Testemunhos para a Igreja 4

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Capítulo 40 — Nossas casas publicadoras

Deus deseja que todos que estão ligados a suas instituições revelem aptidão, discernimento e prudência. Deseja que se tornem homens e mulheres de intelecto culto, não ficando em falta nenhuma qualificação; e ao sentirem individualmente a necessidade disso e trabalharem na medida certa, Jesus os ajudará em seus esforços. Ao trabalharem no plano da adição em assegurar as graças do Espírito, Deus atuará em seu favor no plano da multiplicação. O relacionamento com Deus dará expansão à alma, a exaltará, transformará e a tornará sensível aos próprios potenciais, e dará uma percepção mais clara da responsabilidade que repousa sobre cada indivíduo de fazer sábio uso das faculdades que Deus lhe tem concedido. T4 449.3

Todos devem observar estrita economia no dispêndio de recursos; e devem exercer ainda maior fidelidade ao lidar com aquilo que pertence a outros do que ao administrar seus próprios negócios. Mas raramente isso é feito. Nenhum indivíduo é pessoalmente beneficiado com os lucros de nossos escritórios ou levado a sofrer por causa das perdas experimentadas; todavia, a propriedade pertence ao Senhor, e Sua causa é materialmente afetada pela maneira em que o trabalho é realizado. Quando os recursos da causa de Deus são limitados, é negligenciado importante trabalho que pode e deve ser feito. T4 450.1

Embora se deva sempre exercer economia, ela nunca deve degenerar-se em mesquinhez. Todos quantos trabalham em nossos escritórios devem sentir que estão lidando com a propriedade de Deus, que são responsáveis pelo aumento do capital investido, e que serão responsáveis no dia de Deus, se mediante falta de diligência e cuidadosa consideração ele diminui em suas mãos. Todos são chamados a evitar desperdício de tempo e recursos. A fidelidade ou infidelidade dos obreiros a sua presente responsabilidade determinará sua aptidão para lhes serem confiadas riquezas eternas. Deus requer que todos executem com integridade e presteza o trabalho que lhes foi designado. O exemplo de cada um deve servir para despertar diligência e atenção da parte de outros. Por meio de zelosa e conscienciosa fidelidade em tudo, a Terra pode ser levada para mais perto do Céu, e preciosos frutos podem ser produzidos para ambos os mundos. T4 450.2

As mãos empregadas nos vários departamentos de nossos escritórios de publicação não realizam o montante de trabalho que seria exigido em qualquer outro escritório desse ramo. Muito tempo é gasto em conversa desnecessária, com perda de preciosas horas, enquanto o trabalho sofre atraso. Em vários dos departamentos, perda é ocasionada ao escritório por causa de pessoas que se empenham no trabalho sem exercer cuidado e economia. Se essas pessoas estivessem empenhadas em trabalhar para si mesmas, algumas realizariam diariamente um terço a mais do que agora. Outros não fariam mais do que estão fazendo agora. T4 450.3

As horas de trabalho devem ser fielmente empregadas. Ser desperdiçador de tempo ou material é desonestidade perante Deus. Uns poucos momentos são dissipados aqui e outros ali, o que no decurso de uma semana representa quase um dia, às vezes até passando disso. “Tempo é dinheiro”, e desperdício de tempo é desperdício de dinheiro para a causa de Deus. Quando aqueles que professam a fé são vagarosos e descuidados com o tempo, mostrando que não têm interesse na prosperidade da obra, os descrentes que são empregados seguirão o seu exemplo. Se todos empregassem o tempo da melhor maneira, muitos recursos seriam economizados para a causa da verdade. Quando o coração está no trabalho, ele será realizado com zelo, energia e prontidão. Todos devem estar atentos para ver o que precisa ser feito, aptos e rápidos para executar, trabalhando como se estivessem sob a supervisão direta do Grande Mestre, Jesus Cristo. T4 451.1

