Testemunhos para a Igreja 5

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A responsabilidade do professor

Há uma obra a fazer por parte de cada professor em nosso colégio. Não há nenhum isento de egoísmo. Caso o caráter moral e religioso dos mestres fosse o que deveria ser, melhor seria a influência exercida sobre os alunos. Os professores não buscam individualmente cumprir seu dever, tendo em vista meramente a glória de Deus. Em lugar de olhar a Jesus e Lhe imitarem a vida e o caráter, olham ao próprio eu, visando demasiado a atingir uma norma humana. Desejaria que me fosse permitido impressionar cada professor com um avançado senso de sua responsabilidade quanto à influência que ele exerce sobre os jovens. Satanás é incansável em seus esforços para conseguir a aceitação de nossa juventude. Com grande cuidado está ele armando laços aos pés inexperientes. O povo de Deus deve zelosamente guardar-se de seus ardis. T5 28.1

Deus é a personificação da benevolência, misericórdia e amor. Os que se acham verdadeiramente ligados a Ele não podem estar em divergência uns com os outros. Seu Espírito, reinando no coração, criará harmonia, amor e união. O contrário disso se vê entre os filhos de Satanás. É sua obra provocar inveja, discórdia e ciúme. Em nome de meu Senhor, eu pergunto aos professos seguidores de Cristo: Que frutos estão vocês produzindo? T5 28.2

No sistema de instrução usado nas escolas seculares, é negligenciada a parte mais importante da educação — a religião da Bíblia. A educação não afeta somente em alto grau a vida do aluno aqui na Terra, mas sua influência se estende para a eternidade. Quão importante, pois, é que os professores sejam pessoas capazes de exercer correta influência! Devem ser homens e mulheres de experiência religiosa, que recebem diariamente luz divina a fim de a comunicar aos alunos. T5 28.3

Não se espera, no entanto, que os professores façam a obra dos pais. Tem havido, da parte de muitos pais, terrível negligência do dever. Como Eli, falham quanto a exercer a devida restrição; depois, mandam os indisciplinados filhos para o colégio a fim de receber a educação que deviam ter-lhes ministrado em casa. Os mestres têm uma tarefa que poucos apreciam. Caso sejam bem-sucedidos em reformar esses extraviados jovens, pouco reconhecimento merecem. Se os jovens procuram a companhia dos que são inclinados para o pecado, e vão de mal a pior, então os professores são censurados e a escola é acusada. T5 28.4

Em muitos casos, a censura caberia justamente aos pais. Eles tiveram a primeira e mais favorável oportunidade de controlar e educar os filhos, quando o espírito dos mesmos era dócil, a mente e o coração facilmente impressionáveis. Devido à negligência dos pais, porém, as crianças têm permissão de seguir a própria vontade, até se endurecerem em má direção. T5 29.1

Estudem os pais menos do mundo e mais de Cristo; ponham menos esforço em imitar os costumes e modas do mundo, e consagrem mais tempo e esforço a moldar a mente e o caráter dos filhos em harmonia com o divino Modelo. Poderiam então enviar os filhos e filhas fortalecidos por uma moral pura e nobres ideais, a fim de se educarem para ocupar posições de utilidade e confiança. Professores que são controlados pelo amor e o temor de Deus poderiam levar esses jovens ainda mais adiante e mais acima, preparando-os para ser uma bênção ao mundo e uma honra a seu Criador. T5 29.2

Ligado a Deus, todo instrutor exercerá influência no sentido de induzir os discípulos a estudarem a Palavra de Deus e obedecer-Lhe à lei. Encaminhará a mente deles à consideração dos interesses eternos, abrindo-lhes vastos campos de ideais, grandes e enobrecedores temas, em cuja apreensão o mais vigoroso intelecto poderá exercer todas as suas energias e ainda sentir que existe um infinito além. T5 29.3

Os males da estima própria e de uma não santificada independência, que tanto prejudicam nossa utilidade e que acabarão se demonstrando nossa ruína se não forem vencidos, provêm do egoísmo. “Aconselhai-vos uns aos outros”, é a mensagem que me foi dada repetidamente pelo anjo de Deus. Influindo no julgamento de um homem, Satanás pode empenhar-se em controlar os assuntos de acordo com seus planos. Pode ter êxito em desviar a mente de duas pessoas, mas, quando vários trocam idéias juntos, há mais segurança. Cada plano será estudado mais rigorosamente e cada movimento rumo ao progresso será considerado mais completamente. Então haverá menos perigo de precipitação de planos desavisados, que trariam confusão, perplexidade e derrota. Na união há força. Na divisão há fraqueza e derrota. T5 29.4

