Mensagens Escolhidas 1

8/230

A mensageira do Senhor

A noite passada, em visão, eu me achava diante de uma assembléia de nosso povo, dando decidido testemunho quanto à verdade presente e ao dever atual. Depois do discurso, muitos se reuniram ao redor de mim, fazendo perguntas. Desejavam tantas explicações acerca deste ponto, e daquele outro, e outro ainda, que eu disse: “Um de cada vez, por favor, para que não me confundam.” ME1 31.3

E apelei então a eles, dizendo: “Tendes tido por anos muitas evidências de que o Senhor me deu uma obra a fazer. Essas evidências dificilmente poderiam ser maiores do que são. Varreríeis todas essas evidências como a uma teia de aranha, à sugestão da incredulidade de um homem? O que me punge o coração é que muitos dos que se acham agora perplexos e tentados são aqueles que tiveram abundância de sinais e oportunidades de considerar e orar e compreender; e todavia não discernem a natureza dos sofismas apresentados para influenciá-los a rejeitar as advertências dadas por Deus para salvá-los dos enganos destes últimos dias.” ME1 31.4

Alguns tropeçaram no fato de haver eu dito que não reivindico ser profetisa; e têm perguntado: Por que é isto? ME1 31.5

Não tenho tido reivindicações a fazer, apenas que estou instruída de que sou a Mensageira do Senhor, de que Ele me chamou em minha mocidade para ser Sua mensageira, para receber-Lhe a Palavra, e dar clara e decidida mensagem em nome do Senhor Jesus. ME1 32.1

Cedo, em minha juventude, foi-me perguntado várias vezes: Sois uma profetisa? Tenho respondido sempre: Sou a mensageira do Senhor. Sei que muitos me têm chamado profetisa, porém eu não tenho feito nenhuma reclamação desse título. Meu Salvador declarou-me ser eu Sua mensageira. “Teu trabalho”, instruiu-me Ele, “é levar Minha palavra. Coisas estranhas surgirão, e em tua mocidade te separei para levar a mensagem aos errantes, levar a Palavra ante os incrédulos, e pela pena e pela voz reprovar pela Palavra ações que não são direitas. Exorta pela Palavra. Expor-te-ei Minha Palavra. Ela não será como língua estranha. Na verdadeira eloqüência da simplicidade, pela voz e pela pena, as mensagens que dou serão ouvidas, vindas de uma pessoa que nunca aprendeu nas escolas. Meu Espírito e Meu poder serão contigo. ME1 32.2

“Não tenhas medo do homem, pois Meu escudo te protegerá. Não és tu que falas: é o Senhor que dá as mensagens de advertência e reprovação. Nunca te desvies da verdade sob quaisquer circunstâncias. Comunica a luz que Eu te der. As mensagens para estes últimos dias serão escritas em livros, e ficarão imortalizadas, para testificar contra os que uma vez se regozijaram na luz, mas que foram levados a abandoná-la por causa das sedutoras influências do mal.” ME1 32.3

Por que não tenho eu reivindicado ser profetisa? — Porque nestes dias muitos que ousadamente pretendem ser profetas são um opróbrio à causa de Cristo; e porque meu trabalho inclui muito mais do que a palavra “profeta” significa. ME1 32.4

Ao ser-me esta obra dada no princípio, roguei ao Senhor que pusesse a responsabilidade sobre outra pessoa. A obra era tão grande e vasta e profunda que eu temia não a poder realizar. Mas por Seu Santo Espírito o Senhor tem-me habilitado a efetuar a obra que me deu a fazer. ME1 32.5

Uma obra de muitos aspectos

Deus me tornou claras as várias maneiras por que me usaria para levar avante uma obra especial. Têm-me sido dadas visões, com a promessa: “Se comunicares fielmente as mensagens e resistires até ao fim, comerás do fruto da árvore da vida, e beberás da água do rio da vida.” ME1 33.1

O Senhor me deu grande esclarecimento quanto à reforma da saúde. Juntamente com meu marido, eu devia ser uma obreira médico-missionária. Devia dar exemplo à igreja tomando doentes em minha casa e cuidando deles. Isto tenho feito, aplicando nas mulheres e nas crianças vigorosos tratamentos. Eu devia também falar sobre o assunto da temperança cristã, como a indicada mensageira do Senhor. Empenhei-me de coração nessa obra, e falei a grandes assembléias acerca da temperança em seu mais vasto e mais verdadeiro sentido. ME1 33.2

Fui instruída de que precisava sempre insistir com os que professam crer na verdade quanto à necessidade de praticá-la. Isto significa santificação, e santificação significa a cultura e o exercício de toda faculdade para o serviço do Senhor. ME1 33.3

Recebi o encargo de não negligenciar ou passar por alto os que estivessem sendo tratados com injustiça. Foi-me especialmente recomendado protestar contra qualquer ação arbitrária ou despótica para com os ministros do evangelho por parte dos que tivessem autoridade oficial . Desagradável como possa ser o dever, devo reprovar o opressor, e pleitear justiça. Devo apresentar a necessidade de manter justiça e eqüidade em todas as nossas instituições. ME1 33.4

