Temperança

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Capítulo 3 — Temperança e espiritualidade

A entrega a Satanás — O homem, cedendo à tentação de Satanás para condescender com a intemperança, põe as faculdades superiores em subordinação aos apetites e paixões animais, e estas, uma vez conquistando a ascendência, o homem, criado um pouco menor que os anjos, com faculdades susceptíveis do mais alto cultivo, rende-se ao controle de Satanás e ele adquire fácil acesso aos que se encontram na servidão do apetite. Mediante a intemperança, alguns sacrificam metade, e outros dois terços de suas faculdades físicas, mentais, e morais, tornando-se joguetes do inimigo. Te 146.1

Os que quiserem possuir mente clara para discernir os ardis de Satanás, precisam ter os desejos sob o domínio da razão e da consciência. A ação moral e vigorosa das faculdades superiores do espírito é essencial ao aperfeiçoamento do caráter cristão, e a resistência ou fraqueza da mente tem muito que ver com nossa utilidade neste mundo, e com nossa salvação final. Te 146.2

A ignorância que tem dominado quanto à lei de Deus em nossa natureza física, é deplorável. Intemperança de qualquer espécie é uma violação das leis de nosso ser. Predomina em assustadora extensão a imbecilidade. O pecado torna-se atrativo mediante a roupagem de luz com que o veste Satanás, e ele fica satisfeito quando pode manter o mundo cristão em seus hábitos cotidianos sob a tirania do costume, como os pagãos, permitindo que o apetite os governe. Te 146.3

Força física e intelectual sacrificadas — Caso homens e mulheres de inteligência tenham suas faculdades morais embotadas mediante intemperança de qualquer espécie, acham-se, em muitos de seus hábitos, pouco acima dos pagãos. Satanás está constantemente desviando o povo da luz salvadora para costumes e modas, a despeito da saúde física, mental e moral. O grande inimigo sabe que, predominem o apetite e a paixão, a saúde física e o vigor intelectual são sacrificados no altar da satisfação egoísta, e o homem é rapidamente levado à ruína. Se o esclarecido intelecto mantiver as rédeas, dominando as propensões animais e conservando-as em sujeição às faculdades morais, bem sabe Satanás que bem pequeno é seu poder para vencer com suas tentações. Te 146.4

Satisfazer às exigências da moda — O povo em nossos dias, fala dos séculos escuros, e gaba-se de progresso. Com esse progresso, porém, não decrescem a impiedade e o crime. Deploramos a ausência de simplicidade natural, e o aumento da ostentação artificial. A saúde, a resistência, a beleza e a longevidade, comuns na chamada “Idade Escura”, são raras agora. Quase tudo quanto é desejável sacrifica-se para satisfazer as exigências da moda. Te 147.1

Grande parte do mundo cristão não tem o direito de chamar-se cristão. Seus hábitos, sua extravagância, a maneira por que tratam em geral o próprio corpo, são violações da lei física, e contrários à Bíblia. Eles estão preparando para si mesmos, na sua maneira de viver, sofrimentos físicos e fraqueza mental e moral. Te 147.2

Mediante seus ardis Satanás tem, em muitos respeitos, tornado a vida doméstica uma vida de cuidados e de complicados fardos, a fim de satisfazer às exigências da moda. Seu desígnio em assim fazer é manter a mente tão plenamente ocupada com as coisas desta vida, que eles não possam dar senão pequena atenção a seus mais altos interesses. A intemperança no comer e no vestir tem por tal forma absorvido a mente do mundo cristão, que as pessoas não dão tempo a se tornarem inteligentes quanto às leis de seu ser, a fim de obedecer-lhes. Professar o nome de Cristo é de bem pouca monta uma vez que a vida não corresponda à vontade de Deus, revelada em Sua Palavra. ... Te 147.3

Quando a santificação é impossível — Grande parte de todas as enfermidades que afligem a família humana, são resultado de seus próprios hábitos errôneos, devido à voluntária ignorância, ou à desconsideração para com a luz dada por Deus a respeito das leis de seu ser. Não nos é possível glorificar a Deus enquanto vivermos na violação das leis da vida. O coração não pode manter consagração a Deus ao mesmo tempo que é satisfeito o concupiscente apetite. Um corpo enfermiço e um intelecto desordenado em virtude da contínua condescendência com a prejudicial concupiscência, tornam impossível a santificação do corpo e do espírito. Te 147.4

O apóstolo compreendeu a importância das condições sadias do corpo para a bem-sucedida perfeição do caráter cristão. Diz ele: “Subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” — Redemption; or The Temptation of Christ, 57-62. Te 148.1

Educar hábitos, gostos e inclinações — Coisa alguma pode ser mais ofensiva a Deus do que mutilar ou empregar mal os dons a nós emprestados para serem consagrados a Seu serviço. Está escrito: “Quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” Te 148.2

