Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes

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25 — Lições da Natureza

Ao mesmo tempo em que a Bíblia deve ter o primeiro lugar na educação das crianças e jovens, o livro da natureza ocupa o lugar imediato em importância. As obras criadas de Deus testificam de Seu amor e poder. Ele trouxe à existência o mundo, juntamente com tudo que nele se contém. Deus ama o belo; e, no mundo que Ele nos aparelhou, não somente nos deu tudo que é necessário para nosso conforto, como também encheu de beleza os céus e a Terra. Vemos o Seu amor e cuidado nos ricos campos de outono, e Seu sorriso no festivo raio do Sol. Sua mão fez os rochedos semelhantes a castelos, e as montanhas altaneiras. As sobranceiras árvores crescem à Sua ordem. Ele estende sobre a terra o aveludado tapete de verdura, e pontilha-o de botões e flores. CP 185.1

Por que revestiu Ele a terra e as árvores de um verde vivo em vez de o fazer com uma cor negra, sombria? Não é para que possam ser mais agradáveis à vista? E não se encherá nossa alma de gratidão ao lermos as provas de Sua sabedoria e amor nas maravilhas de Sua criação? CP 185.2

A mesma energia criadora que trouxe o mundo à existência, exerce-se ainda na manutenção do Universo e continuação das operações da natureza. A mão de Deus guia os planetas em sua marcha ordenada através dos céus. Não é por causa de uma força inerente que a Terra, ano após ano, continua seu movimento ao redor do Sol, e produz suas bênçãos. A Palavra de Deus governa os elementos. Ele cobre os céus de nuvens, e prepara a chuva para a Terra. Torna frutíferos os vales, e “faz produzir erva sobre os montes” (Sl 147:8). É pelo Seu poder que a vegetação floresce, que as folhas aparecem e desabrocham as flores. CP 185.3

Todo o mundo natural destina-se a ser um intérprete das coisas de Deus. Para Adão e Eva, em seu lar edênico, a natureza estava repleta do conhecimento de Deus, cheia de instrução divina. Para seus ouvidos atentos ela como que ecoava a voz da sabedoria. A sabedoria falava aos olhos, e era recebida no coração; pois eles entretinham comunhão com Deus por meio de Suas obras criadas. Logo que o santo par transgrediu a lei do Altíssimo, o brilho da face de Deus apartou-se da face da natureza. A natureza está hoje arruinada e contaminada pelo pecado. As lições objetivas de Deus, porém, não estão obliteradas. Mesmo hoje, devidamente estudada e interpretada, ela fala de seu Criador. ... CP 186.1

A maneira mais eficaz de instruir os gentios que não conhecem a Deus é mediante Suas obras. Deste modo, muito mais facilmente do que por qualquer outro método, podem ser levados a compreender a diferença entre seus ídolos, obras de suas próprias mãos, e o verdadeiro Deus, Criador do céu e da Terra. ... Há, nestas lições diretas da natureza, uma simplicidade e pureza que as tornam do mais elevado valor a outros também e não só aos gentios. As crianças e jovens, todas as classes de estudantes, necessitam das lições que procedem dessa fonte. Em si mesma a beleza da natureza afasta a alma do pecado e das atrações mundanas, e a leva à pureza, à paz, e a Deus. CP 186.2

Por essa razão, o cultivo do terreno é bom trabalho para as crianças e os jovens. Leva-os ao contato direto com a natureza e com o Deus da natureza. E, para que possam ter essa vantagem, deve haver, tanto quanto possível, em conexão com nossas escolas, grandes jardins e vastas terras para cultura. CP 186.3

A educação em tal ambiente está de acordo com as indicações que Deus deu para a instrução da juventude; mas acha-se em contraste direto com os métodos empregados na maioria das escolas. ... A mente dos jovens tem estado ocupada com livros de ciência e filosofia, em que os espinhos do ceticismo têm estado apenas parcialmente ocultos. Também está ocupada com histórias vãs e fantasiosas de fadas; ou com as obras de autores que, embora escrevam sobre assuntos bíblicos, entretecem nos mesmos suas fantasiosas interpretações. O ensino de tais livros é como semente lançada no coração. Cresce e dá fruto, e é recolhida uma abundante ceifa de incredulidade. O resultado vê-se na depravação da família humana. CP 187.1

A volta aos métodos mais simples será apreciada pelas crianças e jovens. O trabalho na horta e no campo será uma mudança agradável na rotina tediosa das lições abstratas a que nunca deveriam circunscrever-se as mentes juvenis. À criança nervosa, ou ao jovem nervoso, que acha cansativo e difícil lembrar as lições do livro, será isso especialmente valioso. Há para esses saúde e felicidade no estudo da natureza; e as impressões produzidas não se lhes dissiparão da mente, pois estarão associadas com os objetivos que se acham continuamente diante de seus olhos. CP 187.2

