Testemunhos para a Igreja 2
Capítulo 78 — A causa em Vermont
Tem-me sido mostrado que os discípulos de Cristo são Seus representantes na Terra; e é desígnio de Deus que eles sejam luzes nas trevas morais deste mundo, espalhados por toda parte, nos lugarejos, vilas e cidades, “feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens”. 1 Coríntios 4:9. Se obedecerem aos ensinos de Cristo no Sermão do Monte, estarão de contínuo buscando a perfeição do caráter cristão, e verdadeiramente serão a luz do mundo, condutos pelos quais Deus comunicará Sua divina vontade, a verdade de origem celestial, àqueles que se assentam em trevas e que não têm nenhum conhecimento do caminho da vida e salvação. T2 631.4
Deus não pode difundir o conhecimento de Sua vontade e as maravilhas de Sua graça no mundo incrédulo, a menos que tenha testemunhas espalhadas por toda a Terra. É Seu plano que aqueles que são participantes desta grande salvação por Jesus Cristo, sejam Seus missionários, astros no mundo, sinais ao povo, cartas vivas, lidas e conhecidas por todos os homens, e cuja fé e obras dêem testemunho da proximidade da vinda do Salvador, e mostrem que não receberam a graça de Deus em vão. O povo deve ser admoestado a preparar-se para o juízo por vir. Aos que têm estado a ouvir somente fábulas, Deus dará oportunidade de escutar a segura palavra profética, à qual fazem bem “em estar atentos”, pois é como “uma luz que alumia em lugar escuro”. 2 Pedro 1:19. Ele revelará a palavra da verdade à compreensão de todos os que se dispuserem a ouvir; todos poderão contrastar a verdade com as fábulas que lhes foram apresentadas por homens que alegam entender a Palavra de Deus, e estar qualificados para instruir os que se acham em trevas. T2 631.5
Para aumentar o número em Bordoville, os irmãos se mudaram para esta cidade, deixando os lugares de onde saíram destituídos de força e influência para manter reuniões. Isso agradou aos inimigos de Deus e da verdade. Esses irmãos deveriam ter permanecido lá como fiéis testemunhas, suas boas obras testificando da genuinidade de sua fé, pelo exemplo de pureza e poder da verdade em sua vida. Sua influência haveria de convencer e converter, ou condenar. T2 632.1
Todo seguidor de Jesus tem uma obra a fazer como missionário de Cristo, na família, na vizinhança, na vila ou cidade em que reside. Todos os que se consagraram a Deus são condutos de luz. Deus os torna instrumentos de justiça para comunicar a outros a luz da verdade, as riquezas de sua graça. Os descrentes podem parecer indiferentes e descuidados, todavia, Deus está impressionando e convencendo seu coração de que a verdade é real. Mas quando nossos irmãos deixam o campo, desistindo da luta e permitindo que a causa de Deus se enfraqueça, antes que Ele diga “deixai-os” (Mateus 15:14), serão apenas um fardo a qualquer igreja para onde se mudarem. Aqueles a quem abandonaram e que estavam convencidos da verdade, freqüentemente acalmam sua consciência com o pensamento de que, afinal, estavam ansiosos sem necessidade; chegam à conclusão de que não há nenhuma realidade na profissão de fé dos adventistas do sétimo dia. Satanás triunfa ao ver a vinha do Senhor totalmente arrancada ou deixada a perecer. Não é propósito divino que Seu povo se agrupe e concentre sua influência em uma determinada localidade. T2 632.2
Os esforços do irmão D para animar os irmãos a se mudar foram feitos em boa fé, todavia não de acordo com a vontade de Deus. Os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos. Ele “não vê como vê o homem”. 1 Samuel 16:7. Embora os objetivos fossem bons, os propósitos de Deus com respeito à salvação de almas não seriam cumpridos. T2 633.1
Deus deseja que Seu povo seja a luz do mundo e o sal da Terra. O plano de formar grandes ajuntamentos e construir uma grande igreja diminuiu sua influência e estreitou-lhes a esfera de utilidade; literalmente colocando a luz debaixo do alqueire. É intento divino que o conhecimento da verdade chegue a todos, e que ninguém fique em trevas, ignorando seus princípios. Que todos sejam provados por ela e se decidam contra ou a favor; que todos sejam advertidos e deixados sem desculpas. O plano de colonizar, ou mudar-se de diferentes localidades em que há pouca força ou influência, e concentrar a influência de muitos em uma só localidade, é remover a luz de lugares onde Deus deseja que brilhe. T2 633.2
Os seguidores de Cristo espalhados pelo mundo não possuem um elevado conceito da responsabilidade que incidem sobre eles, para deixarem sua luz brilhar sobre outros. Se houver apenas um ou dois num lugar, eles podem, embora poucos em número, conduzir-se perante o mundo de modo a exercer uma influência que impressionará o descrente com a sinceridade de sua fé. Os seguidores de Jesus não estão satisfazendo o propósito e a vontade de Deus, se eles se contentam em permanecer ignorantes a respeito de Sua Palavra. Todos devem tornar-se estudantes da Bíblia. Cristo disse a Seus seguidores: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam.” João 5:39. Pedro exorta-nos: “Antes santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” 1 Pedro 3:15. T2 633.3
Muitos que professam crer na verdade para estes últimos dias, serão achados em falta. Negligenciaram as questões mais importantes. Sua conversão é superficial — não profunda, fervorosa e cabal. Não sabem por que crêem na verdade; crêem unicamente porque outros nela têm crido, e assim dão por certo ser ela a verdade. Não podem dar razão inteligente de sua crença. Muitos têm permitido que sua mente acumule coisas sem importância, e seus interesses eternos se tornam secundários. A própria alma fica atrofiada e mutilada no desenvolvimento espiritual. As pessoas não são iluminadas ou edificadas por sua experiência, nem pelo conhecimento que tiveram o privilégio e dever de obter. A força e estabilidade estão com os professos sinceros. T2 634.1
Cristo, e Este crucificado, deve tornar-Se o assunto de nossos pensamentos e despertar as mais profundas emoções de nosso coração. Os verdadeiros seguidores de Cristo apreciarão a grande salvação que Ele efetuou por eles; e segui-Lo-ão para onde quer que Ele os conduzir. Considerarão um privilégio levar qualquer fardo que Cristo colocar sobre eles. É só pela cruz que podemos avaliar o valor do ser humano. O valor dos homens por quem Cristo morreu é tal que o Pai ficou satisfeito com o preço infinito que pagou pela salvação do homem ao entregar o próprio Filho para morrer por sua redenção. Que sabedoria, misericórdia e amor em sua plenitude são aí manifestados! O valor do homem só é conhecido indo ao Calvário. No mistério da cruz de Cristo podemos fazer uma estimativa do homem. T2 634.2
Que posição de responsabilidade: unir-se com o Redentor do mundo na salvação de seres humanos! Esta obra requer abnegação, sacrifício, benevolência, perseverança, coragem e fé. Mas os que ministram em palavra e doutrina não têm o fruto da graça de Deus em seu coração e vida; eles não têm fé. Eis a razão dos fracos resultados de seu trabalho. Muitos que professam ser ministros de Cristo manifestam espantosa resignação enquanto vêem os inconversos rumando para a perdição. Um ministro de Cristo não tem o direito de estar à vontade, e assentar-se comodamente diante do fato de que sua apresentação da verdade seja ineficaz e não desperte os corações. Ele deve recorrer à oração, e trabalhar e orar sem cessar. Os que se sujeitam a ficar sem bênçãos espirituais, sem lutar destemidamente por essas bênçãos, permitem que Satanás triunfe. Fé persistente e que prevalece é necessária. Os ministros de Deus precisam estar em íntima comunhão com Cristo e seguir Seu exemplo em todas as coisas, na pureza de vida, na abnegação, na benevolência, na diligência, na perseverança. Devem lembrar-se de que um registro aparecerá um dia como evidência contra eles pela mínima negligência do dever. T2 635.1
O irmão D não percebeu que animando os irmãos a se mudarem, estava colocando encargos sobre si mesmo e a igreja; não viu que requereria muito tempo e trabalho mantê-los em condição de serem uma ajuda, em vez de um estorvo. Ele pensou que se pudesse reunir famílias naquele lugar, elas ajudariam a formar uma igreja e aliviá-lo de cuidados e responsabilidades. Mas o que ficou provado em Bordoville, bem como em Battle Creek foi: quanto mais irmãos se mudaram para lá, mais pesadas ficaram as responsabilidades dos obreiros que têm a causa de Deus no coração. Homens e mulheres de mente e constituição diversificadas poderiam reunir-se e viver em doce harmonia, se considerassem os outros superiores a si mesmos; se amassem o próximo como a si mesmos, como Cristo lhes ordenou. T2 635.2
É, porém, muito difícil lidar com mentes humanas que não estão submissas ao controle especial do Espírito de Deus, e estão expostas ao domínio de Satanás. O egoísmo se apossa de tal maneira do coração de homens e mulheres, e a iniqüidade é tão acariciada, mesmo por alguns que professam piedade, que o ajuntamento de um grande grupo deve ser evitado, pois eles não seriam assim os mais felizes. T2 636.1
Aqueles a quem o irmão D desejava que fossem a Bordoville, eram considerados por ele como os melhores elementos, capazes de exercer boa influência. Tais homens e mulheres são postos no mundo como sentinelas fiéis, para que os que estão sem Deus possam ser convencidos de que há poder na religião de Cristo. Tais homens de influência são, em verdade, o sal da Terra. Deus não Se agradaria de vê-los congregados em um lugar e sua esfera de utilidade reduzida. Homens fidedignos são muito raros, porque o coração humano está tão dedicado aos próprios interesses egoístas que não reconhece outros. T2 636.2