Há, em toda obra importante, tempos de crise em que há grande necessidade de que aqueles que se acham ligados à obra tenham mente clara. Importa haver homens que compreendam, com o apóstolo Paulo, a importância de exercer temperança em tudo. Há trabalho para realizarmos — obra difícil, diligente para nosso Mestre. Todos os nossos hábitos, gostos e inclinações devem ser educados em harmonia com as leis da vida e da saúde. Podemos, assim, assegurar justamente as melhores condições físicas, e possuir clareza mental para discernir entre o mal e o bem. Te 148.3

A intemperança de qualquer espécie obscurece os órgãos perceptivos, enfraquecendo assim a faculdade nervosa do cérebro para que as coisas eternas não sejam apreciadas, mas sejam colocadas no nível das coisas comuns. As mais elevadas faculdades da mente, destinadas a mais nobres desígnios, são postas em servidão das paixões inferiores. Caso os hábitos físicos não estejam corretos, as faculdades mentais e morais não podem ser fortes; pois existe grande relação entre o físico e o moral. O apóstolo Pedro compreendeu isto, e ergueu a voz em advertência: “Amados, peço-vos como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma.” Te 148.4

Postos em risco mais altos interesses — Assim adverte claramente a Palavra de Deus que, a menos que nos abstenhamos das concupiscências carnais; a natureza física entrará em conflito com a espiritual. As satisfações concupiscentes combatem contra a saúde e a paz. Estabelece-se um conflito entre os atributos mais elevados do homem e os inferiores. As propensões mais baixas, fortes e ativas, oprimem a alma. Os interesses mais altos do ser são postos em risco pela satisfação dos desejos não santificados. — The Signs of the Times, 27 de Janeiro de 1909. Te 149.1

Uma lição para os Adventistas do Sétimo Dia — O caso dos filhos de Arão foi registrado para benefício do povo de Deus, e deve ensinar especialmente aos que se estão preparando para a segunda vinda de Cristo, que a condescendência com o apetite pervertido destrói os finos sentimentos da alma e afeta por tal forma as faculdades de raciocínio dadas por Deus ao homem, que as coisas espirituais e santas, perdem sua santidade. A desobediência parece aprazível em vez de excessivamente pecaminosa. — The Signs of the Times, 8 de Julho de 1880. Te 149.2

Vencer toda prática nociva — Os princípios da temperança são de vasto alcance; e há perigo de que os que receberam grande esclarecimento acerca desse assunto deixem de apreciá-lo. Deus requer que Seu povo, que vive nestes últimos dias, vença toda prática nociva, apresentando seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Ele, a fim de poderem obter um assento à Sua direita. Te 149.3

É nosso dever cuidar de nós mesmos, e lutar para pôr nosso espírito, nossa vontade, e nossos gostos em conformidade com as recomendações de nosso Criador. Unicamente a graça de Deus nos pode habilitar a fazer isto; pelo Seu poder nossa vida pode ser levada à harmonia com Seus justos princípios. Ceifaremos aquilo que semearmos, e unicamente os que se põem em sujeição à vontade de Deus são verdadeiramente sábios. — Carta 69, 1896. Te 149.4

Regidos por uma consciência esclarecida — Caso os cristãos submetessem todos os seus apetites e paixões ao domínio de uma consciência esclarecida, sentindo ser seu dever para com Deus e seus semelhantes obedecer às leis que regem a vida e a saúde, teriam a bênção do vigor físico e mental; possuiriam poder moral para empenhar-se no conflito contra Satanás; e em nome dAquele que venceu em seu favor, seriam mais que vencedores para seu próprio bem. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 39, 40. Te 150.1

Por que muitos cairão — Queremos que nossas irmãs que se estão prejudicando por hábitos errôneos, abandonem-nos, e venham para a frente e sejam obreiras na reforma. A razão por que muitos dentre nós cairão no tempo de angústia, é a frouxidão na temperança e a condescendência com o apetite. Te 150.2

Moisés pregou bastante sobre esse assunto, e a causa de o povo não haver entrado na terra prometida foi a repetida condescendência com o apetite. Nove décimos da impiedade entre os filhos de hoje tem por causa a intemperança no comer e no beber. Adão e Eva perderam o Éden em virtude da satisfação do apetite, e só o podemos reaver mediante renúncia do mesmo. — The Review and Herald, 21 de Outubro de 1884. Te 150.3

Correi de tal maneira que o alcanceis — Há vitórias preciosas a ganhar; e os vencedores neste conflito contra o apetite e toda concupiscência mundana receberão uma imarcescível coroa de vida, um bendito lar naquela cidade cujas portas são pérolas e cujos fundamentos são pedras preciosas. Não é esse prêmio digno de que por ele nos esforcemos? Não é digno de todo esforço que nos seja possível envidar? Corramos pois de tal maneira que o possamos alcançar. — The Signs of the Times, 1 de Setembro de 1887. Te 150.4