No mundo natural, Deus colocou nas mãos dos filhos dos homens a chave para abrir a tesouraria de Sua Palavra. O invisível é ilustrado pelo visível. A sabedoria divina, a eterna verdade e a graça infinita são compreendidas pelas coisas que Deus fez. Fiquem pois as crianças e os jovens familiarizados com a natureza, e com as leis da natureza. Desenvolva-se a mente até a sua mais alta capacidade, e as faculdades físicas sejam adestradas para os deveres práticos da vida. Seja também ensinado a eles, porém, que Deus fez lindo este mundo porque Ele Se deleita com a nossa felicidade; e que um lar mais belo está sendo preparado para nós, naquele mundo onde não mais haverá pecado. A Palavra de Deus declara: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que O amam” (1Co 2:9). CP 187.3

As criancinhas devem especialmente vir em contato íntimo com a natureza. Em vez de se porem sobre elas os grilhões da moda, estejam elas livres como os cordeiros para que brinquem à suave e amena luz solar. Sejam mostrados a eles os arbustos e flores, a relva rasteira e as altaneiras árvores; e familiarizem-se com suas lindas, variadas e delicadas formas. Ensinai-as a ver a sabedoria e amor de Deus em Suas obras criadas; e, expandindo-se-lhes o coração com alegria e grato amor, unam-se elas aos pássaros em seus cânticos de louvor. CP 188.1

Educai as crianças e jovens a considerar as obras do Artista por excelência, e imitar as graças atrativas da natureza na edificação de seu caráter. Introduzam elas na vida a beleza da santidade, à medida que o amor de Deus conquistar o seu coração. Assim farão uso de suas capacidades a fim de abençoarem a outrem e honrarem a Deus. Special Testimonies on Education, p. 58-62. CP 188.2

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A natureza está repleta de lições do amor de Deus. Devidamente compreendidas, essas lições nos conduzem ao Criador. Da natureza apontam para o Deus da natureza, ensinando aquelas verdades simples e santas que purificam a mente, e a levam em íntimo contato com Deus. CP 188.3

O grande Mestre Se vale da natureza para refletir a luz que inunda a entrada do Céu a fim de que homens e mulheres possam ser levados a obedecer à Sua Palavra. E a natureza cumpre o mandado do Criador. Ao coração abrandado pela graça de Deus, o Sol, a Lua, as estrelas, as altaneiras árvores e as flores do campo proferem suas palavras de conselho e admoestação. O ato de lançar a semente ao solo leva a mente à semeadura espiritual. A árvore como que está a declarar que uma boa árvore não pode produzir maus frutos, tampouco pode uma árvore má produzir bons frutos. “Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16). Mesmo o joio tem uma lição a ensinar. Ele é a semeadura de Satanás e, se não for impedido, prejudicará o trigo, pelo seu exuberante desenvolvimento. CP 189.1

Quando o homem se reconcilia com Deus, as coisas da natureza falam-lhe em palavras de sabedoria celestial, dando testemunho da verdade eterna da Palavra de Deus. Ao dizer-nos Cristo o sentido das coisas da natureza, a ciência da verdadeira religião se manifesta, explicando a relação da lei de Deus para com o mundo natural e espiritual. CP 189.2

A andorinha e o grou observam as mudanças das estações. Emigram de um país a outro para encontrar um clima apropriado à sua comodidade e felicidade, conforme designou o Senhor que fizessem. São obedientes às leis que governam sua vida. No entanto, os seres formados à imagem de Deus deixam de O honrar pela obediência às leis da natureza. Desrespeitando as leis que governam o organismo humano, inabilitam-se para servir a Deus. Ele lhes envia advertências para que se apercebam de que violam Sua lei, por violarem as leis da vida. O hábito, porém, é forte, e eles não darão atenção. Os dias se enchem de dor corporal e inquietação de espírito porque estão decididos a seguir hábitos e costumes errados. Não raciocinam da causa para o efeito, e sacrificam a saúde, paz e felicidade à sua ignorância e egoísmo. CP 189.3

O sábio se dirige ao indolente, nestas palavras: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio. A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento” (Pv 6:6-8). A habitação que as formigas constroem para si revela habilidade e perseverança. Tão-somente um pequenino grão de cada vez podem elas carregar, mas pela diligência e perseverança realizam maravilhas. CP 190.1

Salomão indica a operosidade da formiga como uma censura aos que desperdiçam suas horas na ociosidade, ou em práticas que corrompem a alma e o corpo. A formiga se prepara para as estações futuras; mas muitos que são dotados das faculdades do raciocínio deixam de se preparar para a futura vida imortal. CP 190.2

O Sol, a Lua, as estrelas, as sólidas rochas, o rio que flui e o vasto e inquieto oceano ensinam lições que todos bem fariam em levar a sério. CP 190.3