Se houvesse tido um bom número de homens escolhidos no importante trabalho de Battle Creek, Deus estaria satisfeito; e se eles sacrificassem os próprios interesses egoístas em favor da causa sofredora, estariam apenas seguindo os passos de seu Redentor, que deixou Sua glória, majestade e alto comando, e por nossa causa tornou-Se pobre, para que nós, por Sua pobreza, nos tornássemos ricos. Cristo sacrificou-Se pelo ser humano, mas esse, por sua vez, não se sacrifica espontânea e alegremente por Cristo. Se vários homens e mulheres responsáveis e sinceros, que pudessem ser utilizados como indivíduos de ação, respondendo prontamente ao chamado por auxílio, mudassem para Battle Creek, Deus teria sido glorificado. Ele quer homens, em Battle Creek, que sejam confiáveis; que sempre se coloquem do lado certo em tempos de perigo; que pelejem fielmente contra o inimigo em vez de assumir posição com os que aborrecem o Israel de Deus, e protegem os que debilitam as mãos dos servos de Deus, voltando suas armas contra aqueles a quem o Senhor ordena apoiar. Para prosperar, toda igreja precisa ter homens em quem possa confiar em tempos de perigo, homens que sejam tão firmes como o aço, homens altruístas que tenham os interesses da causa de Deus mais perto do coração do que qualquer outra coisa que envolva suas opiniões próprias e interesses seculares. T2 636.3
As igrejas não são totalmente compostas de cristãos sinceros e puros. Nem todos os nomes que estão registrados nos livros da igreja são dignos de ali estar. A vida e o caráter de alguns, quando comparados com os de outros, são como o ouro em relação à escória. Isso não deve ser assim. Aqueles que são valiosos por sua vida e influência, sentem a importância de seguir a Jesus de perto, de fazer da vida de Cristo seu estudo e exemplo. Tal coisa requererá esforço, meditação e diligente oração. Requer ação vigorosa obter a vitória sobre o egoísmo e tornar prioridade o interesse pela causa de Deus. Alguns têm feito esforços, posto o eu sob rigorosa disciplina e alcançado magníficas vitórias. Os que consideram prioridade os próprios interesses vivem para si mesmos. Seu caráter é como inútil escória à vista de Deus. T2 637.1
O irmão D tem feito muito mais do que um homem deveria ao trabalhar pelos interesses da igreja em sua localidade. Se ele se ausentasse por um curto período de tempo para trabalhar por outros, ao retornar, maiores e mais pesadas responsabilidades estariam prontas para serem colocadas sobre ele. Ele tem permitido que elas repousem sobre seus ombros e se curvado, gemendo sob seu peso. Os irmãos D estiveram em perigo de serem muito exigentes, e de apresentarem a própria vida e exemplo como modelo. O eu não foi perdido de vista em Cristo. Esses irmãos devem falar pouco de si mesmos e exaltar a Cristo. Devem esconder-se atrás de Jesus, e deixar que somente Ele apareça como padrão perfeito que todos devem imitar. T2 637.2
Onde estão os homens em quem se podem confiar em tempos de provação e perigo? Onde estavam os homens tementes a Deus para arregimentar-se em volta do estandarte quando o inimigo estava buscando obter vantagem? Alguns que deveriam ter permanecido em seus postos, foram infiéis quando sua ajuda era mais necessária. Sua conduta mostrou que não tinham nenhum interesse especial no avanço do trabalho e da causa de Deus. Alguns pensaram que se estava esperando demais deles; e em vez de avançarem alegremente para fazerem o que pudessem, assentaram-se na espreguiçadeira de Satanás e se recusaram a fazer qualquer coisa. T2 638.1
Alguns irmãos eram muito zelosos. O irmão E é um deles. Ele é peculiarmente teimoso, o que o faz insistir em uma conduta errada porque pensa que seus irmãos ficariam contentes se ele mudasse e fizesse o contrário. Às vezes, quando se sente impelido, busca fazer alguma coisa que esteja a seu alcance para o avanço da causa de Deus. Mas, aprecia tanto fazer as coisas a seu modo, que deixaria a causa de Deus sofrer antes de abrir mão de sua vontade e modo de agir. O irmão E não é um homem com quem se possa contar. Ele está sujeito às tentações de Satanás e, freqüentemente, sob seu controle. Seu coração é insubmisso e egoísta. É inconstante, impulsivo, ora odiando, ora amando. Às vezes é bondoso, outras vezes ciumento, invejoso e muito egoísta. Ele não poderá alcançar um caráter cristão até saber resistir à tentação, subjugar a própria vontade obstinada, nutrir um espírito humilde e uma disposição para ver e confessar seus erros. Algumas vezes ele é verdadeiro e honesto. Então uma onda o leva em direção oposta e ele passa a abrigar ciúmes, inveja e desconfiança. O eu e seus interesses egoístas reinam soberanos. Ele é um descobridor de faltas alheias e suspeita que os outros não o apreciam e gostam de prejudicá-lo. O irmão E precisa de uma conversão total. Para o ser humano não é o bastante professar a verdade. Ele pode admitir toda a verdade e ainda nada saber — não ter conhecimento experimental na vida diária — da santificadora influência da verdade sobre o coração e vida ou do poder da verdadeira piedade. T2 638.2
A verdade é santa e poderosa e realizará uma completa reforma no coração e vida daqueles a quem santifica. O irmão E é capaz de exercer influência para o bem. Se dominar o eu e humilhar o próprio coração diante de Deus, pode tornar-se um verdadeiro portador do jugo de Cristo. Pode também ser um auxílio em lugar de tropeço a sua família e aos outros. Ele debilita a causa de Deus em Bordoville por causa dos defeitos em seu caráter cristão. Se o irmão E viver de acordo com a luz que recebeu, desenvolverá sua salvação com temor e tremor e, assim fazendo, deixará a luz brilhar sobre o caminho de outros e glorificará a Deus. O caso do irmão E representa o de muitos na igreja, que necessitam da mesma obra de transformação em seu coração para serem retos. T2 639.1
O irmão F pode ser mais útil do que agora é ou jamais foi. Deus não o chamou especificamente para ministrar em palavra e doutrina. Ele não está qualificado para tal posição, mesmo assim, pode realizar pequenos encargos para o Senhor e ser uma ajuda nas reuniões. Se viver na luz, tem condições de refleti-la a outros. Ele pode ser uma bênção aos outros; pode proferir palavras de conforto e encorajamento aos desanimados. No entanto, para fazer isso, deve nutrir um espírito alegre, recusando-se a olhar o lado escuro e a falar de dúvidas. Pode expressar contentamento, esperança e encorajamento em suas palavras e até mesmo no tom de voz. T2 639.2
A irmã G tem fraquezas, porém, nada faz para melhorar. Permite que o inimigo lhe controle a mente e lhe agrave suas dificuldades através de um espírito altivo. Ela sofre de enfermidades físicas e precisa de compaixão; mas inquietude, rabugice, queixas, murmurações e lamentações inúteis não lhe aliviam os sofrimentos nem lhe trazem felicidade; apenas agravam o problema. T2 639.3
O mundo está cheio de pessoas insatisfeitas, que passam por alto a felicidade e as bênçãos que se acham ao seu alcance, e estão continuamente buscando a felicidade e satisfação que não possuem. Estão constantemente lutando por algum bem desejado, maior do que o que possuem, e estão sempre num estado de desapontamento. Nutrem a incredulidade e ingratidão, passando por alto as bênçãos que estão exatamente em seu caminho. As bênçãos comuns e diárias da vida são-lhes desprezíveis, tal como foi o maná aos filhos de Israel. T2 640.1
Cristo diz à irmã G: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve.” Mateus 11:28-30. As palavras, o comportamento e o exemplo da irmã G ensinam uma lição inteiramente diversa daquela de nosso Salvador. Ela perde muito em desprezar as bênçãos atuais ao seu alcance e em ansiosamente buscar a felicidade. Seus esforços não são recompensados e sua infrutífera procura traz grande infelicidade a ela e a todos com quem se associa. Seu inquieto, ansioso e turbado espírito se expressa no semblante e lança sombras. Tal escuridão, incredulidade e descontentamento estimulam as tentações do inimigo. Por sua contínua desconfiança e por aflições emprestadas, lança trevas em lugar de espalhar raios de sol. T2 640.2
O irmão G deve ser paciente, tolerante e carinhosamente poupá-la de responsabilidades desnecessárias, pois ela não está preparada para suportá-las. Ela, por sua vez, deve vigiar sobre as investidas do inimigo e tomar sobre si os encargos da vida sem murmurar, mas levá-los com alegria, amenizando-os com gratidão, porque não são pesados. O irmão G inclina-se a olhar o lado escuro da vida. Ele deve manter-se em prontidão para cumprir a vontade de Deus e usar da melhor maneira possível a influência que o Senhor lhe concedeu. Deve alegremente desempenhar os deveres de hoje e não tomar emprestadas as aflições de amanhã para sentir-se miserável. Não tem que executar os deveres da próxima semana, mas o trabalho e as obrigações que cada dia traz. T2 640.3
