Testemunhos para a Igreja 4
Capítulo 17 — Jeremias reprova Israel
O Senhor deu a Jeremias uma mensagem de reprovação para levar a seu povo, acusando-o pela contínua rejeição do conselho de Deus: “E vos enviei todos os Meus servos, os profetas, madrugando, e enviando, e dizendo: Convertei-vos, agora, cada um do seu mau caminho, e fazei boas as vossas ações, e não sigais a outros deuses para servi-los; e assim ficareis na terra que vos dei a vós e a vossos pais.” Jeremias 35:15. T4 164.2
Deus pleiteou com eles para não provocar-Lhe a ira com a obra de suas mãos e com seu coração, “mas não inclinastes os ouvidos”. Jeremias 35:15. Jeremias então predisse o cativeiro dos judeus, como sua punição por não darem ouvidos à Palavra do Senhor. Os caldeus deveriam ser usados como o instrumento pelo qual Deus castigaria o Seu povo desobediente. A punição deles deveria ser proporcional à sua inteligência e às advertências que haviam desprezado. Por muito tempo havia Deus retardado os Seus juízos por Sua indisposição em humilhar o Seu povo escolhido; mas agora derramaria o Seu desprazer sobre eles, como um último esforço de detê-los em seu caminho de iniqüidade. T4 164.3
Em nossos dias Ele não instituiu qualquer plano para preservar a pureza de Seu povo. Como no passado, apela aos errantes que professam Seu nome para se arrependerem e se volverem de seus maus caminhos. Agora, como então, pela boca de Seus servos escolhidos Ele prediz os perigos diante deles. Soa a nota de advertência, e reprova o pecado tão fielmente como nos dias de Jeremias. Mas o Israel de nosso tempo tem as mesmas tentações de zombar da reprovação e odiar o conselho como fazia o antigo Israel. Freqüentemente fazem ouvidos moucos às palavras que Deus tem dado aos Seus servos para benefício daqueles que professam a verdade. Conquanto o Senhor em misericórdia retenha por um tempo a retribuição de seus pecados, como nos dias de Jeremias, Ele não deterá para sempre a Sua mão, mas visitará a iniqüidade com justo juízo. T4 165.1
O Senhor deu ordens a Jeremias de postar-se no pátio da casa do Senhor e falar ao povo de Judá, que ali vinha adorar, as coisas que Ele queria que falasse, sem poupar uma palavra, para que pudessem ouvir e volver-se de seus maus caminhos. Então Deus Se arrependeria da punição que havia Se proposto infligir sobre eles por causa de sua impiedade. T4 165.2
A indisposição do Senhor em castigar o Seu errante povo é aqui vividamente manifestada. Ele detém os Seus juízos; apela a eles para retornarem à lealdade. Trouxe-os para fora da escravidão para que pudessem fielmente servi-Lo, o único Deus vivo e verdadeiro; mas eles se perderam em idolatria, trataram levianamente as advertências dadas por Seus profetas. Contudo, Ele retarda o Seu castigo para dar-lhes mais uma oportunidade de arrependimento e evitar a retribuição por seu pecado. Através de Seu profeta escolhido, Ele agora lhes envia uma clara e categórica advertência, e coloca perante eles a única maneira pela qual podem escapar da punição que merecem. Esta é total arrependimento por seu pecado, e voltar-se da impiedade de seus caminhos. T4 165.3
O Senhor ordenou que Jeremias dissesse ao povo: “Assim diz o Senhor: Se não Me derdes ouvidos para andardes na Minha lei que pus diante de vós, para que ouvísseis as palavras dos Meus servos, os profetas, que Eu vos envio, madrugando e enviando, mas não ouvistes. Então, farei que esta casa seja como Siló e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da Terra.” Jeremias 26:4-6. Eles compreenderam que isto era uma referência a Siló e o tempo em que os filisteus venceram Israel e a arca do Senhor foi tomada. T4 166.1
O pecado de Eli foi de passar por alto a iniqüidade de seus filhos, que ocupavam ofícios sagrados. A negligência do pai em reprovar e restringir seus filhos trouxe sobre Israel uma terrível calamidade. Os filhos de Eli foram mortos, e o próprio Eli perdeu a vida, a arca de Deus foi tomada dos israelitas e trinta mil dentre o povo foram mortos. Tudo isto se deu porque o pecado foi considerado levianamente e permitido permanecer entre eles. Que lição para os homens que ocupam posições de responsabilidade na igreja de Deus! Desafia-os a fielmente removerem todos os erros que desonram a causa da verdade. T4 166.2
