Testemunhos para a Igreja 5

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Capítulo 3 — Educação dos pais

Foi-me mostrado que muitos pais que professam crer na solene mensagem para este tempo não têm educado os filhos para Deus. Não se têm restringido, antes se irritam contra qualquer pessoa que os tente reprimir. Não têm, por meio de uma fé viva, unido os filhos no altar do Senhor. A muitos desses jovens se têm permitido transgredir o quarto mandamento, em procurar seus próprios prazeres no santo dia do Senhor. Não sentem a consciência pesarosa por perambularem pelas ruas em busca de seus próprios divertimentos. Muitos vão aonde lhes apraz, e fazem o que querem; e seus pais têm tanto medo de desagradá-los que, imitando o procedimento de Eli, deles não exigem nada. T5 36.3

Esses jovens finalmente perdem todo o respeito ao sábado e nenhuma apreciação têm pelas reuniões religiosas e pelas coisas sagradas e eternas. Se seus pais ternamente argumentarem com eles, se defenderão apontando as faltas de alguns dos membros da igreja. Em lugar de silenciar a primeira investida de algo dessa espécie, os pais pensam do mesmo jeito dos filhos; se um ou outro fosse perfeito, seus filhos seriam justos. Em vez disso, deveriam ensinar-lhes que os pecados dos outros não são desculpa para os deles. Somente Cristo é o Modelo. Os erros de muitos não desculpam um erro dessas pessoas, nem mesmo diminuem sua culpa. Deus lhes deu um modelo perfeito, nobre e elevado. Esse devem eles copiar, a despeito do procedimento adotado por quem quer que seja. Muitos pais parecem ter perdido a razão e o discernimento em sua afeição pelos filhos e, através dessa condescendente, egoísta e mal-orientada juventude, Satanás opera eficazmente para arruinar os pais. Foi-me chamada a atenção para a ira de Deus derramada sobre os incrédulos e desobedientes do antigo povo de Israel. O dever de instruir os filhos foi-lhes ordenado claramente. A mesma obrigação recai sobre os pais nesta geração. “Escutai a Minha lei, povo Meu; inclinai os ouvidos às palavras da Minha boca. Abrirei a boca numa parábola; proporei enigmas da antigüidade, os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do Senhor, assim como a Sua força e as maravilhas que fez.” Salmos 78:1-4. T5 37.1

Os filhos são aquilo que seus pais fazem deles por sua instrução, disciplina e exemplo. Daí a tremenda importância da fidelidade dos pais ao educar os jovens para o serviço de Deus. Os filhos devem, desde cedo, ser ensinados sobre a santidade dos deveres religiosos. Essa é a parte mais importante de sua educação. Nosso dever para com Deus deve ser realizado antes de qualquer outro. A estrita observância da lei de Deus deve ser ensinada e reforçada. “Porque Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que a fizessem conhecer a seus filhos, para que a geração vindoura a soubesse, e os filhos que nascessem se levantassem e a contassem a seus filhos; para que pusessem em Deus a sua esperança e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os Seus mandamentos e não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus.” Salmos 78:5-8. T5 37.2

Nesse texto inspirado é vista a grande responsabilidade delegada aos pais. Filhos e filhas a quem é permitido chegar à juventude com sua vontade indisciplinada e paixões descontroladas geralmente prosseguem na vida de um modo que Deus condena. São ávidos por divertimentos frívolos e associações com incrédulos. Tem-lhes sido permitido negligenciar os deveres religiosos e condescender com as inclinações do coração carnal e, como conseqüência, Satanás controla sua mente e disposições. Em _____, os pais lhe têm dado amplo espaço para operar. A maioria das apostasias ocorreu em razão da negligência dos pais em orientar seus filhos para uma conscienciosa vida espiritual. A condições desses filhos é lamentável. Eles professam ser cristãos, mas seus pais não tomaram sobre si a responsabilidade de ensiná-los a serem cristãos, a contar as bênçãos de Deus, louvá-Lo, e a exemplificar em sua existência a vida de Cristo. T5 38.1