Por outro lado, perdas ocorrem por falta de cuidado consciencioso no uso de material e maquinaria. Há uma falha em cuidar de todas as questões maiores e menores, de modo que nada seja desperdiçado ou prejudicado pela negligência. Um pouco de desperdício aqui e ali representa uma elevada soma no decorrer de um ano. Alguns nunca aprenderam a exercer suas faculdades para economizar as sobras, não obstante a ordem de Cristo: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.” João 6:12. Material não deve ser cortado para se obter um pequeno pedaço. Um pouco de cuidado consciencioso levaria a recolher e a empregar os pequenos pedaços que agora são postos de lado e desperdiçados. Deve ser dada atenção para economizar mesmo em algo tão insignificante como sobras de papel, pois podem ser transformadas em dinheiro. T4 451.2

Por falta de interesse pessoal muitas coisas que vão para o lixo seriam economizadas mediante poucos momentos de atenção cuidadosa no tempo certo. “Eu me esqueci” causa muita perda aos nossos escritórios. E alguns não sentem interesse em trabalho algum nem coisa alguma que não esteja relacionada à sua área específica de trabalho. Tudo isso está errado. O egoísmo sugeriria o pensamento: “não me compete cuidar disso”; mas a fidelidade e dever motivariam todos a cuidar de tudo que está sob sua observação. T4 451.3

O exemplo dos obreiros chefes da encadernação é seguido pelos funcionários; todos se tornam descuidados e negligentes; e um valor igual aos seus salários é desperdiçado. Uma pessoa conscienciosa e cuidadosa na chefia do trabalho economizaria centenas de dólares para o escritório em um departamento apenas. T4 452.1

O princípio de economizar deve prevalecer em todo o escritório. A fim de economizar os dólares, os centavos e as moedinhas devem ser cuidadosamente entesourados. Homens que têm tido êxito em negócios sempre têm sido econômicos, perseverantes e ativos. Que todos quantos estão relacionados com a obra de Deus comecem agora a disciplinar-se cabalmente para ser zelosos. Mesmo que o seu trabalho não possa ser apreciado na Terra, jamais devem rebaixar-se aos próprios olhos pela infidelidade em qualquer coisa que assumir. Leva tempo para uma pessoa tornar-se tão acostumada com um determinado estilo de vida como para ser feliz em persegui-lo. Seremos, individualmente, para o tempo e a eternidade, o que nossos hábitos fizerem de nós. A vida dos que formam bons hábitos, e são fiéis no cumprimento de todo dever, será como luz brilhante, lançando raios vivos no caminho dos outros; caso, porém, haja condescendência com hábitos de infidelidade, se se permitem fortalecer os hábitos frouxos, indolentes e descuidados, repousará sobre as perspectivas dessa vida uma nuvem mais sombria que a meia-noite, a qual excluirá para sempre a vida futura. T4 452.2

Um pensamento egoísta tolerado, um dever negligenciado, prepara o caminho para outro. O que nos aventuramos a fazer uma vez, somos mais inclinados a repetir. Os hábitos de sobriedade, domínio próprio, economia, minuciosa atenção, conversa sadia e sensata, paciência e verdadeira cortesia não são formados sem diligente e estrita vigilância sobre o eu. É muito mais fácil tornar-se corrompido e depravado do que vencer os defeitos, conservando o eu sob controle e cultivando as verdadeiras virtudes. Exigir-se-ão perseverantes esforços se as graças cristãs algum dia forem aperfeiçoadas em nossa vida. T4 452.3

Importantes mudanças devem ser realizadas em nossos escritórios. Retardar a obra que precisa de imediata atenção até um tempo mais conveniente é um erro, e resulta em perda. A obra de consertar às vezes custa o dobro do que deveria caso tivesse recebido atenção no tempo certo. Muitas perdas terríveis e acidentes fatais têm ocorrido por se retardar questões que deviam ter recebido imediata atenção. O tempo para ação é gasto em indecisão, julgando-se que ela poderá ser adiada para o dia seguinte; mas freqüentemente se descobre que o dia seguinte foi tarde demais. Nossos escritórios sofrem financeiramente todo dia por causa da indecisão, perda de tempo, descuido, indolência e, da parte de alguns, pura desonestidade. Alguns que trabalham nesses escritórios se comportam tão indiferentemente como se Deus não lhes tivesse dado faculdades mentais para serem utilizadas com diligência. Eles não são qualificados para qualquer posto de dever; nunca podem merecer confiança. Homens e mulheres que evitam deveres nos quais envolvem dificuldades permanecerão fracos e ineficientes. T4 452.4