Deus está conduzindo um povo e preparando-o para a trasladação. Estamos nós, que desempenhamos uma parte nesta obra, portando-nos como sentinelas de Deus? Estamos buscando agir unidos? Estamos dispostos a tornar-nos servos de todos? Estamos seguindo nosso grande Exemplo? T5 30.1

Coobreiros, estamos todos lançando sementes no campo da vida. Conforme a semente, será a colheita. Se semearmos desconfiança, inveja, ciúmes, amor-próprio, pensamentos e sentimentos amargos, haveremos de ceifar amargura. Se manifestarmos bondade, amor, terna consideração para com os sentimentos de outros, o mesmo haveremos de colher. T5 30.2

O professor severo, crítico, despótico e desatencioso para com os sentimentos alheios deve esperar que o mesmo espírito se manifeste em relação a ele. Aquele que deseja conservar a própria dignidade e o respeito de si mesmo precisa ter cuidado em não ferir desnecessariamente o respeito próprio dos demais. Essa regra deve ser observada como sagrada quanto aos menos inteligentes, os mais jovens, os mais distraídos estudantes. Não se pode prever o que Deus pretende fazer com esses jovens aparentemente desinteressantes. Ele já tem recebido no passado pessoas que não eram as mais promissoras nem atraentes para realizar uma grande obra para Ele. Atuando Seu Espírito no coração, despertou toda faculdade para vigorosa ação. O Senhor viu naquelas pedras brutas, não lavradas, matéria preciosa, capaz de suportar a prova da tempestade, do calor e da pressão. Deus não vê como vê o homem. Não julga pela aparência, mas esquadrinha o coração e julga retamente. T5 30.3

O professor deve sempre conduzir-se como um cristão gentil. Deve manifestar em relação a seus alunos uma atitude de amigo e conselheiro. Se todo o nosso povo — professores, pastores e membros em geral — cultivasse o espírito da cortesia cristã, encontraria muito mais facilmente acesso ao coração do povo; muitos mais seriam levados a examinar e receber a verdade. Quando cada professor esquecer o próprio eu, experimentando profundo interesse no êxito e prosperidade dos alunos, compreendendo que são propriedade de Deus, e que ele tem de prestar contas de sua influência sobre a mente e o caráter desses alunos, então teremos uma escola na qual os anjos se deleitarão em demorar. Jesus contemplará e aprovará a obra dos professores e derramará Sua graça no coração dos estudantes. T5 31.1

Nosso colégio em Battle Creek é um lugar onde os membros mais jovens da família do Senhor devem ser preparados segundo o plano divino de crescimento e desenvolvimento. Devem ser impressionados com a idéia de que são criados à imagem de Deus e que Cristo é o Modelo ao qual devem seguir. Nossos irmãos têm permitido que sua mente se fixe em parâmetros demasiado estreitos e baixos. Não conservam sempre em vista o plano divino, mas têm os olhos fixados em modelos mundanos. Deveriam olhar para cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus, e então trabalhar para que seus alunos sejam postos em conformidade com esse caráter perfeito. T5 31.2

Caso abaixem a norma a fim de conseguir popularidade e aumento de números, fazendo desse acréscimo objeto de regozijo, estarão demonstrando grande cegueira. Fossem os números indício de êxito, Satanás poderia reclamar a soberania; pois, neste mundo, os que o seguem constituem a grande maioria. É o grau de força moral de que o colégio se acha possuído a prova de sua prosperidade. A virtude, a inteligência e a piedade do povo que compõe nossa igreja, não seu número, deveriam ser causa de alegria e gratidão. T5 31.3

Sem a influência da graça divina, a educação não se demonstrará nenhum bem real; o aprendiz se tornará orgulhoso, vão, fanático. A educação recebida sob a enobrecedora e purificadora influência do grande Mestre, porém, elevará o homem na escala do valor moral para com Deus. Ela o habilitará a subjugar o orgulho e a paixão, e a andar humildemente diante de Deus, como quem dEle depende quanto a toda aptidão, toda oportunidade e todo privilégio. T5 32.1