O irmão e a irmã G devem unir sua influência em dizer: “Basta a cada dia o seu mal.” Mateus 6:34. É uma desventura tomar emprestados os problemas da semana vindoura e amargar o presente. Quando ocorrem dificuldades reais, Deus fortalece cada manso e humilde filho para enfrentá-las. Quando, em Sua providência, permite que ocorram, proverá auxílio para suportá-las. Lamúrias e murmurações obscurecem e mancham o coração, e eclipsam a brilhante luz do caminho dos outros. T2 641.1
O irmão G pode ter adotado certa conduta para ajudar ao irmão H, e ao mesmo tempo a si mesmo. Mas o egoísmo privou o irmão H de vantagens e o próprio irmão G foi prejudicado pelo temor de que houvesse privilegiado a outros. O irmão G não amou o próximo como a si mesmo, e seu extremo egoísmo em muitas coisas destituiu-o do bem e impediu-o de receber as bênçãos de Deus. Conclui-se que nada aproveita ao homem ser egoísta, pois Deus o registra e recompensará a cada um de acordo com as suas obras. “Porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” Gálatas 6:7. “O que semeia pouco, pouco também ceifará.” 2 Coríntios 9:6. T2 641.2
Mencionei essas pessoas para representar o verdadeiro estado de muitos na igreja de Bordoville, cujos casos são semelhantes. Os que ali congregam têm acarretado preocupações e cuidados ao irmão D, que procura mantê-los na retidão. Houvessem eles estado livres de ciúmes e se mantido no amor de Deus, sustentariam suas mãos, confortariam seu coração e o liberariam para trabalhar pela salvação de almas, enquanto suas orações, como agudas foices, o teriam seguido ao campo de colheita. Sua falta de consagração e devoção a Deus enfraqueceu-lhes a própria fé, debilitou as mãos do irmão D, destruiu sua coragem e tornou-lhe quase inúteis os trabalhos na missão evangelística. As preocupações da igreja local têm frustrado seus esforços e, em grande medida, mantido seus trabalhos confinados à região. Essa limitação do trabalho, principalmente num só lugar, tem influência devastadora sobre o interesse espiritual e o zelo do ministro de Cristo. T2 641.3
Para crescer em graça e no conhecimento da verdade, os obreiros precisam ter experiência variada. Essa pode ser melhor adquirida mediante extensivo trabalho em novos campos, em diferentes localidades, onde possam entrar em contato com todas as classes de pessoas, e todas as variedades de mentes, e onde vários tipos de serviço sejam levados ao encontro das necessidades das muitas e diferentes mentalidades. Elas impelem o verdadeiro obreiro a Deus e à Bíblia para obtenção de luz, poder e conhecimento, para que ele possa estar plenamente qualificado para atender às necessidades do povo. Deve ele ouvir a exortação feita a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” 2 Timóteo 2:15. “Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?” Lucas 12:42. É necessária sabedoria para discernir o assunto mais apropriado para a ocasião. T2 642.1
O irmão D não se transformou num obreiro bem-sucedido. Ele regrediu. Sua mente se tornou estreita e sua força espiritual tem se enfraquecido. Ele poderia agora ser um obreiro de êxito, um trabalhador íntegro. Em vez de entregar-se totalmente ao trabalho, tem estado a servir às mesas. Paulo exortou a Timóteo: “Sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo isto, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” 1 Timóteo 4:12-16. T2 642.2
O irmão D é ativo e disposto tanto para agir como para assumir responsabilidades que não estão relacionadas ao seu chamado, e tem a mente e o tempo muito absorvidos por coisas temporais. Alguns pastores mantêm uma certa dignidade que não está em consonância com a vida de Cristo, e não estão dispostos a tornar-se úteis empenhando-se em trabalho físico, como a ocasião pode requerer, para abrandar as cargas daqueles de quem recebem hospitalidade, e aliviá-los de cuidados. O exercício físico seria para eles uma bênção real, em vez de prejuízo. Ajudando a outros, beneficiariam a si mesmos. Mas alguns vão ao extremo oposto. Quando seu tempo e energias são totalmente requeridos na causa de Deus, estão dispostos a empenhar-se no trabalho e tornarem-se servos de todos, mesmo nas coisas seculares. Eles realmente roubam a Deus do serviço que Ele deles requer. Assim assuntos triviais tomam o precioso tempo que deveria ser dedicado aos interesses da causa de Deus. T2 643.1
O irmão J. N. Andrews errou nisso. O tempo e as forças que ele dedica à correspondência com seus irmãos, respondendo suas cartas pessoais de indagação, deviam ter sido gastos nos interesses especiais da obra de Deus em geral. Mas não muitos compreendem as responsabilidades que repousam sobre os poucos pastores que suportam as cargas nesta causa. Os irmãos freqüentemente chamam esses homens do trabalho para atender a seus assuntos de pouca importância, ou resolver problemas da igreja, os quais eles podem e devem resolver por si mesmos. “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não duvidando.” Tiago 1:5, 6. Andrews precisa ser diligente e perseverante. Se for indeciso, duvidando continuamente se o Senhor realmente fará como prometeu, nada receberá. T2 643.2
Muitos esperam que seus pastores lhes tragam a luz de Deus, achando ser esse um meio mais fácil do que ter o trabalho de ir ao Senhor e buscá-la por si mesmos. Eles perdem muito. Se diariamente seguissem a Cristo e O tornassem seu guia e conselheiro, poderiam obter um claro conhecimento de Sua vontade, alcançando assim uma valiosa experiência. Por falta de tal experiência, esses irmãos que professam a verdade andam nas fagulhas que outros acendem. Eles não estão familiarizados com o Espírito de Deus e não possuem conhecimento de Sua vontade; assim sendo, são facilmente desviados da fé. São instáveis porque confiam em outros para obter experiência. Amplas provisões foram feitas para todo filho e filha de Adão conseguir individualmente o conhecimento da vontade divina, para aperfeiçoar o caráter cristão e ser purificados através da verdade. Deus é desonrado por essa classe que professa seguir a Cristo e, no entanto, não possui conhecimento prático da vontade divina ou do mistério da piedade. T2 644.1
O irmão D tem tido uma multiplicidade de cuidados domésticos. O acréscimo do número de membros na igreja não lhe reduziu as responsabilidades. Esse aumento tem imposto pesados tributos sobre ele e sua família, e essas coisas têm sido um empecilho ao seu sucesso como obreiro. Ele se tornou enferrujado na causa de Deus e necessita de polimento. Seu testemunho precisa ser vitalizado pelo Espírito e poder de Deus. Seus irmãos em Bordoville, que não têm um trabalho especial para fazer na palavra e doutrina, deviam estar despertos para perceberem as necessidades de outros e ajudá-los. Muitos fecham os olhos ao bem que teriam oportunidade de fazer pelo semelhante e por sua negligência perdem as bênçãos que podiam obter. O irmão D tem sido deixado a levar cargas que seus irmãos deviam ter considerado dever e privilégio portar. T2 644.2
Nossa obra neste mundo é viver para o bem de outros, para abençoá-los, para ser hospitaleiros; e com freqüência, não é senão à custa de algum incômodo que podemos hospedar aqueles que em verdade necessitam de nossos cuidados, e do benefício de nossa companhia e de nosso lar. Alguns evitam esses necessários encargos. Alguém, no entanto, precisa assumi-los; e como, em geral, os irmãos não são muito dados à hospitalidade e não repartem eqüitativamente esses deveres cristãos, os poucos que têm coração voluntário e assumem o caso daqueles que se acham em necessidade, ficam sobrecarregados. A igreja deve ter especial cuidado em aliviar seus pastores de encargos extras a esse respeito. Os pastores que estão ativamente empenhados na causa de Deus, trabalhando pela salvação de almas, têm contínuos sacrifícios a fazer. T2 645.1
O testemunho do irmão D precisa ser estimulado pela graça divina. Ele necessita de uma nova unção para ser capaz de compreender a magnitude da obra, e dedicar-se inteiramente ao desenvolvimento da causa de Deus. O Senhor tem trabalho suficiente para empregar todos os Seus seguidores. Todos podem revelar Sua glória, se assim o desejarem. Mas a maioria se recusa a fazer isso. Eles professam fé, mas não têm obras. Sua fé, estando sozinha, é morta. Eles se descartam de responsabilidades e encargos, e serão recompensados conforme suas obras. Por alguns não assumirem as responsabilidades que devem assumir, ou não fazerem o trabalho que poderiam efetuar, a obra é demasiado grande para os poucos que nela se empenham. Vêem tanto por fazer, que sobrecarregam as forças, e estão-se esgotando rapidamente. T2 645.2
Neste tempo Deus convoca obreiros cujos interesses estejam plenamente identificados com Sua obra e causa. Os pastores empenhados nessa obra precisam ser fortalecidos pelo espírito e poder das verdades que pregam, e então exercerão positiva influência. O povo raramente se eleva acima do pastor que o dirige. Havendo nele um espírito amante do mundo, isso exerce uma tremenda influência sobre os outros. O povo faz das deficiências dele uma desculpa para cobrir seu espírito mundano. Acalmam a própria consciência, pensando que podem ter liberdade de amar as coisas desta vida, e ser indiferentes às espirituais, porquanto os pastores são assim. Enganam a própria alma, e permanecem amigos do mundo, o que o apóstolo declara ser “inimizade contra Deus”. Romanos 8:7. T2 645.3
