Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 46 — Dever para com os desafortunados
Foram-me mostradas algumas coisas com referência a nosso dever para com os desafortunados, que sinto ser meu dever escrever agora. T3 511.1
Vi que é pela providência de Deus que viúvas e órfãos, cegos, surdos, coxos e pessoas atribuladas por diversos modos foram postos em íntima relação cristã com Sua igreja; é para provar Seu povo e desenvolver seu verdadeiro caráter. Os anjos de Deus estão observando para ver como tratamos essas pessoas necessitadas de nossa simpatia, amor e desinteressada generosidade. Esta é a maneira de Deus provar nosso caráter. Se possuímos a verdadeira religião da Bíblia, havemos de ver que temos para com Cristo um débito de amor, bondade e interesse, em favor de Seus irmãos. Não podemos fazer outra coisa senão manifestar nossa gratidão por Seu incomensurável amor para conosco enquanto éramos pecadores indignos de Sua graça, mantendo um profundo interesse e desprendido amor para com aqueles que são nossos irmãos, e menos afortunados que nós. T3 511.2
Os dois grandes princípios da lei de Deus são o supremo amor a Deus e amor altruísta ao próximo. Os primeiros quatro mandamentos e os últimos seis dependem desses dois princípios, ou deles provêm. Cristo explicou ao doutor da lei que seu próximo se encontrava na ilustração do homem que viajava de Jerusalém para Jericó e caiu entre ladrões, sendo roubado, espancado e deixado meio morto. O sacerdote e o levita viram o homem sofrendo, mas seu coração não correspondeu a suas necessidades. Evitaram-no, passando de largo. O samaritano passou por aquele caminho e, quando viu a necessidade de auxílio em que se achava o estranho, não perguntou se era parente, conterrâneo ou da mesma fé; mas pôs-se a trabalhar a fim de ajudar o sofredor, pois havia algo que devia ser feito. Aliviou-o da melhor maneira que pôde, pô-lo sobre a própria cavalgadura e levou-o a uma hospedaria, tomando providências para suas necessidades, por conta própria. Esse samaritano, disse Cristo, era o próximo daquele que caiu entre ladrões. O levita e o sacerdote representam, na igreja, uma classe que manifesta indiferença até para com os que precisam de sua simpatia e auxílio. Esta classe, malgrado sua posição na igreja, é transgressoras dos mandamentos. O samaritano representa uma classe de fiéis auxiliadores de Cristo, que Lhe imitam o exemplo em fazer o bem. T3 511.3
Os que têm pena dos desafortunados, dos cegos, aleijados, enfermos, viúvas, órfãos e necessitados, Cristo os representa como observadores dos mandamentos, que hão de ter vida eterna. Há em _____ uma grande falta de religião pessoal e de um senso de obrigação individual para sentir as misérias de outros e para trabalhar com bondade desinteressada pelo bem-estar dos desafortunados e aflitos. Alguns não têm experiência nestes deveres. Eles têm sido toda sua vida como o levita e o sacerdote, que passaram do outro lado. Há um trabalho para a igreja fazer, o qual, se for negligenciado, trará trevas sobre eles. A igreja como um todo e individualmente deve examinar fielmente seus motivos e comparar sua vida com a vida e ensinos do único Modelo correto. Cristo considera todos os atos de misericórdia, beneficência e atenciosa consideração para com os desafortunados, os cegos, os aleijados, os doentes, as viúvas e os órfãos como feitos a Ele mesmo; e essas obras são mantidas nos registros celestes e serão recompensadas. Por outro lado, será escrito no livro um registro contra os que manifestam a indiferença do sacerdote e do levita para com os desafortunados, e os que se prevalecem do infortúnio dos outros, aumentando-lhes o sofrimento a fim de egoistamente desfrutarem vantagens. Deus certamente retribuirá todo ato de injustiça e toda manifestação de descuidosa indiferença e negligência para com os sofredores de nosso meio. Todos serão finalmente recompensados de acordo com suas obras. T3 512.1
