Testemunhos para a Igreja 1

30/123

Capítulo 28 — Provações na igreja

A visão que passo a descrever me foi dada em Ulysses, Pensilvânia, em 6 de Julho de 1857. Ela se refere à situação existente em _____ e em outras localidades de Nova Iorque. T1 164.1

Têm havido tantas provações com os irmãos nas igrejas do Estado de Nova Iorque, com as quais Deus nada tem a ver. A igreja perdeu sua força e os membros não sabem como recuperá-la. O amor de uns pelos outros desapareceu e um espírito acusador e descobridor de faltas tem prevalecido. Tem sido considerada uma virtude descobrir tudo o que os outros pareçam ter de errado e torná-lo pior do que em realidade o é. As “entranhas de misericórdia” (Colossences 3:12) que se comovem em amor e piedade para com os irmãos, não existem. A religião de alguns tem consistido em achar faltas, procurando com cuidado tudo o que tenha a aparência de erro, até que os nobres sentimentos do coração se definhem. A mente precisa ser treinada a demorar-se nas coisas eternas, no Céu e em seus tesouros e glórias, e a usufruir doce e santa satisfação nas verdades da Bíblia. Deve ter prazer em apropriar-se das preciosas promessas registradas na Palavra de Deus e delas extrair conforto; a erguer-se acima das trivialidades para as coisas de “peso eterno”. 2 Coríntios 4:17. T1 164.2

Mas oh, quão diversamente tem sido a mente empregada, envolvendo-se com ninharias! As reuniões da igreja, como têm sido realizadas, são uma real maldição a muitos em Nova Iorque. Essas provações pré-fabricadas têm propiciado total liberdade a todo mal imaginável. São alimentados ciúmes. O ódio é estimulado, mas eles não o percebem. Uma errônea idéia tem se fixado na mente de alguns: reprovar sem amor, impingir aos outros seus conceitos acerca do que é direito, e não poupar a ninguém, mas abatê-los com peso esmagador. T1 164.3

Vi que muitos em Nova Iorque têm tido tanto cuidado com seus irmãos, para mantê-los no caminho reto, que negligenciam o próprio coração. Ficam tão temerosos de que seus irmãos não sejam zelosos e se arrependam, que se esquecem de que têm erros que precisam ser corrigidos. Com coração não santificado, tentam corrigir seus irmãos. O único meio de os irmãos e irmãs de Nova Iorque poderem erguer-se, é cada um cuidar da própria vida e pôr seu coração em ordem. Se há pecado patente num irmão, não o conte a outrem, mas com amor pela vida desse irmão, um coração pleno de compaixão e “entranhas de misericórdia”, exponha-lhe o erro e deixe o assunto entre ele e o Senhor. Assim você cumpriu o seu dever. Não lhe compete julgar. T1 165.1

Tem sido considerado com certa indiferença o fato de controlar, condenar e manter um irmão sob reprovação. Tem havido “zelo de Deus, mas não com entendimento”. Romanos 10:2. Se cada um puser sua vida em ordem, quando houver encontro dos irmãos seu testemunho será claro, procedente de um coração íntegro, e aqueles que não crêem na verdade serão impressionados. A manifestação do Espírito de Deus os convencerá de que vocês são filhos de Deus. O amor de uns pelos outros será patente a todos, convencerá e exercerá influência. T1 165.2

Vi que a igreja de Nova Iorque pode ressurgir. Lancem-se à obra individualmente, sejam zelosos e se arrependam; e, depois de corrigirem todos os erros conhecidos, então creiam que Deus os aceita. Que não se lamentem, mas tomem a Deus em Sua Palavra. Que O busquem diligentemente e creiam que Ele os recebe. Uma parte da obra é crer. “Porque fiel é O que prometeu.” Hebreus 10:23. Exerçam fé. T1 165.3

Os irmãos de Nova Iorque, bem como os de outros lugares, podem erguer-se e beber da fonte de salvação de Deus. Podem agir de modo sensato, e cada um ter experiência individual na mensagem da Testemunha Fiel aos laodiceanos. A igreja sente que está caída, mas não sabe como levantar-se. As intenções de alguns podem ser muito boas e talvez eles as confessem; vi, contudo, que são observados com suspeita, e considerados ofensores por uma palavra, até que não tenham mais liberdade nem salvação. Eles não se atrevem a externar os mais simples sentimentos do coração porque são vigiados. É do agrado de Deus que Seu povo O tema e que tenham confiança uns nos outros. T1 165.4