Os pastores devem ser exemplos para o rebanho. Devem manifestar um inextinguível amor pelas pessoas, e à causa a mesma devoção que desejam ver no povo. Os pastores, em Vermont, têm cometido erros em seu trabalho. Passam continuamente pelos mesmos lugares para auxiliar as igrejas, quando o que elas realmente necessitam é fazer o trabalho por si mesmas, a fim de levá-las a uma posição onde Deus possa abençoar seus trabalhos e torná-las frutíferas. Não tem havido um obreiro perfeito e eficiente, plenamente qualificado para manter todos os setores da obra em Vermont. T2 646.1
O irmão e a irmã I são inválidos. Deus não lhes pôs sobre os ombros pesados encargos. Eles necessitam vigiar atentamente para que sua influência não diminua. Eles não têm filhos para exercitar amor e cuidado paternais, e estão em perigo de se tornarem limitados, egoístas e fantasiosos em seus pontos de vista e sentimentos. Todas essas coisas exercem má influência sobre a causa de Deus. Eles devem trabalhar para manter a mente além de si mesmos e não se fazerem critério para os outros. Aqueles que não têm filhos para partilhar seus pensamentos e trabalhos, e para exercitarem tolerância, paciência e amor, devem vigiar a fim de não centralizarem sobre si mesmos os pensamentos e trabalhos. Eles estão mal qualificados para instruir pais a educar os filhos, pois não têm experiência nesse trabalho. Em muitos casos, porém, aqueles que não têm filhos são os mais prontos a instruir os que têm, quando ao mesmo tempo se fazem de filhos em muitos respeitos. Eles não podem ser desviados de uma certa conduta, e que mais paciência do que as crianças requerem, seja demonstrada a eles. É egoísmo adotar determinada atitude e seguir tal conduta, prejudicando a outros. T2 646.2
São as pequenas coisas que testam o caráter. Deus Se alegra diante dos despretensiosos atos diários de abnegação feitos com mansidão e alegria. Não devemos viver para nós mesmos, mas para os outros. Devemos ser uma bênção mediante o esquecimento de nós mesmos e consideração pelos outros. Devemos cultivar amor, paciência e força moral. T2 647.1
Bem poucos reconhecem os benefícios do cuidado, da responsabilidade e experiência que as crianças proporcionam à família. Muitos têm grandes famílias vivendo sem disciplina. Os pais estão negligenciando o precioso encargo e sagrado dever, que, se fielmente cumprido no temor de Deus, habilitaria não apenas os filhos, mas eles mesmos para o reino dos Céus. Mas uma casa sem crianças é um lugar desolado. O coração dos que nela residem está em perigo de se tornar egoísta, de acariciar o amor pela própria comodidade e consultar os próprios desejos e conveniências. Atraem compaixão para si mesmos, mas têm pouco para conceder a outros. O cuidado e afeição por crianças dependentes removem a aspereza de nossa natureza, fazem-nos ternos e compassivos, e influem no desenvolvimento dos mais nobres elementos de nosso caráter. Muitos estão enfermos física, mental e moralmente, porque sua atenção está voltada quase que exclusivamente para si mesmos. Podem ser salvos desse estado de estagnação pela sadia vitalidade das mentes mais novas e diversificadas, e a incansável energia das crianças. T2 647.2
O irmão J é idoso. Nenhuma pesada responsabilidade deve agora ser colocada sobre ele. Ele desagrada a Deus por seu mal aplicado amor aos filhos. Ele tem estado ansioso demais por ajudá-los financeiramente para não ofendê-los. Para agradar aos filhos, ele os tem prejudicado. Eles não são sábios e fiéis na administração de recursos, mesmo do ponto de vista mundano. Do ponto de vista religioso eles são muito deficientes. Não têm escrúpulos conscienciosos com respeito às coisas religiosas. Não beneficiam a sociedade por sua posição e influência no mundo, nem a causa de Deus por moral cristã pura e virtuosos atos a serviço de Cristo. Não foram treinados em hábitos de abnegação e autoconfiança como salvaguarda na vida. Aqui está o grande pecado dos pais. Eles não disciplinam seus filhos e não os educam para Deus. Não lhes ensinam domínio próprio, estabilidade de caráter e a necessidade de uma resoluta e bem dirigida vontade. A maioria dos filhos, nessa idade, são deixados à vontade. Não se lhes ensinam a necessidade do desenvolvimento de suas faculdades físicas e mentais visando a algum bom propósito, a abençoar a sociedade com sua influência, a ser bem qualificados para enriquecer a vida cristã e a aperfeiçoar a santidade no temor de Deus. T2 647.3
O irmão J errou em confiar seus bens a seus filhos. Pôs sobre eles responsabilidades que não estão qualificados a assumir. Ele abriu mão do controle de seus recursos e tem conseguido meios dos irmãos com seu débil esforço. Deus não tem sido glorificado por essa conduta com relação a sua propriedade. O irmão J tem desculpado as atitudes equivocadas de seus filhos, que não estão de acordo com a fé o ou padrão bíblico. Tem virtualmente dito ao ímpio: “Tudo irá bem com você”, quando Deus tem claramente dito que o mal o seguiria T2 648.1
Esses erros da parte do irmão J demonstram grande falta de sabedoria celestial e o têm, em grande medida, desqualificado para a solene obra confiada ao fiel ministro de Cristo. O que poderá alegar o irmão J diante de Deus, quanto o Mestre intimá-lo a prestar contas de sua mordomia? Ele tem sido conduzido pela mente não consagrada de seus filhos, e não tem sentido a necessidade de buscar conselho e orientação dos servos de Deus que permanecem na luz. Tem sido levado por nociva compaixão e falhou em sua avaliação. Está se conduzindo como um homem cego. Sua conduta tem prejudicado a si mesmo e à causa de Deus. T2 648.2
Não é meramente de pregadores que passem ocasionalmente pelas igrejas orando e exortando que Vermont necessita. O clamor por obreiros poderia ser erguido pelo povo de Deus em Vermont. São necessários obreiros zelosos e diligentes para fortalecer as coisas que permanecem, ministrando as necessidades espirituais do povo. A causa de Deus em todo lugar, especialmente em Vermont, precisa de portadores de fardos. Os homens vão repetidamente ao mesmo lugar, mas realizam muito pouco, se é que realizam. Fazem uma boa visita a seus irmãos, e isso é freqüentemente tudo o que conseguem; e ainda esperam ser remunerados pelo tempo gasto. T2 649.1
O caso do irmão e da irmã K surge perante mim enquanto escrevo. Eles não têm exercido cuidado pelos outros. Não sentem a responsabilidade que repousa sobre eles de serem portadores de fardos. Entre outros que sentem ter uma obra a fazer pelo Senhor, foi-me mostrado o irmão K. Na verdade ele tem, assim como muitos outros, se a fizerem. Há obreiros capacitados na causa de Deus, que possuem experiência no trabalho e dedicam seu tempo e energias ao serviço do Mestre. Esses devem ser liberalmente sustentados. Mas os que estão simplesmente começando a visitar ocasionalmente as igrejas — especialmente aqueles que não têm família para sustentar e têm autonomia — não devem sacar recursos do tesouro do Senhor. T2 649.2
Nem o irmão nem a irmã K têm experiência em fazer sacrifícios em favor da verdade, em ser ricos de boas obras, juntando tesouro no Céu. Sua compaixão, cuidado e paciência não foram requeridos por crianças dependentes, amorosas. Têm levado em conta as próprias conveniências egoístas. Seu coração não tem sido uma fonte a produzir vivas correntes de ternura e afeição. Em ser uma bênção aos outros, por meio de bondosas palavras de amor e atos de misericórdia e benevolência, teriam eles mesmos experimentado uma bênção. Têm sido demasiado limitados em sua esfera de utilidade. A menos que sejam transformados na mente e no coração, e renovados pelo Espírito de Cristo, não podem tornar-se obreiros completos e eficientes a serviço do Redentor. Sua vida é um exemplo para os cristãos. Abnegação e desinteressada benevolência devem caracterizar-lhes a vida. O interesse próprio é muito destacado. Oh, quão pouco o irmão K sabe sobre o que é trabalhar para Deus, tomar a cruz de Cristo e andar nas pisadas do abnegado Redentor! T2 649.3
Um ministro de Cristo, um mestre da verdade, um verdadeiro pastor, é em certo sentido servo de todos, prevendo as necessidades daqueles que precisam de ajuda e sabendo como ser útil aqui e ali na grande obra de salvar almas. Um homem que professa ensinar a verdade, vai simplesmente aonde lhe agrada e trabalha quando e como lhe apraz, todavia evita responsabilidade, não está carregando a cruz após Cristo, nem cumprindo a comissão de um pastor evangélico. Poucos sabem por experiência o que é sofrer por amor a Cristo. Desejam ser como Jesus, mas querem evitar pobreza e crucifixão. Alegremente estariam com o Senhor na glória, mas não apreciam ir a Ele através de muito desprendimento e tribulação. T2 650.1
Não tem custado ao irmão K árduo esforço procurar a verdade, pois homens escolhidos por Deus preparam argumentos claros, simples e convincentes para ele. Pontos difíceis da verdade presente têm sido compreendidos através de fervorosos esforços de uns poucos que eram dedicados à obra. Jejum e fervorosa oração a Deus têm levado o Senhor a abrir-lhes Seus tesouros de verdade ao entendimento. Ardilosos oponentes e vangloriosos Golias precisam ser enfrentados, às vezes face à face, porém, mais freqüentemente com a pena. Satanás tem motivado homens a erguerem feroz oposição, a cegarem os olhos do povo e obscurecerem sua compreensão. Os poucos que tinham os interesses da causa e da verdade divina no coração se ergueram em sua defesa. Não procuraram comodidades, mas estavam dispostos a arriscar a própria vida em favor da verdade. T2 650.2