Foi-me mostrado com respeito ao irmão E que ele não foi tratado com justiça por seus irmãos. Os irmãos F, G e outros se conduziram para com ele de modo a desagradar a Deus. O irmão F não teve interesse especial no irmão E, a menos que julgasse que poderia tirar vantagem à custa dele. Foi-me mostrado que alguns consideravam o irmão E como sendo avarento e desonesto. Deus Se desagrada com tal julgamento. O irmão E não teria tido problema e teria tido recursos suficientes para se manter não fosse a conduta egoísta de seus irmãos que tinham vista e propriedades, e que trabalharam contra ele procurando converter suas habilidades para obter vantagem própria. Aqueles que tiram vantagem do esforço duro de um cego e procuram beneficiar-se com suas invenções cometem roubo e são virtualmente transgressores dos mandamentos. T3 513.1
Há alguns na igreja que professam estar guardando a lei de Jeová, mas que são transgressores daquela lei. Há pessoas que não discernem os próprios defeitos. Elas têm um espírito egoísta e mesquinho e fecham os olhos a seu pecado de cobiça, que a Bíblia define como idolatria. Pessoas desta espécie podem ter sido estimadas por seus irmãos como cristãos exemplares; mas os olhos de Deus lêem o coração e discernem os motivos. Ele vê aquilo que o homem não pode ver nos pensamentos e no caráter. Em Sua providência, Ele traz estas pessoas a posições que revelarão eventualmente os defeitos de seu caráter, para que se quiserem vê-los e corrigi-los possam fazê-lo. Há alguns que em toda sua vida têm procurado os próprios interesses, ficado absortos com os próprios planos egoístas e ansiosos para tirar vantagem sem refletir muito se outros estariam em dificuldades ou perplexidade por quaisquer planos ou ações de sua parte. O Senhor às vezes permite que as pessoas desta classe prossigam em sua conduta egoísta em cegueira espiritual até que seus defeitos sejam evidentes a todos que têm discernimento espiritual, e elas manifestem por suas obras que não são cristãs genuínas. T3 513.2
Os que possuem propriedades e relativa saúde, e que desfrutam a bênção inestimável da vista, têm toda vantagem sobre um cego. Muitos caminhos lhes estão abertos em sua carreira de negócios que estão fechados para um homem que perdeu a vista. Pessoas que desfrutam o uso de todas as suas faculdades não devem cuidar do próprio interesse egoísta e privar a um irmão cego de uma partícula de sua oportunidade de ganhar a vida. O irmão E é um homem pobre. É um homem fraco; também é cego. Ele tem desejado seriamente ajudar a si mesmo, e, embora vivendo sob um fardo de enfermidades desalentadoras, sua aflição não secou os impulsos generosos de seu coração. Em suas circunstâncias limitadas, ele tem tido ânimo para trabalhar e tem feito mais aos olhos de Deus para aqueles que necessitam de auxílio do que muitos irmãos que desfrutam da vista e que possuem uma boa propriedade. O irmão E possui um capital em sua experiência comercial e sua faculdade inventiva. Ele tem trabalhado seriamente com esperanças elevadas de inventar uma atividade pela qual poderia se manter e não depender de seus irmãos. T3 514.1
Eu gostaria que todos nós víssemos as coisas como Deus as vê. Gostaria que pudéssemos compreender como Deus considera esses homens que professam ser seguidores de Cristo, que possuem a bênção da visão e a vantagem de recursos em seu favor, e no entanto invejam a pequena prosperidade desfrutada por um pobre cego, e gostariam de beneficiar-se com o aumento de sua soma de recursos à custa de seu afligido irmão. Isto é considerado por Deus como o mais criminoso egoísmo e como roubo, sendo um grave pecado que Ele sem dúvida punirá. Deus nunca esquece. Ele não vê essas coisas com olhos humanos e com o frio e insensível discernimento do homem. Ele vê as coisas não do ponto de vista do mundo, mas do ponto de vista da misericórdia, da piedade e do infinito amor. T3 514.2
