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A lei de Deus é simples

A lei de Deus é simples e fácil de se compreender. Há homens que se gabam orgulhosamente de só crer naquilo que compreendem, esquecidos de que há mistérios na vida humana e na manifestação do poder de Deus nas obras da Natureza — mistérios que a mais profunda filosofia, as mais extensas pesquisas, são incapazes de explicar. Mas não existe mistério na lei de Deus. Todos podem compreender as grandes verdades que ela encerra. O intelecto mais débil pode apreender essas regras; o mais ignorante pode reger a vida, e formar o caráter, de acordo com a norma divina. Se os filhos dos homens, segundo o melhor de sua habilidade, obedecessem a essa lei, adquiririam força mental e poder de discernimento para compreender ainda mais dos propósitos e planos de Deus. E esse progresso seria contínuo, não apenas durante a vida presente, mas através dos séculos eternos; pois, por muito que avancemos no conhecimento da sabedoria e poder de Deus, sempre há um infinito além. ME1 217.2

A lei divina requer que amemos a Deus supremamente e ao nosso próximo como a nós mesmos. Sem o exercício desse amor, a mais alta profissão de fé é mera hipocrisia. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos”, diz Cristo, “depende toda a lei e os profetas.” Mateus 22:37-40. ME1 218.1

A lei requer obediência perfeita. “Qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” Tiago 2:10. Nem um desses dez preceitos pode ser violado sem deslealdade para com o Deus do Céu. O mínimo desvio de suas reivindicações, por negligência ou transgressão deliberada, é pecado, e todo pecado expõe o pecador à ira de Deus. Obediência era a condição única sob a qual o Israel antigo devia receber o cumprimento das promessas que os tornaram o povo altamente favorecido por Deus; e a obediência a essa lei trará hoje, a indivíduos e a nações, tão grandes bênçãos como teria proporcionado aos hebreus. ME1 218.2

A obediência à lei é essencial, não só para nossa salvação, mas para a felicidade nossa e de todos aqueles com quem nos relacionamos. “Muita paz têm os que amam a Tua lei, e para eles não há tropeço” (Salmos 119:165), diz a Palavra inspirada. Todavia homens finitos apresentam ao povo essa lei santa, justa e boa, essa lei da liberdade, que o próprio Criador adaptou às necessidades humanas, como um jugo de servidão, jugo que homem algum é capaz de suportar. É, porém, o pecador que considera a lei como jugo penoso; é o transgressor que não vê beleza em seus preceitos. Pois a mente carnal “não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”. Romanos 8:7. ME1 218.3

“Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20); “pois o pecado é a transgressão da lei.” 1 João 3:4. É pela lei que os homens são convencidos do pecado; e têm eles de sentir-se pecadores, expostos à ira de Deus, antes de reconhecerem sua necessidade de um Salvador. Satanás opera constantemente para diminuir no homem o conceito do ofensivo caráter do pecado. E os que pisam a pés a lei de Deus, fazem a obra do grande enganador, pois rejeitam a única norma pela qual podem definir o pecado, e com isso impressionar a consciência do transgressor. ME1 219.1

A lei de Deus alcança os desígnios secretos que, embora sejam pecaminosos, são muitas vezes passados por alto, mas que em realidade são a base e a prova do caráter. É o espelho para o qual deve olhar o pecador, se quiser ter conhecimento correto de seu caráter moral. E quando se vê condenado por essa grande norma de justiça, seu próximo gesto deve ser arrepender-se de seus pecados e buscar o perdão mediante Cristo. Deixando de isso fazer, muitos procuram quebrar o espelho que lhes revela os defeitos, anular a lei que lhes aponta as manchas da vida e do caráter. ME1 219.2

Vivemos numa época de grande impiedade. Multidões se acham escravizadas por costumes pecaminosos e hábitos maus, e os grilhões que os prendem são difíceis de romper. A iniqüidade, qual inundação, cobre a Terra. Crimes quase terríveis demais para serem mencionados, são de ocorrência diária. E todavia homens que professam ser vigias nos muros de Sião nos ensinam que a lei se destinava aos judeus tão-somente, e tornou-se ultrapassada com os gloriosos privilégios que introduziram a dispensação evangélica. Não haverá uma relação entre a dominante ilegalidade e crime, e o fato de que pastores e povo mantêm e ensinam que a lei já não está em vigência? ME1 219.3

O poder de condenação da lei de Deus estende-se não só às coisas que praticamos, mas às coisas que deixamos de praticar. Não nos devemos justificar ao omitirmos a prática das coisas que Deus requer. Devemos não só cessar de fazer o mal, mas também aprender a fazer o bem. Concedeu-nos Deus faculdades que devem ser exercitadas em boas obras; e se essas faculdades não forem postas em uso, certamente seremos considerados servos maus e negligentes. Podemos não ter cometido pecados graves; essas ofensas podem não estar registradas contra nós no livro de Deus; mas o fato de que nossos atos não estão registrados como puros, bons, elevados e nobres, demonstrando que não usamos os talentos que nos foram confiados, isso nos coloca sob condenação. ME1 220.1

A lei de Deus existiu antes de ter sido criado o homem. Adaptava-se às condições de seres santos; mesmo os anjos eram por ela governados. Depois da queda, não foram alterados os princípios de justiça. Coisa alguma foi tirada da lei; nem um único de seus santos preceitos era susceptível de ser aperfeiçoado. E como existiu desde o princípio, assim continuará a existir através dos séculos eternos. “Acerca dos Teus testemunhos”, diz o salmista, “soube, desde a antiguidade, que Tu os fundaste para sempre.” Salmos 119:152. ME1 220.2

Por essa lei, que governa os anjos, que requer pureza nos mais secretos pensamentos, desejos e disposições, e que permanece firme “para todo o sempre” (Salmos 111:8), todo o mundo será julgado no dia de Deus, o qual se aproxima rapidamente. Podem os transgressores lisonjear-se pensando que o Altíssimo não sabe, que o Todo-poderoso não considera; Ele não os suportará para sempre. Cedo receberão a recompensa de seus feitos, a morte que é o salário do pecado; ao passo que a nação justa, que guardou a lei, será introduzida através dos portais de pérolas da cidade celestial, e coroada de vida imortal e de júbilo, na presença de Deus e do Cordeiro. ME1 220.3