Daniel e Apocalipse
Apocalipse 2 — As sete igrejas
Após mapear, no primeiro capítulo, o assunto por meio de uma referência geral às sete igrejas, representadas pelos sete candeeiros, e ao ministério das igrejas, simbolizado por sete estrelas, João passa a falar de cada igreja em particular e escreve a mensagem destinada a cada uma delas, endereçando a epístola ao anjo, ou seja, aos pastores, de cada igreja. DAP 281.1
VERSÍCULO 1. Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz Aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: 2. Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3. e tens perseverança, e suportaste provas por causa do Meu nome, e não te deixaste esmorecer. 4. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. 5. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. 6. Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. 7. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. DAP 281.2
A igreja de Éfeso. Alguns motivos para as sete igrejas, ou, mais apropriadamente, as mensagens dadas a elas, serem consideradas proféticas, com aplicação em sete períodos distintos que abrangem a era cristã, foram expressas nos comentários sobre Apocalipse 1:4. Deve-se acrescentar que tal ponto de vista não é novo, nem local. Benson cita bispo Newton dizendo: “Muitos argumentam, e dentre eles homens cultos como More e Vitringa, que as sete epístolas são proféticas para os muitos períodos ou estados sucessivos da igreja, do início ao fim de tudo”. DAP 281.3
Scott declara: “Muitos comentaristas imaginam que tais epístolas às sete igrejas são profecias místicas de sete épocas distintas que, somadas, formariam o período completo, desde os dias dos apóstolos até o fim do mundo”. DAP 281.4
Embora Newton e Scott não defendam essa perspectiva, o testemunho dos dois valida a existência desse ponto de vista em meio a muitos comentaristas. Matthew Henry diz: DAP 281.5
“Uma opinião tem sido defendida por alguns eruditos de expressão, a qual pode ser definida nas palavras de Vitringa: ‘Por meio dessa representação emblemática das sete igrejas da Ásia, o Espírito Santo delineou sete etapas diferentes da igreja cristã, que ocorreriam em sucessão, estendendo-se até a vinda de nosso Senhor e a consumação de todas as coisas. Isso é feito por meio das descrições retiradas dos nomes, estados e condições dessas igrejas, a fim de que estas pudessem se contemplar, descobrir quais eram suas qualidades e defeitos, bem como as admoestações e exortações adequadas para cada uma’. Vitringa fez uma síntese dos argumentos usados em favor dessa interpretação. Alguns deles são engenhosos, mas hoje não são considerados suficientes para embasar tal teoria. Gill é um dos principais comentaristas ingleses a adotar o ponto de vista de que “essas igrejas representam uma profecia sobre as igrejas de Cristo em diferentes períodos até Ele vir outra vez”. DAP 281.6
Com base nos autores supracitados, parece que o que levou os comentaristas de tempos mais modernos a descartar o ponto de vista da natureza profética das mensagens às sete igrejas é a doutrina relativamente nova e sem base bíblica de um milênio temporal. A última condição da igreja, descrita em Apocalipse 3:15-17, foi considerada incompatível com o estado glorioso das coisas que existiriam nesta Terra por mil anos, com todo o mundo convertido a Deus. Logo, neste caso, assim como em muitos outros, a visão bíblica acaba cedendo à mais agradável. O coração humano, assim como na antiguidade, continua a amar o que é fácil, e seus ouvidos sempre estão favoravelmente abertos àqueles que profetizam paz. DAP 282.1
A primeira igreja se chama Éfeso. De acordo com a aplicação aqui feita, ela abrange a primeira era da igreja, também chamada de apostólica. A definição da palavra Éfeso é desejável e pode muito bem ser usada como um bom termo descritivo do caráter e da condição da igreja em sua fase inicial. Os primeiros cristãos receberam a doutrina de Cristo em sua pureza. Eles desfrutaram os benefícios e as bênçãos dos dons do Espírito Santo. Destacaram-se por suas obras, seu labor e sua perseverança. Em fidelidade aos puros princípios que Cristo ensinou, não conseguiam suportar os maus. Por isso, testavam os falsos apóstolos, investigavam seu verdadeiro caráter e descobriam que eram mentirosos. Não temos nenhuma evidência de que esse trabalho foi realizado de maneira especial pela igreja literal e particular de Éfeso, mais do que pelas outras da época. Paulo não fala nada a esse respeito na epístola que escreveu a essa igreja. Mas era algo que a igreja cristã como um todo fazia naquela era e consistia em uma obra extremamente apropriada (ver Atos 15; 2 Coríntios 11:13.) DAP 282.2