Esses zelosos pesquisadores da verdade arriscaram suas reservas de energia, e tudo mais, na obra de defender a verdade e difundir a luz. Elo após elo da preciosa cadeia da verdade foi pesquisado, até todos apresentarem bela harmonia, unidos em perfeito encadeamento. Esses homens de espírito pesquisador trouxeram à luz argumentos, tornando-os tão claros que até um escolar pode compreendê-los. Quão fácil agora é aos homens se tornarem ensinadores da verdade, enquanto se esquivam do sacrifício próprio e da abnegação. T2 651.1
Esses pesquisadores da verdade sofreram por ela e sabem qual é o seu valor. Eles a valorizam e sentem o mais intenso interesse em seu avanço. A abnegação e a cruz encontram-se diretamente no caminho de todo seguidor de Cristo. A cruz é aquilo que se opõe às propensões naturais e à vontade. Se o coração não é inteiramente consagrado a Deus, se a vontade, as afeições e os pensamentos não são postos em sujeição à vontade de Deus, não será possível pôr em prática os princípios da religião verdadeira e exemplificar na vida a vida de Cristo. Não haverá um sincero desejo de sacrificar as comodidades e o amor-próprio, e a mente carnal não será crucificada para fazer as obras de Cristo. T2 651.2
Há uma obra a ser feita por muitos que vivem em Bordoville. Vi que o inimigo estava ocupado em seu trabalho para alcançar seu objetivo. Homens a quem Deus tem confiado talentos de recursos têm transferido a seus filhos a responsabilidade que o Céu lhes apontou, de serem mordomos de Deus. Em lugar de submeter a Deus as coisas que são Suas, afirmam que tudo o que têm é seu mesmo, como se pelo próprio poder e sabedoria houvessem obtido seus bens. Quem lhes deu poder e sabedoria para obterem tesouros terrenos? Quem irrigou suas terras com o orvalho do céu e com chuvas? Quem lhes deu o sol para aquecer a Terra e despertou para a vida as coisas da natureza, fazendo-as florescer em benefício do homem? Homens a quem Deus abençoou com Sua generosidade, lançam os braços em torno de seu tesouro terreno e fazem dessas generosidades e bênçãos divinas, que Deus graciosamente lhes concedeu, uma maldição, por encherem o coração de egoísmo e duvidarem dEle. Aceitam os bens a eles emprestados, no entanto os reivindicam como seus, esquecendo-se de que o Mestre tem direitos sobre eles, e recusando submeter-Lhe até mesmo os juros que Ele requer. As riquezas causam muitas perplexidades para os professos seguidores de Cristo, e os atingem com muitos pesares, porque se esquecem de Deus e adoram a Mamom. Permitem que os tesouros terrestres lhes amargurem a vida e impeçam o desenvolvimento de um caráter cristão perfeito. E, como se isso não fosse suficiente, transmitem a seus filhos, para amaldiçoá-los, aquilo que se provou uma ruína em sua própria vida. Deus confiou recursos aos homens para prová-los, para ver se estão dispostos a reconhecê-Lo em Seus dons e usá-los para promover-Lhe a glória na Terra. T2 651.3
A Terra pertence ao Senhor, bem como todos os tesouros que ela contém. São Seus “os animais... aos milhares sobre as montanhas”. Salmos 50:10. Todo ouro e prata Lhe pertencem. Ele empresta Seus tesouros aos mordomos para que façam avançar a causa divina e glorifiquem Seu nome. Não confiou esses tesouros aos homens para que os usassem a fim de exaltarem e glorificarem a si mesmos, e reunirem poder para oprimirem os que são pobres em tesouros deste mundo. Deus não aceita as ofertas de alguém por necessitar delas e não haver glória e riquezas sem elas, mas porque é para benefício de Seus servos devolverem a Deus aquilo que é Seu. As ofertas voluntárias de um coração contrito e humilde serão recebidas por Ele, e o doador será recompensado com ricas bênçãos. Ele as aceita como sacrifício de grata obediência. O Senhor requer e aceita nosso ouro e nossa prata como evidência de que tudo o que temos e somos Lhe pertence. Reivindica e aceita o aperfeiçoamento de nossos talentos e tempo, como fruto de Seu amor em nosso coração. “O obedecer é melhor do que o sacrificar.” 1 Samuel 15:22. Sem amor puro, a mais vultosa oferta é paupérrima para que Deus aceite. T2 652.1
Muitos têm o coração tão apegado aos seus tesouros terrenos, que não discernem a vantagem de ajuntar para si tesouros no Céu. Não compreendem que suas ofertas voluntárias não enriquecem a Deus, mas a si mesmos. Cristo nos aconselha a juntarmos tesouros no Céu. Para quem? Para enriquecermos a Deus? Oh, não! As riquezas do mundo inteiro são Suas e a indescritível glória e os incalculáveis tesouros do Céu são todos Seus, para dar a quem quiser. “Ajuntai para vós outros tesouros no Céu.” Mateus 6:20. Homens a quem Deus fez mordomos são muito obcecados pelas riquezas deste mundo, que não percebem que por seu egoísmo e cobiça estão não somente roubando ao Senhor em dízimos e ofertas, mas furtando de si mesmos as riquezas eternas. Eles poderiam diariamente aumentar seu tesouro celestial fazendo a obra que o Senhor lhes deu a fazer, confiando-lhes recursos para levá-la avante. O Mestre apreciaria vê-los procurando oportunidades para fazer o bem e, enquanto vivem, aplicar seus recursos para ajudar na salvação de seus semelhantes e no progresso da causa de Deus em seus vários seguimentos. Assim fazendo, cumprem apenas o que o Senhor requer deles; devolvem a Deus o que Lhe pertence. Muitos propositadamente fecham os olhos e o coração temendo ver e sentir as necessidades da causa de Deus, e que por ajudar em seu desenvolvimento estariam diminuindo a própria renda pela redução dos lucros ou do capital. Alguns acham que o que dão para o progresso da causa de Deus é realmente perdido. Consideram quantos dólares despenderam e ficam insatisfeitos, a menos que possam repô-los imediatamente, para que seus tesouros terrenos não diminuam. Agem com rigor e mesmo com astúcia ao lidar com seus irmãos, e também com os mundanos. Eles não vacilam em enganar nos negócios para obter vantagem para si mesmos e ganhar uns poucos dólares. T2 653.1
Alguns, temendo sofrer perda de tesouros terrenos, negligenciam a oração e o reunir-se para a adoração de Deus, para que tenham mais tempo para dedicar a suas lavouras ou seus negócios. Mostram, por suas obras, a que mundo eles dão maior valor. Sacrificam privilégios religiosos, que são essenciais para seu crescimento espiritual, pelas coisas desta vida, e deixam de obter o conhecimento da vontade divina. Não aperfeiçoam um caráter cristão, e não alcançam a medida de Deus. Põem em primeiro lugar seus interesses temporais, mundanos, e roubam a Deus o tempo que deveriam dedicar ao Seu serviço. Essas pessoas Deus assinala, e receberão maldição, em vez de bênção. Uns colocam seus recursos fora do próprio controle, pondo-os nas mãos dos filhos. Seu motivo secreto é colocarem-se numa posição onde não se sintam responsáveis por dar de seus bens para propagar a verdade. Eles amam “de palavra”, mas não “por obras e em verdade”. 1 João 3:18. Não entendem que é o dinheiro do Senhor que estão administrando, não o seu. T2 654.1
Muitos gostariam de ver pessoas convertidas se isso pudesse ser feito sem qualquer sacrifício de sua parte; mas recuam se sua propriedade é tocada, pois essa lhes é de mais valor do que homens e mulheres por quem Cristo morreu. Se aqueles a quem Deus confiou recursos compreendessem sua responsabilidade como mordomos Seus, tomariam nas próprias mãos o que o Senhor lhes emprestou para que pudessem fielmente cumprir o dever, assumindo sua parte em ajudar a levar avante a obra de Deus. Se todos pudessem compreender o plano da salvação e o valor de uma única pessoa adquirida pelo sangue de Cristo, considerariam tudo o mais de menor interesse. T2 654.2
Devem os pais ter grande temor de confiar aos filhos os talentos de bens que Deus lhes pôs nas mãos, a menos que tenha a absoluta certeza de que seus filhos têm maior interesse, amor e devoção pela causa de Deus do que eles mesmos, e que esses filhos serão mais fervorosos e zelosos em promover a obra de Deus, e mais benevolentes em fazer prosperar os vários empreendimentos relacionados com ela que necessitam de recursos. Mas muitos colocam seus bens nas mãos dos filhos, transferindo a eles a responsabilidade da própria mordomia porque Satanás os leva a assim proceder. Assim fazendo, estão efetivamente pondo esses recursos nas fileiras do inimigo. Satanás controla a questão de molde a satisfazer a seus propósitos e afastar da causa de Deus os recursos de que necessita para que seja abundantemente mantida. Os esforços feitos para levar a verdade ao povo não são nem metade do que deveriam ser. Nem uma quinta parte do que poderia ser realizado, está agora sendo feita para espalhar a verdade por meio da distribuição de publicações para atrair a todos os que atenderem ao chamado. T2 655.1
O período de graça de muitos está se encerrando. Satanás está diariamente fazendo colheita de almas. Algumas pessoas estão tomando uma decisão final contra a verdade e outras morrendo sem conhecê-la. Sua mente está em escuridão e não se arrependeram de seus pecados. Todavia, homens que professam piedade acumulam tesouros terrestres e concentram seus esforços em adquirir mais. São insensíveis à condição de homens e mulheres que entram na esfera de sua influência e estão perecendo por falta de conhecimento. Um trabalho bem dirigido, feito com amor e humildade, faria muito para iluminar e converter seus semelhantes, mas o exemplo de muitos que poderiam fazer grande bem está na realidade dizendo: “A alma de vocês é de menos valor para mim do que meus interesses mundanos.” T2 655.2