Se eu vir os que se encontram em posições de confiança negligenciando os pastores idosos, cumpre-me apresentar o assunto àqueles cujo dever é deles cuidar. Pastores que fizeram fielmente sua obra não devem ser esquecidos ou negligenciados ao se tornarem débeis na saúde. Nossas associações não devem menosprezar as necessidades dos que levaram os encargos da obra. Foi depois de João haver envelhecido no serviço do Senhor que foi exilado para Patmos. E naquela ilha solitária recebeu ele mais comunicações do Céu do que havia recebido durante toda a sua vida anterior. ME1 33.5

Depois de meu casamento fui instruída de que me cumpria mostrar especial interesse nas crianças sem mãe e sem pai, tomando alguns sob meu cuidado por algum tempo, e procurando depois lares para elas. Assim daria eu a outros um exemplo do que eles poderiam fazer. ME1 34.1

Se bem que chamada a viajar muitas vezes, e tendo muito a escrever, tomei crianças de três a cinco anos de idade, e delas cuidei, eduquei e preparei-as para posições de responsabilidade. Tenho recolhido em casa de tempos a tempos meninos de dez a dezesseis anos, dispensando-lhes cuidado maternal e um preparo para o serviço. Tenho sentido ser meu dever apresentar a nosso povo essa obra para com a qual os membros de toda igreja devem sentir responsabilidade. ME1 34.2

Enquanto me achava na Austrália levei avante esse mesmo ramo de trabalho, tomando em casa crianças órfãs em perigo de ficarem expostas a tentações que poderiam ocasionar a perdição de sua alma. ME1 34.3

Na Austrália*, trabalhamos também como médico-missionários cristãos. Tornei por vezes, nosso lar em Cooranbong, um asilo para doentes e aflitos. Minha secretária, que recebera preparo no Sanatório de Battle Creek, achava-se ao meu lado, e fazia o trabalho de uma enfermeira-missionária. Nada era cobrado por seus serviços, e granjeamos a confiança do povo pelo interesse que manifestávamos nos doentes sofredores. Depois fomos aliviadas desse encargo. ME1 34.4

Nenhuma reivindicação arrogante

Reivindicar ser profetisa, é uma coisa que nunca fiz. Se outros me chamam assim, não discuto com eles. Mas minha obra tem abrangido tantos ramos que não me posso chamar outra coisa senão mensageira, enviada a apresentar uma mensagem do Senhor a Seu povo, e a empreender trabalho em qualquer sentido que Ele me indique. ME1 34.5

Quando estive a última vez em Battle Creek, disse, perante uma grande congregação que não reivindicava o ser profetisa. Referi-me duas vezes a este assunto, tencionando a cada vez fazer a declaração: “Não reivindico ser profetisa.” Se falei de outra maneira que não essa, compreendam agora todos que o que eu tinha em mente dizer era que eu não reclamo o título de profeta ou profetisa. ME1 35.1

Compreendi que alguns estavam ansiosos de saber se a Sra. White mantinha os mesmos pontos de vista de anos atrás, quando a haviam ouvido falar no bosque do hospital, no Tabernáculo e nas reuniões campais realizadas nos subúrbios de Battle Creek. Assegurei-lhes que a mensagem que ela apresenta hoje é a mesma que tem apresentado durante os sessenta anos de seu ministério público. Ela tem a fazer para o Mestre o mesmo serviço que sobre ela foi posto em sua juventude. Recebe lições do mesmo Instrutor. As instruções a ela dadas, são: “Dá a conhecer a outros o que te tenho revelado. Escreve as mensagens que te dou, para que o povo as tenha.” Isto é o que ela tem-se esforçado por fazer. ME1 35.2

Tenho escrito muitos livros, e tem-lhes sido dada ampla circulação. De mim mesma eu não poderia haver salientado a verdade contida nesses livros, mas o Senhor tem-me dado o auxílio de Seu Santo Espírito. Esses livros, transmitindo as instruções a mim dadas pelo Senhor durante os sessenta anos passados, contêm esclarecimentos do Céu, e resistirão à prova da investigação. ME1 35.3

Na idade de setenta e oito anos, estou ainda lidando. Estamos todos nas mãos do Senhor. Confio nEle; pois sei que Ele nunca deixará nem abandonará os que nele põem a confiança. Tenho-me entregue a Sua guarda. ME1 35.4

“E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério.” 1 Timóteo 1:12. — The Review and Herald, 26 de Julho de 1906. ME1 35.5

A obra de uma profetisa e mais

Durante o discurso eu disse que não reclamava ser profetisa. Alguns ficaram surpreendidos ante esta declaração, e como tanto se está falando sobre isto, darei uma explicação. Outros me têm chamado profetisa, eu, porém, nunca me atribuí esse título. Não tenho sentido que fosse meu dever designar-me assim. Os que se arrogam ousadamente serem profetas nesses nossos dias são muitas vezes uma ofensa à causa de Cristo. ME1 35.6

Minha obra inclui muito mais do que esse nome significa. Considero-me uma mensageira a quem o Senhor confiou mensagens para Seu povo. — Carta 55, 1905. ME1 36.1

Sou agora instruída de que não devo ser estorvada em meu trabalho pelos que se empenham em suposições acerca de sua natureza, cuja mente está lutando com tantos problemas intrincados em relação com a suposta obra de um profeta. Minha comissão abrange a obra de um profeta, mas não finda aí. Compreende muito mais do que pode entender a mente dos que têm estado a semear as sementes da incredulidade. — Carta 244, 1906. ME1 36.2