Conselhos sobre Mordomia

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Capítulo 57 — Palavras aos jovens

Muito se poderia dizer aos jovens quanto a seu privilégio de ajudar à causa de Deus aprendendo lições de economia e abnegação. Muitos pensam poder condescender com este e aquele prazer, e, para fazê-lo, acostumam-se a viver no máximo de suas receitas. Deus deseja que procedamos melhor a esse respeito. Pecamos contra nós mesmos quando nos satisfazemos com o suficiente para comer, beber e vestir. Deus tem algo mais elevado do que isso diante de nós. Quando estamos desejosos de pôr de lado os nossos desejos egoístas, e damos às faculdades do coração e da mente o trabalho da causa de Deus, agentes celestiais cooperam conosco, tornando-nos uma bênção para a humanidade. CM 176.1

Mesmo que seja pobre, pode o jovem operoso e econômico economizar um pouco para a causa de Deus. Quando eu tinha apenas doze anos de idade, já sabia o que era economizar. Com minha irmã aprendi uma arte, e ainda que ganhássemos apenas vinte e cinco centavos de dólar por dia, dessa quantia podíamos economizar um pouco para dar às missões. Pouco a pouco fomos economizando, até termos trinta dólares. Então, ao nos chegar a mensagem da breve volta do Senhor, com um pedido de homens e meios, achamos ser um privilégio entregar os trinta dólares a papai, pedindo-lhe que os empregasse em folhetos e panfletos, para enviar a mensagem aos que jaziam nas trevas. CM 176.2

É dever de todo aquele que está em contato com a obra de Deus aprender a economia no uso de tempo e do dinheiro. Os que condescendem com a ociosidade revelam que pouca importância dão às gloriosas verdades a eles confiadas. Precisam ser educados no hábito da operosidade, e aprender a trabalhar tendo em vista somente a glória de Deus. CM 176.3

Negar o eu e aumentar o talento — Os que não têm bom juízo no uso do tempo e do dinheiro, devem aconselhar-se com os que têm tido experiência. Com o dinheiro que ganhamos com nosso ofício, minha irmã e eu nos provemos de roupas. Costumávamos entregar nosso dinheiro a mamãe, dizendo: “Compre de tal maneira que depois de havermos pago nossas roupas, sobre alguma coisa para dar para o trabalho missionário.” E ela assim fazia, encorajando-nos, desse modo, a manter um espírito missionário. CM 176.4

O dar que é fruto do espírito de abnegação, é um maravilhoso auxílio para o doador. Proporciona uma educação que nos habilita a compreender mais completamente a obra dAquele que andou fazendo o bem, aliviando o sofredor e suprindo as necessidades dos desamparados. O Salvador não viveu para agradar a Si mesmo. Não havia em Sua vida traço algum de egoísmo. — The Youth's Instructor, 10 de Setembro de 1907. CM 176.5

Crianças podem aprender a ser abnegadas — Enquanto os pais se estão sacrificando por amor ao avanço da causa de Deus, devem eles também ensinar aos filhos a participarem dessa obra. Podem as crianças aprender a demonstrar seu amor a Cristo negando a si mesmas desnecessárias bagatelas, com a compra das quais muito dinheiro lhes escapa por entre os dedos. Esse trabalho deve ser feito em cada família. Requer tato e método, mas será a melhor educação que as crianças possam receber. E se todas as criancinhas apresentassem suas ofertas ao Senhor, suas dádivas seriam quais pequenos regatos que, uma vez unidos e deixados a correr, aumentariam a ponto de se tornarem um rio. CM 177.1

O Senhor contempla com prazer as criancinhas que se privam para Lhe poderem dar uma oferta. Ele Se agradou da viúva que colocou duas moedinhas na arca do tesouro, porque ela deu com coração voluntário. O Senhor considerou seu sacrifício, ao dar tudo quanto possuía, de maior valor que as grandes dádivas dos ricos, que nenhum sacrifício haviam feito para poderem dar. Ele Se alegra quando os pequeninos estão desejosos de negar-se a si mesmos para se poderem tornar colaboradores dAquele que os amou, tomando-os em Seus braços e abençoando-os. — The Review and Herald, 25 de Dezembro de 1900. CM 177.2

Conservar o registro das entradas e saídas — No estudo dos números deve o trabalho ser prático. Que se ensine cada jovem e criança não simplesmente a resolver problemas imaginários, mas fazer com precisão as contas de seus próprios ganhos e gastos. Que aprendam o devido uso do dinheiro, usando-o. Quer seja suprido por seus pais, quer seja ganho por eles mesmos, aprendam os moços e as moças a escolher e comprar sua própria roupa, seus livros e outras coisas necessárias; e fazendo um registro de suas despesas aprenderão, como não o fariam de qualquer outra maneira, o valor e o uso do dinheiro. CM 177.3

Este ensino auxiliá-los-á a distinguir a verdadeira economia da mesquinhez, de um lado, e do outro, da prodigalidade. Devidamente orientado, incentivará hábitos de liberalidade. Auxiliará o jovem a aprender a dar, não por um mero impulso do momento, ao serem suscitados os seus sentimentos, mas a dar regular e sistematicamente. — Educação, 238, 239. CM 177.4

Seguindo as sugestões de Satanás — Como tem o inimigo conseguido colocar as coisas temporais acima das espirituais! Muitas famílias que pouco têm para dispensar à causa de Deus, ainda assim gastam dinheiro livremente para comprar ricas mobílias ou roupas da moda. Quanto é CM 177.5

gasto na mesa, e, freqüentemente, naquilo que é, apenas, prejudicial condescendência; quanto em presentes que a ninguém beneficiam! CM 178.1

