O Sábado e o Domingo nos Primeiros Três Séculos: o Testemunho Completo dos Pais da Igreja

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Testemunho do Poema de Gênesis

Veio o sétimo dia, quando Deus SDS 111.3

descansou ao fim de Sua obra, DECRETANDO-O SDS 111.4

SANTO PARA AS ALEGRIAS DA ERAS VINDOURAS. SDS 111.5

Linhas 51-53. SDS 111.6

Aqui, novamente, encontramos um testemunho explícito da instituição divina do sétimo dia para uso santo, enquanto o homem ainda estava no Éden, o jardim de Deus. E isso completa o testemunho dos pais até o tempo de Constantino e do Concílio de Niceia. SDS 111.7

Uma coisa está aberta diante olhos do leitor em todo lugar, conforme ele passa por esses testemunhos dos pais: eles viveram no período que, com propriedade, pode ser chamado de “era da apostasia”. A apostasia não estava completa, mas estava firmemente se desenvolvendo. Alguns dos pais da igreja tinham o sábado no pó e honravam o dia do sol como sua festa semanal, apesar de não reivindicar nenhuma autoridade divina para essa celebração. Outros reconheciam o sábado como uma instituição divina, que devia ser honrada por toda a humanidade em memória da criação, e, no entanto, ao mesmo tempo, exaltavam acima dele a festa do domingo, o qual eles reconheciam não ter nada além do costume e da tradição para apoiá-la. O resultado podia ser previsto: no devido tempo, a festa dominical ganhou todo o terreno para si e o sábado foi expulso. Várias coisas conspiraram para se chegar a esse resultado: SDS 112.1

1. Os judeus, que conservaram o antigo sábado, tinham matado a Cristo. Era fácil as pessoas se esquecerem de que Cristo, como Senhor do sábado, havia afirmado que esse dia era instituição Sua, e considerarem o sábado uma instituição judaica à qual os cristãos não deveriam respeitar. SDS 112.2

2. A igreja de Roma, como líder na obra da apostasia, liderou os mais antigos esforços para suprimir o sábado, transformando-o em um jejum. SDS 112.3

3. Na igreja cristã, quase que desde o início, as pessoas honravam voluntariamente o quarto, o sexto e o primeiro dia da semana, para comemorar a traição, a morte e a ressurreição de Cristo, atos que, em si mesmos, não podiam ser considerados pecaminosos. SDS 112.4

4. Mas o primeiro dia da semana correspondia à amplamente observada festa pagã ao sol. Logo, era fácil unir a honra a Cristo com a conveniência e vantagem mundana de Seu povo, e justificar a negligência do antigo sábado, estigmatizando-o como uma instituição judaica, com a qual os cristãos não deveriam se preocupar. SDS 112.5

O caráter progressivo da obra da apostasia, com respeito ao sábado, é acidentalmente ilustrado pelo que Giesler, o distinto historiador da igreja, menciona acerca do sábado e do primeiro dia em seus registros do primeiro, segundo e terceiro séculos. Acerca do primeiro século, ele diz: SDS 112.6

Enquanto os cristãos da Palestina, que guardavam toda a lei judaica, celebravam, é claro, todas as festas judaicas, os pagãos convertidos observavam apenas o sábado, e, em memória das cenas finais da vida de nosso Salvador, a Páscoa (1 Coríntios 5:6-8), embora sem as superstições judaicas (Gálatas 4:10; Colossenses 2:16). Além desses, o domingo, como o dia da ressurreição do nosso Salvador (Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2; Apocalipse 1:10), ἡ κυριακὴ [do Senhor] ἡμέρα [dia], era dedicado ao culto religioso. — Giesler’s Ecclesiastical History [História Eclesiástica de Giesler], vol. 1, seç. 29, edição de 1836. SDS 113.1

Tendo o domingo conseguido uma base de apoio, veja como fica o caso no segundo século. Aqui estão as palavras de Giesler novamente: SDS 113.2

Tanto o domingo quanto o sábado eram observados como festas; o último, no entanto, sem superstições judaicas a ele vinculadas. — Id., seç. 52. SDS 113.3