O anjo da igreja. O anjo de uma igreja deve denotar um mensageiro ou ministro seu. Uma vez que cada uma dessas igrejas abrange um período, o anjo de cada igreja deve denotar o ministério ou todos os ministros verdadeiros de Cristo durante a época que ela abarca. As diferentes mensagens, embora dirigidas aos ministros, não se aplicam somente a eles. Endereçam-se, de maneira apropriada, à igreja por meio deles. DAP 282.3
Motivo de queixa. Cristo diz: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor”. Thompson afirma: DAP 282.4
“O fato de deixar o primeiro amor é tão merecedor de advertência quanto o afastamento das doutrinas fundamentais ou da moralidade bíblica. A acusação aqui não é a de cair da graça, ou a de que o amor se extinguiu, mas, sim, de que ele diminuiu. Nenhum zelo, nenhum sofrimento é capaz de expiar pela perda do primeiro amor.” DAP 282.5
Nunca deveria chegar um momento na experiência cristã em que a resposta ao questionamento sobre o período de maior amor a Cristo não seja: o presente. Mas se tal instante chegar, então o cristão deve se lembrar de onde caiu, meditar sobre isso, separar tempo e cuidadosamente retomar a condição de sua aceitação anterior diante de Deus. Então, deve apressar-se em se arrepender e refazer os passos que levam a essa desejável posição. O amor, assim como a fé, é manifesto pelas obras; e o primeiro amor, quando alcançado, sempre traz consigo as primeiras obras. DAP 282.6
A ameaça. “Se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. A vinda aqui mencionada deve ser figurada, significando uma visitação de juízo, uma vez que é condicional. A remoção do candeeiro denota a retirada da luz e dos privilégios do evangelho, os quais seriam confiados a outras mãos, a menos que cumprissem melhor as responsabilidades que lhes foram confiadas. Considerando, porém, que tais mensagens são proféticas, é possível indagar se o candeeiro não seria movido de todo modo, quer se arrependessem, quer não, já que tal igreja é sucedida pela seguinte, que ocupa o próximo período, e também se essa não seria uma objeção contra a interpretação de que essas igrejas são proféticas. Resposta: o fim do período que cada igreja abrange não se dá pela retirada do candeeiro dessa igreja. A remoção do candelabro seria a retirada de privilégios que elas poderiam e deveriam desfrutar por mais tempo. Seria, da parte de Cristo, a rejeição de determinada igreja como representante Dele, com o papel de exaltar a luz de Sua verdade e do evangelho perante o mundo. E essa ameaça se aplicaria tanto a indivíduos quanto à igreja como um corpo. Quantos dos que professaram o cristianismo durante esse período fracassaram e foram rejeitados, não sabemos; sem dúvida, muitos. E assim as coisas prosseguiriam, alguns permanecendo firmes, ao passo que outros se apostatariam e deixariam de ser portadores de luz ao mundo. Enquanto isso, novos conversos preencheriam os lugares vazios deixados pela morte e apostasia, até a igreja passar para uma nova era de sua experiência, marcada como outro período de sua história e descrita por outra mensagem. DAP 283.1
Os nicolaítas. Como Cristo está sempre pronto a elogiar Seu povo pelas boas qualidades que eles possuem! Se há qualquer coisa que Ele aprova, é isso que menciona primeiro. Nesta mensagem à igreja de Éfeso, depois de mencionar primeiro as características recomendáveis e depois os fracassos, como se não quisesse deixar de lado nenhuma das boas qualidades, Ele cita que os efésios odiavam as obras do nicolaítas, que Ele também abominava. No versículo 15, as doutrinas do mesmo grupo são condenadas. Parece que eram uma classe de pessoas cujos atos e doutrinas eram detestáveis aos olhos do Céu. Há certa dúvida quanto a sua origem. Alguns dizem que surgiram a partir de Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos (Atos 6:5); outros afirmam que eles apenas atribuíram sua origem a esse homem, a fim de desfrutar o prestígio de seu nome; outros ainda defendem que a seita assumiu o nome de um Nicolau diferente, de um período posterior. A última alternativa provavelmente é a mais próxima de estar correta. Acerca de suas doutrinas e práticas, parece haver consenso geral de que eles defendiam uma comunidade de esposas, olhavam com indiferença para o adultério e a fornicação, além de permitir que se comessem alimentos oferecidos a ídolos (ver Religious Encyclopedia, Clarke, Kitto e outras autoridades). DAP 283.2