Nos dias de Samuel, Israel julgou que a presença da arca contendo os mandamentos de Deus lhes daria vitória sobre os filisteus, arrependessem-se eles ou não de suas obras iníquas. Exatamente assim, no tempo de Jeremias, os judeus criam que a estrita observância dos serviços divinamente designados do Templo os preservaria da justa punição por seus maus caminhos. T4 166.3
O mesmo perigo existe hoje entre o povo que professa ser depositário da lei de Deus. São demasiado prontos em lisonjear-se com o pensamento de que a consideração que têm pelos mandamentos os preservará do poder da justiça divina. Não aceitam a reprovação do mal e acusam os servos de Deus de serem por demais zelosos em afastar do acampamento o pecado. Um Deus que aborrece o pecado concita os que professam guardar Sua lei a afastar-se de toda iniqüidade. A negligência em arrepender-se e obedecer à Sua palavra, trará hoje tão sérias conseqüências para o povo de Deus como fez o mesmo pecado em relação ao Israel antigo. Há um limite para além do qual Ele não retardará por mais tempo os Seus juízos. A desolação de Jerusalém permanece como uma solene advertência perante os olhos do moderno Israel, de que as reprovações dadas através de Seus instrumentos escolhidos não podem ser desconsideradas impunemente. T4 166.4
Quando os sacerdotes e o povo ouviram a mensagem que Jeremias lhes apresentou no nome do Senhor, ficaram irados e declararam que ele devia morrer. Turbulentamente o denunciaram, clamando: “Por que profetizaste no nome do Senhor, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que fique sem moradores? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na Casa do Senhor.” Jeremias 26:9. Assim foi a mensagem de Deus desprezada, e o servo a quem Ele a confiou, ameaçado de morte. Os sacerdotes, os profetas infiéis e todo o povo se voltaram com ira contra aquele que não lhes falaria coisas suaves nem profetizaria o engano. T4 167.1
Os inabaláveis servos de Deus têm geralmente sofrido a mais amarga perseguição de falsos mestres de religião. Mas os verdadeiros profetas sempre preferirão reprovação e mesmo a morte a serem infiéis a Deus. Olhos infinitos estão sobre os instrumentos da reprovação divina, e estes carregam uma pesada responsabilidade. Mas Deus considera a injúria que lhes é causada pela falsa representação, falsidade ou abuso como se fossem feitos a Si mesmo, e punirá adequadamente. T4 167.2
Os príncipes de Judá haviam ouvido a respeito das palavras de Jeremias, e vieram da casa do rei e sentaram-se à entrada da casa do Senhor. “Então, falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo o povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos ouvidos.” Jeremias 26:11. Mas Jeremias permaneceu ousadamente perante os príncipes e o povo, declarando: “O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa e contra esta cidade todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações e ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós. Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos. Sabei, porém, com certeza, que, se me matardes a mim, trareis sangue inocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes, porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós para dizer aos vossos ouvidos todas estas palavras.” Jeremias 26:12-15. T4 167.3
Se o profeta tivesse sido intimidado pelas ameaças daqueles em elevada posição de autoridade, e pelo clamor da multidão, sua mensagem ficaria sem efeito, e ele teria perdido a vida. Mas a coragem com que se desincumbiu de seu penoso dever atraiu o respeito do povo e ganhou os príncipes de Israel ao seu favor. Assim o Senhor suscitou defensores para o Seu servo. Eles raciocinaram com os sacerdotes e os falsos profetas, mostrando-lhes quão insensatas seriam as medidas extremas que defendiam. T4 168.1