Nessa época, como Giesler apresenta o caso, o domingo começou a ganhar a precedência. Mas quando ele apresenta os eventos do terceiro século, ele retira o sábado de seus registros e dá todo o terreno para o domingo e para as festas anuais da igreja. Ele diz o seguinte: SDS 113.4

No tempo de Orígenes, os cristãos não tinham festas gerais, exceto o domingo, a parasceve (ou preparação), a Páscoa e a festa do Pentecostes. Logo depois, no entanto, os cristãos no Egito começaram a observar a festa da Epifania, no dia seis de janeiro. — Id. vol. 1, seç. 70. SDS 113.5

Essas três declarações de Giesler, relacionadas, como estão, ao primeiro, segundo e terceiro séculos, são especialmente apresentadas para descrever o progresso da obra da apostasia. Coleman sucintamente descreve essa obra com as seguintes palavras: SDS 113.6

A observância do dia do Senhor foi ordenada enquanto o sábado dos judeus ainda era observado. O último só foi suplantado pelo primeiro quando este adquiriu a mesma solenidade e importância que pertencia, a princípio, ao grande dia que Deus havia originalmente ordenado e abençoado. [...] Com o tempo porém, após o dia do Senhor ser plenamente estabelecido, a observância do sábado dos judeus foi gradualmente descontinuada e, por fim, denunciada como herética. — Ancient Christianity Exemplified [Cristianismo Antigo Exemplificado], cap. 26, seç. 2. SDS 114.1

Assim descrevemos a obra da apostasia na igreja de Cristo, e destacamos a combinação de circunstâncias que contribuíram para suprimir o sábado, e elevar o primeiro dia da semana. Nós agora concluímos essa série de testemunhos dos pais, afirmando o bem conhecido, contudo, notável fato, de que, no exato ponto ao qual somos trazidos por esses testemunhos, o imperador Constantino, enquanto ainda um pagão, segundo Mosheim, promulgou o seguinte edito acerca da antiga festa dominical: SDS 114.2

Que todos os juízes e moradores das cidades, e os trabalhadores de todos os ofícios, descansem no venerável dia do sol; mas que os habitantes dos campos, sem qualquer restrição e em plena liberdade, cuidem do trabalho da agricultura; pois com frequência acontece de nenhum outro dia ser tão apropriado para semear milho e plantar vinhas; para que não aconteça de deixarem passar o momento crítico e perderem os produtos concedidos pelo Céu. SDS 114.3

Por meio do ato de um homem ímpio, a festa pagã do domingo agora subiu ao trono do Império Romano. Não podemos aqui acompanhar sua história através dos longos anos das trevas e apostasia papal. Mas, ao encerrarmos, citamos as palavras de Mosheim a respeito dessa lei, como uma prova positiva de que, até este momento, como mostrado por meio dos pais, o domingo era um dia de trabalho comum, em que os homens não estavam envolvidos na adoração. Ele fala o seguinte sobre isso: SDS 114.4

O primeiro dia da semana, que era o momento comum e determinado para as assembleias públicas dos cristãos, passou a ser observado com maior solenidade do que antes, em consequência de uma lei específica promulgada por Constantino. — Mosheim, século 4, parte 2, cap. 4, seç. 5. SDS 115.1

Essa lei restringia os comerciantes e os artesãos, mas não impedia o fazendeiro de realizar seu trabalho. Contudo, ela fez com que o dia fosse observado com maior solenidade do que antes. Estas palavras são ditas referentes aos cristãos, e provam que, na opinião de Mosheim, como historiador, antes de 321 d.C., o domingo era um dia em que o trabalho comum era habitual e lícito entre eles, como o registro dos pais indica, e como muitos historiadores testificam. SDS 115.2

Mas mesmo depois disso, o sábado mais uma vez reviveu, e tornou-se forte, mesmo dentro da suposta Igreja Católica, até que o Concílio de Laodiceia, em 364 d.C. proibiu a sua observância sob ameaça de terrível maldição. Daí em diante, a sua história pode ser encontrada descrita principalmente nos registros dos corpos daqueles que a Igreja Católica excomungou como hereges. SDS 115.3