O chamado à atenção. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Uma forma solene de chamar atenção universal para aquilo que é da maior importância geral. A mesma linguagem é usada para cada uma das sete igrejas. Quando Cristo esteve na Terra, usou o mesmo tipo de discurso para chamar a atenção das pessoas para Seus ensinos importantes. Ele o citou ao se referir à missão de João (Mateus 11:15), na parábola do semeador (Mateus 13:9) e na parábola do joio e do trigo, ao aludir ao fim do mundo (v. 43). Os termos também são usados em conexão com um cumprimento profético importante em Apocalipse 13:9. DAP 283.3
A promessa ao vencedor. O vencedor recebe a promessa de que comerá da árvore da vida que cresce no meio do paraíso, ou jardim, de Deus. Onde fica esse paraíso? Resposta: no terceiro Céu. Paulo escreve, em 2 Coríntios 12:2, que ele conhecia um homem (referindo-se a si mesmo) que foi levado ao terceiro Céu. No versículo 4, chama o mesmo lugar de “paraíso”, deixando apenas uma conclusão possível, a saber, que o paraíso se encontra no terceiro Céu. Ao que parece, nesse paraíso se encontra a árvore da vida. A Bíblia só menciona a existência de uma árvore da vida. Ela é mencionada seis vezes; três em Gênesis e três no Apocalipse. Mas todas as vezes é citada junto com o artigo definido a. É a árvore da vida no primeiro livro da Bíblia e a árvore no último; a árvore da vida no “paraíso” (Septuaginta) do Éden no princípio e a árvore da vida no paraíso do qual João fala agora, no Céu. Mas se só existe uma árvore e ela se encontrava a princípio na Terra, pode-se perguntar como ela foi parar no Céu. A resposta é que ela deve ter sido levada ou trasladada para o paraíso do alto. Só é possível o mesmo objeto que estava situado em um local ser transferido para outro por meio do transporte corporal até lá. E há boas razões para crer, além da necessária inferência com base nesse argumento, de que a árvore da vida e o paraíso foram removidos da Terra. DAP 284.1
Em 2 Esdras 7:26, encontramos estas palavras: “Eis que virá o tempo em que ocorrerão estes sinais dos quais lhes falei, e a noiva aparecerá; e em seu surgimento será visto aquilo que agora está retirado da Terra”. Há aqui uma alusão evidente à “noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21:9), que é a “santa cidade, Jerusalém” (v. 10; Gálatas 4:26), na qual se encontra a árvore da vida (Apocalipse 22:2), que agora está “retirada da Terra”, mas aparecerá no devido tempo e se localizará entre os homens (Apocalipse 21:2-3). DAP 284.2
O próximo parágrafo a esse respeito é uma citação da obra Sacred History [História Sacra], de Kurtz, p. 50: DAP 284.3
“O ato divino ao incumbir querubins de “guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:24), no jardim do Éden, aparece de maneira semelhante não só no aspecto que revela severidade judicial, mas também no sentido de prover uma promessa cheia de consolo. A bendita morada da qual os seres humanos foram expulsos não foi aniquilada, nem abandonada à desolação e ruína, mas, sim, retirada da Terra e do acesso humano, confiada ao cuidado das criaturas mais perfeitas de Deus, a fim de ser finalmente restaurada ao ser humano, quando este estiver redimido (Apocalipse 22:2). O jardim que existia antes de ser “plantado” ou adornado por Deus caiu na maldição, assim como o restante da Terra, mas o acréscimo celestial e paradisíaco dela ficou isento e foi confiado aos querubins. O verdadeiro paraíso se encontra hoje trasladado ao mundo invisível. Pelo menos uma cópia simbólica dele, estabelecida no lugar santíssimo do tabernáculo, foi concedida ao povo de Israel segundo o modelo que Moisés viu no monte (Êxodo 25:9, 40); já o próprio original descerá aqui para a Terra a fim de ser a habitação renovada do ser humano redimido (Apocalipse 21:10).” DAP 284.4
Logo, ao vencedor, é prometida uma restauração a algo superior ao que Adão perdeu; não somente aos vencedores desse período da igreja, mas a todos eles, de todas as eras; pois não há restrições para as grandes recompensas do Céu. Leitor, esforce-se para ser um vencedor, pois quem tiver acesso à árvore da vida no meio do paraíso de Deus nunca mais morrerá. DAP 285.1
A época que esta igreja abrange pode ser considerada desde a ressurreição de Cristo até o fim do primeiro século, ou a morte do último apóstolo. DAP 285.2
VERSÍCULO 8. Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: 9. Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. 10. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. 11. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte. DAP 285.3
