Mensagens Escolhidas 1

116/230

Capítulo 27 — O caráter da lei de Deus

Diz Davi: “A lei do Senhor é perfeita.” Salmos 19:7. “Acerca dos Teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que Tu os fundaste para sempre.” Salmos 119:152. E Paulo testifica: “A lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” Romanos 7:12. ME1 216.1

Como supremo Soberano do Universo, Deus ordenou leis para o governo não só de todos os seres vivos, mas de todas as operações da Natureza. Todas as coisas, quer grandes quer pequenas, animadas ou inanimadas, acham-se sujeitas a leis fixas, que não podem ser desrespeitadas. Não há exceções a esta regra; pois coisa alguma feita pela mão divina, foi esquecida pela mente divina. Mas se bem que tudo na Natureza seja governado pela lei natural, o homem, tão-só, como ser inteligente, capaz de compreender seus reclamos, é responsável à lei moral. Ao homem unicamente, a coroa de Sua criação, deu Deus uma consciência, para reconhecer as sagradas reivindicações da lei divina, e deu-lhe um coração capaz de amá-la como santa, justa e boa que é; e do homem é requerida pronta e perfeita obediência. Todavia Deus não o obriga a obedecer; deixa-o como livre agente moral. ME1 216.2

Poucos, apenas, compreendem o assunto da responsabilidade pessoal do homem; e no entanto é questão de maior importância. Podemos, cada qual, obedecer e viver, ou podemos transgredir a lei de Deus, desafiar-Lhe a autoridade, e receber a punição devida. Vem, pois, a toda alma, com força, a questão: Deverei obedecer à voz do Céu, às dez palavras proferidas do Sinai, ou seguirei a multidão que pisa aos pés essa lei ígnea? Aos que amam a Deus será o mais alto deleite obedecer a Seus mandamentos, e fazer as coisas agradáveis a Sua vista. Mas o coração natural aborrece a lei de Deus, e guerreia contra suas santas reivindicações. Os homens cerram a alma à luz divina, recusando-se a andar nela, ao brilhar sobre eles. Sacrificam a pureza de coração, o favor de Deus e sua esperança do Céu, pela egoísta satisfação do ganho profano. ME1 216.3

Diz o salmista: “A lei do Senhor é perfeita.” Salmos 19:7. Quão maravilhosa em sua simplicidade, sua amplidão e perfeição, é a lei de Jeová! É tão breve que facilmente podemos decorar cada um de seus preceitos, e todavia tão vasta que exprime toda a vontade de Deus, e toma conhecimento, não só das ações exteriores, mas dos pensamentos e intentos, dos desejos e emoções do coração. Não podem fazer isso as leis humanas. Só podem tratar das ações exteriores. Pode um homem ser transgressor, e no entanto esconder dos olhos humanos os seus maus atos; pode ele ser criminoso — ladrão, assassino ou adúltero — mas enquanto não for descoberto, não o pode a lei condenar como culpado. A lei de Deus denuncia o ciúme, a inveja, o ódio, a malignidade, a vingança, a concupiscência e a ambição que emergem da alma, mas não encontraram expressão em ato exterior, porque faltou ocasião, e não vontade. E essas emoções pecaminosas serão tomadas em conta no dia em que “Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau”. Eclesiastes 12:14. ME1 217.1