Muitos amam pouco a verdade e muito a este mundo. “Por seus frutos os conhecereis.” Mateus 7:16. As coisas espirituais são sacrificadas pelas temporais. Os frutos desses indivíduos não são para santidade, e seu exemplo não é tal que convença os pecadores e os converta do erro de seus caminhos para a verdade. Eles permitem que almas se percam, quando poderiam salvá-las se fizessem sinceros esforços em seu favor, como têm feito para garantir os tesouros desta vida. A fim de obter mais das coisas deste mundo — as quais, de fato, não necessitam e que apenas aumentam sua responsabilidade e condenação — muitos trabalham sob alta pressão, e põem em perigo sua saúde e alegria espiritual, e a paz, o conforto e a felicidade de suas famílias. Permitem que pessoas ao seu redor caminhem para a ruína, porque temem que exigirá um pouco de seu tempo e recursos salvá-las. O dinheiro é seu deus. Eles decidem que não paga a pena sacrificar seus recursos para salvar almas. T2 656.1
Aquele a quem foi confiado um talento não é responsável por cinco, ou por dois, mas apenas por um. Muitos negligenciam juntar para si um tesouro no Céu, fazendo o bem com os recursos que Deus lhes emprestou. Desconfiam de Deus e têm mil temores acerca do futuro. Como os filhos de Israel, eles têm um mau coração de incredulidade. Deus proveu este povo com abundância, à medida que suas necessidade o requeriam, mas eles tomaram emprestadas dificuldades para o futuro. Em suas viagens queixavam-se e murmuravam, dizendo que Moisés os libertara para matá-los de fome, bem como a seus filhos. Necessidades imaginárias cerravam-lhes os olhos e o coração, para não verem a bondade e as misericórdias de Deus em seu jornadear, e foram ingratos para com todas as Suas bênçãos. Assim também é o desconfiante professo povo de Deus nesta época de incredulidade e degeneração. Receiam vir a passar necessidades, ou que seus filhos se tornem necessitados, ou que seus netos fiquem desamparados. Não ousam confiar em Deus. Não têm genuína fé nAquele que lhes confiou as bênçãos e generosidades da vida, e lhes deu talentos para usar para Sua glória, na promoção de Sua causa. T2 656.2
Muitos têm tão constante cuidado de si mesmos que não dão a Deus oportunidade de cuidar deles. Se algumas vezes pudessem passar um pouco de necessidade e fossem levados a situações difíceis, seria a melhor coisa para sua fé. Se calmamente pudessem confiar em Deus e esperar que Ele atuasse em seu favor, sua necessidade seria a oportunidade divina. A bênção do Senhor em sua emergência aumentaria o amor por Ele e os conduziria a apreciar as bênçãos temporais em um sentido mais elevado do que jamais fizeram. Sua fé se fortaleceria, sua esperança se avivaria, e alegria tomaria o lugar de tristeza, dúvidas e murmurações. Em muitos, a fé não se desenvolve por falta de exercício. T2 657.1
O que está consumindo as forças vitais do povo de Deus é o amor ao dinheiro e a amizade com o mundo. É privilégio desse povo ser brilhantes luzes no mundo para crescer no conhecimento de Deus e ter clara compreensão de Sua vontade. Mas os cuidados desta vida e o engano das riquezas sufocam a semente lançada em seu coração, e não produzem fruto para a glória de Deus. Eles professam ter fé, mas não é uma fé viva porque não é sustentada pelas obras. “A fé sem obras é morta” em si mesma. Tiago 2:26. Aqueles que professam grande fé, e todavia não têm obras, não serão salvos por sua fé. Satanás crê na verdade e treme, contudo, essa espécie de fé não possui virtude. Muitos que têm feito alta profissão de fé são deficientes em boas obras. Se mostrassem sua fé pelas obras, poderiam exercer poderosa influência a favor da verdade. Mas não aplicam os talentos de recursos que lhes foram confiados por Deus. Os que pensam acalmar a consciência transferindo seus bens aos filhos, ou retendo-os da causa de Deus, e deixando-os nas mãos de filhos descrentes e irresponsáveis para que esbanjem ou acumulem e os adorem, prestarão contas a Deus. São mordomos infiéis do dinheiro do Senhor. Eles permitem que Satanás os domine por meio dos filhos, cuja mente está sob seu controle. Os propósitos de Satanás são alcançados de muitas maneiras, enquanto os mordomos de Deus parecem estupefatos e paralisados, pois não compreendem a grande responsabilidade e o ajuste de contas que deve em breve acontecer. T2 657.2
Os que possuem propriedades, e cuja mente está obscurecida pelo deus deste mundo, parecem ser controlados por Satanás ao disporem delas. Se possuem filhos crentes, fiéis, e também outros filhos cuja afeição está totalmente nas coisas do mundo, ao fazerem a transferência de seus bens aos filhos, geralmente dão uma quantia maior àqueles que não amam a Deus e estão servindo ao “inimigo de toda a justiça” (Atos dos Apóstolos 13:10), do que aos que servem ao Senhor. T2 658.1
Confiam às mãos de filhos infiéis as próprias coisas que serão uma armadilha para eles e servirão de obstáculos na trajetória de sua entrega a Deus. Enquanto presenteiam liberalmente os filhos descrentes, fazem restrições àqueles que são da mesma fé que eles. Esse fato devem assustar os homens que possuem recursos e seguem a mesma conduta. Eles precisam perceber que o engano das riquezas lhes tem pervertido o discernimento. Caso pudessem ver a influência exercida sobre sua mente, compreenderiam que Satanás considera esses assuntos exatamente de acordo com seus planos e propósitos. Em vez de Deus controlar-lhes a mente e santificar-lhes o discernimento, são controlados pelo poder exatamente oposto. Os que são da mesma fé têm sido, às vezes, até negligenciados e freqüentemente tratados com muito rigor e exigência em todo o seu proceder; enquanto têm mão aberta para com os filhos descrentes e amantes do mundo, que eles sabem não usarão os recursos postos em suas mãos para o avanço da causa de Deus. O Senhor requer que aqueles a quem concedeu talentos de recursos façam correto uso deles, tendo como prioridade o progresso de Sua causa. Qualquer outra consideração deve ser inferior a essa. T2 658.2
Os talentos de recursos, sejam eles cinco, dois ou um, devem ser empregados. Os que têm grande volume de recursos são responsáveis por um grande número de talentos. Mas os comparativamente pobres não estão livres de responsabilidades. Aqueles que não têm senão pouco dos bens deste mundo são representados como tendo um talento. Não obstante, estão em tão grande perigo de ter tanto amor por esse pouco, e de retê-lo egoistamente da causa de Deus, como estão os mais ricos. Esses não percebem o perigo que correm. Aplicam as fortes reprovações dirigidas pela Palavra de Deus aos amantes do mundo, aos ricos apenas, enquanto estão eles próprios em maior perigo do que os mais ricos. Quer tenham pouco ou muito, de todos é requerido entregar seus talentos aos banqueiros, para que ao retornar o Mestre receba o que é Seu com juros. Deles também se exige que mantenham sua consagração a Deus e um generoso interesse em Sua causa e obra. Buscando primeiramente “o reino de Deus e a Sua justiça”, devem crer em Sua promessa de que “todas as coisas” lhes “serão acrescentadas”. Mateus 6:33. Em comparação com todas as outras considerações, a salvação dos semelhantes deve ser prioritária, mas geralmente esse não é o caso. Se há negligência em qualquer lugar, é a causa de Deus que deve sofrer. Deus concede talentos aos homens, não para promover-lhes o orgulho ou para despertar neles inveja, mas a fim de serem usados para Sua glória. Tem o Senhor feito dos homens Seus agentes para distribuir os recursos com os quais promover a obra de salvação do ser humano. Cristo lhes deu um exemplo em Sua vida. Deixou todas as riquezas e esplendor celestiais, e por nossa causa tornou-Se pobre, para que pudéssemos, por Sua pobreza, tornar-nos ricos. Não é plano de Deus fazer chover recursos do Céu para sustento de Sua causa. Ele tem confiado amplos recursos às mãos dos homens, para que não haja falta em qualquer setor de Sua obra. Ele prova aqueles que professam amá-Lo, pondo-lhes recursos nas mãos e então os experimenta para ver se amam mais a dádiva do que o Doador. O Senhor revelará, no tempo oportuno, os verdadeiros sentimentos do coração. T2 659.1
São necessários recursos para o desenvolvimento da causa divina. Deus fez provisões para tal necessidade colocando uma abundância nas mãos de Seus agentes, para ser usada em qualquer setor da obra onde seja mais necessária para a obra de salvar almas. Cada pessoa salva é um talento ganho. Se verdadeiramente convertido, aquele que é trazido ao conhecimento da verdade usará, por sua vez, os talentos de influência e recursos que Deus lhe deu, no trabalho de salvação dos seus semelhantes. Ele se envolverá com determinação na grande obra de iluminar aqueles que ainda estão em trevas e erro. Será um instrumento na salvação de almas. Assim, os talentos de influência e recursos estão continuamente sendo negociados e constantemente crescendo. Quando o Mestre vier, o fiel servo estará preparado para devolver-Lhe o capital com os juros. Por seus frutos ele pode demonstrar o aumento dos talentos que ganhou para devolver ao Mestre. O fiel servo terá então feito seu trabalho e o Mestre, cuja recompensa está com Ele para dar a “cada um segundo as suas obras” (Romanos 2:6), devolverá ao servo tanto o capital como os juros. T2 660.1