É interessante notar que o Senhor Se apresenta para cada igreja mencionando características Suas que revelam que Ele é especialmente adequado para transmitir a elas o testemunho que profere. À igreja de Esmirna, que estava prestes a passar pela prova de fogo da perseguição, Ele Se revela como Aquele que esteve morto, mas agora vive. Caso seus membros fossem chamados a selar o testemunho com o próprio sangue, deveriam se lembrar de que tinham sobre eles os olhos de Alguém que partilhara do mesmo destino, mas havia triunfado sobre a morte, sendo, por isso, capaz de lhes trazer de volta da sepultura de mártires. DAP 285.4
Pobreza e riquezas. “Conheço […] a tua pobreza”, Cristo lhes diz, “mas tu és rico”. Pode parecer, a princípio, um estranho paradoxo. Mas quem são as pessoas verdadeiramente ricas deste mundo? Aqueles que são “ricos na fé” e “herdeiros do reino”. As riquezas deste mundo, das quais os seres humanos correm atrás com tanta avidez, sacrificando, com tanta frequência, a felicidade presente e uma vida futura sem fim, é uma “moeda sem valor no Céu”. Certo escritor observou, com linguagem marcante: “Há muitos ricos pobres e muitos pobres ricos”. DAP 285.5
Se declaram judeus e não são. Fica bem evidente que o termo judeus não é usado aqui no sentido literal. Denota algum caráter que era aprovado pelo padrão evangélico. A linguagem de Paulo torna claro este ponto. Ele diz (Romanos 2:28-29): “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu [no verdadeiro sentido cristão] é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”. Ele diz ainda (Romanos 9:6-7): “Porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos”. Em Gálatas 3:28-29, Paulo também afirma que, em Cristo, não existem distinções externas como judeu ou grego; mas, se estamos em Cristo, então somos “descendentes de Abraão (no verdadeiro sentido) e herdeiros segundo a promessa”. Dizer, como fazem alguns, que o termo judeu nunca é aplicado aos cristãos consiste em uma contradição a todas essas declarações inspiradas de Paulo e ao testemunho Daquele que é fiel e verdadeiro à igreja de Esmirna. Alguns eram hipócritas, fingindo ser judeus nesse sentido cristão, quando nada possuíam do caráter necessário. Esses pertenciam à sinagoga de Satanás. DAP 285.6
Tribulação de dez dias. Uma vez que a mensagem é profética, o tempo mencionado também deve ser considerado profético e denotaria dez anos. É um fato digno de nota que as últimas e mais sangrentas das dez perseguições ocorreram ao longo de dez anos, durante o governo de Diocleciano, entre 302 e 312 d.C. (ver Buck, Theological Dictionary, p. 332-333.) Seria difícil encontrar uma aplicação para essa linguagem com base na premissa de que tais mensagens não são proféticas; pois, nesse caso, só poderia significar dez dias literais. E não seria provável que uma perseguição de apenas dez dias, sobre uma única igreja, se tornaria assunto de uma profecia. E não se encontra nenhuma menção a casos de uma perseguição tão limitada. Além disso, aplicando essa perseguição a qualquer uma das perseguições notáveis desse período, como poderia se referir ao destino de apenas uma igreja? Todas as igrejas sofreram com isso. Qual seria, então, a adequação de destacar apenas uma, excluindo o restante, como se fosse a única envolvida em tal calamidade? DAP 286.1
Fiel até à morte. A KJV traduz “sê fiel para [unto] a morte”. Alguns intérpretes de língua inglesa argumentam que “unto”, em Apocalipse 2:10, tem o significado de “para”, “em direção a”, e não de “até” [until] — outro sentido possível da preposição “unto” inglesa, adotado nas versões em língua portuguesa (ARA, ARC, etc.). Com isso, pretendem descartar a ideia de tempo presente em “até”. Contudo, a preposição original, ἄχρι, tem o significado primário de até. Portanto, não se pode extrair nenhum argumento, com base nisso, para um estado de consciência durante a morte. A interpretação acima carece de fundamento, pois não se afirma que a coroa da vida é entregue imediatamente após a morte. Por isso, precisamos procurar outras passagens que nos esclareçam quando esta será dada. E há textos bíblicos que nos informam plenamente a esse respeito. Paulo declara que essa coroa será dada no dia da vinda de Cristo (2 Timóteo 4:8); ao toque da última trombeta (1 Coríntios 15:51-54); quando o próprio Senhor descer do Céu (1 Tessalonicenses 4:16-17); quando o Supremo Pastor aparecer, diz Pedro (1 Pedro 5:4); na ressurreição dos justos, revela Cristo (Lucas 14:14); e quando Ele voltar a fim de levar Seu povo para as mansões que lhes foram preparadas, com o objetivo de estarem para sempre com Ele (João 14:3). “Sê fiel até à morte” e, depois disso, quando chegar o momento em que os santos serão recompensados, você receberá a coroa da vida. DAP 286.2
