estados doentios. A inatividade de qualquer dos órgãos do corpo será seguida de uma diminuição no tamanho e na força dos músculos e fará que o sangue flua lento através dos vasos sangüíneos. T3 76.2
Se há deveres a serem feitos em sua vida doméstica, você não considera que lhe é possível fazê-los, mas depende de outros. Por vezes é excessivamente inconveniente obter o auxílio de que precisa. Freqüentemente gasta o dobro da energia exigida para realizar a tarefa, planejando e buscando alguém que faça o trabalho para você. Se tão-somente aplicasse a mente para fazer essas pequenas tarefas e deveres domésticos, você seria abençoada e fortalecida, e sua influência na causa de Deus seria bem maior. Deus criou Adão e Eva no Paraíso, e os cercou de tudo que era útil e atrativo. Plantou para eles um lindo jardim. Não faltava nenhuma erva, nem flor ou árvore que poderia ser de utilidade ou servir de ornamento. O Criador do ser humano sabia que o produto de Suas mãos não poderia ser feliz sem uma ocupação. O Paraíso lhes deleitava o coração, mas isto não era suficiente; precisavam ter um trabalho para exercitar os maravilhosos órgãos do corpo. O Senhor fez os órgãos para serem usados. Se a felicidade consistisse em nada fazer, o ser humano, em seu estado de santa inocência, teria sido deixado sem ocupação. Mas Aquele que formou o ser humano sabia o que seria para sua felicidade perfeita, e logo que o criou lhe designou seu trabalho. A fim de ser feliz, ele devia trabalhar. T3 76.3
Deus nos deu a todos algo a fazer. No desempenho dos vários deveres que nos cabe fazer, que se encontram em nosso caminho, nossa vida se tornará útil, e seremos abençoados. Não somente os órgãos do corpo serão fortalecidos pelo exercício, mas a mente também adquirirá vigor e conhecimento pela ação daqueles órgãos. O exercício de um músculo, enquanto outros são deixados inativos, não fortalecerá os inativos mais do que o exercício contínuo de uma das faculdades da mente desenvolverá e fortalecerá os órgãos não utilizados. Cada faculdade mental e cada músculo têm sua função distinta, e todos precisam ser exercitados a fim de desenvolver-se de modo apropriado e conservar o vigor. Cada órgão e cada músculo têm um trabalho a fazer no organismo vivo. Toda roda do sistema deve ser uma roda viva, ativa e que trabalha. As belas e maravilhosas obras da natureza precisam ser conservadas em movimento ativo a fim de desempenhar o trabalho para o qual foram designadas. Cada faculdade tem uma influência sobre as outras, e todas precisam ser exercitadas para desenvolver-se de modo apropriado. Se um músculo do corpo é mais exercitado do que outro, aquele que foi exercitado ficará muito maior, e destruirá a harmonia e beleza do desenvolvimento do organismo. Uma variedade de exercícios porá em uso todos os músculos do corpo. T3 77.1
Aqueles que são fracos e indolentes não devem ceder à sua tendência de estarem inativos, privando-se assim do ar e da luz solar, mas devem praticar exercício ao ar livre, andando ou trabalhando no jardim. Eles se tornarão muitíssimo fatigados, mas isso não os prejudicará. Você, minha irmã, experimentará fadiga; contudo, isso não a prejudicará. Seu descanso será mais agradável. A inatividade enfraquece os órgãos que não são exercitados. E quando esses órgãos são utilizados, dor e fraqueza são experimentadas, pois os músculos se tornaram fracos. Não é prudente abandonar o uso de certos músculos porque se sente dor quando são exercitados. A dor é, em geral, causada pelo esforço da natureza para transmitir vida e vigor àquelas partes que se tornaram parcialmente sem vida por causa da inatividade. O movimento desses músculos durante muito tempo sem uso causará dor, pois a natureza os está despertando para a vida. T3 78.1
Em todos os casos possíveis, andar é o melhor remédio para os corpos enfermos, pois nesse exercício todos os órgãos do corpo são postos em uso. Muitos que dependem da cura de movimento [massagem] podem fazer mais por si mesmos pelo exercício muscular do que as massagens o podem fazer por eles. Em alguns casos, a falta de exercício faz com que os intestinos e músculos se tornem enfermos e contraídos, e esses órgãos que se tornaram doentios por falta de uso poderão ser fortalecidos pelo exercício. Nenhum exercício pode substituir a caminhada. Ela aumenta grandemente a circulação do sangue. T3 78.2
O uso ativo dos membros será da maior vantagem para você, irmã N. Você tem tido muitas idéias, e tem sido muito confiante, o que lhe é prejudicial. Enquanto você temer confiar-se às mãos dos médicos, e pensar que entende seu caso melhor do que eles, não pode ser beneficiada, mas somente prejudicada, pelo tratamento deles. A menos que os médicos possam obter a confiança de seus pacientes, eles nunca os podem ajudar. Se você se automedica, e pensa que sabe melhor do que os médicos que tratamento deve usar, não pode ser beneficiada. Você precisa renunciar sua vontade e suas idéias, e não armar-se para resistir ao critério e conselho deles em seu caso. T3 78.3
Que o Senhor a ajude, minha irmã, a ter não somente fé, mas as obras correspondentes. T3 79.1