Quando esses filhos vão para a escola e se associam com outros estudantes, aqueles que realmente têm tentado ser cristãos ficam envergonhados de praticar sua fé na presença daqueles que tiveram tanta luz. Ficam com receio de parecerem esquisitos, negando sua inclinação. Assim, lançam de si sua armadura justamente no tempo em que ela é mais necessária, quando os poderes das trevas estão trabalhando através desses companheiros profanos para afastá-los de Cristo. Enveredam por caminhos cheios de perigos, sem a proteção e apoio dos princípios religiosos, porque pensam ser desagradável e difícil manter sua religião na sala de aula, no recreio e em suas relações com outros alunos. Conseqüentemente, expõem sua mente às influências de Satanás. Quem são os protetores dessa juventude? Quem tem se agarrado ao trono de Deus com uma das mãos, enquanto com a outra alcança a juventude para atraí-la a Cristo? É exatamente dessa forma que os filhos precisam conhecer o poder da religião, necessitam ser seguros com firme mão. T5 38.2

Muitos daqueles que há tanto tempo têm rejeitado a guia e proteção estão avançando no caminho da frivolidade e prazer egoísta, em atos indecorosos e violação do corpo. Em conseqüência, sua mente fica poluída e a religião se torna desagradável. Alguns têm ido tão longe nessa direção descendente e seguido tão determinadamente na vereda dos sodomitas, que estão hoje quase sob maldição, e a voz de reprovação e advertência não tem valor para eles. Esses jamais poderão ser redimidos e os pais são culpados de sua ruína. Os prazeres aviltantes pelos quais eles fizeram tão árduo sacrifício — comprometendo a saúde, a paz mental e a vida eterna — estão chegando ao fim com amargura. T5 39.1

Pais, por amor de Cristo não cometam um erro em seu trabalho mais importante, o de moldar o caráter de seus filhos para o tempo e para a eternidade. Um erro de sua parte negligenciando a instrução fiel, ou na condescendência daquele afeto insensato que lhes cega os olhos para os defeitos deles e impede de lhes aplicar a disciplina apropriada, resultará na ruína dos filhos. Sua atitude pode imprimir uma direção errada a toda a carreira futura deles. Vocês determinarão o que eles serão e o que farão em favor de Cristo e dos semelhantes e pela própria salvação. T5 39.2

Lidem honesta e fielmente com seus filhos. Atuem corajosa e pacientemente. Não temam as cruzes, não poupem tempo ou trabalho, responsabilidade ou sofrimento. O futuro de seus filhos testificará do caráter da obra de vocês. Sua fidelidade para com Cristo pode ser melhor percebida através do caráter bem equilibrado de seus filhos do que de qualquer outro modo. Eles são propriedade de Cristo, comprados pelo Seu sangue. Se a influência deles for totalmente do lado de Cristo, eles serão Seus colaboradores, ajudando outros a encontrar o caminho da vida. Se vocês negligenciarem a obra que lhes foi confiada por Deus, sua atitude insensata quanto à disciplina colocará seus filhos na classe dos que se afastam de Cristo e fortalecem o reino das trevas. T5 40.1

Falo de coisas que conheço, testifico-lhes de coisas que tenho visto quando digo que há entre nossos jovens, entre educados moços filhos de pais professamente cristãos, uma grave ofensa à vista de Deus, tornada tão comum que é um dos sinais dos últimos dias. É algo tão pleno de más tendências que clama por decidida exposição e denúncia. É o pecado de encarar com leviandade ou desdém os antigos votos de consagração a Deus. O Espírito Santo os convida a tomar uma posição integral sob a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel. Mas os próprios pais estão tão distanciados de Deus, tão ocupados com os negócios mundanos, ou tão cheios de dúvidas e insatisfação com relação à sua própria experiência religiosa, que ficam totalmente incapacitados para transmitir instruções aos filhos. Esses jovens, em sua inexperiência, necessitam de alguma mão firme e sábia para lhes apontar o caminho reto e desviá-los, com conselho e disciplina, da senda errada. T5 40.2

A vida religiosa deve ser vista como estando em marcado contraste com a vida de mundanismo e busca de prazeres. Aquele que deseja ser discípulo de Cristo deve tomar sua cruz e seguir após Jesus. Nosso Salvador não viveu para agradar a Si mesmo. Assim também deveríamos ser. Altas conquistas espirituais requerem inteira consagração a Deus. Mas essa instrução não tem sido transmitida à juventude porque contradiz a vida de seus pais. Desse modo, os filhos são deixados a obter conhecimento da vida cristã como melhor puderem. Quando tentados a estabelecer relacionamento com os mundanos e participar de diversões seculares, os pais afetuosos, não querendo negar qualquer indulgência, assumem uma posição tão indefinida e indecisa que os filhos julgam que o curso que desejam seguir está em harmonia com a vida e o caráter cristãos. Isso quando os pais dizem ou fazem alguma coisa sobre o assunto! T5 40.3

