Filhas de Deus
O falecimento de um esposo
Escrita para a Sra. Fannie Ashurst Capehart, “Westmoreland”, Washington Heights, Washington, D C. FD 174.6
Minha querida irmã:
Acabo de ler sua carta. Vou lhe responder imediatamente, pois talvez algumas linhas lhe confortem o espírito. FD 174.7
Meu esposo faleceu em Battle Creek, em 1881. Durante um ano, não consegui suportar o pensamento de que estava sozinha. Meu esposo e eu havíamos permanecido lado a lado em nossa obra ministerial, e por um ano após sua morte não consegui suportar a idéia de que fora deixada só, sozinha, para levar adiante as responsabilidades que no passado ele e eu leváramos juntos. Durante aquele ano, não me recuperei, mas cheguei perto de morrer. Porém não me demorarei sobre isso. FD 174.8
Enquanto meu esposo jazia no esquife, nossos bons irmãos vieram a mim e insistiram para que orássemos pedindo que fosse restituído à vida. Eu lhes disse: Não, não. Enquanto vivera, havia feito o trabalho que deveria ter sido distribuído entre dois ou três homens, e agora descansava. Por que chamá-lo de volta à vida, para suportar novamente aquilo pelo qual havia passado? “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham”. Apocalipse 14:13. FD 175.1
O ano seguinte à morte do meu esposo foi cheio de sofrimento para mim. Achei que não fosse viver, e fiquei muito fraca. Membros da minha família tiveram a idéia de que haveria um lampejo de esperança para mim se eu fosse induzida a assistir à reunião campal em Healdsburg. Essa reunião seria realizada num bosque a cerca de um quilômetro e meio da minha casa, em Healdsburg. Esperavam que, no local do acampamento, Deus me revelasse distintamente que eu devia viver. Na época, não havia cor na minha face, mas uma palidez mortal. Levaram-me ao acampamento num domingo, numa charrete. Naquele dia, a grande tenda estava repleta. Parecia que quase toda a Healdsburg estava presente. FD 175.2
Colocaram um sofá na espaçosa plataforma que servia de púlpito, e sobre ele me puseram da maneira mais confortável possível. Durante a reunião, eu pedi ao meu filho, W. C. White: “Você me ajuda a levantar e a ficar em pé, enquanto digo algumas palavras?” Ele disse que me auxiliaria, e me levantei. Por cinco minutos fiquei ali, tentando falar, e achando que seria a última vez que diria alguma coisa — minha mensagem de despedida. FD 175.3
De imediato, senti um poder sobre mim, como um choque elétrico. Passou pelo meu corpo e subiu até à cabeça. As pessoas disseram que viram claramente o sangue retornando aos meus lábios, minhas orelhas, face e testa. Perante aquele grande número de pessoas, fui curada, e o louvor de Deus estava no meu coração e saía dos meus lábios em tons claros. Operou-se um milagre diante daquela grande congregação. FD 175.4
Tomei, então, o meu lugar entre os oradores, e diante da congregação dei um testemunho como nunca antes tinham ouvido. Era como se alguém tivesse sido erguido dentre os mortos. Aquele ano todo havia sido de preparação para essa mudança. E o povo de Healdsburg devia ter esse sinal como testemunho da verdade. [...] FD 175.5
Minha irmã, não mostre mais qualquer desconfiança em relação ao nosso Senhor Jesus Cristo. Avance com fé, crendo que encontrará seu esposo no reino de Deus. Faça seu melhor, preparando os vivos para se tornarem membros da família real e filhos do Rei celestial. Essa é a nossa obra agora, essa é a sua obra. Realize-a fielmente, e creia que se encontrará com seu esposo na Cidade de Deus. Faça o que puder para ajudar outros a estarem confiantes. Anime as pessoas. Leve-as a aceitar FD 175.6
a Cristo. Jamais torture sua alma como tem feito, mas seja humilde, leal, fiel e conte com a palavra de Deus, de que se encontrarão quando a guerra acabar. Tenha bom ânimo. — Carta 82, 1906. FD 176.1
Escrita para a irmã Chapman, velha amiga na fé, por ocasião da morte do seu companheiro na vida. FD 176.2
Querida irmã Chapman:
Penso em você todos os dias e lhe apresento minhas condolências. Que lhe posso dizer por ocasião da maior tristeza que já a alcançou na vida? Faltam-me as palavras neste momento. Só posso colocá-la nas mãos de Deus e a do compassivo Salvador. Há nEle descanso e paz. Receba dEle o consolo. Jesus ama e Se compadece como ninguém de nós. O próprio Jesus Cristo a sustenta; Seus braços eternos a amparam, Suas palavras podem curar. Não podemos penetrar nos secretos conselhos de Deus. Os desapontamentos, aflições e perplexidades, as perdas que sofremos, não nos devem separar de Deus, mas levar-nos para mais perto dEle. FD 176.3