O irmão H tentou ajudar o irmão E, mas não com motivos desinteressados. De início sua piedade foi despertada. Viu que o irmão E precisava de ajuda. Mas logo perdeu seu interesse, e sentimentos egoístas ganharam força, até que a conduta de seus irmãos resultou em prejuízo e não em beneficio para o irmão E. Estas coisas grandemente desencorajaram o irmão E e têm tido a tendência de enfraquecer sua confiança em seus irmãos. Resultaram em envolvê-lo em dívidas que não podia pagar. Ao reconhecer os sentimentos egoístas manifestados para com ele por alguns de seus irmãos, isto o tem magoado e algumas vezes irritado. Seus sentimentos por vezes têm sido quase incontroláveis ao reconhecer sua condição desamparada, sem vista, sem recursos, sem saúde e com alguns de seus irmãos trabalhando contra ele. Isto tem agravado suas aflições e pesado terrivelmente sobre sua saúde. T3 515.1
Foi-me mostrado que o irmão E tem algumas boas qualidades mentais que seriam melhor apreciadas se ele tivesse maior poder de domínio próprio e não se tornasse agitado. Toda exibição de impaciência e de mau humor pesa contra ele, e é exagerada por alguns que são culpados de pecados muito mais graves à vista de Deus. Os princípios do irmão E são bons. Ele tem integridade. Não é um homem desonesto. Não defraudaria a ninguém deliberadamente. Mas ele tem faltas e pecados que precisam ser vencidos. Ele, bem como outras pessoas, tem de lidar com a natureza humana. Com demasiada freqüência ele é impaciente e é às vezes arrogante. Deve nutrir espírito mais bondoso e cortês e cultivar cordial gratidão para com aqueles que sentem interesse pelo seu caso. Por natureza possui temperamento impetuoso quando subitamente incitado ou provocado irrazoavelmente. Mas, não obstante, ele quer fazer o que é correto, e sente arrependimento sincero para com Deus quando reflete sobre seus erros. T3 515.2
Se vir seus irmãos inclinados a lhe fazer justiça, ele será generoso para perdoar e bastante humilde para desejar paz, mesmo que tenha de fazer grandes sacrifícios para obtê-la. Mas ele é facilmente incitado; é de um temperamento nervoso. Ele tem necessidade da suavizante influência do Espírito de Deus. Se aqueles que estão prontos para censurá-lo considerassem as próprias faltas e bondosamente fechassem os olhos para suas faltas tão generosamente como devem, manifestariam o espírito de Cristo. O irmão E tem um trabalho a fazer para ser vencedor. Suas palavras e relacionamento com outros devem ser gentis, bondosos e agradáveis. Deve guardar-se estritamente de tudo que sugira espírito ditatorial, maneiras e palavras arrogantes. T3 515.3
Embora Deus seja amigo dos cegos e desafortunados, Ele não desculpa seus pecados. Ele requer que vençam e que aperfeiçoem caráter cristão em nome de Jesus, que venceu em seu favor. Mas Jesus Se condói de nossa fraqueza, e Ele está pronto para dar força a fim de suportarmos a prova e resistirmos às tentações de Satanás se lançarmos nosso fardo sobre Ele. Anjos são enviados para ministrar aos filhos de Deus que são fisicamente cegos. Anjos protegem seus passos e os livra de mil perigos, os quais, sem que o saibam, assediam seu caminho. Mas Seu Espírito não os assistirá a menos que cultivem espírito de bondade e procurem seriamente controlar sua natureza e submeter a Deus suas paixões e todas as faculdades. Precisam cultivar um espírito de amor e controlar suas palavras e ações. T3 516.1
Foi-me mostrado que Deus requer que Seu povo seja muito mais piedoso e compassivo para com os desafortunados do que o tem sido. “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago 1:27. Aqui é definida a religião genuína. Deus requer que a mesma consideração que deve ser dada à viúva e aos órfãos seja dada aos cegos e aos que sofrem sob a aflição de outras enfermidades físicas. A beneficência desinteressada é muito rara nesta época do mundo. T3 516.2
Foi-me mostrado, no caso do irmão E, que aqueles que o tratarem de um modo injusto e o desanimarem em seus esforços para se ajudar, ou que, cobiçando a prosperidade do pobre cego, se beneficiarem à sua custa, trarão sobre si mesmos a maldição de Deus, que é amigo dos cegos. Instruções especiais foram dadas aos filhos de Israel com referência aos cegos: “Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. Não fareis injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo.” Levítico 19:13-15. “Maldito aquele que arrancar o termo do seu próximo! E todo o povo dirá: Amém! Maldito aquele que fizer que o cego erre do caminho! E todo o povo dirá: Amém! Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva! E todo o povo dirá: Amém!” Deuteronômio 27:17-19. T3 516.3