Em Sua Palavra, o Senhor revelou claramente Sua vontade àqueles que possuem riquezas. Por Suas ordens diretas terem sido menosprezadas, Ele misericordiosamente apresenta aos homens os perigos através dos Testemunhos. Não lhes dá nova luz, mas chama sua atenção para a luz já revelada em Sua Palavra. Se aqueles que professam amar a verdade estão se apegando às suas riquezas e deixando de obedecer à Palavra de Deus, não procurando oportunidades de fazer o bem com o que lhes foi confiado, Ele Se aproximará e espalhará seus bens. Virá a eles com juízos. De várias maneiras dispersará seus ídolos. Haverá muitas perdas. A pessoa egoísta será amaldiçoada. Mas a “alma generosa engordará”. Provérbios 11:25. Os que honram a Deus serão honrados. T2 660.2
O Senhor fez um concerto com Israel que, se obedecesse a Seus mandamentos, Ele lhe daria chuvas no devido tempo, faria a terra produzir e as árvores do campo darem frutos. Ele prometeu que “a debulha se... chegará à vindima, e a vindima se chegará à sementeira” (Levítico 26:5), e que eles se fartariam de pão e habitariam seguros na terra. E faria perecer seus inimigos. Não os aborreceria, mas andaria com eles e seria seu Deus, e eles seriam Seu povo. Porém, se desprezassem Seus reclamos, agiria inteiramente contra eles em tudo isso. Em vez de Sua bênção, a maldição pesaria sobre eles. Abateria a soberba de sua força, e tornaria os céus como ferro e a terra como cobre. “E debalde se gastará a vossa força; a vossa terra não dará a sua novidade, e as árvores da terra não darão o seu fruto. E, se andardes contrariamente para comigo... Eu também convosco andarei contrariamente.” Levítico 26:20, 21, 24. T2 661.1
Os que estão egoistamente retendo os seus recursos, não deverão surpreender-se se a mão de Deus espalhar. O que deveria haver sido dedicado ao progresso do trabalho e da causa de Deus, mas foi retido, poderá ser confiado a um filho imprudente, e ele poderá esbanjá-lo. Um cavalo magnífico, orgulho de um coração frívolo, pode ser encontrado morto na estrebaria. Ocasionalmente pode morrer uma vaca. Poderá ocorrer perda de frutas ou outras culturas. O Senhor poderá espalhar os recursos que confiou aos Seus mordomos, caso se recusem a usá-lo para a Sua glória. Alguns, eu vi, poderão não sofrer nenhum desses prejuízos que lhes façam lembrar as negligências do dever, mas o seu caso poderá ser o mais desesperançado. T2 661.2
Jesus advertiu Seu povo: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. E propôs-lhes uma parábola, dizendo: a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus. E disse aos seus discípulos: Portanto, vos digo: não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo, mais do que as vestes.” Lucas 12:15-23. T2 662.1
Essas advertências são dadas para benefício de todos. Atenderão eles aos conselhos dados? Darão ouvidos a essas impressionantes ilustrações de nosso Salvador e evitarão o exemplo do rico tolo? Ele tinha em abundância; assim há muitos que professam crer na verdade, e estão repetindo o caso do pobre homem, rico e tolo. Oh, que pudessem ser sábios e sentissem as obrigações que sobre eles repousam, para utilizarem as bênçãos que Deus lhes dá em benefício de outros, ao invés de torná-las uma maldição. Deus dirá a esses como ao rico da parábola: “Louco!” T2 662.2
Os homens agem como se estivessem desprovidos de sua razão. São esmagados pelos cuidados desta vida. Não têm tempo para dedicar a Deus, nenhum tempo para servi-Lo. Trabalhar, trabalhar, trabalhar, é a ordem do dia. De todos os que os cercam é requerido trabalhar sob alta pressão para cuidar das grandes fazendas. Derrubar e construir maiores [celeiros] é sua ambição, para que possam ter onde aplicar seus bens. Todavia, esses homens que estão vergados com o peso de suas riquezas passam por seguidores de Cristo. Têm o nome de crentes na breve volta de Cristo, na proximidade do fim de todas as coisas, todavia, não possuem nenhum espírito de sacrifício. Estão mergulhando cada vez mais profundamente no mundo. Não dedicam senão pouco tempo ao estudo da Palavra da vida, à meditação e oração, nem concedem aos de sua família ou aos seus servos, esse privilégio. Entretanto, esses homens professam crer que este mundo não é seu lar, que são simplesmente peregrinos e estrangeiros sobre a Terra, em preparativos de mudança para um lugar melhor. O exemplo e influência dos tais é maldição à causa de Deus. Tremenda hipocrisia caracteriza a vida desses professos. Amam a Deus e a verdade tanto quanto suas obras mostram, e não mais. Um homem procederá de acordo com toda a fé que possui. “Por seus frutos os conhecereis.” Mateus 7:16. O coração está onde o tesouro se encontra. Seu tesouro está na Terra, e seu coração e interesses ali também. T2 662.3
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?” “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Tiago 2:14, 17. Quando aqueles que declaram ter fé mostrarem que sua vida é coerente com a fé professada, então veremos um poder auxiliando na apresentação da verdade, um poder que convencerá o pecador e atrairá almas a Cristo. T2 663.1
Uma fé coerente é rara entre os ricos. Fé genuína, amparada por obras, raramente é encontrada. Mas todos os que a possuem serão homens a quem não faltará influência. Serão imitadores de Cristo e possuirão aquela desinteressada benevolência, aquele interesse na obra de salvar almas, que Ele demonstrou. Os seguidores de Cristo devem avaliar as pessoas como Ele as avaliou. Suas simpatias devem estar com a obra de seu querido Redentor, e devem esforçar-se para salvar a aquisição de Seu sangue, seja qual for o sacrifício. Que é o dinheiro, que são casas e terras em comparação com uma só alma? T2 663.2
Cristo fez um sacrifício pleno e completo, um sacrifício suficiente para salvar cada filho e filha de Adão que mostre arrependimento a Deus por haver transgredido Sua lei, e manifeste fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Contudo, apesar de o sacrifício ter sido amplo, poucos consentem com uma vida de obediência para que possam ter essa grande salvação. Poucos estão dispostos a imitar Suas surpreendentes privações, e suportar os Seus sofrimentos e perseguições e a participar de Sua fatigante labuta para conduzir outros à luz. Mas poucos seguirão Seu exemplo em fervorosa e constante oração a Deus por força para suportar as provações desta vida e cumprir os deveres diários. Cristo é o Capitão de nossa salvação, e pelos próprios sofrimentos e sacrifício Ele deu um exemplo para todos os Seus seguidores de que vigilância, oração e perseverante esforço seriam necessários da parte deles, se quisessem representar devidamente o amor que habitava em Seu coração pela decaída humanidade. T2 664.1
Homens de posses estão morrendo espiritualmente por causa da negligência do uso de recursos que Deus colocou em suas mãos para ajudar a salvar os semelhantes. Alguns às vezes se levantam e resolvem que farão para si “amigos com as riquezas da injustiça”, para que finalmente sejam recebidos “nos tabernáculos eternos”. Lucas 16:9. Mas seus esforços nesse rumo não são completos. Eles começam, mas por não estarem vigorosa e completamente empenhados na obra, fracassam. Não são ricos em boas obras. Enquanto mantêm seu amor e apego aos tesouros terrestres, Satanás os domina. T2 664.2
Uma atraente perspectiva pode se apresentar para investimento em direitos de patentes ou algum outro suposto empreendimento brilhante, ao redor dos quais Satanás lança um enfeitiçante encantamento. A possibilidade de ganhar mais dinheiro, rápida e facilmente, os fascina. Eles raciocinam que, embora tenham resolvido depositar esse dinheiro no tesouro do Senhor, usá-lo-ão agora e o multiplicarão, dando depois uma grande soma à causa. Eles não vêem possibilidade de fracasso. Mas os recursos escoam de suas mãos e eles logo aprendem, para seu pesar, que cometeram um erro. Suas brilhantes perspectivas se desvaneceram. As expectativas não se realizaram. Foram enganados. Satanás os venceu. Ele foi mais astuto que eles e trabalhou para que os recursos fossem postos em suas fileiras, privando assim a causa de Deus daquilo que deveria ter sido usado para expandir a verdade e salvar almas pelas quais Cristo morreu. Eles perderam tudo quanto investiram e roubaram a Deus daquilo que Lhe poderiam ter dedicado. T2 665.1
Aqueles a quem têm sido confiado um único talento se desculpam porque não receberam muitos talentos como os outros. Como o mordomo infiel, escondem o único talento na terra. Estão temerosos de devolver o que Deus lhes confiou. Empenham-se em empreendimentos mundanos, mas investem pouco, se é que investem, na causa de Deus. Esperam que aqueles que receberam muitos talentos assumam as responsabilidades da obra, enquanto sentem que não são responsáveis por seu progresso e sucesso. T2 665.2
Quando o Mestre vier para ajustar contas com Seus servos, os servos tolos reconhecerão com perplexidade: “Senhor, eu conhecia-Te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado [mas, atemorizado de quê? De que o Senhor reivindicasse alguma porção do pequeno talento que lhe foi confiado], escondi na terra o Teu talento; aqui tens o que é Teu.” Mateus 25:24, 25. Seu Senhor responderá: “Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias, então, ter dado o Meu dinheiro aos banqueiros, e, quando Eu viesse, receberia o que é Meu com os juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.” Mateus 25:26-30. T2 665.3