Como nos cansamos e nos angustiamos ao carregar a nós mesmos e aos nossos fardos! Quando vamos a Jesus, sentindo-nos incapazes de continuar carregando esses fardos, e os depomos sobre o Portador de fardos, descanso e paz nos virão. Só seguimos tropeçando sob nossas pesadas cargas, tornando-nos infelizes a cada dia porque não recebemos de coração as graciosas promessas de Deus. Ele nos aceitará, indignos como somos, por intermédio de Jesus Cristo. Que nunca percamos de vista a promessa de que Jesus nos ama. Sua graça está à espera de que a peçamos. FD 176.4
Minha querida e aflita irmã, sei por experiência o que você está passando. Ando com você na estrada que tão recentemente percorri. Aproxime-se, minha querida irmã, de Cristo, que é poderoso para curar. O amor de Jesus por nós não vem por algum meio miraculoso. Esse meio miraculoso do Seu amor foi evidenciado na Sua crucifixão, e a luz do Seu amor se reflete em brilhantes raios a partir da cruz do Calvário. Agora nos cabe aceitar esse amor, apropriar-nos das promessas de Deus para nós. FD 176.5
Simplesmente repouse em Jesus. Descanse nEle assim como uma criança cansada repousa nos braços de sua mãe. O Senhor Se compadece de você. Ele a ama. Os braços do Senhor a sustentam. Ferida e magoada, simplesmente repouse sua confiança em Deus. Uma compassiva mão se estende para atar suas feridas. Ele será mais precioso à sua alma que o mais seleto amigo, e nada do que se possa desejar é comparável a Ele. Somente creia nEle; apenas confie nEle. Sua amiga na aflição — alguém que a entende. — Carta 1e, 1882. FD 176.6
A Sra. Parmelia Lane foi esposa do pastor Sands Lane, nativo de Michigan e bem-sucedido pregador. Ele se tornou, mais tarde, presidente de várias associações nos FD 176.7
Estados Unidos. Realizava reuniões numa tenda, em Riseley, quando a Sra. White chegou à Inglaterra. Ela e a família Lane mantiveram boa amizade ao longo de anos. FD 177.1
Querida irmã Lane:
Já senti a aflição pela qual está passando agora, e sei como me identificar com você. Posso entender seu sentimento de que sofreu uma grande perda. FD 177.2
Quero dizer-lhe que recebemos uma carta do seu esposo, escrita pouco antes do falecimento dele. Na ocasião em que recebi a carta, buscava a solução de muitos problemas difíceis, e achei que não conseguiria responder imediatamente. Mais tarde, comecei a escrever a resposta mas, antes de terminar a carta, soube que ele havia falecido. FD 177.3
Valorizo grandemente essa carta, pois nela o irmão Lane apresenta um testemunho de sua experiência pessoal, e me dá motivo para crer que foi um verdadeiro filho de Deus. Alguns dos nossos irmãos tinham certo receio de que nosso irmão não visse todas as coisas claramente, mas essa carta parece indicar que ele se esforçava conscienciosamente para seguir na direção certa. FD 177.4
Minha querida irmã, eu me alegraria ao receber uma carta sua. Espero que esteja onde possa ser feliz. FD 177.5
Alegro-me por saber que Jesus, nosso Salvador, virá em breve, e que então nos poderemos reunir, todos, ao redor do grande trono branco. Pretendo estar lá e, se ambas formos leais e fiéis até o fim, creio que encontraremos seu esposo. Talvez tenhamos que passar por cenas dolorosas, mas estaremos seguras se ocultarmos nossa vida com Cristo em Deus. Muitos darão ouvidos a espíritos sedutores e a doutrinas de demônios, e a única esperança da alma é olhar constantemente para Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé. FD 177.6
Devemos agora fazer nossa parte como servas de Jesus Cristo, levando ao mundo o conhecimento da verdade. Uma breve obra deve ser feita no mundo, e devemos vigiar e trabalhar com diligência. Devemos instar, em tempo e fora de tempo. À igreja de Cristo pertencem nossos talentos, tanto os originais quanto os adquiridos. Somos servos do Senhor Jesus Cristo. FD 177.7
Entristecemo-nos ao ver homens e mulheres como senhores absolutos daqueles que deviam ser livres instrumentos do Senhor. Cristo é o supremo soberano da Sua igreja. Que ninguém se intrometa entre nossa alma e Ele. Trabalhemos inteiramente para o Senhor, não permitindo que coisa alguma se interponha entre a alma e seu mais elevado interesse — vencer pelo sangue do Cordeiro e a palavra do nosso testemunho. [...] FD 177.8
Tenha bom ânimo no Senhor, minha irmã. Continue olhando para o Autor e Consumador da nossa fé. — Carta 362, 1906. FD 177.9