A influência dessas pessoas poderosas produziu uma reação na mente do povo. Então os anciãos se uniram em protesto contra a decisão dos sacerdotes a respeito da sorte de Jeremias. Citaram o caso de Miquéias, que profetizou juízos sobre Jerusalém, declarando: “Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, como os altos de um bosque.” Jeremias 26:18. Apresentaram-lhes a pergunta: “Mataram-no, porventura, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Antes, não temeu este ao Senhor e não implorou o favor do Senhor? E o Senhor Se arrependeu do mal que falara contra eles. E nós não fazemos um grande mal contra a nossa alma?” Jeremias 26:19. T4 168.2
Assim, através do apelo de Aicã e outros, a vida do profeta Jeremias foi poupada; contudo, muitos dos sacerdotes e falsos profetas teriam ficado satisfeitos se ele tivesse sido morto sob pretexto de insubordinação; pois não podiam suportar as verdades que proferia, expondo a sua impiedade. T4 168.3
Israel, porém, permaneceu inflexível, e o Senhor viu que precisavam ser punidos por seus pecados; assim instruiu Jeremias a fazer jugos e algemas e colocá-los sobre o pescoço, e enviá-los aos reis de Edom, de Moabe, dos amonitas e de Tiro e Sidom, ordenando que os mensageiros declarassem que Deus havia dado todas aquelas terras a Nabucodonosor, o rei de Babilônia, e que todas essas nações deveriam servi-lhe e aos seus descendentes por um certo tempo, até que Deus os livrasse. Deviam declarar que se essas nações recusassem servir ao rei de Babilônia, seriam punidas com fome, com espada e pestilência, até que fossem consumidas. Disse o Senhor: “E não deis ouvidos aos vossos profetas, e aos vossos adivinhos, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos falam, dizendo: Não servireis ao rei da Babilônia. Porque mentiras vos profetizam, para vos mandarem para longe da vossa terra, e para que Eu vos lance dela, e vós pereçais. Mas a nação que meter o pescoço sob o jugo do rei da Babilônia e o servir, Eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor, e lavrá-la-á e habitará nela.” Jeremias 27:9-11. T4 168.4
Jeremias declarou que deviam levar o jugo de servidão por setenta anos; e os cativos que já estavam nas mãos do rei de Babilônia e os vasos da casa do Senhor que haviam sido tomados deveriam permanecer em Babilônia até que esse tempo houvesse transcorrido. Mas, ao final dos setenta anos, Deus os libertaria de seu cativeiro e puniria seus opressores, pondo em sujeição o orgulhoso rei de Babilônia. T4 169.1
Embaixadores vieram das várias nações mencionadas para consultar o rei de Judá a respeito da questão de empenharem-se em batalha contra o rei de Babilônia. Mas o profeta de Deus, portando os símbolos de sujeição, apresentou a mensagem do Senhor a essas nações, ordenando-lhes levá-la a seus vários reis. Esta era a punição mais leve que um Deus misericordioso poderia infligir sobre um povo tão rebelde; mas se guerreassem contra esse decreto de servidão, deveriam sentir o pleno rigor de Seu castigo. Foram fielmente advertidos a não darem ouvidos a seus falsos mestres, que profetizavam mentiras. T4 169.2
A surpresa do conselho de nações reunidas não conheceu limites quando Jeremias, portando o jugo de sujeição sobre o pescoço, tornou-lhes conhecida a vontade de Deus. Mas Hananias, um dos falsos profetas contra os quais Deus havia advertido o Seu povo através de Jeremias, ergueu a voz em oposição à profecia declarada. Desejando obter o favor do rei e de sua corte, ele afirmou que Deus lhe havia dado palavras de encorajamento para os judeus. Disse ele: “Depois de passados dois anos completos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da Casa do Senhor que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia. Também a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e a todos os do cativeiro de Judá que entraram na Babilônia Eu tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor, porque quebrarei o jugo do rei da Babilônia.” Jeremias 28:3, 4. T4 170.1
