Daniel e Apocalipse

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Daniel 4 — O Decreto de Nabucodonosor

VERSÍCULO 1. O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e homens de todas as línguas, que habitam em toda a Terra: Paz vos seja multiplicada! 2. Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. 3. Quão grandes são os Seus sinais, e quão poderosas, as Suas maravilhas! O Seu reino é reino sempiterno, e o Seu domínio, de geração em geração. DAP 73.1

O Dr. Clarke afirma que este capítulo inicia com “um decreto comum e um dos mais antigos já registrados”. Saiu da pena de Nabucodonosor e foi promulgado da forma costumeira. Ele queria tornar conhecido não apenas a poucos, mas a todos os povos, todas as nações e todas as línguas os feitos maravilhosos de Deus em sua vida. As pessoas sempre estão prontas para contar os benefícios e as bênçãos que Deus lhes concedeu. Não deveríamos nos mostrar menos dispostos a compartilhar as experiências de humilhação e castigos que ele nos proporciona. E Nabucodonosor dá um bom exemplo disso, conforme veremos em partes posteriores deste capítulo. Confessa com franqueza sua vaidade e o orgulho de seu coração, bem como o meio que Deus usou para rebaixá-lo. Com um espírito genuíno de arrependimento e humildade, pensou, por vontade própria, ser bom tornar conhecidas essas coisas, a fim de que a soberania divina fosse exaltada e Seu nome adorado. No que se refere ao reino, deixa de reivindicar imutabilidade para si; em vez disso, rende-se por completo ao Senhor, reconhecendo que somente o reino de Deus é eterno, e seu domínio, de geração em geração. DAP 73.2

VERSÍCULO 4. Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo em minha casa e feliz no meu palácio. 5. Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram. 6. Por isso, expedi um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios da Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho. 7. Então, entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a sua interpretação. 8. Por fim, se me apresentou Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo: 9. Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis as visões do sonho que eu tive; dize-me a sua interpretação. 10. Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da Terra, cuja altura era grande; 11. crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que a sua altura chegava até ao Céu; e era vista até aos confins da Terra. 12. A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela. 13. No meu sonho, quando eu estava no meu leito, vi um vigilante, um santo, que descia do Céu, 14. clamando fortemente e dizendo: Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos. 15. Mas a cepa, com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais, a erva da terra. 16. Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ela sete tempos. 17. Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles. 18. Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos. DAP 73.3

Nos eventos aqui narrados, é possível destacar vários pontos surpreendentes: DAP 74.1

1. Nabucodonosor estava tranquilo em sua casa. Ele havia empreendido com sucesso todas as suas iniciativas. Tinha conquistado a Síria, a Fenícia, a Judeia, o Egito e a Arábia. Provavelmente foram essas grandes conquistas que inflaram seu ego e o traíram, deixando-o em um estado de vaidade e autoconfiança exageradas. Bem nessa época, quando ele se sentia mais em paz e seguro, quando seria improvável permitir qualquer pensamento que perturbasse sua complacente tranquilidade, Deus escolheu incomodá-lo com temores e pressentimentos. DAP 74.2

2. Como Deus fez isto. O que poderia amedrontar o coração de um monarca como Nabucodonosor? Ele era guerreiro desde a juventude. Em muitas ocasiões, deparara frente a frente com perigos de batalhas, os terrores do extermínio e da carnificina. Diante disso, seu semblante não empalideceu, nem seus nervos estremeceram. E o que lhe pôs medo agora? Nenhum inimigo ameaçava, nenhuma nuvem hostil despontava no horizonte. Por ser o momento mais improvável para ser assolado por temores, o meio mais improvável para despertá-lo foi escolhido: um sonho. Os propósitos, pensamentos e as visões de sua cabeça foram usados para lhe ensinar o que nada mais conseguiria, numa lição salutar de dependência e humildade. Aquele que havia aterrorizado outros, mas a quem ninguém conseguia amedrontar, se transformou em um terror para si mesmo. DAP 74.3