Tendo uma vez iniciado seu caminho, os jovens tendem a continuar até que o elemento mundano prevaleça e eles passem a olhar com desprezo para suas primeiras convicções. Desprezam a simplicidade manifestada na época em que seu coração estava enternecido, e acham desculpa para descuidar dos sagrados reclamos da igreja e do Salvador crucificado. Essa classe nunca se tornará o que poderia ter sido se as convicções da consciência não houvessem sido sufocadas e as santas e ternas afeições embotadas. Caso ao longo dos anos ainda venham a se tornar seguidores de Cristo, continuarão carregando as cicatrizes que a irreverência pelas coisas sagradas causou em sua mente. T5 41.1

Os pais não enxergam essas coisas. Não prevêem o resultado de sua conduta. Não sentem que seus filhos necessitam de carinhosa educação e da mais cuidadosa disciplina na vida espiritual. Não contemplam seus filhos como sendo, em sentido especial, propriedade de Cristo, aquisição de Seu sangue, troféus de Sua graça e, como tais, importantes instrumentos nas mãos de Deus para ser usados na edificação de Seu reino. Satanás está sempre buscando arrancar a juventude das mãos de Cristo, e os pais não discernem que o grande adversário está fincando seus infernais convites bem ao lado dos jovens. Acham-se tão cegos que pensam ser esses conteúdos parte da instrução que vem de Cristo. T5 41.2

Através de ambição ou indolência, ceticismo ou amor à vida fácil, Satanás atrai os jovens do estreito caminho da santidade, que foi construído para os resgatados do Senhor. Geralmente eles não abandonam essa estrada de uma vez, mas aos poucos. Tendo dado um passo errado, perdem o testemunho de sua aceitação por Deus, dado pelo Espírito. Assim, caem num estado de desânimo e dúvida. Sentem aversão pelos cultos porque sua consciência os condena. Caíram na armadilha de Satanás e há somente um meio de escape. Devem fazer meia-volta e com humildade de coração confessar seus pecados e renunciar à sua conduta indiferente. Precisam renovar sua primeira experiência, acalentar cada aspiração sagrada e deixar que as santas emoções que somente o Espírito de Deus pode inspirar reinem em sua vida. Fé no poder de Cristo resultará em poder e luz. T5 41.3

A instrução prática, a experiência religiosa, é o que os pais cristãos devem estar preparados para passar a seus filhos. Deus exige isso de vocês, pais. E estarão negligenciando seu dever se deixarem de realizar essa obra. Instruam seus filhos quanto aos métodos de disciplina escolhidos por Deus e as condições do êxito na vida cristã. Ensinem-lhes que não vão conseguir servir a Deus se mantiverem o espírito absorvido pelas coisas desta vida; mas não deixem que acariciem o pensamento de que não precisam trabalhar e de que podem gastar na ociosidade os momentos de lazer. A Palavra de Deus é clara nesse ponto. Jesus, a Majestade do Céu, deixou um exemplo para os jovens. Ele labutou na oficina de Nazaré por Seu pão diário. Era submisso a Seus pais e não procurava controlar Seu próprio tempo ou seguir Sua própria vontade. Se adotar uma vida de complacente condescendência, o jovem jamais poderá alcançar verdadeira excelência como homem ou como cristão. Deus não nos promete conforto, honra ou riqueza em Seu serviço; mas nos assegura que todas as bênçãos necessárias serão nossas, “com perseguições”, “e no mundo por vir, a vida eterna”. Marcos 10:30. Cristo nada aceitará menos do que a inteira consagração a Seu serviço. Essa é a lição que cada um de nós precisa aprender. T5 42.1

Os que estudam a Bíblia, se achegam a Deus e confiam em Cristo serão habilitados a agir sensatamente em todas as ocasiões e circunstâncias. Os bons princípios serão exemplificados na vida diária. Apenas permitam que a verdade para este tempo seja cordialmente recebida e se torne a base do caráter, e ela produzirá uma firmeza de propósito que as seduções do prazer, a instabilidade dos costumes, o desprezo dos amantes do mundo e os clamores do próprio coração por condescendência pessoal são incapazes de alterar. A consciência precisa primeiro ser esclarecida, e a vontade tem de ser subjugada. O amor à verdade e à justiça deve reinar no coração, e então o resultado será um caráter com a aprovação do Céu. T5 43.1

