Conselhos sobre Mordomia

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Capítulo 41 — Métodos populares de apelo

Vemos as igrejas dos nossos dias incentivando festejos, glutonaria e dissipação por meio de ceias, quermesses, danças e festivais realizados com o fim de ajuntar meios para a tesouraria da igreja. Eis um método inventado por mentes carnais para conseguir recursos sem sacrifício. [...] CM 124.1

Tal exemplo faz certa impressão na mente da juventude. Notam que os bingos, quermesses e jogos são aceitos pela igreja, e pensam haver algo fascinante nessa maneira de obter recursos. O jovem está rodeado de tentações. Entra na pista de boliche, no salão de jogo, para ver o esporte. Vê que o dinheiro é embolsado pelo que ganha. Isso parece tentador. Parece um modo mais fácil de obter dinheiro que pelo trabalho árduo, que requer perseverante energia e economia estrita. Imagina não haver nisso nenhum mal, pois se tem recorrido a jogos semelhantes visando a obter recursos em benefício da igreja. Então, por que não deveria ele ajudar a si mesmo dessa maneira? CM 124.2

Dispõe de uns poucos meios que aventura investir, pensando que eles podem trazer uma boa quantia. Quer ganhe ou perca, está na estrada descendente que conduz à ruína. Mas foi o exemplo da igreja que o levou ao caminho falso. CM 124.3

Ofertas defeituosas e doentias — Fiquemos livres de todas essas corrupções, dissipações e festivais de igreja que exercem uma influência desmoralizante sobre jovens e velhos. Não temos o direito de lançar sobre eles o manto da santidade porque os recursos devem ser empregados nos planos da igreja. Tais ofertas são defeituosas e doentias, e têm a maldição de Deus. São o preço de vidas. Pode o púlpito defender festivais, dança, tômbolas, quermesses e luxuosos banquetes para obter recursos para os planos da igreja; mas não participemos de nenhuma dessas coisas, pois, se o fizermos, incorreremos no desagrado de Deus. Não nos propomos apelar para a concupiscência do apetite ou recorrer a diversões carnais como meio de induzir professos seguidores de Cristo a dar dos bens que Deus lhes tem confiado. Se não derem voluntariamente, por amor de Cristo, de maneira alguma será a oferta aceitável a Deus. CM 124.4

Caracteres arruinados — Trajando vestes do Céu, a morte espreita no caminho dos jovens. O pecado é coberto de ouro pela santidade da igreja. Essas várias formas de divertimento nas igrejas modernas têm arruinado milhares que, não fosse isso, poderiam ter permanecido corretos e se tornado seguidores de Cristo. Caracteres têm sido arruinados por esses festivais da igreja e apresentações teatrais da moda, e mais alguns milhares serão destruídos; contudo o povo não se aperceberá do perigo, nem da temível influência exercida. Muitos moços e moças têm perdido sua salvação devido a essas influências corruptoras. — The Review and Herald, 21 de Novembro de 1878. CM 125.1

Motivos egoístas — Nos professos ajuntamentos cristãos, Satanás lança uma capa de religiosidade sobre os prazeres enganosos e os folguedos não santificados, para lhes dar a aparência de santidade, e a consciência de muitos é acalmada por angariarem meios para custear as despesas da igreja. Os homens recusam dar por amor a Deus, mas, por amor ao prazer, e a condescendência com ambições egoístas, contribuirão com seu dinheiro. CM 125.2

Será por não haver poder nas lições de Cristo quanto à beneficência, no Seu exemplo, e na graça de Deus no coração para levar os homens a glorificar a Deus com sua fazenda, que se deve recorrer a esse método, a fim de sustentar a igreja? Não é pequeno o prejuízo ocasionado à saúde física, mental e moral nessas cenas de divertimentos e glutonaria. E o dia do final ajuste de contas revelará pessoas perdidas pela influência dessas cenas de frivolidade e loucura. CM 125.3

É um fato deplorável que motivos sagrados e eternos não tenham aquele poder de abrir o coração dos professos seguidores de Cristo para dar ofertas voluntárias para o sustento do evangelho, que têm os tentadores subornos dos banquetes e divertimentos em geral. É uma triste realidade que esses incentivos prevalecem quando as coisas sagradas e eternas não têm força para influenciar o coração a se empenhar em obras de beneficência. CM 125.4

Moisés não instituiu loterias — O plano de Moisés no deserto para alcançar meios teve grande êxito. Não houve necessidade de compulsão. Moisés não fez um grande banquete. Não convidou o povo para cenas de alegria, dança, e divertimentos em geral. Tampouco instituiu ele loterias ou qualquer outra coisa profana dessa espécie a fim de obter recursos para construir o tabernáculo de Deus no deserto. Deus ordenou a Moisés que convidasse os filhos de Israel a trazerem ofertas. Devia Moisés aceitar dádivas de todo homem que voluntariamente desse, de coração. Essas ofertas voluntárias vieram em tão grande abundância que Moisés proclamou já ser suficiente. Deviam parar de dar presentes, pois já haviam dado com abundância, muito mais do que podia ser usado. CM 125.5

