Mente, Caráter e Personalidade 1
Capítulo 25 — Amor e sexualidade na vida humana
Nota: Ellen White viveu e labutou numa época em que havia grandes restrições quanto a falar em público ou escrever acerca de sexo e do relacionamento sexual entre marido e mulher. MCP1 218.1
Casou-se com Tiago White, em 30 de Agosto de 1846, depois de certificar-se, mediante oração, de ser esse um passo adequado. Convém notar que ela ia bem em seu ministério, pois havia vinte meses que ela era recebedora de visões do Senhor. Em resultado dessa união com Tiago White, teve quatro filhos, nascidos em 1847, 1849, 1854 e 1860. MCP1 218.2
Foi na década de 1860 — década de duas visões básicas sobre a reforma de saúde (6-6-1863 e 25-12-1865) — que Ellen G. White começou a considerar assuntos relacionados com o sexo. Declarações de anos posteriores foram mais elaboradas. Referindo-se às relações sexuais no matrimônio, ela empregou termos como: “privilégio da relação matrimonial”, “privilégio da relação familiar”, “privilégios sexuais”. MCP1 218.3
Para alcançar um conceito exato e equilibrado dos ensinos de Ellen White neste campo delicado, umas declarações devem ser comparadas com outras. Deve ser observada a súmula de muitas declarações. Deve haver muito cuidado quanto ao sentido das palavras empregadas. MCP1 218.4
Termos como “paixão” e “propensão” aparecem. São às vezes adjetivadas por palavras como vis, animalescas, concupiscentes, depravadas, corruptas. Esta linguagem forte poderia levar alguns leitores a entender que toda paixão seja condenável e toda a atividade sexual seja má. As citações seguintes dificilmente tal sustentariam: MCP1 218.5
Deus requer que controleis não só os pensamentos, mas também vossas paixões e afeições. ... A paixão e as afeições são agentes poderosos. ... Resguardai positivamente vossos pensamentos, vossas paixões e vossas afeições. Não os degradeis, pondo-os concupiscência. Elevai-as [as paixões e afeições] até à pureza, dedicai-as a Deus. — Testimonies for the Church 2:561, 564 (1870). [“Paixão” no sentido de sentimento forte e profundo. Nota do trad.] MCP1 218.6
Toda propensão animal deve ser sujeita às faculdades mais altas da alma. — Manuscrito 1, 1888; O Lar Adventista, 128. MCP1 219.1
No mesmo contexto no qual são usadas algumas das expressões fortes acima referidas, ela insta que as paixões devem ser controladas por aquilo a que ela chama “faculdades mais altas, mais nobres”, “razão”, “restrição moral” e “faculdades morais”. Ela escreve sobre temperança e moderação, e sobre o evitar excessos. No matrimônio, essas paixões comuns a todos os seres humanos devem ser sujeitas ao controle, devem ser dominadas. Notemos mais: MCP1 219.2
Os que consideram a relação matrimonial como uma das sagradas ordenanças de Deus, resguardadas por Seu santo preceito, serão controlados pelos ditames da razão. — Healthful Living 2:48. MCP1 219.3
Muito poucos julgam ser dever religioso o governar suas paixões. ... A aliança matrimonial cobre pecados das mais negras cores. ... Saúde e vida são sacrificadas no altar da vil paixão. As faculdades elevadas e nobres são postas em sujeição às propensões animalescas. ... O amor é princípio puro e santo; mas a paixão concupiscente não admite restrição e não quer saber de ditames ou controle por parte da razão. — Testimonies for the Church 2:472, 473 (1870). MCP1 219.4
Escreve ela sobre a relação matrimonial como “instituição sagrada”, passível de ser “pervertida”. Fala de “privilégios sexuais” que “são abusados”. Em outra parte, não é a paixão que é condenada, mas a paixão “vil” e “concupiscente”. E convém observar que Ellen White se refere à intimidade no casamento como “privilégio”. Conquanto ela advertisse contra o grosseiro comportamento sexual no matrimônio, ela se referiu a uma ocasião em que as afeições, mantidas em devida restrição, podem ser “desalgemadas”. Merece atento exame a declaração seguinte: MCP1 219.5
Com referência ao casamento, eu diria: Lede a Palavra de Deus. Mesmo na atualidade — os últimos dias da história deste mundo — realizam-se casamentos entre os adventistas do sétimo dia. ... Como um povo, nunca proibimos o casamento, exceto nos casos em que havia razões óbvias para que do casamento resultasse miséria para ambas as partes. E mesmo então, temos apenas advertido e aconselhado. — Carta 60, 1900. MCP1 219.6
Certa ocasião que, devido às exigências da obra em que ela e o esposo se empenhavam, a metade de um continente os separava, ela confidenciou, em carta a Tiago: MCP1 219.7
Sentimos todos os dias um muito sincero desejo de mais sagrada proximidade de Deus. Esta é minha oração quando me recolho ao leito, quando desperto durante a noite, e quando me levanto de manhã. Mais perto a Ti, Meu Deus, mais perto a Ti. ... MCP1 219.8
Durmo só. Isto parece ser a preferência de Maria, como a minha também. Assim tenho melhor oportunidade para refletir e orar. Aprecio estar só comigo, a menos que fosse agraciada com tua presença. Só contigo quero partilhar meu leito. — Carta 6, 1876. MCP1 220.1
Em tempo algum ela participou de ensinos que requeressem, no matrimônio, uma espécie de convívio platônico, semelhante ao de irmão com irmã, nem justificou tal relacionamento. Quando tratava com alguém que preconizasse ensinos dessa natureza, Ellen White aconselhava contra a imposição desses pontos de vista. Demorar neles o pensamento, escreveu ela, abriria o caminho para Satanás trabalhar “a imaginação de maneira que a impureza” em vez da pureza seria o resultado. — Carta 103, 1894. MCP1 220.2
Para cada privilégio lícito, concedido por Deus, Satanás tem uma contrapartida a propor. O pensamento puro e santo ele procura substituir pelo impuro. A santidade do amor matrimonial ele quer substituir pela permissividade, infidelidade, excesso e perversão; pelo sexo pré-marital, adultério, animalismo, dentro e fora do matrimônio, e a homossexualidade. A tudo isto faz referência este capítulo. — Compiladores. MCP1 220.3