Aqueles que se educam para realizar o seu trabalho com prontidão, bem como com economia, dirigirão seus negócios em vez de permitir que eles os conduzam. Não estarão constantemente apressados e atribulados por seu trabalho estar em confusão. Diligência e zelosa fidelidade são indispensáveis para o êxito. O trabalho de cada hora é passada em revista diante de Deus e é registrado para fidelidade ou infidelidade. O registro dos momentos desperdiçados e oportunidades não aproveitadas terá de ser enfrentado quando se assentar o juízo, e os livros forem abertos e cada um for julgado segundo as coisas escritas nos livros. Egoísmo, inveja, orgulho, ciúmes, preguiça, ou qualquer outro pecado nutrido no coração, excluirão uma pessoa da bem-aventurança do Céu. “A quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis.” Romanos 6:16. T4 453.1

Nossos escritórios estão sofrendo pela falta de homens de estabilidade e firmeza. Ao ser-me mostrado sala após sala, vi que o trabalho era conduzido com indiferença. Ocorriam perdas em todos os postos de confiança. A falta de perfeição é evidente. Enquanto alguns levam o peso de cuidados e responsabilidades, outros, em vez de compartilharem esses fardos, têm adotado uma conduta que aumenta a ansiedade e o cuidado. Aqueles que não aprenderam a lição de economia, nem adquiriram o hábito de aproveitar ao máximo seu tempo na infância e juventude, não serão prudentes e econômicos em qualquer negócio em que se empenhem. É pecado negligenciar o aperfeiçoamento de nossas habilidades de modo a que ser usadas para a glória de Deus. Todos têm responsabilidades a assumir; ninguém pode ser dispensado. T4 453.2

Há uma variedade de intelectos, e todos precisam de cultivo e treinamento em menor ou maior grau. Todo movimento relacionado à causa de Deus deve ser caracterizado por cautela e determinação. Sem determinação, a pessoa é volúvel e instável como a água, e nunca pode ser verdadeiramente bem-sucedida. Todos que professam cristianismo devem ser trabalhadores. Não há zangãos na família da fé. Cada membro da família tem alguma tarefa que lhe é designada, alguma porção da vinha do Senhor em que trabalhar. A única maneira de atender a ordem de Deus é estar constantemente perseverando em nossos esforços para maior utilidade. Por melhor que façamos, é pouco o que podemos realizar; mas o esforço de cada dia aumentará nossa habilidade de trabalhar eficientemente e de produzir frutos para a glória de Deus. T4 454.1

Alguns não exercem controle sobre seu apetite, mas satisfazem o gosto às expensas da saúde. Como resultado, o cérebro é obscurecido, os pensamentos ficam lentos, e eles deixam de realizar o que poderiam se houvessem exercido domínio próprio e abstinência. Essas pessoas privam a Deus de suas forças físicas e mentais que podiam ser devotadas ao Seu serviço se tivessem observado temperança em todas as coisas. T4 454.2

Paulo foi um reformador de saúde. Disse ele: “Subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” 1 Coríntios 9:27. Ele compreendia que sobre si repousava a responsabilidade de preservar toda a plenitude de suas forças para que pudesse usá-las para glória de Deus. Se Paulo corria o perigo de intemperança, nós corremos perigo ainda maior, porque não sentimos e compreendemos como ele a necessidade de glorificar a Deus em nosso corpo e em nosso espírito, os quais Lhe pertencem. Comer demais é o pecado deste século. T4 454.3