Dirijo-me aos obreiros de nosso colégio: Vocês não devem apenas professar ser cristãos, mas exemplificar o caráter de Cristo. Que a sabedoria do alto permeie todo o seu ensino. Em um mundo de trevas morais e corrupção, patenteiem que o espírito que os impulsiona à ação vem do alto, não de baixo. Enquanto se apoiarem inteiramente na própria força e sabedoria, os melhores esforços que fizerem pouco realizarão. Se forem impulsionados pelo amor para com Deus, tendo como fundamento a Sua lei, farão obra mais permanente. Ao passo que a palha, a madeira e o mato serão consumidos, sua obra resistirá à prova. Vocês irão encontrar outra vez os jovens postos sob o seu cuidado em torno do grande trono branco. Se permitirem que suas maneiras incultas ou o descontrolado temperamento dominem a situação, deixando assim de influenciar esses jovens para seu eterno bem, vocês deverão naquele dia enfrentar as conseqüências de sua obra. Pelo conhecimento da lei divina e a obediência aos Seus preceitos, podem os homens tornar-se filhos de Deus. Pela violação dessa mesma lei, fazem-se servos de Satanás. Por um lado, podem eles erguer-se a qualquer altitude na excelência moral; podem, por outro lado, descer a qualquer profundidade na degradação e iniqüidade. Os obreiros de nosso colégio devem manifestar zelo e diligência proporcionais ao valor da recompensa em jogo — a salvação de seus alunos, a aprovação de Deus, vida eterna e as alegrias dos remidos. T5 32.2

Como colaboradores de Cristo, tendo oportunidades tão favoráveis de comunicar o conhecimento de Deus, nossos professores devem trabalhar como inspirados do alto. O coração dos jovens não está endurecido, nem suas idéias e opiniões estereotipadas, como acontece com os mais idosos. Poderão ser conquistados para Cristo através de uma santa conduta, devoção e proceder semelhante a Cristo. Seria muito melhor sobrecarregá-los menos de estudos em outras matérias e dar-lhes mais tempo para as atividades religiosas. Tem-se cometido um grande erro nessa questão. T5 33.1

Foi perdido de vista o objetivo de Deus em trazer à existência o colégio. Pastores têm mostrado sua carência de sabedoria do alto a ponto de unir um elemento mundano com o colégio; uniram-se com os inimigos de Deus e da verdade para prover entretenimento aos estudantes. Ao encaminhar dessa forma os jovens, fazem uma obra para Satanás. Essa obra, com todos os seus resultados, eles terão de enfrentar de novo diante do tribunal de Deus. Os que seguem tal conduta mostram que não são dignos de confiança. Depois da má obra que têm feito, eles podem confessar o seu erro; mas será que conseguirão, com a mesma facilidade, reverter a influência que exerceram? Será proferido o “bem está” em relação aos que têm feito mau uso do que se lhes confiou? Esses homens infiéis não têm construído sobre a Rocha Eterna. Logo ficará claro que o seu fundamento é areia movediça. “Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Qualquer, pois, que se faz amigo do mundo constitui-se em inimigo de Deus.” Tiago 4:4. T5 33.2

Não é possível limitar a nossa influência. Um ato impensado pode resultar na ruína de muitas pessoas. O procedimento de cada obreiro em nosso colégio está causando impressões no espírito dos jovens, impressões que são levadas para fora, para se reproduzirem em outros. Deve ficar claro que o objetivo do professor é preparar cada jovem sob seu cuidado para se tornar uma bênção ao mundo. Esse objetivo não deveria jamais ser perdido de vista. Alguns professam estar trabalhando para Cristo, mas como que acidentalmente passam para o lado de Satanás e colaboram com ele. Poderá o Salvador declarar tais obreiros como bons e fiéis servos? Estão eles, como atalaias, dando à trombeta o sonido certo? T5 33.3

Cada um receberá no juízo segundo as obras praticadas nesta vida, sejam boas, sejam más. Recomenda-nos o Salvador: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.” Marcos 14:38. Se encontramos dificuldades e, no poder de Cristo, as vencemos; se nos defrontamos com inimigos e, no poder de Cristo, os colocamos em fuga; se aceitamos responsabilidades e, na força de Cristo, delas nos desempenhamos fielmente, então estamos adquirindo preciosa experiência. Aprendemos, como não poderíamos fazer de outro modo, que nosso Salvador é socorro bem presente em todo tempo de necessidade. T5 34.1

