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Perigo da luz tornar-se em trevas

O Senhor condescendeu em dar-vos um derramamento de Seu Espírito Santo. Nas reuniões campais e em nossas várias instituições, grande bênção tem sido derramada sobre vós. Tendes sido visitados pelos mensageiros celestes de luz e verdade e poder, e não deve ser considerado coisa estranha que Deus assim vos abençoe. Como submete Cristo Seu povo escolhido a Ele? — Pelo poder de Seu Espírito Santo; pois o Espírito Santo, por intermédio das Escrituras, fala à mente, e imprime a verdade no coração dos homens. Antes de Sua crucifixão, Cristo prometeu que o Consolador seria enviado a Seus discípulos. Ele disse: “Digo-vos que vos convém que Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei. E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. ... Quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar.” João 16:7, 8, 13-14. ME1 133.3

Esta promessa de Cristo tem sido menosprezada, e devido a uma escassez do Espírito de Deus, a espiritualidade da lei e suas obrigações eternas não têm sido compreendidas. Os que têm professado amar a Cristo, não têm compreendido a relação que existe entre eles e Deus, e ela é ainda fracamente delineada ao seu entendimento. Eles só vagamente discernem a surpreendente graça de Deus em dar Seu Filho unigênito para salvação do mundo. Não percebem de quão vasto alcance são as reivindicações da santa lei, quão profundamente os seus preceitos devem ser introduzidos na vida prática. Não avaliam quão grande privilégio e necessidade são a oração e o arrependimento, e o cumprimento das palavras de Cristo. É a obra do Espírito Santo revelar à mente o caráter da consagração que Deus aceitará. Mediante a instrumentalidade do Espírito Santo, é iluminada a alma, e o caráter é renovado, santificado, e elevado. ME1 134.1

Mediante os profundos incitamentos do Espírito de Deus, tem sido desenvolvido diante de mim o caráter de Sua obra de visitação. Foi-me revelado o perigo em que as almas assim visitadas seriam postas; pois teriam de enfrentar posteriormente mais violentos assaltos do inimigo, que forçaria sobre elas suas tentações a fim de anular a operação do Espírito de Deus, e fazer com que as momentosas verdades apresentadas e testemunhadas pelo Espírito Santo não purificassem e santificassem aqueles que receberam a luz do Céu, fazendo assim com que Cristo não fosse neles glorificado. ME1 134.2

O período de grande luz espiritual, caso essa luz não seja sagradamente acariciada e seguida, tornar-se-á em um tempo de correspondente treva espiritual. A impressão produzida pelo Espírito de Deus, se os homens não nutrirem a sagrada impressão e ocuparem terreno santo, desvanecer-se-á da mente. Os que quiserem avançar no conhecimento espiritual, precisam permanecer junto à própria fonte de Deus, e beberem repetidamente do manancial da salvação tão benignamente a eles franqueado. Precisam nunca deixar a fonte do refrigério; mas, corações dilatados de reconhecimento e amor ante a manifestação da bondade e compaixão de Deus, importa serem continuamente participantes da água viva. ME1 135.1

Oh! quanto significa isto para toda alma — “Eu sou a luz do mundo”; “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a Mim não terá fome [pois coisa alguma assim satisfaz]; e quem crê em Mim nunca terá sede”. João 8:12; 6:35. Chegar a esse estado quer dizer que encontrastes a Fonte da luz e do amor, e aprendestes quando e como podeis ser reabastecidos, e que podeis fazer uso da promessa de Deus mediante o aplicá-las de contínuo à vossa alma. ME1 135.2

“Mas já vos disse que também vós Me vistes, e contudo não credes.” João 6:36. Isto se tem cumprido literalmente no caso de muitos; pois o Senhor lhes deu mais profunda visão da verdade, de Seu caráter de misericórdia e compaixão e amor; e todavia depois de haverem sido assim iluminados, desviaram-se dEle em incredulidade. Viram a profunda operação do Espírito de Deus; mas quando as estratégicas tentações de Satanás penetraram, como sempre acontece depois de um período de reavivamento, eles não resistiram até ao sangue, lutando contra o pecado; e os que poderiam haver ocupado terreno vantajoso, houvessem feito o devido uso do precioso esclarecimento que tinham, foram vencidos pelo inimigo. Deviam haver refletido sobre a alma de outros, a luz que Deus lhes comunicara. Deviam haver trabalhado e agido em harmonia com as sagradas revelações do Espírito Santo; e por não fazerem assim sofreram dano. ME1 135.3