A Palavra de Deus coloca o pecado de glutonaria na mesma categoria que a embriaguez. Tão ofensivo era este pecado à vista de Deus que Ele deu indicações a Moisés de que um filho que não pudesse ser restringido quanto ao apetite, mas que se empanturrasse com tudo que desejasse o seu paladar, devia ser levado pelos pais aos juízes de Israel, para que fosse apedrejado e morto. A condição de um glutão era considerada sem esperança. De nenhuma utilidade seria ele para outros, sendo uma maldição para si mesmo. Em coisa alguma se poderia depender dele. Sua influência estaria sempre contaminando a outros, e o mundo seria melhor sem essa espécie de caráter; pois seus terríveis defeitos poderiam perpetuar-se. Ninguém que possua o senso de sua responsabilidade diante de Deus permitirá que as propensões sensuais controlem a razão. Os que isto fazem não são cristãos, não importa quem sejam ou quão exaltada seja sua profissão de fé. A injunção de Cristo é: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus.” Mateus 5:48. Aqui Ele nos mostra que podemos ser tão perfeitos em nossa esfera quanto Deus o é na Sua. T4 454.4

Aqueles que trabalham em nossas casas publicadoras não estão progredindo como o Senhor gostaria que fizessem. Há falta de interesse zeloso e abnegado na obra em que estão empenhados. Deus requer que esses trabalhadores em Sua causa progridam diariamente em conhecimento. Deviam realizar uma melhoria de suas faculdades dadas por Deus, para que possam tornar-se obreiros eficientes, aplicados, e realizar o seu trabalho sem perda para o escritório. T4 455.1

O mais sábio dos homens pode aprender lições úteis dos métodos e hábitos de pequenas criaturas da Terra. A operosa abelha dá aos homens inteligentes um exemplo que bem fariam em imitar. Esses insetos observam perfeita ordem e não admitem nenhum ocioso em sua colmeia. Executam o trabalho que lhes foi designado com uma inteligência e atividade além da nossa compreensão. As formigas, que consideramos apenas praga para serem esmagadas sob nossos pés, são em muitos aspectos superiores ao homem; pois ele não aperfeiçoa tão sabiamente os dons de Deus. O sábio chama nossa atenção para as pequenas coisas da Terra: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio. A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.” Provérbios 6:6-8. “As formigas são um povo impotente; todavia, no verão preparam a sua comida.” Provérbios 30:25. Destes pequeninos professores podemos aprender uma lição de fidelidade. Caso melhorássemos com a mesma diligência as faculdades que um Criador todo-sabedoria nos tem concedido, quão grandemente aumentaria a nossa aptidão para utilidade. Os olhos de Deus estão sobre a menor de Suas criaturas; não considera Ele então o homem formado à Sua imagem, e dele requer correspondente retorno por todas as vantagens que lhe tem concedido? T4 455.2

Os escritórios de publicação devem ser postos em ordem. Aqueles que trabalham nessas instituições devem ter elevadas metas e uma profunda e rica experiência no conhecimento da vontade de Deus. Devem permanecer ao lado do que é correto e exercer uma influência salvadora. Toda alma que leva o nome de Cristo deve fazer o máximo com os privilégios desfrutados e fielmente realizar os deveres que lhe são determinados, sem murmuração ou queixa. A conversação de cada um deve ser de caráter elevado, visando conduzir outras mentes na direção correta. A pequena menção que se faz da bondade divina e do amor de Deus mostra a assinalada ingratidão, e que Cristo não está entronizado no coração. T4 456.1

Os escritórios nunca prosperarão a menos que haja mais obreiros desinteressados e altruístas, que sejam homens e mulheres verdadeiramente tementes a Deus, abnegados e conscienciosamente independentes para Deus e o que é correto. O editor local da Review and Herald terá ocasião de falar com seriedade e firmeza. Ele deve colocar-se em defesa do direito, exercendo toda a influência que sua posição lhe concede. O Pastor Waggoner foi colocado numa posição não invejável, mas não foi deixado só. Deus o tem ajudado, e dadas as circunstâncias ele tem agido nobremente. O Senhor não o liberou de sua posição; ele precisa ainda trabalhar em Oakland e São Francisco. T4 456.2