Em nosso colégio há grande obra a ser feita, a qual exige a cooperação de todo professor; e desagrada a Deus que uns desanimem os outros. Mas quase todos parecem esquecer que Satanás é acusador dos irmãos, e se unem com o inimigo nessa obra. Enquanto professos cristãos contendem, Satanás está preparando suas armadilhas para os pés inexperientes das crianças e dos jovens. Quem possui mais experiência religiosa tem o dever de proteger os jovens contra os seus ardis. Jamais deverão esquecer que eles próprios ficaram, uma vez, fascinados com os prazeres do pecado. Necessitamos da misericórdia e paciência de Deus a toda hora; por isso, é absolutamente impróprio impacientar-nos com os erros da inexperiente juventude. Enquanto Deus os suporta, ousaremos nós, que também somos pecadores, repeli-los? T5 34.2

É nosso dever considerar sempre os jovens como a aquisição do sangue de Cristo. Como tais, têm eles direito ao nosso amor, paciência, simpatia. Se queremos seguir a Jesus, não podemos restringir nosso interesse e afeições a nós mesmos e às pessoas de nossa própria família; não podemos dispensar tempo e atenção a assuntos temporais e esquecer os interesses eternos dos que nos rodeiam. Tem-se-me mostrado que é resultado de nosso próprio egoísmo o não haver uma centena de jovens empenhados em fervoroso trabalho de salvação do seu próximo onde agora só existe um. “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15:12), é o mandamento de Jesus. Imagine a abnegação de Cristo; a espécie de amor que Ele tem dispensado; procure então imitar o Modelo. T5 34.3

Nos moços e moças que têm atuado como professores em nosso colégio tem havido muita coisa que desagrada a Deus. Vocês têm estado tão absorvidos consigo mesmos, e de tal modo vazios de espiritualidade, que não puderam levar os jovens à santidade e ao Céu. Muitos têm retornado a seus lares mais endurecidos em sua impenitência em virtude da falta de amor de vocês por Deus e por Cristo. Andando sem o espírito de Jesus, vocês têm encorajado a falta de religiosidade, a leviandade e a ausência de bondade naqueles em quem têm tolerado esses males. Vocês não compreendem o resultado desse procedimento: perdem-se almas que poderiam ter sido salvas. T5 35.1

Muitos têm fortes sentimentos contra o irmão _____. Acusam-no de falta de bondade, dureza e severidade. Mas alguns dentre os que o condenam não são menos culpados. “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” João 8:7. O irmão _____ nem sempre tem agido com sabedoria, e não tem sido fácil convencê-lo de que deixou de fazer o que melhor convinha. Ele não se tem mostrado disposto a receber conselho e a modificar o seu método de ensino e sua maneira de tratar os estudantes. Mas os que o condenam por seus defeitos poderiam por sua vez ser igualmente condenados. Cada pessoa tem defeitos peculiares de caráter. Alguém pode estar livre das fraquezas que vê em seu irmão, embora possa ter, ao mesmo tempo, faltas até mais graves à vista de Deus. T5 35.2

Esse cruel criticismo de uns em relação aos outros é inteiramente satânico. Foi-me mostrado que o irmão _____ merece consideração pelo bem que tem feito. Seja tratado com bondade. Ele tem realizado o trabalho que deveria ter sido dividido por três homens. Os que estão avidamente procurando suas faltas pensem no que eles têm feito, em comparação com ele. Ele trabalhou arduamente enquanto outros procuravam descanso e prazeres. Ele está exausto; Deus desejaria vê-lo aliviado de algumas de suas cargas extras por algum tempo. São tantas as coisas com que tem de dividir o seu tempo e atenção que não pode fazer justiça a ninguém. T5 35.3

Não deve o irmão _____ permitir que seu combativo espírito se exalte e o conduza à justificação própria. Ele tem dado ocasião a insatisfações. O Senhor tem-lhe apresentado isso em testemunho. T5 36.1

Os estudantes não devem ser encorajados a desenvolver o hábito de procurar faltas. Esse espírito de queixa aumentará, se encorajado, e os estudantes sentir-se-ão em liberdade de criticar os professores que não apreciam, e o espírito de insatisfação e discórdia aumentará rapidamente. Tal coisa deve ser reprimida até que seja extinta. Não será esse mal corrigido? Não abandonarão os professores o seu desejo de supremacia? Não trabalharão em humildade, amor e harmonia? O tempo dirá. T5 36.2