Testemunhos para a Igreja 5

20/125

Capítulo 14 — O poder da verdade

A Palavra de Deus foi pregada por Seus ministros no princípio “em demonstração do Espírito e de poder”. 1 Coríntios 2:4. O coração das pessoas foi comovido pela pregação do evangelho. Por que a pregação da verdade tem agora tão pouco poder para agitar o povo? Estará Deus agora menos disposto a conceder bênçãos aos obreiros de Sua causa do que nos dias dos apóstolos? T5 157.2

A advertência que devemos legar ao mundo deve provar ser para eles um cheiro de vida para a vida ou de morte para a morte. Enviará o Senhor Seus servos a proclamar essa extraordinária e solene mensagem e recusar-lhes Seu Santo Espírito? Ousaram os frágeis e errantes homens, sem a graça e poder especiais, pôr-se em pé diante de vivos e mortos e proclamar as palavras da vida eterna? Nosso Senhor é rico em graça, poder e força; abundantemente Ele outorgará esses dons a todos que vêm a Ele em fé. O Senhor está mais disposto a dar o Espírito Santo àqueles que Lhe pedem do que os pais a dar boas dádivas a seus filhos. A razão por que a preciosa e importante verdade para este tempo não é poderosa para salvar é que não trabalhamos com fé. T5 157.3

Devemos orar tão fervorosamente pela descida do Espírito Santo como os discípulos oraram no dia de Pentecoste. Se eles precisaram disso naquele tempo, nós, hoje, mais ainda. Trevas morais, como um manto fúnebre, cobrem a Terra. Toda espécie de doutrinas falsas, heresias e satânicos enganos estão desviando a mente das pessoas. Sem o Espírito e o poder de Deus, será em vão trabalharmos pela verdade presente. T5 158.1

É pelo contemplar a Cristo, por exercer fé nEle, por experimentar em nós mesmos Sua graça salvadora, que somos qualificados a apresentá-Lo ao mundo. Se aprendermos dEle, Jesus será nosso tema; Seu amor, ardendo sobre o altar de nosso coração, alcançará o coração das pessoas. A verdade será apresentada, não como uma teoria fria e sem vida, mas em demonstração do Espírito. T5 158.2

Em seus sermões, boa parte de nossos pastores demoram-se muito na teoria e não o suficiente na piedade prática. Eles possuem um conhecimento intelectual da verdade, mas seu coração ainda não foi tocado com o genuíno fervor do amor de Cristo. Muitos, pelo estudo de nossas publicações, têm obtido conhecimento dos argumentos que sustentam a verdade, mas não se tornaram estudantes da Bíblia por si mesmos. Não estão constantemente buscando um maior e mais completo conhecimento do plano da salvação, como revelado nas Escrituras. Conquanto pregando a outros, tornaram-se anões no crescimento espiritual. Não vão constantemente a Deus para rogar por Seu Espírito e graça, a fim de poderem apresentar corretamente Cristo ao mundo. T5 158.3

A força humana é fraqueza; a sabedoria humana é loucura. Nosso sucesso não depende de nossos talentos ou cultura, mas de uma viva ligação com Deus. A verdade é privada de seu poder quando pregada por homens que procuram ostentar sua cultura e capacidade. Esses também demonstram que conhecem bem pouco sobre religião experimental; que não são santificados de coração e vida, mas cheios de vaidade. Não aprendem de Cristo. E não têm condições de apresentar aos outros um Salvador com o qual não estão familiarizados. Seu coração não foi abrandado e subjugado pelo vívido senso do grande sacrifício que Jesus fez para salvar o homem decaído. Não percebem que é um privilégio negarem a si mesmos e sofrer por Sua amada causa. Alguns exaltam a si mesmos e falam de si. Preparam sermões e escrevem artigos para chamar a atenção do povo ao pastor, temendo não receber a devida honra. Houvessem eles exaltado mais a Jesus e enaltecido menos o pastor, mais louvor seria dado ao Autor da verdade e menos a seus mensageiros. Ocuparíamos diante de Deus uma posição mais favorável do que hoje temos. T5 158.4

O plano da salvação não é apresentado em sua simplicidade porque poucos pastores conhecem o que seja uma fé simples. Um conhecimento intelectual da verdade não é suficiente; precisamos conhecer seu poder sobre nosso coração e vida. Os pastores precisam ir a Cristo como crianças pequenas. Busquem a Jesus, irmãos, confessem seus pecados, lutem com Deus dia e noite, até que saibam que, por causa de Cristo, vocês foram perdoados e aceitos. Então, os irmãos muito amarão porque muito foram perdoados; então, poderão apontar Cristo aos outros como um Redentor que aprecia perdoar; então, poderão apresentar a verdade com inteireza de um coração que sente seu poder santificador. Temo por vocês, meus irmãos. Aconselho-os a permanecer em Jerusalém como os primeiros discípulos, até que, semelhantemente a eles, recebam o batismo do Espírito Santo. Nunca se sintam em liberdade de ir para o púlpito, até que tenham pela fé agarrado o braço do Todo-poderoso. T5 159.1

Se tivermos o espírito de Cristo, trabalharemos como Ele trabalhou; captaremos as idéias do Homem de Nazaré e as apresentaremos ao povo. Se, em lugar de pastores formais e não convertidos, formos realmente discípulos de Cristo, pregaremos a verdade com tal mansidão e fervor e a exemplificaremos em nossa vida, que o mundo não mais estará continuamente questionando se cremos naquilo que professamos. Com a mensagem nascida no amor de Cristo e tendo o valor das pessoas constantemente diante de nós, ouviremos até dos mundanos a afirmação: “Eles são como Jesus.” T5 159.2