Daqueles a quem Deus muito confiou, muito Ele requer; enquanto daqueles que têm pouco, é requerido conforme o que têm. Todos, porém, podem dar a si mesmos e, através de suas ações, mostrar fidelidade à preciosa causa de Cristo. Muitos podem reduzir suas despesas e assim aumentar sua liberalidade a Cristo. A abnegação por amor a Cristo é a batalha que está diante de nós. T4 456.3

“O amor de Cristo”, disse Paulo, “nos constrange.” 2 Coríntios 5:14. Esse foi o princípio atuante de sua conduta, seu poder motivador. Se por um momento seu ardor no caminho do dever arrefecesse, um relance à cruz e ao impressionante amor de Cristo revelado em Seu incomparável sacrifício era suficiente para levá-lo a novamente controlar seu pensamento e avançar no caminho da abnegação. Em seus trabalhos por seus irmãos, ele confiava muito na manifestação do infinito amor na maravilhosa condescendência de Cristo, com todo o seu poder subjugador e motivador. T4 457.1

Quão zeloso, quão tocante o seu apelo. “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza, enriquecêsseis.” 2 Coríntios 8:9. Vocês sabem da altura da qual Ele desceu; estão familiarizados com a profundidade da humilhação a que Ele Se submeteu. Os Seus pés entraram no caminho da abnegação e sacrifício próprio, e não se desviaram até que deu a Sua vida. Não houve descanso para Ele entre o trono no Céu e a cruz. O Seu amor pelo homem O levou a acolher bem toda a indignidade e sofrer todos os maus-tratos. “E por eles Me santifico a Mim mesmo.” João 17:19. Eu Me aproprio de toda a Minha glória, de tudo o que sou, para trabalhar para a redenção do homem. Quão pouco são os homens agora movidos a santificarem-se para o trabalho de Deus a fim de que almas possam ser salvas através deles. T4 457.2

Paulo nos admoesta. “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.” Filipenses 2:4. Ele nos insta a imitar a vida do grande Exemplo e nos exorta a possuir o “sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.” Filipenses 2:5-8. O apóstolo se demora em ponto após ponto para que nossa mente possa compreender plenamente a maravilhosa condescendência do Salvador em favor dos pecadores. Ele apresenta Cristo perante nós como Ele foi quando era igual a Deus, recebendo a adoração dos anjos, e então acompanha Sua descida até alcançar a mais profunda humilhação, para que com Seu braço humano pudesse alcançar o homem caído, e erguê-lo de sua degradação para a esperança, a alegria e o Céu. T4 457.3

Paulo estava profundamente ansioso de que a humilhação de Cristo fosse vista e percebida. Estava convencido de que se a mente das pessoas pudesse ser levada a compreender o maravilhoso sacrifício feito pela Majestade do Céu, todo egoísmo seria banido de seu coração. Ele dirige a mente primeiro à posição que Cristo ocupou no Céu, no seio do Pai; revela-O posteriormente como Se despojando de Sua glória, voluntariamente Se submetendo a todas as condições humilhantes da natureza humana, assumindo as responsabilidades de um servo, e Se tornando obediente até à morte, sendo essa morte a mais ignominiosa e revoltante, a mais vergonhosa, a mais angustiante — a morte de cruz. Podem os cristãos contemplar essa extraordinária manifestação do amor de Deus ao homem sem um sentimento de amor e percepção profunda do fato de que não somos de nós mesmos? Tal Mestre não deve ser servido por motivos egoístas, ambiciosos, e de má vontade. T4 458.1

“Sabendo”, diz Pedro, “que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados.” 1 Pedro 1:18. Oh, tivessem sido essas coisas suficientes para comprar a salvação do homem, e quão facilmente isso teria sido realizado por Aquele que diz: “Minha é a prata, e Meu é o ouro.” Ageu 2:8. Mas o transgressor da lei de Deus só poderia ser redimido pelo precioso sangue do Filho de Deus. Aqueles que deixando de apreciar o maravilhoso sacrifício feito em seu favor, retêm do serviço de Cristo os seus recursos e suas faculdades físicas, mentais e morais, perecerão em seu egoísmo. T4 458.2