É estranho que professos cristãos não estimem os ensinamentos claros e positivos da Palavra de Deus e não sintam compunções de consciência. Deus coloca sobre eles a responsabilidade de cuidar dos desafortunados, cegos, coxos, das viúvas e dos órfãos; porém, muitos não fazem nenhum esforço em relação a isto. A fim de salvar tais pessoas, Deus muitas vezes as coloca sob a vara da aflição, e as põe em posição semelhante à que ocupavam os que tiveram necessidade de sua ajuda e simpatia e nada receberam de suas mãos. T3 517.1
Deus fará a igreja de _____ responsável, como corporação, pela conduta errônea de seus membros. Se um espírito egoísta e contrário à simpatia se permite existir em qualquer de seus membros para com os desafortunados, as viúvas, os órfãos, os cegos, os coxos ou os que são enfermos no corpo e na mente, Ele esconderá Sua face de Seu povo até que cumpram o seu dever e removam o erro de seu meio. Se alguém que professa o nome de Cristo representar mal o seu Salvador a ponto de descuidar de seu dever para com os aflitos, ou se de qualquer maneira procurar tirar vantagem para si mesmo do mal dos desafortunados, e assim subtrair-lhes recursos, o Senhor torna a igreja responsável pelo pecado de seus membros até que tenham feito tudo que puderem para remediar o mal existente. Ele não atentará para a oração de Seu povo enquanto os órfãos, os desprotegidos, os coxos, os cegos e os enfermos forem negligenciados entre eles. T3 517.2
Há maior significado em “estar do lado do Senhor” do que simplesmente dizê-lo numa reunião. O lado do Senhor é sempre o lado da misericórdia, compaixão e simpatia pelo sofredor, como será visto pelo exemplo dado na vida de Jesus. Requer-se que imitemos Seu exemplo. Mas há alguns que não estão do lado do Senhor em relação a estas coisas; estão do lado do inimigo. Dando a Seus ouvintes uma ilustração deste assunto, Jesus disse: T3 518.1
“E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não Me visitastes. Então, eles também Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não Te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna.” Mateus 25:40-46. T3 518.2
Aqui em Seu sermão Cristo Se identifica com a humanidade sofredora e deixa claro a todos nós que indiferença ou injustiça feita ao menor de Seus santos é feita a Ele. Aqui está o lado do Senhor, e quem quiser estar do lado do Senhor, que venha conosco. O querido Salvador é ferido quando ferimos um de Seus humildes santos. T3 518.3
O justo Jó geme por causa de suas aflições e pleiteia em defesa própria quando acusado injustamente por um de seus consoladores. Ele diz: “Eu era o olho do cego e os pés do coxo; dos necessitados era pai e as causas de que não tinha conhecimento inquiria com diligência; e quebrava os queixais do perverso e dos seus dentes tirava a presa.” Jó 29:15-17. T3 518.4
O pecado de um só homem derrotou o exército todo de Israel. Uma conduta errada seguida por uma pessoa para com seu irmão desviará a luz de Deus de Seu povo até que o erro seja descoberto e a causa do oprimido seja vindicada. Deus requer que Seu povo seja gentil em seus sentimentos e discriminações, e ao mesmo tempo seu coração deve se alargar, seus sentimentos serem amplos e profundos, não estreitos, egoístas e avarentos. Nobre compaixão, grandeza de alma e benevolência desinteressada são necessárias. Então poderá a igreja triunfar em Deus. Mas enquanto a igreja permitir que o egoísmo drene a bondosa compaixão, o terno e solícito amor e o interesse por seus irmãos, toda virtude será corroída. O jejum de Isaías deve ser estudado e um rigoroso exame próprio feito com disposição para discernir se há neles os princípios que Deus requer de Seu povo a fim de que possam receber as ricas bênçãos prometidas. T3 519.1