A recompensa do vencedor. “De nenhum modo sofrerá dano da segunda morte”. As palavras que Cristo usa aqui não são um excelente adendo àquilo que ensinou a Seus discípulos, quando disse: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”? (Mateus 10:28). Os cristãos de Esmirna poderiam até ser condenados à morte aqui; mas, na vida futura, que lhes seria dada, ser humano nenhum poderia tirá-la; e Deus não o faria. Por isso, não precisavam temer aqueles que podiam matar o corpo — “não temas as coisas que tens de sofrer” –, pois sua existência eterna era certa. DAP 286.3
Esmirna significa mirra, um título adequado para a igreja de Deus enquanto passava pela fornalha ardente da perseguição, tornando-se um aroma agradável a Ele. Mas logo chegamos aos dias de Constantino, nos quais a igreja chega a uma nova fase, que lhe rende um nome diferente e outra mensagem aplicável a sua história. DAP 287.1
De acordo com a aplicação supracitada, a data da igreja de Esmirna corresponde aos anos 100-323 d.C. DAP 287.2
VERSÍCULO 12. Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz Aquele que tem a espada afiada de dois gumes: 13. Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o Meu nome e não negaste a Minha fé, ainda nos dias de Antipas, Minha testemunha, Meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. 14. Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. 15. Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. 16. Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. 17. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. DAP 287.3
A igreja de Esmirna, que acabamos de analisar, não recebeu nenhuma palavra de condenação. A perseguição sempre mantém a igreja pura e incita seus membros à piedade e espiritualidade. Mas agora chegamos a um período no qual influências começaram a operar, por meio das quais erros e males ameaçavam se infiltrar na igreja. DAP 287.4
A palavra Pérgamo significa altura, elevação. O período que ela abrange se localiza desde os dias de Constantino, ou, quem sabe, de sua suposta conversão ao cristianismo, em 323 d.C., até o estabelecimento do papado, em 538 d.C. Foi um período em que os verdadeiros servos de Deus precisaram lutar contra um espírito de práticas, orgulho e popularidade mundanos entre os professos seguidores de Cristo e contra a operação virulenta do mistério da iniquidade, que resultou, por fim, no desenvolvimento do homem da iniquidade papal. DAP 287.5
Onde está o trono de Satanás. Cristo tinha conhecimento da situação desfavorável de Seu povo durante esse período. As palavras provavelmente não têm o propósito de denotar localidade. Quanto ao lugar, Satanás trabalha onde quer que os cristãos estejam. Sem dúvida, porém, há tempos e ocasiões em que ele atua com poder especial; e o período que a igreja de Pérgamo engloba foi um deles. Durante essa época, a doutrina de Cristo foi corrompida, o mistério da iniquidade estava em operação e Satanás lançou os fundamentos do sistema mais extraordinário de impiedade, o papado. Essa foi a apostasia predita por Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3. DAP 287.6
Antipas. Há boas razões para crer que este nome faz referência a uma classe de pessoas, não a um indivíduo, pois não se encontra nenhuma informação autêntica acerca de tal homem. A esse respeito, Guilherme Miller afirma: DAP 288.1
“Supõe-se que Antipas não foi um indivíduo, mas, sim, uma classe de pessoas que se opunha ao poder dos bispos ou papas da época, sendo uma combinação de duas palavras: anti, contrário, e papas, pai, ou papa; e nessa época muitos deles sofreram martírio em Constantinopla e Roma, onde os bispos e papas começaram a exercer poder que pouco depois passou a sujeitar os reis da Terra, pisoteando os direitos da igreja de Cristo. De minha parte, não vejo nenhum motivo para rejeitar essa explicação da palavra Antipas nesta passagem, uma vez que a história desse período não diz uma palavra sequer acerca de qualquer indivíduo com esse nome (Miller’s Lectures [Sermões de Miller], p. 138-139). DAP 288.2
Watson declara: “A história eclesiástica antiga não fornece nenhum relato sobre esse Antipas”. O Dr. Clarke menciona uma obra chamada “Atos de Antipas”, mas dá a entender que ela não merece nenhum crédito. DAP 288.3