Se desejarmos reformar outros, devemos nós mesmos praticar os princípios que queremos ensinar-lhes. Palavras, embora boas, serão de nenhum poder se contrariadas pela vida diária. Ministro de Cristo, eu o admoesto: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina...” 1 Timóteo 4:16. Não tolere em si mesmo pecado que reprova em outros. Se você pregar sobre mansidão e amor, permita que essas graças sejam exemplificadas na própria vida. Se estiver tentando persuadir outros a serem bondosos, corteses e atenciosos em casa, que o seu exemplo transmita força às admoestações. Como você têm recebido maior luz do que os outros, assim sua responsabilidade é aumentada. Você será severamente castigado se negligenciar fazer a vontade do seu Mestre. T5 160.1

As armadilhas de Satanás estão preparadas para você assim como o foram para os filhos de Israel justo antes de sua entrada na terra de Canaã. Estamos repetindo a história desse povo. Leviandade, vaidade, amor às regalias e prazeres, egoísmo e impureza estão aumentando entre nós. Há necessidade, hoje, de homens que sejam firmes e não tenham medo de declarar todo conselho de Deus; homens que não sejam descuidados como outros, mas vigiem e sejam sóbrios. Conhecendo como eu conheço a falta de santidade e poder de nossos pastores, estou profundamente penalizada de ver os esforços visando à exaltação própria. Se eles pudessem ver a Jesus como Ele é e a si mesmos como verdadeiramente são, tão fracos, incompetentes e tão diferentes de seu Mestre, diriam: “Se meu nome for escrito na mais obscura parte do livro da vida, isso me é suficiente, tão indigno que sou dessa menção.” T5 160.2

É sua obrigação estudar e imitar o Modelo. Foi Cristo, porventura, abnegado? Assim você deve ser. Foi Ele zeloso na obra de salvar? Da mesma forma você. Trabalhou Ele para promover a glória de Seu Pai? Faça o mesmo. Buscou Ele constantemente ajuda de Deus? Imite-O. Cristo foi paciente? Assim você também deve ser paciente. Como Cristo perdoou a Seus inimigos, assim deve você perdoar. T5 160.3

Não é tanto a religião do púlpito quanto a da família que revela nosso verdadeiro caráter. A esposa do pastor, seus filhos e os que estão empregados como auxiliares em sua família são o juiz mais bem qualificado de sua piedade. Um homem bom será uma bênção a sua casa. Esposa, filhos e empregados serão o melhor para sua religião. T5 161.1

Pastor, leve a Cristo na família, leve-O para o púlpito, leve-O consigo aonde quer que for. Assim não necessitará apelar aos outros para que aprecie o ministério, pois estará levando as credenciais do Céu que provarão a todos que você é um servo de Cristo. Lembre-se que Jesus orava seguidamente, e Sua vida era constantemente sustentada por inspirações novas do Espírito Santo. Sejam assim seus pensamentos e a sua vida íntima; que não lhe envergonhem de ver o seu registro no dia de Deus. T5 161.2

O Céu não está fechado para as orações fervorosas dos justos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, no entanto o Senhor, de maneira extraordinária lhe ouviu as petições e a elas atendeu. O único motivo de nossa falta de poder para com Deus, terá que ser achado em nós mesmos. Se a vida interior de muitos que professam a verdade lhes fosse apresentada, eles não se jactariam de ser cristãos. Não estão crescendo em graça. Uma oração apressada é proferida de quando em quando, mas não existe real comunhão com Deus. T5 161.3

Se queremos fazer progresso na vida espiritual, precisamos orar muito. No início da proclamação da mensagem da verdade, quanto oramos! Com que freqüência era ouvida a voz da intercessão dentro de casa, no celeiro, no pomar ou no bosque! Freqüentemente empregávamos horas inteiras em orações fervorosas, em grupos de dois ou três, reclamando a promessa; ouvindo-se muitas vezes palavras de agradecimento e o som de cânticos de louvor. O dia de Deus está agora mais próximo do que no início de nossa crença, e deveríamos ser mais sinceros, mais zelosos e fervorosos do que naqueles dias primitivos. Nossos perigos atuais são maiores do que então. As pessoas estão ainda mais endurecidas. Precisamos estar agora imbuídos do Espírito de Cristo, e não devemos descansar sem que O recebamos. T5 161.4

Irmãos e irmãs, têm vocês esquecido que suas orações devem sair como foices agudas com os trabalhadores, na grande colheita? Enquanto os jovens saem para pregar a verdade, vocês deveriam ter reuniões de oração por eles. Orem para que Deus os una a Si e lhes dê sabedoria, graça e conhecimento. Orem para que eles possam ser guardados das armadilhas de Satanás e ser conservados puros de pensamento e santos no coração. Rogo a vocês que temem ao Senhor, para não desperdiçar tempo em conversações inúteis ou em desnecessário trabalho para satisfazer o orgulho ou condescender com o apetite. Que o tempo assim remido seja despendido em lutar com Deus em favor de nossos pastores. Sustentem suas mãos como Arão e Hur mantiveram erguidas as mãos de Moisés. T5 162.1