Têm as tentações de Satanás êxito sobre os professos seguidores de Cristo quanto à satisfação do prazer e do apetite. Vestido como anjos de luz, citará ele as Escrituras para justificar as tentações que põe diante dos homens para que condescendam com o apetite, e os prazeres mundanos que agradam ao coração carnal. São os professos seguidores de Cristo fracos na força moral, e são fascinados pelos subornos que Satanás tem posto diante deles, e ele alcança a vitória. CM 125.6

Como considera Deus as igrejas que são mantidas por esse meio? Cristo não pode aceitar essas ofertas, porque elas não foram dadas por amor e devoção a Ele, mas por sua idolatria ao eu. Mas o que muitos não fariam por amor a Cristo, fá-lo-ão por amor de finas iguarias, para satisfazer o apetite, e por amor aos divertimentos mundanos, para agradar ao coração carnal. — The Review and Herald, 13 de Outubro de 1874. CM 126.1

Repetindo o pecado de Nadabe e Abiú — Cristãos professos rejeitam o plano do Senhor para angariar meios para Sua obra; e a que recorrem para suprir a falta? Deus vê a impiedade dos métodos que adotam. Os lugares de culto são contaminados por toda sorte de dissipação idólatra, a fim de que se possa ganhar um pouco de dinheiro dos amantes dos prazeres para pagar dívidas da igreja ou manter-lhe o trabalho. Muitas dessas pessoas, não pagariam, por iniciativa própria, um único centavo para fins religiosos. Na orientação de Deus para o sustento de Sua obra, onde é que encontramos qualquer menção de bazares, concertos, quermesses e entretenimentos similares? Deve a causa do Senhor depender das próprias coisas que Ele proibiu em Sua Palavra — das coisas que desviam a mente, de Deus, da sobriedade, da piedade e santidade? CM 126.2

E que impressão se faz na mente dos incrédulos? A santa norma da Palavra de Deus é rebaixada até o pó. Deus e o nome de cristão são menosprezados. Por esse meio não escriturístico de levantar recursos, fortalecem-se os mais corruptos princípios. E assim é que Satanás quer que seja. Os homens estão repetindo o pecado de Nadabe e Abiú. Usam no serviço de Deus fogo comum, em vez de fogo sagrado. O Senhor não aceita tais ofertas. CM 126.3

Todos esses métodos de trazer dinheiro para Seu tesouro são para Ele uma abominação. É uma devoção espúria que leva a tal invenção. Oh, que cegueira, que paixão louca há em muitos dos que pretendem ser cristãos! Membros da igreja estão fazendo o mesmo que fizeram os habitantes do mundo nos dias de Noé, quando a imaginação de seu coração era só má, continuamente. Todos os que temem a Deus aborrecerão tais práticas por serem uma falsa representação da religião de Jesus Cristo. — The Review and Herald, 8 de Dezembro de 1896. CM 126.4

Liberalidade sem profundeza de princípio — Pode o pastor ser o amigo íntimo de algum homem abastado, e pode este ser muito liberal para com ele; isso agrada ao pastor, que por seu turno não economiza louvores à beneficência de seu doador. Seu nome pode ser exaltado ao aparecer na imprensa, no entanto pode esse liberal doador ser completamente indigno do crédito que lhe é dado. CM 126.5

Sua liberalidade não proveio de um profundo e vivo princípio de fazer o bem com seus recursos, para fazer a causa de Deus avançar porque a apreciava, mas por algum motivo egoísta, o desejo de ser julgado liberal. Pode ter dado por impulso, e sua liberalidade não ter princípios profundos. Pode ser que tenha sido movido ao ouvir comovente mensagem, que, no momento, lhe afrouxou os cordéis da bolsa; mas, apesar de tudo, sua liberalidade não tem motivo mais profundo. Dá por espasmos; sua bolsa se abre espasmodicamente e com a mesma certeza espasmodicamente se fecha. Não merece elogio, pois é, em todo o sentido da palavra, um homem mesquinho; e, a não ser que se converta completamente, bolsa e tudo, ouvirá a fulminante denúncia: “Eia pois agora vós ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão comidos da traça.” CM 127.1

Esses acordarão, finalmente, de um horrível engano próprio. Os que lhes louvavam a espasmódica liberalidade, ajudaram Satanás a enganá-los, fazendo-os pensar que eram muito liberais, que se sacrificavam muito, quando nem conheciam os fundamentais princípios da liberalidade ou do sacrifício próprio. — Testimonies for the Church 1:475, 476. CM 127.2