Temos bons exemplos do poder mantenedor de firmes princípios religiosos. Nem o temor da morte poderia fazer o desfalecido Davi beber da água de Belém, para cuja obtenção homens valentes haviam arriscado a vida. A aterradora cova dos leões não pôde impedir Daniel de realizar suas orações diárias, nem a fornalha ardente induzir Sadraque e seus companheiros a se prostrarem diante do ídolo que Nabucodonosor erguera. Jovens de firmes princípios rejeitarão o prazer, desafiarão a dor e até enfrentarão a cova dos leões e a terrível fornalha de fogo ardente, de preferência a ser desleais a Deus. Notem o caráter de José. A virtude foi severamente provada, mas seu triunfo foi completo. O mesmo princípio elevado e inflexível se fez notar em toda a provação. O Senhor estava com ele, e Sua palavra era lei. T5 43.2

Semelhante firmeza e não empanado princípio brilha com mais intensidade em contraste com a debilidade e a ineficiência dos jovens desta época. Com raras exceções, são eles vacilantes, oscilando a cada mudança de circunstâncias e ambiente, sendo uma coisa hoje e outra amanhã. Sejam apresentadas as seduções do prazer e da satisfação própria, e a consciência será sacrificada em prol da indulgência. Como pode uma pessoa assim ser confiável? Nunca! Na ausência de tentação, tal indivíduo pode até conduzir-se de tal forma que as dúvidas e suspeitas a seu respeito pareçam injustas. Seja, porém, apresentada a oportunidade e ele trairá sua confiança, pois é insano de coração. Justamente num tempo em que a firmeza e o princípio são mais requeridos, vocês verão que ele se afasta e, se não se tornar um Arnold * ou um Judas, é porque lhe faltou apenas a oportunidade. T5 43.3

Pais, a primeira preocupação de vocês deveria ser atender ao chamado do dever e entrar de coração e alma na obra que Deus lhes deu a fazer. Se em tudo o mais falharem, sejam completos e eficientes, pelo menos nesse ponto. Se seus filhos aprenderem no lar a ser puros e virtuosos, se estiverem em condições preencher o menor, o mais humilde lugar no grande plano de Deus em fazer bem ao mundo, jamais a vida de vocês poderá ser considerada um fracasso e jamais será lembrada com remorso. T5 44.1

A idéia de que devemos satisfazer todos os desejos de crianças perversas constitui um erro. Eliseu, bem no começo de sua obra, foi escarnecido e ridicularizado pelos jovens de Betel. Ele era um homem muito brando, mas o Espírito de Deus o impeliu a proferir uma maldição sobre aqueles zombadores. Eles tinham ouvido falar da ascensão de Elias, e fizeram dessa solene ocorrência objeto de zombaria. Eliseu deixou claro que não deveria ser desdenhado por jovens ou idosos em sua sagrada vocação. Quando lhe disseram que seria melhor que também subisse, como Elias fizera antes dele, ele os amaldiçoou em nome do Senhor. O terrível juízo que incidiu sobre eles era de Deus. Depois disso, Eliseu não teve outras dificuldades dessa natureza em sua missão. Por cinquenta anos entrou e saiu pela porta de Betel, e foi de cidade a cidade, passando por entre ajuntamentos dos piores e mais rudes jovens ociosos e devassos, mas ninguém caçoou dele ou menosprezou suas qualificações como profeta do Altíssimo. Esse único exemplo de terrível severidade no começo de sua carreira foi suficiente para impor respeito durante toda a sua vida. Houvesse ele permitido que a zombaria passasse despercebida, poderia ter sido ridicularizado, maltratado e mesmo morto pela turba, e sua missão de instruir e salvar a nação dos perigos que a ameaçavam teria fracassado. T5 44.2

Mesmo a bondade deve ter limites. A autoridade deve ser mantida com firme severidade, ou por muitos será recebida com escárnio e desprezo. A chamada ternura, a adulação e a transigência usadas pelos pais e tutores para com os jovens são o pior mal que lhes pode sobrevir. Firmeza, decisão e regras positivas são essenciais em cada família. Pais, assumam suas responsabilidades negligenciadas; eduquem seus filhos segundo o plano de Deus, “para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz”. 1 Pedro 2:9. T5 45.1