Causa de censura. Situação desvantajosa não é desculpa nenhuma para erros dentro dessa igreja. Embora essa igreja tenha vivido em uma época na qual Satanás foi especialmente atuante, era seu dever se manter pura do fermento de suas ímpias doutrinas. Por isso, foram censurados por abrigarem em seu meio aqueles que defendiam as doutrinas de Balaão e dos nicolaítas (ver os comentários sobre os nicolaítas no versículo 6). Esta passagem revela parcialmente qual era a doutrina de Balaão. Ele ensinou Balaque como colocar uma pedra de tropeço no caminho dos filhos de Israel (ler o relato completo de sua obra e suas consequências nos capítulos 22 a 25 de Números e em 31:13-16). Parece que Balaão queria amaldiçoar Israel para receber as ricas recompensas que Balaque lhe oferecera por tal ato. Como, porém, o Senhor não lhe permitiu amaldiçoar os israelitas, decidiu realizar essencialmente a mesma coisa, apenas de maneira diferente. Então aconselhou Balaque a seduzi-los por meio das mulheres de Moabe, para que participassem de celebrações idólatras e de todas as cerimônias licenciosas nelas envolvidas. O plano foi bem-sucedido. As abominações da idolatria se espalharam em meio ao arraial de Israel, provocando uma maldição divina por causa das transgressões. Por isso, morreram 24 mil pessoas de praga. DAP 288.4
As doutrinas que levaram à queixa contra a igreja de Pérgamo tinham tendência semelhante em seu curso, conduzindo à idolatria espiritual e a uma conexão ilícita entre a igreja e o mundo. Por fim, esse espírito resultou na união entre os poderes civil e eclesiástico, culminando na criação do papado. DAP 288.5
Arrependam-se. Disciplinando ou excluindo aqueles que defendem essas doutrinas perniciosas. Cristo declarou que, se não fizessem isso, Ele mesmo cuidaria da questão e viria sobre eles (em julgamento) para lutar contra eles (contra os que defendiam essas doutrinas malignas). E toda a igreja seria responsabilizada pelos erros que esses hereges haviam abrigado em seu meio. DAP 288.6
A promessa. O vencedor recebe a promessa de que comerá do maná escondido e receberá do Senhor uma pedra branca em tom de aprovação, com um novo nome precioso nela inscrito. Não há necessidade de muita explicação acerca do maná “escondido” e do novo nome que só conhece aquele que o recebe. Mas muitas conjecturas têm sido feitas sobre essas questões e é possível que se espere uma alusão a elas. A maioria dos comentaristas aplica o maná, a pedra branca e o novo nome a bênçãos espirituais desfrutadas nesta vida. No entanto, assim como todas as outras promessas ao vencedor, sem dúvida esta se refere completamente ao futuro e será concedida quando chegar o momento da recompensa dos santos. Talvez a informação a seguir de H. Blunt seja a mais satisfatória que já foi escrita acerca desses vários pormenores: DAP 289.1
“Os comentaristas em geral creem que isso se refere ao antigo costume judicial de colocar uma pedra negra dentro de uma urna quando há intenção de condenar e uma pedra branca quando o prisioneiro será absolvido. Mas se trata de um ato tão diferente do descrito, “lhe darei uma pedrinha branca”, que nos sentimos inclinados a concordar com aqueles que creem fazer alusão a um costume de natureza bem diferente, conhecido daqueles que leem os clássicos, e belamente apropriado para o caso em questão. Em tempos remotos, quando viajar era difícil pela falta de hospedagens públicas, a hospitalidade era exercida, em grande medida, por indivíduos. Encontramos traços frequentes dessa prática em toda a história, inclusive no Antigo Testamento. Muitas vezes, as pessoas que recebiam tal hospitalidade e aqueles que a estendiam se tornavam amigos e passavam a estimar um ao outro. Tornou-se então um costume estabelecido entre gregos e romanos entregar ao convidado algum sinal particular, o qual era passado de pai para filho e garantia hospitalidade e tratamento bondoso sempre que fosse apresentado. Em geral, esse sinal era uma pedra pequena, cortada no meio. Nas metades, tanto o anfitrião quanto o visitante escreviam o próprio nome e então trocavam um com o outro. A apresentação desse tablete era suficiente para assegurar a amizade do viajante e de seus descendentes sempre que voltassem para a mesma direção. É claro que tais pedras deveriam ser bem guardadas e os nomes nelas escritos, escondidos com cuidado, para impedir que outros obtivessem os privilégios em lugar das pessoas para quem se destinavam. DAP 289.2
“Como é natural a alusão a esse costume nas palavras do texto: “dar-lhe-ei do maná escondido”! Após fazer isso e deixar o indivíduo receber minha hospitalidade, após reconhecê-lo como meu convidado e amigo, eu o presentearei com uma pedra branca e, nela, estará escrito um nome que ninguém conhece, salvo quem o recebe. Eu lhe darei uma prova de minha amizade, sagrada e inviolável, que só ele conhecerá.” DAP 289.3
Acerca do novo nome, Wesley afirma com muita propriedade: DAP 289.4
