Testemunhos para a Igreja 4

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Capítulo 49 — Aperfeiçoar talentos

Deus quer que o aperfeiçoamento seja a obra vitalícia de todos os Seus seguidores, e que seja dirigido e controlado pela experiência correta. O verdadeiro homem é aquele que está disposto a sacrificar o próprio interesse para o bem de outros e que se ocupa em sanar os quebrantados de coração. O verdadeiro objetivo da vida apenas começou a ser compreendido por muitos; e o que é real e substancial em sua vida é sacrificado por causa de erros acariciados. T4 519.1

Nero e César foram reconhecidos pelo mundo como grandes homens; mas acaso Deus assim os considerou? Não; não estavam ligados por fé viva ao grande Coração da humanidade. Estavam no mundo; e comeram, beberam e dormiram como homens do mundo; mas eram satânicos em sua crueldade. Onde quer que esses monstros da humanidade iam, o sangue derramado e a destruição assinalavam seu trajeto. Foram louvados pelo mundo enquanto viviam; quando, porém, foram sepultados, o mundo se regozijou. Em contraste com a vida desses homens está a vida de Lutero. Ele não nasceu como príncipe. Não ostentou uma coroa real. Da cela do mosteiro sua voz foi ouvida e sua influência sentida. Ele possuía disposição humanitária, que foi exercida para o bem dos homens. Defendeu corajosamente a verdade e o direito e enfrentou a oposição do mundo a fim de beneficiar os seus semelhantes. T4 519.2

De acordo com o padrão divino, apenas o intelecto não faz o homem. Há poder no intelecto se for santificado e controlado pelo Espírito de Deus. Ele é superior às riquezas e à força física, mas precisa ser cultivado para fazer o homem. O direito que a pessoa tem a reivindicar para ser homem é determinado pelo uso feito de seu intelecto. Byron tinha concepção intelectual e profundeza de pensamento; mas não foi um homem segundo o padrão divino. Foi um agente de Satanás. Suas paixões eram impetuosas e incontroláveis. Durante a vida semeou as sementes que frutificaram numa safra de corrupção. A obra de sua vida rebaixou os padrões da virtude. Esse homem foi um dos homens mais ilustres do mundo; contudo, o Senhor não o reconheceria como um homem, mas somente como alguém que abusou de seus talentos dados por Deus. Gibbon o cético, e muitos outros a quem Deus concedeu mentes gigantescas, e a quem o mundo chamou de grandes homens, colocou-se sob a bandeira de Satanás e empregou os dons de Deus para a perversão da verdade e a destruição de almas. Um grande intelecto, quando transformado em servo do vício, é uma maldição ao possuidor e a todos que estejam no círculo de sua influência. T4 519.3

A vida espiritual é o que será uma bênção para a humanidade. Se o homem estiver em harmonia com Deus, dependerá continuamente dEle para obter força. “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus.” Mateus 5:48. Nossa obra vitalícia é estar prosseguindo para a perfeição do caráter cristão, procurando continuamente viver em conformidade com a vontade de Deus. Os esforços começados na Terra continuarão na eternidade. O padrão de Deus para o homem é elevado ao mais alto significado da palavra, e se agir de acordo com a varonilidade que lhe foi dada por Deus, ele promoverá a felicidade nesta vida, a qual conduzirá à glória e à recompensa eterna na vida por vir. T4 520.1

Os membros da família humana só fazem jus ao nome de homens e mulheres quando empregam os seus talentos, de todo modo possível, para o bem de outros. A vida de Cristo está diante de nós como um modelo, e é quando atende, como anjos da misericórdia, às necessidades de outras pessoas, que o ser humano é intimamente ligado a Deus. A natureza do cristianismo é tornar famílias felizes e feliz a sociedade. A discórdia, o egoísmo e a contenda serão eliminados de todo homem e mulher que possuem o verdadeiro espírito de Cristo. T4 520.2

