Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes

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26 — Sob a Disciplina de Cristo

Todo professor que tem de lidar com a educação de jovens estudantes deve lembrar-se de que as crianças são afetadas pela atmosfera que rodeia o mestre, quer seja aprazível quer desagradável. Se o professor está ligado com Deus, se Cristo habita seu coração, o espírito por ele nutrido se fará sentir às crianças. Se o professor entra na sala de aulas com espírito agitado, irritado, a atmosfera que lhe rodeia a alma deixará também sua impressão. CP 191.1

Os mestres que trabalham nessa parte da vinha do Senhor precisam ser senhores de si mesmos, de modo a dominar o temperamento e os sentimentos, mantendo-os sujeitos ao Espírito Santo. Devem dar provas de possuir, não uma experiência unilateral, mas espírito bem equilibrado, caráter simétrico. Aprendendo dia a dia na escola de Cristo, esses mestres podem educar sabiamente as crianças e os jovens. Cultivando-se e dominando-se, sob a disciplina de Cristo, entretendo viva ligação com o grande Mestre, terão conhecimento inteligente da religião prática; e, conservando a própria alma no amor de Deus, saberão exercer a graça da paciência e da suavidade cristã. Compreenderão que lhes cabe importantíssimo campo a cultivar na vinha do Senhor. Erguerão a Deus o coração na sincera súplica: “Senhor, sê Tu o meu modelo”; e então, olhando a Cristo, executarão Sua obra. CP 191.2

Mente bem equilibrada e caráter simétrico são exigidos dos professores em todos os sentidos. O ensino não deve ser entregue nas mãos de rapazes e moças que não sabem lidar com a mente humana, que jamais aprenderam a sujeitar-se à disciplina de Jesus Cristo e a levar-Lhe em cativeiro até os próprios pensamentos. Tampouco sabem do controlador poder da graça sobre o próprio coração e caráter, que muito têm a desaprender, devendo aprender lições inteiramente novas na experiência cristã. CP 191.3

Há nas crianças e jovens toda espécie de caráter a tratar, e eles têm mente impressionável. Muitas das crianças que cursam nossas escolas não receberam em casa a devida educação. Algumas foram deixadas à vontade para fazer o que lhes aprazia; outras foram criticadas e desanimadas. Bem pouco de agrado e animação lhes foram mostrados; poucas foram as palavras de aprovação a elas dirigidas. Elas herdaram o caráter imperfeito dos pais, e a disciplina doméstica não foi de nenhuma eficácia na formação do caráter correto. Pôr como professores, dessas crianças e jovens, rapazes e moças que não desenvolveram profundo e fervoroso amor para com Deus e as almas por quem Cristo morreu, é cometer um erro que poderá ter como conseqüência a perda de muitas almas. Os que se impacientam e se irritam facilmente, não devem ser educadores. CP 192.1

Os professores devem lembrar-se de que não estão lidando com homens e mulheres, mas com crianças que tudo têm a aprender. E é muito mais difícil o aprender para umas do que para outras. O aluno tardo de inteligência deve receber muito mais animação do que tem recebido. Se se colocam sobre esses variados espíritos professores amantes de ordenar, ditar, engrandecer a própria autoridade, que tratam com parcialidade, tendo favoritos a quem manifestam preferência, enquanto a outros tratam com rigor e severidade, o resultado será perturbação e insubordinação. Os mestres não favorecidos com uma agradável e equilibrada disposição poderão ser encarregados de crianças, mas grande dano se faz com isso àqueles que são por eles educados. CP 192.2

Talvez o professor tenha suficiente educação e conhecimento nas ciências para ensinar. Verificou-se, porém, possuir tato e sabedoria para lidar com mentes humanas? Se os instrutores não têm o amor de Cristo no coração não estão habilitados a assumir as sérias responsabilidades que recaem sobre os que educam a juventude. Carecendo eles próprios da mais elevada educação, ignoram como lidar com a mente humana. Seu coração insubordinado luta pelo controle; e sujeitar a mente e o caráter maleável das crianças a tal disciplina é deixar nessa mente cicatrizes e ferimentos que permanecerão indeléveis. CP 193.1

Indagai, professores, vós que fazeis obra não somente para o tempo mas para a eternidade: Sou eu constrangido pelo amor de Deus, enquanto lido com as almas por quem Ele deu a vida? Sob Sua disciplina, apagam-se acaso velhos traços de caráter, em desarmonia com a vontade de Deus, tomando seu lugar qualidades a eles opostas? Ou estou eu, por minhas palavras profanas, minha impaciência, minha falta de sabedoria do alto confirmando esses jovens em seu espírito perverso? CP 193.2

Quando um professor manifesta impaciência ou irritabilidade para com uma criança, talvez a falta da parte da criança não seja metade da que cabe ao professor. Os mestres cansam-se do trabalho, e algumas coisas que as crianças dizem ou fazem lhes desagrada. Em tais ocasiões, por falta de exercer tato e sabedoria, hão de deixar o espírito de Satanás se introduzir, induzindo-os a suscitar nas crianças sementes desagradáveis? O professor que ama a Jesus, e que aprecia o poder salvador de Sua graça, não pode e não ousa permitir a Satanás controlar-lhe o espírito. Será afastado tudo quanto lhe arruinaria a influência, pois isso opõe-se à vontade de Deus, e põe em risco a vida das preciosas ovelhas e cordeiros. CP 193.3