“Após sua vitória, Jacó recebeu o novo nome de Israel. Você gostaria de saber qual será seu novo nome? A maneira de fazer isso é clara: vencer. Até então, todas as indagações de nada valem. Então você o lerá em uma pedra branca.” DAP 289.5
VERSÍCULO 18. Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido: 19. Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. 20. Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os Meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. 21. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. 22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. 23. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras. 24. Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; 25. tão somente conservai o que tendes, até que Eu venha. 26. Ao vencedor, que guardar até ao fim as Minhas obras, Eu lhe darei autoridade sobre as nações, 27. e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; 28. assim como também Eu recebi de Meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. 29. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. DAP 290.1
Se o período que a igreja de Pérgamo abrange foi identificado corretamente, terminando com o estabelecimento do papado, em 538 d.C., então a divisão mais natural atribuída à igreja de Tiatira seria o momento da continuidade desse poder blasfemo, ao longo dos 1.260 anos de sua supremacia, ou de 538 a 1798 d.C. DAP 290.2
Tiatira significa “doce sabor do trabalho” ou “sacrifício de contrição”. O termo descreve bem a condição da igreja de Jesus Cristo durante o longo período de triunfo e perseguição papal. Essa era de tribulação terrível sobre a igreja, como nunca houve (Mateus 24:21), melhorou a condição religiosa dos crentes. Por isso, por causa de suas obras, seu amor, seu serviço, sua fé e perseverança, estes recebem o louvor Daquele cujos olhos são como chama de fogo. Outras obras são novamente mencionadas, como se fossem dignos de um duplo elogio — e estas últimas, mais numerosas do que as primeiras. Houve uma melhora em sua condição, um crescimento na graça e o aumento de todos esses elementos do cristianismo. Essa igreja é a única louvada pela melhora na condição espiritual. Contudo, assim como na igreja de Pérgamo, as circunstâncias desfavoráveis não eram desculpa para falsas doutrinas na igreja. De igual modo, nenhuma quantidade de obras, amor, serviço, fé ou perseverança poderia compensar por um pecado da mesma natureza. Por isso, recebem uma repreensão por suportarem em seu meio o que se segue. DAP 290.3
Essa mulher, Jezabel. Assim como na igreja anterior Antipas não denotava um indivíduo, mas, sim, uma classe de indivíduos, sem dúvida, Jezabel deve ser interpretada no mesmo sentido. Watson, em seu Bible Dictionary, afirma: “O nome de Jezabel é usado de maneira proverbial (Apocalipse 2:20)”. Guilherme Miller, Lectures, p. 142, diz o seguinte: DAP 290.4
“Jezabel é um nome figurado, que faz alusão à esposa de Acabe, a qual mandou matar os profetas do Senhor, fez o marido cair em idolatria e alimentava os profetas de Baal à própria mesa. Seria impossível encontrar uma figura mais impressionante para denotar as abominações papais (ver os capítulos 18, 19 e 21 de 1 Reis). A história deixa claro, assim como este versículo, que a igreja de Cristo tolerou a pregação e o ensino de alguns monges papais em seu meio (ver History of the Waldenses [História dos Valdenses]).” DAP 291.1
O Comprehensive Commentary [Comentário Abrangente] traz o comentário a seguir acerca do versículo 23: “A menção a filhos confirma a ideia de que se faz menção a uma seita e seus prosélitos”. A ameaça de juízos contra a mulher está em harmonia com as admoestações de outras partes do livro contra a igreja católica, simbolizada por uma mulher corrupta, a mãe das meretrizes e abominações da Terra (ver 17-19). Sem dúvida, a morte mencionada é a segunda morte, ao fim dos mil anos de Apocalipse 20, quando será dada a retribuição daquele que “sonda mentes e corações”. Além disso, a declaração “e vos darei a cada um segundo as vossas obras” é prova de que a mensagem a essa igreja olha profeticamente para a recompensa ou o castigo final de todos os seres que deverão prestar contas. DAP 291.2
E todas as igrejas conhecerão. Já se argumentou, com base nesta expressão, que essas igrejas não poderiam denotar sete períodos sucessivos da era evangélica, mas, sim, existir ao mesmo tempo, já que, caso contrário, nem todas as igrejas poderiam saber que Cristo é Aquele que sonda mentes e corações ao ver Seus juízos sobre Jezabel e os filhos dela. Mas quando é que todas as igrejas conhecerão isso? Quando esses filhos forem punidos com a morte. E isso ocorrerá no momento em que a segunda morte for imposta a todos os ímpios. De fato, nessa ocasião, “todas as igrejas”, ao contemplarem o derramamento do juízo, conhecerão que nenhuma coisa secreta, nenhum pensamento ou desígnio mau do coração, escapou ao conhecimento Daquele que, com olhos como chamas de fogo, sonda a mente e o coração do ser humano. DAP 291.3