Muitos gastam somas consideráveis com fotografias para darem aos amigos. O tirar fotografias é levado a extremos extravagantes, e incentiva uma espécie de idolatria. Quanto mais agradável a Deus seria se todos esses meios fossem empregados em publicações que conduzissem pessoas a Cristo e às preciosas verdades para este tempo! O dinheiro gasto em coisas desnecessárias supriria muita mesa com material de leitura sobre a verdade presente e que se demonstraria um cheiro de vida para a vida. CM 178.2

As sugestões de Satanás são executadas em muitas, muitas coisas. Nossos aniversários natalícios e festas de Natal e de Ações de Graça freqüentemente são devotados à satisfação do eu, quando a mente devia ser dirigida para a misericórdia e a amorável benignidade de Deus. Deus Se desagrada de que Sua bondade, Seu constante cuidado, Seu incessante amor não sejam trazidos à lembrança nessas ocasiões de aniversário. CM 178.3

Se todo o dinheiro usado extravagantemente, para coisas desnecessárias, fosse colocado no tesouro de Deus, veríamos homens, mulheres e jovens entregarem-se a Jesus e fazerem sua parte para cooperar com Cristo e os anjos. As mais ricas bênçãos de Deus adviriam às nossas igrejas, e muitas pessoas se converteriam à verdade. — The Review and Herald, 23 de Dezembro de 1890. CM 178.4

Aniversários e feriados — Devem os pais criar, educar, e treinar os filhos no hábito do domínio próprio e da abnegação. Devem conservar sempre diante deles sua obrigação de obedecer à Palavra de Deus e viver com o propósito de servir a Jesus. Devem ensinar aos filhos que há necessidade de viver de acordo com hábitos simples, em sua vida diária, e que devem evitar vestuário dispendioso, regime alimentar muito caro, casas e mobílias dispendiosas. As condições sob as quais a vida eterna será nossa, são expressadas nestas palavras: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, [...] e ao teu próximo como a ti mesmo.” CM 178.5

Não têm os pais ensinado aos filhos os preceitos da lei, como Deus lhes ordenou. Têm-nos educado em hábitos egoístas. Têm-lhes ensinado a considerar seus aniversários e feriados como ocasiões em que esperam receber presentes, e a seguir os hábitos e costumes do mundo. Essas ocasiões, que deveriam servir para aumentar o conhecimento de Deus e despertar no coração a gratidão pela Sua misericórdia e amor em lhes preservar a vida durante outro ano são transformadas em ocasiões para agradar a si mesmos, para a satisfação e glorificação dos filhos. Têm eles sido guardados pelo poder de Deus em cada momento de sua vida. E ainda assim os pais não ensinam aos filhos a pensar nisso, e a dar ações de graças pela Sua misericórdia para com eles. CM 178.6

Houvessem as crianças e os jovens sido devidamente instruídos nesta época do mundo, que honra, que louvor e ações de graças fluir-lhes-iam dos lábios para Deus! Que fluxo de pequeninas dádivas seria trazido das mãos dos pequeninos para ser posto em Seu tesouro como ofertas de gratidão! Deus seria lembrado, em vez de esquecido. CM 178.7

Não somente nos aniversários devem pais e filhos lembrar-se das misericórdias do Senhor de uma maneira especial, mas também devem o Natal e o Ano Novo ser ocasiões em que toda a casa se deve lembrar do seu Criador e Redentor. Em vez de dedicar dádivas e ofertas com tanta abundância a objetos humanos, reverência, honra e gratidão devem ser prestadas a Deus, fazendo-se com que dádivas e ofertas fluam para o conduto divino. Não Se agradaria o Senhor de que dEle nos lembrássemos assim? Oh, como Deus tem sido esquecido nessas ocasiões! [...] CM 179.1

Quando tiverdes um feriado, tornai-o um dia agradável e feliz para vossos filhos, e também um dia agradável para os pobres e os aflitos. Não deixeis que o dia passe sem trazerdes ofertas de ações de graças e gratidão a Jesus. Envidem agora pais e filhos sincero esforço para remir o tempo, e corrigir a negligência passada. Sigam eles um procedimento diferente daquele que o mundo segue. CM 179.2

Há muitas coisas que podem ser ideadas com gosto e custam muito menos que os presentes desnecessários tão freqüentemente dados aos nossos filhos e parentes, demonstrando assim cortesia, e trazendo felicidade ao lar. Podeis ensinar a vossos filhos uma lição, enquanto lhes explicais a razão de terdes feito uma mudança no valor de seus presentes, dizendo-lhes que estais convencidos de que até aí havíeis tomado mais em consideração o prazer deles do que a glória de Deus. Dizei-lhes que tendes pensado mais em vosso próprio prazer e na satisfação deles, e em vos conservardes em harmonia com os costumes e tradições do mundo, em dar presentes aos que deles não necessitam, do que em levar avante a causa de Deus. CM 179.3

Como os magos da antiguidade, podeis oferecer a Deus as vossas melhores dádivas, e demonstrar pelas ofertas que Lhe dais que apreciais a Sua Dádiva a um mundo pecador. Dirigi os pensamentos de vossos filhos para um novo e desinteressado canal, incentivando-os a dar a Deus ofertas pela dádiva do Seu Filho unigênito. — The Review and Herald, 13 de Novembro de 1894. CM 179.4