3. Uma humilhação ainda maior do que a narrada no segundo capítulo sobreveio aos magos. Lá eles se gabaram de que, se soubessem qual era o sonho, conseguiriam dar a interpretação. Neste caso, Nabucodonosor se recorda do sonho com clareza, mas fica pasmo ao ver seus magos falharem vergonhosamente com ele de novo. Eles não sabiam qual era a interpretação e mais uma vez é preciso recorrer ao profeta de Deus. DAP 74.4

4. A ilustração notável do reinado de Nabucodonosor. O reino é simbolizado por uma árvore no meio da Terra. Babilônia, onde Nabucodonosor reinava, ficava mais ou menos no centro do mundo então conhecido. A árvore chegava ao Céu e suas folhas eram formosas. Sua glória e esplendor eram grandes, mas isso não era tudo, como no caso de muitos reinos. Havia excelências internas também. Seus frutos eram abundantes e davam alimento para todos. Os animais do campo encontravam sombra debaixo dela, as aves do céu habitavam em seus galhos e todos os seres dela se alimentavam. O que poderia representar com mais clareza e eficácia o fato de que Nabucodonosor administrava seu reino com grande destreza, a ponto de não faltar a seus súditos a mais ampla proteção, o mais vasto apoio e toda prosperidade? Ser capaz de realmente realizar isso significa chegar à perfeição dos governos terrenos e à mais alta glória de qualquer reino. DAP 74.5

5. A misericórdia que Deus alia a seus julgamentos. Quando foi dada a ordem de que a árvore fosse cortada, instruiu-se que a cepa com as raízes fosse deixada na terra e que ela fosse protegida com cadeias de ferro e de bronze, para não ser totalmente entregue à decomposição, a fim de que restasse uma fonte para grandeza e crescimento futuros. Está chegando o dia em que os ímpios serão cortados e nenhum resíduo de esperança lhes restará. Nenhuma misericórdia será misturada ao castigo. Serão destruídos tanto a raiz quanto os ramos. DAP 75.1

6. Um elemento importante para a interpretação profética. O decreto diz, no versículo 16: “passem sobre ela sete tempos”. Esta é uma narrativa evidentemente, literal. Logo, o tempo deve ser compreendido de forma literal. Qual é o tamanho do período denotado? Isso pode ser determinado ao identificarmos quanto tempo Nabucodonosor, em cumprimento a essa predição, habitou em meio aos animais do campo. Josefo nos informa que tal período foi de sete anos. Logo, um “tempo” representa um ano. Quando o termo é usado em profecias simbólicas, denota, é claro, tempo profético ou simbólico. Um “tempo” então seria um ano profético, ou, pelo fato de cada dia representar um ano, 360 anos literais. Haverá oportunidade de comentar esse fato quando chegarmos a Daniel 7:25. DAP 75.2

7. O interesse dos santos, ou anjos, nas questões humanas. Eles são representados requerendo que Nabucodonosor recebesse esse tratamento. São capazes de ver, de um modo que nenhum mortal consegue, como o orgulho é pernicioso no coração humano. Aprovam os decretos e as providências de Deus cujo propósito é corrigir tais males, simpatizando com eles. O indivíduo precisa saber que não é o arquiteto da própria sorte, mas que há Alguém que governa o reino humano, de quem se deve humildemente depender. Um homem pode ser um monarca de sucesso, mas não deve se orgulhar disso, pois, a menos que o Senhor o exalte, ele nunca alcançaria essa posição de honra. DAP 75.3

8. Nabucodonosor reconheceu a supremacia do Deus verdadeiro sobre os oráculos pagãos. Apelou a Daniel a fim de encontrar a solução do mistério. Afirmou: “Tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos”. A Septuaginta traz no singular, o Espírito do Deus santo. DAP 75.4