Vi que muitos tiram vantagem do que Deus mostrou com respeito aos pecados e erros dos outros. Tiram conclusões extremadas do que me foi mostrado em visão, e usam-nas de tal maneira a enfraquecer a fé de muitos naquilo que Deus tem mostrado, e também desanimam a igreja. Um irmão deveria tratar o outro com terna compaixão. Lidar delicadamente com seus sentimentos. A obra de tratar com os erros dos outros é uma tarefa dificílima e muito importante. Com a mais profunda humildade deveria um irmão fazer isso, considerando as próprias fraquezas, temendo ser ele mesmo tentado. T1 166.1

Contemplei o grande sacrifício que Jesus fez para redimir o homem. Ele não considerou Sua vida tão preciosa que não pudesse sacrificá-la. Disse Cristo: “Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei.” João 15:12. Quando um irmão erra, você sente que poderia dar sua vida para salvá-lo? Se esse é o seu sentimento, então você pode aproximar-se dele e tocar-lhe o coração; você é exatamente a pessoa indicada para visitá-lo. Mas é fato lamentável que muitos que professam ser irmãos, não estão dispostos a sacrificar nenhuma de suas opiniões ou julgamento, para salvar um irmão. Há muito pouco amor de uns pelos outros. Manifesta-se um espírito egoísta. T1 166.2

A igreja está desanimada. Eles tem amado o mundo, suas fazendas, rebanhos, etc. Agora Jesus os convida a se libertarem e ajuntarem tesouros no Céu; a comprarem ouro, vestes brancas e colírio. Esses são preciosos tesouros, pois darão ao possuidor entrada no reino de Deus. T1 166.3

O povo de Deus precisa agir com sensatez. Não deveriam ficar satisfeitos até que cada pecado conhecido seja confessado; então é seu privilégio e dever crer que Jesus os aceita. Não devem esperar que outros dissipem as trevas e obtenham para eles a vitória. Essa satisfação dura apenas até o encerramento das reuniões. Mas Deus deve ser servido por princípio e não por sentimentos. De manhã e à noite, ganhem a vitória nas próprias famílias. Que nenhum trabalho diário os afastem disso. Tomem tempo para orar, e quando estiverem orando, creiam que Deus os ouve. Misturem suas orações com fé. Nem sempre vocês obterão resposta imediata, mas é aí que a fé deve prevalecer. Vocês são provados para ver se confiarão em Deus, e se possuem fé viva e inabalável. “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” 1 Tessalonicenses 5:24. Andem pela estreita prancha da fé. Confiem em todas as promessas do Senhor. Confiem em Deus quando em meio às trevas. Esse é o tempo de exercer fé. Mas vocês permitem que os sentimentos os governem. Olham para os merecimentos próprios quando não se sentem confortados pelo Espírito de Deus, e se desesperam porque não os possuem. Não confiam o suficiente em Jesus, o precioso Jesus. Não fazem com que Seus méritos sejam absolutos. O melhor que vocês podem fazer não merecem o favor de Deus. São os méritos de Cristo que os salvarão, Seu sangue é que os purificará. Mas vocês têm algo por fazer. Devem fazer o que lhes for possível de sua parte. Sejam zelosos e arrependam-se; então creiam. T1 167.1

Não confundam fé com sentimentos. Eles são diferentes entre si. Cabe-nos exercitar fé. Creiam, creiam. Que a fé de vocês se apodere das bênçãos e elas lhes pertencerão. Os sentimentos nada têm a ver com a fé. Quando a fé atrai a bênção ao coração e vocês nela se regozijam, isso já não é mais fé, mas sentimento. T1 167.2

O povo de Deus em Nova Iorque precisa erguer-se resolutamente, sair das trevas e deixar sua luz brilhar. Eles estão impedindo a obra de Deus. Precisam permitir que a mensagem do terceiro anjo lhes atue no coração. Irmãos, Deus é desonrado por suas orações longas e desprovidas de fé. Não se concentrem na indignidade do próprio eu, e exaltem a Jesus. Falem de fé, de luz e do Céu, e vocês terão fé, luz, amor, paz e alegria no Espírito Santo. T1 167.3