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A tentação mais sedutora

Esta última tentação foi a mais sedutora das três. Sabia Satanás que a vida de Cristo teria de ser de tristeza, dificuldade e conflito. E julgava ele que se pudesse prevalecer desse fato para subornar a Cristo, levando-O a ceder Sua integridade. Satanás pôs em ação toda a força nesta última tentação, pois este derradeiro esforço devia decidir seu destino, determinando qual deles seria vitorioso. Reclamou o mundo como seu domínio, sendo ele o príncipe das potestades do ar. Levou Jesus ao cume de uma montanha altíssima e então, em visão panorâmica, apresentou diante dEle todos os reinos do mundo, por tanto tempo sob o seu domínio, e ofereceu-Lhos, como grande dádiva. Disse a Cristo que poderia entrar de posse dos reinos do mundo, sem sofrimento ou perigo de Sua parte. Satanás promete ceder seu cetro e domínio, e Cristo será o legítimo soberano, em troca de um favor Seu. Tudo o que requer, em troca de transferir-Lhe os reinos do mundo que nesse dia Lhe apresentou, é que Cristo lhe preste homenagem, como a um superior. ME1 286.1

Os olhos de Jesus pousaram por um momento sobre a glória que Lhe era apresentada; mas volveu-Se e recusou contemplar o encantador espetáculo. Não poria em perigo Sua firme integridade detendo-Se com o tentador. Ao solicitar Satanás homenagem, despertou-se a divina indignação de Cristo e não pôde mais tolerar a blasfema pretensão de Satanás, ou mesmo permitir que ficasse em Sua presença. Então Cristo exerceu Sua autoridade divina, ordenando a Satanás que desistisse: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás.” Mateus 4:10. Satanás, em seu orgulho e arrogância, declara-se o legítimo e permanente soberano do mundo, o Possuidor de todas as riquezas e glória, reclamando homenagem de todos os que nele viviam, como se tivesse criado o mundo e todas as coisas que nele há. Dissera ele a Cristo: “Dar-Te-ei a Ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero.” Lucas 4:6. Empenhara-se em fazer um contrato especial com Cristo — passar-Lhe de vez tudo aquilo que pretendia lhe pertencer, se o adorasse. ME1 286.2

Este insulto ao Criador despertou a indignação do Filho de Deus, para repreendê-lo e despedi-lo. Satanás, em sua primeira tentação lisonjeara-se de que ocultara tão bem o seu verdadeiro caráter e propósitos que Cristo não o reconhecera como o caído líder rebelde, por Ele vencido e expulso do Céu. As palavras com que Cristo o despediu: “Vai-te, Satanás”, demonstraram que desde o princípio fora ele reconhecido, e que todas as suas artes enganadoras não tinham tido êxito junto do Filho de Deus. Satanás sabia que, se Cristo morresse para redimir o homem, seu poder depois de algum tempo teria de terminar, e ele seria destruído. Por isso, foi seu estudado plano impedir, se possível, a conclusão da grande obra que fora iniciada pelo Filho de Deus. Se fracassasse o plano da redenção do homem, reteria ele o reino que pretendia lhe pertencer. E se tivesse êxito, lisonjeava-se ele de que havia de reinar, em oposição ao Deus do Céu. ME1 287.1

Quando Jesus deixou o Céu, e ali deixou Seu poder e glória, Satanás exultou. Pensou que o Filho de Deus estivesse em seu poder. A tentação foi aceita tão facilmente pelo santo par no Éden, que ele esperava, com sua satânica astúcia e poder, vencer mesmo o Filho de Deus, salvando assim sua vida e seu reino. Se pudesse tentar Jesus a afastar-Se da vontade de Seu Pai, como fizera em sua tentação a Adão e Eva, então teria ganho seu objetivo. ME1 287.2

Devia vir o tempo em que Jesus devesse redimir a possessão de Satanás, dando Sua própria vida e, depois de algum tempo, todos, no Céu e na Terra se submeteriam a Ele. Jesus era constante. Preferiu a vida de sofrimento, a morte ignominiosa e, na maneira designada pelo Pai, tornar-Se legítimo soberano dos reinos da Terra, tendo-os entregues em Suas mãos como posse eterna. Satanás também será entregue em Suas mãos, para ser destruído pela morte e nunca mais molestar a Jesus nem aos santos na glória. ME1 287.3