VERSÍCULO 19. Então, Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo [uma hora, KJV], e os seus pensamentos o turbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos. 20. A árvore que viste, que cresceu e se tornou forte, cuja altura chegou até ao Céu, e que foi vista por toda a Terra, 21. cuja folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves do céu faziam morada, 22. és tu, ó rei, que cresceste e vieste a ser forte; a tua grandeza cresceu e chega até ao Céu, e o teu domínio, até à extremidade da Terra. 23. Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que descia do Céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ela sete tempos, 24. esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor: 25. serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. 26. Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que o Céu domina. 27. Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranquilidade. DAP 75.5

A hesitação de Daniel, que ficou atônito por uma hora, não ocorreu por nenhuma dificuldade em interpretar o sonho, mas, sim, por se tratar de uma questão tão delicada para revelar ao rei. Daniel havia recebido o favor do rei — e nada além disso, até onde sabemos — por isso era difícil para ele ser porta-voz de uma ameaça de juízo tão terrível quanto essa que o sonho envolvia. Ele ficou incomodado, refletindo em qual seria a melhor maneira de dar a notícia. Parece que o rei já esperava algo do tipo e, por essa razão, encorajou o profeta, dizendo-lhe que não deixasse o sonho ou a interpretação perturbá-lo, como se estivesse falando: “Não hesite em revelar, a despeito das consequências que tenha para mim. Com essa garantia, Daniel se expressou, com força e delicadeza sem igual em suas palavras: “o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos”. Uma calamidade foi anunciada nesse sonho, a qual gostaríamos que sobreviesse aos seus inimigos, não a você. DAP 77.1

Nabucodonosor havia feito um relato minucioso do sonho. Assim que Daniel lhe informou que o sonho se aplicava ao monarca, ficou claro que ele havia pronunciado a própria sentença. A interpretação que se segue é tão clara que não precisamos nos deter nela. As ameaças de juízo eram condicionais. Elas tinham o objetivo de ensinar ao monarca que o Altíssimo, o governante dos céus, está no comando. Daniel aproveita a oportunidade para aconselhar o rei, tendo em vista a ameaça de juízo. Mas não o denuncia com grosseria e ar de censura. A gentileza e a persuasão são as armas que escolhe usar: “Ó rei, aceita o meu conselho”. De igual modo, o apóstolo suplica às pessoas que aceitem a palavra de exortação (Hebreus 13:22). Caso o rei abandonasse seus pecados e agisse com retidão, deixando as iniquidades e estendendo misericórdia aos pobres, poderia haver uma extensão de sua tranquilidade, ou, como diz a margem [da KJV], “cura para teu erro”. Ou seja, ele poderia até mesmo ter afastado o juízo que o Senhor planejava derramar sobre ele. DAP 77.2

VERSÍCULO 28. Todas estas coisas sobrevieram ao rei Nabucodonosor. 29. Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia, 30. falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? 31. Falava ainda o rei quando desceu uma voz do Céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. 32. Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. 33. No mesmo instante, se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves. DAP 78.1

Nabucodonosor não se beneficiou da advertência que recebeu. Mesmo assim, Deus o tolerou por doze meses antes de desferir o golpe. Ao longo de todo esse tempo, acariciava orgulho no coração, até chegar a um ponto além do que Deus poderia suportar. Ao caminhar pelo palácio e contemplar as maravilhas daquela maravilha do mundo, a grande Babilônia, a beleza dos reinos, ele se esqueceu da fonte de toda sua força e grandeza, exclamando então: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?”. Chegara o momento de sua humilhação. Mais uma vez, uma voz do Céu anuncia o juízo ameaçado e a Providência de Deus passa a executá-lo imediatamente. A razão do rei foi embora. A pompa e a glória da grande cidade não mais o encantavam, depois de, por um toque do dedo divino, o Senhor tirar a capacidade do monarca de apreciá-la e desfrutá-la. Ele deixou as moradas humanas e buscou o lar e a companhia dos animais da floresta. DAP 78.2

