História da Redenção

170/232

A decisão

Tiago também apresentou seu testemunho com decisão — que Deus decidira outorgar aos gentios os mesmos privilégios dos judeus. Ao Espírito Santo pareceu bem não impor aos gentios conversos a lei cerimonial, e os apóstolos e anciãos, depois de cuidadosa investigação do assunto, viram-no na mesma luz, e seu parecer foi como o parecer do Espírito de Deus. Tiago presidiu ao concílio e sua decisão final foi: “Pelo que julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus.” HR 307.3

Sua sentença foi que a lei cerimonial, e especialmente a ordenança da circuncisão, não deveriam ser impostas aos gentios, ou a eles sequer recomendadas. Tiago procurou imprimir na mente de seus irmãos o fato de que, em se tornando da idolatria para Deus, os gentios tinham feito grande mudança em sua fé, e que se deveria usar muita cautela para não perturbá-los com assuntos embaraçantes e duvidosos de somenos importância, para que não desanimassem em seguir a Cristo. HR 307.4

Os gentios, porém, não deviam seguir uma conduta que materialmente conflitasse com as opiniões de seus irmãos judeus, ou que criasse em sua mente preconceito contra eles. Os apóstolos e anciãos, portanto, concordaram em instruir por carta aos gentios a se absterem de carnes sacrificadas aos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Deviam guardar os mandamentos e santificar a vida. Foi-lhes afirmado que os que declaravam ser a circuncisão obrigatória não estavam autorizados a fazê-lo pelos apóstolos. HR 308.1

Paulo e Barnabé eram-lhes recomendados como pessoas que haviam arriscado a vida pelo Senhor. Judas e Silas foram enviados com estes apóstolos para declararem aos gentios de viva voz a decisão do concílio. Os quatro servos de Deus foram enviados a Antioquia com a epístola e a mensagem, e isso pôs fim a toda controvérsia; porque era voz da mais alta autoridade sobre a Terra. HR 308.2

O concílio que decidiu este caso era composto dos fundadores das igrejas cristãs judaicas e gentias. Estavam presentes anciãos de Jerusalém e delegados de Antioquia, e as igrejas mais influentes estavam representadas. O concílio não reclamou a infalibilidade de suas deliberações, mas conduziu-se de acordo com os ditames de iluminado juízo e com a dignidade de uma igreja estabelecida pela vontade divina. Viram que o próprio Deus tinha decidido a questão favorecendo os gentios com o Espírito Santo, e era-lhes deixado seguir a guia do Espírito. HR 308.3

Não foram convocados todos os cristãos para votarem sobre a questão. Os apóstolos e anciãos — homens de influência e bom senso — redigiram e expediram o decreto, que foi logo aceito pelas igrejas cristãs. Nem todos, entretanto, ficaram contentes com a decisão; havia uma facção de falsos irmãos que tomaram a decisão de se empenhar em uma obra de sua própria responsabilidade. Puseram-se a murmurar e criticar, propondo novos planos e procurando deitar abaixo a obra dos homens experientes a quem Deus havia mandado ensinar a doutrina de Cristo. Desde o início teve a igreja tais obstáculos a enfrentar, e há de tê-los até a consumação do tempo. HR 309.1