“Mas aquele que não tem [colocado ao melhor uso sua habilidade e seus recursos] até aquilo que tem lhe será tirado.” Mateus 13:12. Os que são demasiado indolentes para cumprir as responsabilidades e exercitar suas faculdades, deixarão de receber a bênção de Deus, e a capacidade que tinham ser-lhes-á tirada e dada aos obreiros ativos, zelosos, que pelo uso aumentam constantemente seus talentos. “Viste um homem diligente na sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte.” Provérbios 22:29. Uma pessoa que diligentemente trabalha sob a direção do Espírito de Deus possuirá poder e influência; pois todos podem ver nela um espírito de devoção incansável à causa de Deus em qualquer departamento a que o dever a chame. T4 458.3

Todas as mãos em nossos escritórios devem colocar-se na mais favorável condição para a formação de hábitos bons e corretos. Várias vezes, cada dia, preciosos e áureos momentos devem ser dedicados à oração e ao estudo das Escrituras, nem que seja para guardar na memória um texto só, a fim de que a vida espiritual seja estimulada. Os variados interesses da causa fornecem-nos alimento para reflexão, e uma inspiração para nossas orações. A comunhão com Deus é altamente essencial para a saúde espiritual; e somente através dela pode ser obtida aquela sabedoria e correto discernimento tão necessários à realização de todo dever. T4 459.1

A força adquirida na oração a Deus, unida com o esforço individual em educar a mente para responsabilidade e vigilante cuidado, prepara a pessoa para os deveres diários e conserva em paz o espírito em todas as circunstâncias, por difíceis que sejam. As tentações a que estamos diariamente expostos tornam a oração uma necessidade. Para que possamos ser guardados pelo poder de Deus mediante a fé, os desejos da mente devem estar de contínuo subindo em silenciosa oração suplicando auxílio, luz, força e conhecimento. Mas reflexão e oração não podem tomar o lugar do intenso e fiel aproveitamento do tempo. Oração e trabalho são ambos requeridos no aperfeiçoamento do caráter cristão. T4 459.2

Precisamos viver uma vida dupla — vida de pensamento e de ação, de oração silenciosa e diligente trabalho. Todos quantos receberam a luz da verdade devem reconhecer como dever seu, espargir raios de luz na senda dos impenitentes. Devem ser testemunhas de Cristo em nossos escritórios, da mesma maneira que na igreja. Deus requer que sejamos cartas vivas, conhecidas e lidas por todos os homens. A alma que, mediante diária e fervorosa oração, se volve a Deus em busca de forças, apoio, poder, terá aspirações nobres, claras percepções da verdade e do dever, elevados desígnios de ação, e constante fome e sede de justiça. Mantendo ligação com Deus, seremos habilitados a difundir entre outros, por nossa associação com eles, a luz, a paz, a serenidade que reinam em nosso coração, e a dar-lhes um exemplo da inabalável fidelidade aos interesses da obra em que nos achamos empenhados. T4 459.3

Em muitos que estão trabalhando em nossos escritórios há quase total ausência do amor e temor de Deus. O eu reina e controla, e Deus e o Céu raramente penetram a mente. Se essas pessoas pudessem ver que estão no limiar do mundo eterno, e que os seus interesses futuros serão determinados por sua atividade presente, haveria assinalada mudança em cada mão empregada nesses escritórios. T4 460.1

Muitos, porém, que estão empenhados na sagrada obra de Deus estão paralisados pelos enganos de Satanás. Estão adormecidos em terreno encantado. Dias e meses estão passando, enquanto eles continuam descuidados e despreocupados, como se não houvesse Deus, nem futuro, nem Céu, nem punição pela negligência do dever ou por fugirem à responsabilidade. Mas o dia logo se aproxima quando o caso de cada um será decidido segundo as suas obras. Muitos têm um registro terrivelmente manchado no livro do Céu. T4 460.2