Outra carga não jogarei sobre vós. A igreja — se nossa interpretação estiver correta — recebe a promessa de uma trégua do fardo que por tanto tempo foi seu quinhão, ou seja, o peso da opressão papal. Não pode se aplicar ao recebimento de novas verdades, pois a verdade não é uma carga para nenhum ser responsável. No entanto, os dias de tribulação que sobrevieram a essa igreja seriam abreviados por causa dos eleitos (Mateus 24:22). O profeta diz: “Serão ajudados com pequeno socorro” (Daniel 11:34). “A terra, porém, socorreu a mulher”, relata João (Apocalipse 12:16). DAP 291.4
Conservai o que tendes, até que Eu venha. Essas são as palavras do “Filho de Deus” e chamam nossa atenção para uma volta incondicional. Às igrejas de Éfeso e Pérgamo, houve a ameaça de algumas vindas sob condições: “Arrepende-te; e, se não, venho a ti” (Apocalipse 2:16), etc., indicando visitações de juízo. Mas aqui uma vinda de natureza bem diferente é destacada. Não se trata de uma ameaça de julgamento. Não se baseia em condição nenhuma. É colocada diante do cristão como uma questão de esperança e só pode se referir à segunda vinda futura do Senhor em glória, quando as provações do cristão terminarem e seus esforços na corrida pela vida, bem como sua luta pela coroa da justiça, forem recompensados com êxito eterno. DAP 291.5
Esta igreja nos leva ao momento em que os sinais mais imediatos da segunda vinda de Cristo começaram a se cumprir. Em 1780, 18 anos antes do fim desse período, os sinais preditos no sol e na lua se cumpriram (ver Apocalipse 6:12). A respeito desses sinais, o Salvador disse: “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima” (Lucas 21:28). Na história dessa igreja, chegamos ao ponto em que o fim estava tão próximo que a atenção das pessoas poderia, com toda propriedade, voltar-se de maneira mais específica para esse evento. A orientação de Cristo a Seus seguidores, desde o início, fora: “Negociai até que Eu venha” (Lucas 19:13, ARC). Nessa fase da igreja, porém, Ele declara: “Conservai o que tendes, até que Eu venha”. DAP 292.1
Até ao fim. O fim da era cristã. “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mateus 24:13). Não encontramos aqui uma promessa semelhante àqueles que guardaram as obras de Cristo, para fazer o que Ele ordenou, guardando a fé em Jesus? (Apocalipse 14:12). DAP 292.2
Autoridade sobre as nações. Neste mundo, os ímpios estão no controle e os servos de Cristo não são vistos como tendo nenhum valor. Mas está chegando o momento em que a justiça se encontrará em ascensão, no qual toda impiedade será vista em sua verdadeira luz, tornando-se alvo de desprezo. Nessa ocasião, o cetro do poder será colocado nas mãos do povo de Deus. Essa promessa é explicada pelos seguintes fatos e textos bíblicos: 1) o Pai entregará as nações a Cristo, para que as governe com cetro de ferro e as parta em pedaços como o vaso do oleiro (Salmos 2:8-9); 2) os santos estarão junto de Cristo quando Ele der início a essa obra de poder e julgamento (Apocalipse 3:21); 3) reinarão com Ele nessa condição por mil anos (Apocalipse 20:4); 4) durante esse período, o grau de juízo a ser executado sobre os ímpios e anjos maus será determinado (1 Coríntios 6:2-3); 5) ao fim dos mil anos, eles terão a honra de dividir com Cristo a execução da sentença escrita (Salmos 149:9). DAP 292.3
A estrela da manhã. Cristo diz, em Apocalipse 22:16, que Ele próprio é a estrela da manhã. A estrela da manhã é a precursora imediata do dia. Em 2 Pedro 1:19, o mesmo astro é chamado de estrela da alva, estando, portanto, associada à aurora. “Até que o dia clareie e a estrela da alva nasça”. Ao longo da fatigante noite de vigília dos santos, eles contam com a Palavra de Deus para lançar a necessária luz sobre seu caminho. Quando, porém, o dia raiar no coração deles, ou quando a estrela da manhã for dada aos vencedores, eles serão levados a um relacionamento tão próximo com Cristo que seu coração será completamente iluminado pelo Seu Espírito e eles andarão em Sua luz. Não necessitarão mais da garantida palavra profética, que hoje brilha como luz em um lugar escuro. Apressa-te, ó hora gloriosa, quando a luz do brilhante dia celestial se levantará sobre o caminho do pequeno rebanho, e os raios de glória do mundo eterno resplandecerão em seus estandartes! DAP 292.4