Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes

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42 — Preparo Prático

O trabalho manual útil faz parte do plano evangélico. O grande Mestre, envolto na coluna de nuvem, deu a Israel orientação para que a todo jovem fosse ensinado qualquer ramo de trabalho útil. Era, portanto, costume dos judeus, tanto das classes mais ricas como das mais pobres, ensinar a seus filhos e filhas qualquer ofício prático, de modo que, no caso de virem a surgir circunstâncias adversas, não ficassem na dependência de outros, mas estivessem habilitados a prover às próprias necessidades. Podiam ser instruídos em ramos literários, mas tinham de ser exercitados também em algum ofício. Isso era julgado parte indispensável de sua educação. CP 307.1

Agora, como nos dias de Israel, todo jovem precisa ser instruído nos deveres da vida prática. Cada um deve adquirir conhecimentos em algum ramo de trabalho manual que, em caso de necessidade, lhe possa proporcionar um meio de vida. Isso é essencial, não somente como salvaguarda contra as dificuldades da vida, mas em virtude de seu efeito sobre o desenvolvimento físico, mental e moral. Ainda que fosse certo não vir alguém nunca a precisar de recorrer ao trabalho manual como meio de subsistência, devia ainda assim aprender a trabalhar. Sem exercício físico, ninguém pode ter constituição sadia e vigorosa saúde; e a disciplina de serviços bem regulados não é menos essencial no conseguir-se mente ativa e caráter nobre. CP 307.2

Os alunos que adquiriram conhecimento de livros sem obter o do trabalho prático, não podem pretender educação simétrica. As energias que deveriam ter sido consagradas a ofícios vários, têm sido negligenciadas. A educação não consiste em empregar o cérebro apenas. A ocupação física é parte do preparo essencial a todo jovem. Falta um importante aspecto de educação, se o estudante não aprender a se empenhar em trabalho útil. CP 307.3

O saudável exercício de todo o ser proporcionará uma educação vasta e compreensiva. Todo estudante deve consagrar parte de cada dia ao trabalho ativo. Assim se formarão hábitos industriosos, animando-se um espírito de confiança em si mesmo, ao mesmo tempo que a juventude será protegida contra muitas práticas más e degradantes que tantas vezes resultam da ociosidade. E tudo isso se acha de acordo com o objetivo primário da educação; pois estimulando a atividade, a diligência e a pureza, estamos nos colocando em harmonia com o Criador. CP 308.1

O maior benefício não se obtém do mero exercício em si mesmo, como o que se pratica nos esportes. Há certo bem em estar ao ar livre, assim como no movimento dos músculos; seja, porém, a mesma quantidade de energia dedicada à execução de uma obra útil, e maior será o benefício. Experimentar-se-á um sentimento de satisfação, pois tal exercício traz consigo o senso da utilidade e a aprovação da consciência pelo dever bem cumprido. CP 308.2

Os alunos devem sair de nossas escolas com educada eficiência, de maneira que, ao se acharem na dependência dos recursos próprios, possuam conhecimentos de que se possam servir e que são necessários ao êxito na vida. O estudo diligente é essencial, do mesmo modo que o diligente e árduo trabalho. Brincar não é essencial. A consagração das energias físicas ao divertimento não é muito favorável a um espírito bem equilibrado. Se o tempo empregado em exercício físico que passo a passo conduz ao excesso, fosse utilizado em trabalhar segundo os moldes de Cristo, a bênção de Deus havia de repousar sobre o obreiro. A disciplina para a vida prática, adquirida mediante o trabalho físico aliado ao esforço mental, é suavizada pela reflexão de estar ele habilitando a mente e o corpo para melhor executar a obra que Deus designou que os homens fizessem. Quanto mais perfeitamente os jovens compreenderem a maneira de realizar os deveres da vida prática, tanto maior será cada dia sua satisfação em ser útil aos outros. A mente educada a fruir trabalho útil amplia-se; por meio de exercício e da disciplina, é habilitada a servir; pois adquiriu assim o conhecimento essencial a tornar seu possuidor uma bênção para os outros. CP 308.3

Não posso encontrar na vida de Cristo um exemplo de Ele empregar tempo em brincar e Se divertir. Ele era o grande Educador para a vida presente e futura; todavia, não fui capaz de achar uma ocasião em que ensinasse os discípulos a se entregarem à diversão a fim de obter exercício físico. O Redentor do mundo dá a cada homem a sua obra, e ordena-lhe: “Negociai até que Eu venha” (Lc 19:13). Ao empreender isso, arderá o coração. Todas as faculdades do ser se empenharão no esforço de obedecer. Temos uma elevada e santa vocação. Professores e estudantes devem ser mordomos da graça de Cristo, sempre ardorosos. CP 309.1