VERSÍCULO 34. Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao Céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35. Todos os moradores da Terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a Sua vontade, ele opera com o exército do Céu e os moradores da Terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes? 36. Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou extraordinária grandeza. 37. Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do Céu, porque todas as Suas obras são verdadeiras, e os Seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba. DAP 78.3

Ao fim dos sete anos, Deus retirou a mão de juízo. Voltaram então ao rei a razão e o raciocínio. Seu primeiro ato foi bendizer o Altíssimo. A esse respeito, Matthew Henry faz um comentário muito apropriado: DAP 78.4

“Aqueles que podem ser devidamente considerados sem entendimento são os que não bendizem e louvam a Deus; os seres humanos só usam corretamente a razão quando começam a ser religiosos e só vivem de verdade quando vivem para a glória de Deus. Uma vez que a razão é a base ou o tema da religião (de modo que criaturas destituídas da razão são incapazes de ser religiosas), a religião é a coroa e glória da razão. Nossa razão é inútil se não glorificamos a Deus com ela e, nesse caso, um dia desejaremos que nunca a tivéssemos possuído.” DAP 79.1

Sua honra e inteligência retornaram, seus conselheiros o procuraram e, mais uma vez, foi estabelecido no reino. A promessa fora (versículo 26) que o reino certamente continuaria a ser dele. Durante o período de insanidade, conta-se que seu filho Evil-Merodaque atuou como regente em seu lugar. Sem dúvida, a interpretação que Daniel divulgara do sonho foi bem compreendida no palácio e é provável que fosse assunto de conversa, com maior ou menor frequência. Por isso, o retorno de Nabucodonosor ao reino deveria ser aguardado e esperado com interesse. Não sabemos por que recebeu permissão de habitar nos campos abertos, em uma condição lastimável, em vez de desfrutar o conforto e cuidado das mãos dos servos do palácio. Supõe-se que tenha fugido com tamanha habilidade que ninguém conseguiu encontrá-lo. DAP 79.2

A aflição teve o efeito planejado. A lição de humildade foi aprendida. Ele não se esqueceu dela com o retorno da prosperidade. Estava pronto para reconhecer que o Altíssimo domina nos reinos humanos e os dá a quem quiser. Nabucodonosor enviou uma proclamação real a todo o império, reconhecendo seu orgulho, em um manifesto de louvor e adoração ao Rei dos céus. DAP 79.3

Este é o último relato bíblico em que encontramos Nabucodonosor. O Dr. Clarke afirma que o decreto, conforme consta na versão autorizada, [a KJV], data de 563 a.C., ou um ano antes da morte do monarca, embora alguns defendam que o decreto foi promulgado 17 anos antes de sua morte. De todo modo, é provável que ele não tenha caído de novo em idolatria, mas morrido na fé do Deus de Israel. DAP 79.4

Assim terminou a vida desse homem extraordinário. Com todas as tentações ligadas a sua exaltada posição como rei, não podemos supor que Deus identificou nele honestidade de coração, integridade e pureza de propósito, as quais poderiam ser usada para a glória de Seu nome? Por isso agiu de forma tão maravilhosa para com ele, com o propósito de afastá-lo de sua falsa religião e ligá-lo ao serviço do Deus verdadeiro. Encontramos, em primeiro lugar, o sonho da grande estátua, que continha uma lição de extremo valor para as pessoas de todas as gerações futuras. Em segundo lugar, temos a experiência com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego por causa da imagem de ouro, quando foi levado mais uma vez a reconhecer a supremacia do Deus verdadeiro. Por fim, deparamos com os acontecimentos maravilhosos registrados neste capítulo, os quais revelam o esforço incessante do Senhor de levá-lo ao reconhecimento total de Sua pessoa. Não poderíamos então ter a esperança de que o rei mais ilustre do primeiro reino profético, a cabeça de ouro, finalmente terá parte no reino diante do qual todos os reinos terrenos se tornarão como palha e cuja glória nunca se ofuscará? DAP 79.5