Quando Cristo, a esperança da glória, está formado no interior, a verdade de Deus atuará por tal forma no temperamento natural que sua influência regeneradora se manifestará em caráter transformado. Não haveis então de, revelando coração e temperamento não santificados, tornar a verdade de Deus em mentira perante qualquer de vossos alunos. Nem haveis de, manifestando um espírito egoísta, diverso do de Cristo, dar a impressão de que a graça de Cristo não vos é suficiente em todo tempo e lugar. Mostrareis que a autoridade de Deus sobre vós não existe só em nome, mas em realidade e verdade. CP 194.1

Que todo professor que aceita a responsabilidade de ensinar crianças e jovens examine-se a si mesmo. Indague de si para si: Tomou a verdade de Deus posse de minha alma? Acaso a sabedoria de Jesus Cristo, que é, “primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia”, deu entrada em meu caráter? Nutro eu o princípio de que “o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz”? Tg 3:17, 18. CP 194.2

Professores, Jesus Se encontra em vossa escola todos os dias. Seu grande coração de infinito amor é atraído, não somente para as crianças mais bem comportadas, que vivem nos mais favoráveis ambientes, mas para aquelas que receberam por herança objetáveis traços de caráter. Os próprios pais não têm compreendido quanto são responsáveis pelas qualidades desenvolvidas nos filhos, não tendo sabedoria e ternura para lidar com aqueles a quem fizeram o que são. Deixaram de buscar a origem da causa das desanimadoras manifestações que lhes servem de provação. Jesus, porém, contempla com piedade e amor essas crianças. Compreende; pois Ele raciocina da causa para o efeito. CP 195.1

Palavras ríspidas e a contínua censura confundem a criança, e não a reformam. Reprimi a palavra impertinente; mantende o próprio espírito na disciplina de Cristo. Aprendereis então a vos compadecer e ter simpatia para com os que se achem sob vossa influência. Não vos mostreis impacientes nem ásperos. Se essas crianças não precisassem educar-se, não estariam na escola. Elas devem ser paciente e bondosamente ajudadas ao subir a escada do progresso, degrau após degrau na obtenção de conhecimentos. Ponde-vos ao lado de Jesus. Possuindo-Lhe os atributos, sereis possuidor de vivas e ternas sensibilidades, e haveis de tornar vossa a causa dos errantes. CP 195.2

A vida religiosa de grande número de professores que professam ser cristãos é de molde a demonstrar que não o são. Estão continuamente representando mal a Cristo. Têm uma religião dependente das circunstâncias e por elas controlada. Se tudo caminha segundo o seu gosto, se não há irritantes circunstâncias a lhes provocarem a natureza insubmissa, diversa da de Cristo, são condescendentes, agradáveis, muito atrativos. A verdade, porém, não deve ser praticada apenas quando nos sentimos dispostos para isso, mas em todo tempo e lugar. O Senhor não é servido pelo impulso precipitado de um homem, ou por suas esporádicas manifestações. Se quando, na família ou no convívio com outros, acontecem coisas que lhes perturbam a paz e provocam o temperamento, os professores pusessem tudo diante de Deus, pedindo-Lhe graça antes de se empenharem no trabalho diário; se conhecessem por si mesmos que o amor, o poder e a graça de Deus se acham em seu coração, anjos de Deus os acompanhariam à sala de aulas. CP 195.3

Significa muito pôr as crianças sob a direta influência do Espírito de Deus, educá-las, discipliná-las e fazê-las crescer na doutrina e admoestação do Senhor. A formação de hábitos corretos, a comunicação de um reto espírito, demandarão sinceros esforços feitos no nome e na força de Jesus. CP 196.1

“Todo sumo sacerdote” pode “compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza” (Hb 5:1, 2). Esta verdade pode, em sua mais alta concepção, ser exemplificada diante das crianças. Conservem os professores isso em mente, ao serem tentados a impacientar-se e zangar-se com as crianças devido ao seu mau comportamento. Lembrem-se de que anjos de Deus os contemplam entristecidos. Se a criança erra e se comporta mal, é então tanto mais essencial que os que estão colocados para dirigi-las sejam capazes de ensinar-lhes, por preceito e exemplo, a maneira de proceder. CP 196.2

Em caso algum devem os professores perder o domínio de si mesmos, manifestar impaciência e aspereza, falta de simpatia e amor. Os que são naturalmente irritáveis, que se ofendem facilmente, e que nutriram o hábito de criticar e de suspeitar mal devem buscar outra espécie de trabalho, onde seus desagradáveis traços de caráter não se hajam de reproduzir nas crianças e jovens. Em vez de estar aptos a instruir as crianças, esses professores precisam de alguém que lhes ensine a eles as lições de Jesus Cristo. CP 197.1

Caso o amor de Cristo habite no coração do professor, qual suave fragrância - cheiro de vida para vida - ser-lhes-á possível ligar a si as crianças que se acham sob o seu cuidado. Mediante a graça de Cristo, poderá ser, nas mãos de Deus, instrumento para esclarecer, elevar, animar e ajudar na purificação do templo humano, da contaminação, até que o caráter seja transformado pela graça de Cristo, e a imagem de Deus se manifeste na vida. CP 197.2

Disse Cristo: Eu “Me santifico a Mim mesmo, para que também eles sejam santificados”. João 17:19. Tal é a obra que cabe a todo mestre cristão. Não deve haver obra de acaso, nesse assunto; pois a educação das crianças requer muito da graça de Cristo, e a subjugação do próprio eu. O Céu vê na criança o homem ou a mulher por desenvolver, com aptidões e faculdades que, sendo devidamente orientadas e desenvolvidas, o tornarão, a ele ou a ela, alguém com quem os agentes divinos podem cooperar - um cooperador de Deus. CP 197.3