Deus requer de Seu povo que não permita que o pobre e o aflito sejam oprimidos. Se quebrarem todo jugo e libertarem o oprimido, e forem desprendidos e possuídos de terna consideração pelos necessitados, então as bênçãos prometidas serão suas. Se existem na igreja os que querem fazer os cegos tropeçarem, devem ser chamados à justiça; pois Deus nos fez guardas dos cegos, dos sofredores, das viúvas e dos órfãos. O tropeço ao qual se refere a Palavra de Deus não quer dizer um bloco de madeira colocado ante os pés do cego (Levítico 19:14) para fazê-lo tropeçar; mas quer dizer muito mais do que isso. Quer dizer qualquer procedimento seguido para prejudicar a influência de um irmão cego, trabalhar contra seus interesses, ou atrapalhar sua prosperidade. T3 519.2
Um irmão cego, pobre, enfermo e que tudo esteja fazendo a fim de não vir a ser dependente deve de toda maneira possível ser encorajado por seus irmãos. Mas os que professam ser seus irmãos, que têm o uso de todas as suas faculdades, que não são dependentes, mas que esquecem o seu dever para com os cegos a tal ponto que confundem, afligem e impedem seu caminho, estão fazendo um trabalho que requererá arrependimento e restauração antes que Deus aceite as suas orações. E a igreja de Deus, que tem permitido que seus infortunados irmãos sejam injustiçados, será culpada de pecado até que faça tudo que estiver em seu poder para reparar a injustiça. T3 519.3
Todos, sem dúvida, conhecem o caso de Acã. É registrado na história sagrada para todas as gerações, mas mais especialmente para aqueles sobre os quais o fim do mundo tem chegado. Josué estava gemendo sobre seu rosto diante de Deus porque o povo foi obrigado a fazer uma retirada vergonhosa diante de seus inimigos. O Senhor ordenou a Josué que se levantasse: “Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?” Humilhei-te sem causa removendo Minha presença de ti? Não; Ele diz a Josué que há um trabalho para ele fazer antes que sua oração pudesse ser respondida. “Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram.” Ele declara: “Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.” Josué 7:10-12. T3 520.1
Aqui neste exemplo temos alguma idéia da responsabilidade da igreja e do trabalho que Deus requer que façam a fim de ter Sua presença. É um pecado em qualquer igreja não examinar a causa de suas trevas e das aflições que têm estado em seu meio. A igreja em _____ não pode ser uma igreja viva e próspera até [seus membros] estarem mais cônscios das faltas em seu meio, que impedem que a bênção de Deus venha sobre eles. A igreja não deve tolerar que irmãos em aflição sejam prejudicados. Estes são exatamente aqueles que devem despertar a simpatia de todos os corações e evocar o exercício de sentimentos nobres e benevolentes de todos os seguidores de Cristo. Os verdadeiros discípulos de Cristo trabalharão em harmonia com Ele e, seguindo Seu exemplo, ajudarão aqueles que precisam de ajuda. A cegueira do irmão E é uma aflição terrível, e todos devem procurar ser olhos para o cego e assim fazer com que ele sinta sua perda o menos possível. Há alguns que fazem uso de seus olhos espreitando oportunidades de trabalhar em proveito próprio para ganharem algo, mas Deus pode trazer confusão sobre eles de um modo que não esperam. T3 520.2
Se Deus em Sua misericórdia deu ao cego faculdades inventivas as quais ele pode usar para o próprio bem, não permita Deus que alguém lhe negue este privilégio e o roube dos benefícios que ele poderia obter do dom que Deus lhe deu. O cego, pela perda da vista, enfrenta desvantagens de todos os lados. O coração no qual não se suscitem piedade e simpatia ao ver um cego andando às apalpadelas num mundo para ele vestido em trevas é de fato duro, e tem de ser abrandado pela graça de Deus. O cego não pode contemplar uma face e nela ler bondosa simpatia e verdadeira benevolência. Não pode contemplar as belezas da natureza e reconhecer o dedo de Deus em Suas obras criadas. Seu júbilo confortante não lhe fala para consolá-lo e abençoá-lo quando desalento paira sobre ele. Quão rapidamente ele trocaria sua cegueira e toda bênção temporal pela bênção da vista. Mas ele está encerrado em um mundo de trevas, e os direitos que Deus lhe deu têm sido espezinhados para que outros lucrem. T3 521.1