Jeremias, na presença de todos os sacerdotes e povo, disse que era o ardente desejo de seu coração que Deus assim favorecesse o Seu povo de modo que os vasos da casa do Senhor pudessem ser devolvidos e os cativos trazidos de volta de Babilônia; mas isto somente poderia acontecer sob a condição de que o povo se arrependesse e se volvesse de seus maus caminhos para a obediência à lei de Deus. Jeremias amava o seu país, e desejava ardentemente que a desolação predita fosse evitada pela humilhação do povo; mas sabia que o seu desejo era em vão. Esperava que a punição de Israel fosse a mais leve possível; portanto, sinceramente apelou-lhes para se submeterem ao rei de Babilônia pelo tempo que o Senhor especificara. T4 170.2
Ele apelou que ouvissem as palavras que proferira. Citou-lhes as profecias de Oséias, Habacuque, Sofonias e outros cujas mensagens de reprovação e advertência tinham sido semelhantes às suas. Referiu-lhes os acontecimentos que haviam transparecido na sua história em cumprimento das profecias de retribuição por pecados não renunciados. Às vezes, como neste caso, os homens têm-se levantado em oposição à mensagem de Deus e predito paz e prosperidade para aquietar os temores do povo, e obter o favor daqueles em altas posições. Mas em todo o fato passado, o juízo de Deus havia visitado Israel como os verdadeiros profetas tinham indicado. Disse ele: “O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou.” Jeremias 28:9. Se Israel escolhesse correr o risco, os acontecimentos futuros efetivamente decidiriam quem era o falso profeta. T4 170.3
Mas Hananias, enraivecido com isto, apanhou o jugo do pescoço de Jeremias e o quebrou. “E falou Hananias aos olhos de todo o povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Assim quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, depois de passados dois anos completos, de sobre o pescoço de todas as nações. E Jeremias, o profeta, se foi, tomando o seu caminho.” Jeremias 28:11. Ele havia feito a sua obra; advertira o povo de seu perigo, mostrara-lhes o único caminho pelo qual poderiam reconquistar o favor de Deus. Mas, conquanto seu único crime tivesse sido o de transmitir fielmente a mensagem de Deus a um povo incrédulo, eles zombaram de suas palavras; e os homens em posições de responsabilidade o denunciaram, e tentaram suscitar o povo para levá-lo à morte. T4 171.1
Outra mensagem, porém, foi dada a Jeremias. “Vai e fala a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste. Mas, em vez deles, farei jugos de ferro. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Jugo de ferro pus sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei da Babilônia; e servi-lo-ão, e até os animais do campo lhe dei. E disse Jeremias, o profeta, a Hananias, o profeta: Ouve, agora, Hananias: não te enviou o Senhor, mas tu fizeste que este povo confiasse em mentiras. Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano, morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor. E morreu Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês.” Jeremias 28:13-17. T4 171.2
Este falso profeta havia fortalecido a incredulidade do povo em Jeremias e sua mensagem. Impiamente se declarara mensageiro do Senhor, e sofreu a morte em conseqüência de seu terrível crime. No quinto mês Jeremias profetizou a morte de Hananias, e no sétimo mês sua morte provou que as palavras do profeta eram verdadeiras. T4 171.3
Deus havia dito que Seu povo seria salvo, que o jugo que colocaria sobre ele seria leve, se sem murmurações se submetesse ao Seu plano. A servidão deles foi representada por um jugo de madeira, que era facilmente carregado; mas a resistência seria enfrentada com correspondente severidade, representada pelo jugo de ferro. Deus determinou manter o rei de Babilônia sob controle, para que não houvesse perda de vida nem amarga opressão; porém, por desprezarem a Sua advertência e ordens, acarretaram sobre si mesmos o rigor máximo da escravidão. Era muito mais agradável ao povo receber a mensagem do falso profeta, que previa prosperidade; portanto, ela foi recebida. Feria-lhes o orgulho ter seus pecados trazidos continuamente perante os olhos; eles prefeririam afastá-los da vista. Estavam em tal escuridão moral que não perceberam a enormidade de sua culpa, nem apreciaram as mensagens de reprovação e advertência que lhes foram dadas por Deus. Se tivessem tido apropriada percepção de sua desobediência, teriam reconhecido a justiça da atitude do Senhor, e aceitado a autoridade de Seu profeta. Deus lhes apelou a se arrependerem para que pudesse poupá-los da humilhação, e para que um povo chamado pelo Seu nome não se tornasse tributário de uma nação pagã; mas escarneceram de Seu conselho e foram atrás dos falsos profetas. T4 172.1