Quando esses obreiros se despertarem para a sua responsabilidade, quando colocarem sua alma poluída tal como é perante Deus, e seu ardente clamor apoderar-se de Sua força, então saberão que Deus ouve e responde à oração. E quando despertarem, verão o que perderam por sua indiferença e infidelidade. Então descobrirão que alcançaram apenas um baixo padrão, quando, tivessem a mente e as faculdades sido cultivadas e melhoradas por Deus, poderiam ter tido uma rica experiência e sido instrumentos em salvar os seus semelhantes. E ainda que sejam salvos, perceberão por toda a eternidade a perda de oportunidades desperdiçadas no tempo de graça. T4 460.3

Os privilégios religiosos têm sido negligenciados demais pelos que trabalham nos escritórios. Ninguém que trate esses privilégios com indiferença deve empenhar-se no trabalho de Deus; pois todos eles se associam a anjos malignos e são uma nuvem de trevas, um empecilho para outros. A fim de tornar a obra bem-sucedida, todos os departamentos dos escritórios devem ter a presença de anjos celestiais. Quando o Espírito de Deus atuar no coração, purificando o templo da alma de sua contaminação de mundanismo e busca de prazeres, todos serão vistos na reunião de oração, fiéis a seu dever, e zelosos e ansiosos para colher todos os benefícios que possam obter. O obreiro fiel para com o Mestre valer-se-á de cada oportunidade para colocar-se diretamente sob os raios de luz do trono de Deus; e esta luz será refletida sobre outros. T4 461.1

Não somente deve a reunião de oração ser fielmente freqüentada, mas realizar-se pelo menos uma vez por semana. Nela devem ser enfatizadas a bondade e as múltiplas misericórdias de Deus. Fôssemos tão livres para dar expressão à nossa gratidão pelas misericórdias recebidas como somos para falar de mágoas, dúvidas e incredulidade, poderíamos levar alegria ao coração de outros, em vez de lançar desânimo e trevas sobre eles. Os murmuradores e queixosos, que estão sempre vendo desânimo pelo caminho, e falando de provas e dificuldades, devem contemplar o infinito sacrifício que Cristo fez em seu benefício. Então poderiam avaliar todas as suas bênçãos à luz da cruz. Enquanto contemplamos a Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé, a quem nossos pecados traspassaram e nossas dores sobrecarregaram, teremos motivo para gratidão e louvor, e nossos pensamentos e desejos serão levados em sujeição à vontade de Cristo. T4 461.2

Nas graciosas bênçãos que nosso Pai celeste nos tem concedido discernimos inúmeras provas de um amor que é infinito, e uma terna piedade que supera a anelante compaixão de uma mãe para com seu filho extraviado. Quando estudamos o caráter divino à luz da cruz, vemos misericórdia, ternura e perdão unidos a eqüidade e justiça. Na linguagem de João exclamamos: “Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus.” 1 João 3:1. Vemos no trono Aquele que traz nas mãos e pés e no lado as marcas do sofrimento suportado para reconciliar o homem com Deus e Deus com o homem. Incomparável misericórdia revela-nos um Pai infinito, que habita em luz inacessível, contudo nos recebendo para Si mesmo através dos méritos de Seu Filho. A nuvem de vingança, que ameaçava somente miséria e desespero, revela na luz refletida da cruz a escrita de Deus: Vivam pecadores, vivam! Almas penitentes e crentes, vivam! Eu paguei o resgate. T4 461.3

Temos de reunir-nos em torno da cruz. Cristo, e Ele crucificado, deve ser o tema de contemplação, de conversa e de nossas mais jubilosas emoções. Devemos ter essas entrevistas especiais a fim de conservar vivo em nossos pensamentos tudo que recebemos de Deus, e de exprimir nossa gratidão por Seu grande amor, e nossa boa vontade de confiar tudo às mãos que por nós foram pregadas à cruz. Devemos aqui aprender a falar a língua de Canaã, a cantar os hinos de Sião. Pelo mistério e glória da cruz podemos calcular o valor do ser humano, e então veremos e sentiremos a importância de trabalhar pelos nossos semelhantes, a fim de que sejamos exaltados ao trono de Deus. T4 462.1