Os que são participantes do amor de Cristo não têm o direito de pensar que há um limite para sua influência e obra em procurar beneficiar a humanidade. Cristo ficou cansado em Seus esforços para salvar o homem decaído? Nossa obra deve ser contínua e perseverante. Encontraremos uma obra a ser feita até que o Mestre nos ordene depor nossa armadura a Seus pés. Deus é um governante moral, e precisamos esperar, submissos a Sua vontade, prontos e dispostos a lançar-nos ao nosso dever sempre que haja uma obra a ser feita. T4 520.3

Anjos estão empenhados noite e dia no serviço de Deus para elevar o homem de acordo com o plano da salvação. Ao homem é requerido amar supremamente a Deus, ou seja, de todo o seu coração, entendimento e força, e ao seu próximo como a si mesmo. Isso possivelmente não pode ocorrer a menos que você negue a si mesmo. Disse Cristo: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me.” Mateus 16:24. T4 521.1

Negar a si mesmo significa governar o espírito quando a paixão está buscando o domínio; resistir à tentação de censurar e falar palavras de crítica; ter paciência com a criança que é insensível e cuja conduta é perturbadora e difícil; permanecer no posto do dever quando outros falham; assumir responsabilidades onde quer e quando quer que possa, não para ser aplaudido, não por política, mas pela causa do Mestre, que lhe deu uma obra a ser feita com fidelidade inabalável; quando desejar louvar a si mesmo, manter-se em silêncio e deixar que outros lábios o louvem. Abnegação é fazer o bem aos outros onde a inclinação o levaria a servir e agradar a si mesmo. Conquanto seus semelhantes nunca possam apreciar os seus esforços ou lhe dar crédito por eles, contudo você deve continuar se esforçando. T4 521.2

Busquem cuidadosamente e vejam onde a verdade que aceitaram se lhes tornou um firme princípio. Levam a Cristo consigo quando deixam a câmara de oração? A sua religião monta guarda à porta de seus lábios? Seu coração é atraído em simpatia e amor por outros fora de sua própria família? Vocês estão diligentemente buscando uma compreensão mais clara da verdade escriturística, para que possam permitir que a sua luz brilhe para os outros? Vocês podem responder intimamente a essas perguntas. Permitam que a sua fala seja temperada com graça e o seu comportamento revele nobreza cristã. T4 521.3

Um novo ano começou. Qual foi o registro de sua vida cristã no ano passado? Como se apresenta o seu registro no Céu? Apelo-lhes que façam uma entrega sem reservas a Deus. O coração de vocês está dividido? Entreguem-no inteiramente ao Senhor agora. Façam no ano vindouro uma história de vida diferente da história passada. Humilhem sua alma perante Deus. “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam.” Tiago 1:12. Ponham de parte toda a pretensão e afetação. Ajam de maneira simples e natural. Sejam verazes em todo pensamento, palavra e ação e, em humildade “cada um considere os outros superiores a si mesmo”. Filipenses 2:3. Lembrem-se sempre que a natureza moral precisa ser reforçada com constante vigilância e oração. Enquanto contemplarem a Cristo, estarão seguros; mas no momento em que pensarem em seus sacrifícios e dificuldades e começarem a simpatizar e se preocupar consigo mesmos, perderão a confiança em Deus e estarão em grande perigo. T4 521.4

Muitos limitam a Providência divina, e separam de Seu caráter a misericórdia e o amor. Instam para que a grandeza e a majestade de Deus impeçam de se interessarem pelas preocupações das mais fracas de suas criaturas. “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.” Mateus 10:29. T4 522.1

É difícil para os seres humanos darem atenção às questões menores da vida enquanto a mente está envolvida em negócios de grande importância. Mas não deve existir essa união? O ser humano formado à imagem de seu Criador deve unir as responsabilidades maiores com as menores. Pode estar empenhado em ocupações de tremenda importância, porém negligenciar a instrução de que seus filhos carecem. Esses deveres podem ser vistos como os menores deveres da vida, quando na realidade estão no próprio fundamento da sociedade. A felicidade de famílias e igrejas depende das influências domésticas. Os interesses eternos dependem do devido desempenho dos deveres desta vida. O mundo não necessita tanto de grandes mentalidades como de homens bons, que serão uma bênção em seu lar. T4 522.2