O Senhor então ordenou a Jeremias escrever cartas aos capitães, anciãos, sacerdotes, profetas e a todas as pessoas que haviam sido levadas cativas para Babilônia, solicitando-lhes a não se iludirem com a crença de que a sua libertação estava próxima, mas a se submeterem tranqüilamente a seus opressores, prosseguirem em suas atividades e procurarem viver pacificamente entre seus conquistadores. O Senhor lhes ordenou a não permitirem que seus profetas ou adivinhadores os enganassem com falsas expectativas; mas assegurou-lhes pelas palavras de Jeremias de que após setenta anos de escravidão seriam libertados e retornariam a Jerusalém. E Ele ouviria as suas orações e lhes daria o Seu favor quando se voltassem a Ele de todo o coração. “E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.” Jeremias 29:14. T4 172.2
Com que terna compaixão Deus informou o Seu povo cativo com respeito a Seus planos para Israel. Ele sabia que sofrimento e infortúnios eles experimentariam caso fossem levados a crer que seriam rapidamente livrados da escravidão e trazidos de volta a Jerusalém, segundo a previsão dos falsos profetas. Sabia que essa crença tornaria sua posição bastante difícil. Qualquer demonstração de insurreição da parte deles despertaria a vigilância e a severidade do rei, e em conseqüência sua liberdade seria restringida. Ele desejava que tranqüilamente se submetessem a sua sorte, e tornassem a sua servidão a mais agradável possível. T4 173.1
Havia dois outros falsos profetas, Acabe e Zedequias, que profetizaram mentiras no nome do Senhor. Esses homens professavam ser instrutores consagrados; mas a vida deles era corrupta, e eram escravos dos prazeres do pecado. O profeta de Deus havia condenado o mau comportamento desses homens, e os advertira do perigo; mas em vez de se arrependerem e se reformarem, ficaram irados com o fiel reprovador de seus pecados, e buscaram impedir-lhe a obra, suscitando o povo a descrer de suas palavras e a agirem contrariamente ao conselho de Deus, na questão da submissão ao rei de Babilônia. O Senhor testificou mediante Jeremias que esses falsos profetas deviam ser entregues nas mãos do rei de Babilônia e mortos diante de seus olhos, e no devido tempo esta predição foi cumprida. T4 173.2
Outros falsos profetas se levantaram para semear confusão entre o povo, desviando-os de obedecerem aos mandados divinos transmitidos através de Jeremias; mas o juízo de Deus foi pronunciado contra eles em conseqüência de seu grave pecado de levar a rebelião contra Ele. T4 173.3
Homens semelhantes se levantam em nossos dias, e criam confusão e rebelião entre o povo que professa obedecer à lei de Deus. Tão certamente, porém, como os juízos divinos recaíram sobre os falsos profetas, igualmente esses obreiros iníquos receberão a plena medida da retribuição; pois o Senhor não mudou. Aqueles que profetizam mentiras, encorajam os homens a verem o pecado como questão de menor importância. Quando os terríveis resultados de seus crimes são manifestos, eles buscam, se possível, tornar aquele que fez fiéis advertências responsável por suas dificuldades, tal como os judeus acusaram Jeremias por seus infortúnios. T4 173.4
Aqueles que seguem uma atitude de rebelião contra o Senhor podem sempre encontrar falsos profetas que os justificarão em seus atos e os lisonjearão para sua destruição. Palavras mentirosas geralmente fazem muitos amigos, como no caso de Acabe e Zedequias. Em seu pretenso zelo por Deus, esses falsos profetas encontravam muito mais pessoas que criam neles e os seguiam, do que o verdadeiro profeta que apresentava a mensagem simples do Senhor. T4 174.1