Vitória espiritual perdida pela paixão dos jogos

Entre os alunos havia condescendência com o espírito de divertimento e de folgança; ficaram tão interessados em jogar partidas que o Senhor foi excluído de sua mente; e Jesus Se achava entre vós, no campo de jogo, dizendo: “Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence!” Lucas 19:42. “Também vós Me vistes, e contudo não credes.” João 6:36. Sim, Cristo revelou-Se a vós, e profundas impressões foram feitas ao mover o Espírito Santo vosso coração; mas prosseguistes numa direção pela qual perdestes estas sagradas impressões, e deixastes de conservar a vitória. “Todo aquele que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” João 6:37. Começastes a ir a Cristo; mas não continuasses em Cristo. Abandonastes a Cristo, e a compreensão que tivestes dos grandes favores e bênçãos que Ele vos havia concedido perdeu-se de vosso coração. A questão do divertimento ocupou tão largamente vosso espírito, que depois da solene visitação do Espírito de Deus, entrastes a discuti-la com tão grande zelo que todas as barreiras foram derribadas; e por vossa paixão pelos jogos, negligenciastes dar ouvidos à palavra de Cristo: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.” Marcos 14:38. O lugar que devia haver sido ocupado por Jesus foi usurpado por vossa paixão por jogos. Preferistes vossos divertimentos aos confortos do Espírito Santo. Não seguistes o exemplo de Jesus, que disse: “Eu desci do Céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou.” João 6:38. ME1 136.1

A mente de muitos se acha tão emaranhada com seus próprios desejos e inclinações humanos, e eles têm estado tão habituados a condescender com os mesmos, que não podem compreender o verdadeiro sentido das Escrituras. Muitos supõem que, seguindo a Cristo, serão obrigados a ser sombrios e desconsolados, porque lhes é exigido que se neguem a si mesmos os prazeres e folguedos com que o mundo condescende. O cristão vivo será cheio de alegria e paz, porque vive como vendo Aquele que é invisível; e aqueles que buscam a Cristo em Seu genuíno caráter têm em si mesmos os elementos da vida eterna, porque são participantes da natureza divina, havendo escapado à corrupção que há no mundo pela concupiscência. Jesus disse: “E a vontade do Pai que Me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade dAquele que Me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nEle, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.” João 6:39-40. ME1 136.2

O filho de Deus um coobreiro de Deus

Toda vida espiritual é derivada de Jesus Cristo. “A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.” João 1:12. Mas qual é o resultado certo de tornar-se filho de Deus? O resultado é tornar-nos coobreiros Seus. Há uma grande obra a ser feita pela salvação de vossa própria alma, e para habilitar-vos a conquistar outros da incredulidade para uma vida sustida pela fé em Cristo Jesus. “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim [com uma fé casual? — Não, com uma fé permanente que opera por amor e purifica a alma] tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. ... Eu sou o pão vivo que desceu do Céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que Eu der é a Minha carne, que Eu darei pela vida do mundo. ... Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. ... O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que O havia de entregar. E dizia: Por isso Eu vos disse que ninguém pode vir a Mim, se por Meu Pai lhe não for concedido.” João 6:47, 48, 51, 53, 54, 63-65. ME1 137.1

Ao proferir Jesus estas palavras, falou-as com autoridade, segurança e poder. Ocasiões Ele Se manifestava de tal maneira que a profunda atuação de Seu Espírito era sensivelmente percebida. Muitos, porém, que viram e ouviram e tomaram parte nas bênçãos da hora, foram embora, e em breve esqueceram a luz que Ele lhes havia dado. ME1 138.1

Os tesouros da eternidade foram confiados à guarda de Jesus Cristo, para dar a quem Ele queria; mas quão triste é que tantos perdem rapidamente de vista a preciosa graça que lhes é oferecida pela fé nEle! Ele concederá os tesouros celestes aos que crerem nEle, olharem a Ele, e nEle permanecerem. Ele não teve por usurpação ser igual a Deus, e não conhece restrição nem controle no outorgar os tesouros celestes a quem quiser. Não exalta nem honra aos grandes do mundo, lisonjeados e aplaudidos; mas convida Seu povo escolhido, peculiar, que O ama e serve, a que vão a Ele e peçam, e Ele lhes dará o pão da vida, e doar-lhes-á a água da vida, a qual será neles uma fonte que salta para a vida eterna. ME1 138.2

Jesus trouxe a nosso mundo os acumulados tesouros de Deus, e todos os que nEle crerem são adotados como herdeiros Seus. Ele declara que grande será a recompensa dos que sofrerem por amor de Seu nome. Está escrito: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, nem subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam.” 1 Coríntios 2:9. — The Review and Herald, 30 de Janeiro de 1894. ME1 138.3