Muitos que possuem pouco dos bens deste mundo são representados pelo homem com um talento. Eles temem confiar em Deus. Receiam que Ele requeira alguma coisa que eles reivindicam como sua. Escondem seu talento na terra, temendo investi-lo em qualquer lugar para não serem chamados a devolver os rendimentos a Deus. Em lugar de pôr o talento nas mãos dos banqueiros, como Deus requeria, eles o enterraram ou esconderam, onde nem Deus nem seres humanos pudessem ser beneficiados por ele. Muitos que professam amar a verdade, estão procedendo da mesma maneira. Estão enganando o próprio coração, pois Satanás os cegou. Roubando a Deus, furtam mais a si mesmos. Por causa de sua cobiça e coração incrédulo, privaram-se do tesouro celestial. Porque não têm senão um talento, temem confiá-lo a Deus e então o escondem na terra. Assim se sentem aliviados de sua responsabilidade. Eles gostam de ver a verdade progredir, mas não cogitam que são chamados a praticar abnegação e auxiliar a obra mediante seus esforços pessoais e recursos, embora não possuam grandes somas. T2 666.1
Todos devem fazer alguma coisa. O caso da viúva que deu as duas moedas está registrado para o benefício de outros. Cristo a elogiou pelo sacrifício que fez e chamou a atenção dos discípulos para sua ação: “Em verdade vos digo que lançou mais do que todos esta pobre viúva, porque todos aqueles deram como ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deu todo o sustento que tinha.” Lucas 21:3, 4. Cristo considerou sua dádiva mais valiosa do que as grandes ofertas dos mais abastados. Estes deram de sua abundância. Não sentiriam a menor privação por causa de suas ofertas. Mas a viúva absteve-se mesmo do necessário para viver a fim de oferecer sua pequenina oferta. Ela não podia ver como suas necessidades futuras seriam supridas. Não tinha marido para prover-lhe as necessidades. Confiou em Deus para o dia seguinte. O valor da oferta não é estimado tanto pelo seu montante, como pela proporção e o motivo que a impele. Quando Cristo vier, e o galardão com Ele, dará “a cada um segundo a sua obra”. Apocalipse 22:12. T2 666.2
Todos, grandes e pequenos, ricos e pobres, têm sido agraciados por seu Mestre com talentos; alguns mais, outros menos, de acordo com suas diversas habilidades. A bênção de Deus será conferida aos obreiros amorosos, diligentes e zelosos. Seus investimentos terão sucesso e garantirão pessoas no reino de Deus, e um imortal tesouro para si mesmos. Todos são agentes morais e a todos são confiados os bens celestiais. Os talentos são concedidos de acordo com as habilidades de cada um. T2 667.1
Deus dá a cada homem seu trabalho e espera retorno conforme os créditos concedidos. Ele não requer um aumento de dez talentos do homem a quem deu apenas um. Não espera do pobre que dê ofertas como o rico. Não espera do fraco e sofredor a atividade e energias de um homem sadio. Um único talento, usado da melhor forma, Deus aceitará “conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem”. 2 Coríntios 8:12. T2 667.2
Deus nos chama servos, o que implica que somos empregados por Ele para realizar certo trabalho e assumir certas obrigações. Emprestou-nos um capital para investimento. Este não é nossa propriedade, e desagradamos a Deus se acumularmos os bens do Senhor para gastarmos como nos aprouver. Somos responsáveis pelo uso ou abuso daquilo que Deus nos emprestou. Se o capital que Ele colocou em nossas mãos está inoperante ou enterrado, mesmo que seja apenas um talento, seremos chamados a dar contas ao Mestre. Ele requer, não o nosso, mas o Seu com juros. T2 668.1
Cada talento devolvido ao Mestre será examinado minuciosamente. A conduta e as crenças dos servos de Deus não serão consideradas como tópicos sem importância. Cada indivíduo será tratado particularmente e intimado a prestar contas dos talentos a ele confiados, quer os tenha aumentado ou desperdiçado. A recompensa concedida será proporcional ao aumento dos talentos. A punição aplicada será de acordo com o desperdício dos talentos. T2 668.2
A pergunta de cada um deve ser: O que tenho dos bens de meu Senhor e como os utilizarei para Sua glória? “Negociai”, disse Cristo, “até que Eu venha.” Lucas 19:13. O Mestre celestial está em viagem. Nossa oportunidade áurea é agora. Os talentos estão em nossas mãos. Usá-los-emos para a glória de Deus ou os desperdiçaremos? Podemos negociar com eles hoje, mas amanhã nosso tempo de graça poderá terminar e nossa conta ser encerrada para sempre. T2 668.3
Se nossos talentos estão investidos na salvação dos semelhantes, Deus será glorificado. Orgulho e posição são desculpas para a extravagância, vãs ostentações, ambição e egoísmo. Os talentos que o Senhor emprestou ao ser humano como preciosa bênção trarão, se desperdiçados, terrível maldição. As riquezas devem ser usadas para o progresso da causa de Deus e para aliviar as necessidades das viúvas e dos órfãos. Assim fazendo, traremos ricas bênçãos sobre nós. Não apenas recebemos expressões de gratidão daqueles que são alvos de nossa generosidade, mas o Senhor mesmo, que pôs os recursos em nossas mãos para esse propósito, tornará nosso coração “como um jardim regado... cujas águas nunca faltam”. Isaías 58:11. Quando o tempo de ceifa chegar, quem de nós terá a inexprimível alegria de ver os molhos que colhemos, como recompensa de nossa fidelidade e uso altruísta dos talentos que o Senhor colocou em nossas mãos para usar para Sua glória? T2 668.4
Muitos em Vermont têm definitivamente falhado em atender aos reclamos divinos. Alguns têm caído numa fria e inerte condição espiritual porque são servos infiéis. O amor ao mundo tem lhes ocupado tanto o coração, que eles perderam o gosto pelas coisas celestiais e se tornaram anões em realizações espirituais. O Estado tem sido desprovido da justa espécie de trabalho. Bordoville tem sido o centro de atração. Todas as grandes reuniões têm sido realizadas numa só localidade, o que é semelhante a pôr uma luz sob o alqueire; seus raios não beneficiam os habitantes do Estado, de um modo geral. Muitos ainda se encontram em trevas, os quais poderiam agora regozijar-se no conhecimento da verdade. Os talentos e esforços especiais têm estado concentrados num só local. Isso não é o que o Senhor pretendia. Seu plano é que a advertência, a mensagem decisiva seja dada ao mundo, e que Seu povo, que é a luz do mundo, se espalhe como testemunhas em meio à escuridão moral do mundo; que sua vida, testemunho e exemplo possam ser “cheiro de vida para vida”, e não de “morte para morte”. 2 Coríntios 2:16. T2 669.1
Os irmãos D necessitarão guardar-se para não impedir os propósitos de Deus através de seus planos pessoais. Eles estão em perigo de limitar a obra de Deus, que é profunda e extensa. T2 669.2
O irmão D está em perigo de ter perspectivas da obra estreitas demais. Deus concedeu-lhe uma experiência que será de valor se ele fizer correto uso dela. Mas há risco de que seus traços particulares interfiram nessa experiência, e que outras mentes se tornem afetadas. A utilidade do irmão D como obreiro não é o que teria sido se ele não fosse tão inclinado a concentrar os esforços de sua mente sobre uma única idéia. Ele se demora sobre incidentes e pensamentos que teve e os repete longamente, quando, na verdade, não são importantes para os outros. T2 669.3
Sua mente estava agitada a respeito da própria saúde. Concentrava a força de seu pensamento nesse ponto. Ele e seus sintomas são os principais assuntos da conversação. Era cuidadoso em seguir uma rotina preestabelecida em sua mente, e quando buscava acomodar-se, falhou em considerar quão inconveniente isso se tornou para os outros. Sua mente tem estado, em grande extensão, fechada ao próprio caso. Esse é o teor de seus pensamentos e o tema de suas conversas. Seguindo essa conduta sistemática, definida, não recebeu o benefício que poderia ter recebido, em termos de saúde, se fosse mais esquecido de si mesmo, e cada dia fizesse exercício físico por meio do qual pudesse desviar a mente de si mesmo. T2 670.1
As mesmas deficiências marcaram seu trabalho no campo evangelístico. Falando ao povo ele tem muitas desculpas a apresentar e muitos preâmbulos a repetir, e a congregação se cansa antes que ele possa atingir seu real objetivo. Tanto quanto possível, os pastores devem evitar desculpas e preâmbulos. T2 670.2
O irmão D é específico demais. Demora-se em minúcias. Ele leva tempo para explicar pontos que não são realmente importantes e poderiam ser apenas citados, sem necessidade de provas, pois são evidentes. Mas os pontos reais, vitais, devem ser tornados tão convincentes quanto a linguagem e as provas possam fazê-los. Devem ser tão visíveis quanto os marcos quilométricos de uma rodovia. Ele deve evitar multiplicar palavras sobre pequenos pormenores, que fatigarão o ouvinte antes de serem abordados pontos importantes. T2 670.3
O irmão D possui alto poder de concentração. Quando fixa a mente em certa direção, é-lhe difícil levá-la a outro ponto; ele se demora tediosamente em um só tópico. Durante uma conversa, ele acaba cansando o interlocutor. Seus escritos carecem de um estilo livre e simples. O hábito de concentrar a mente em um ponto, com exclusão de outras coisas, é um desastre. Ele deve compreender isso e esforçar-se para restringir e controlar esse poder da mente, que é tão ativo. Intensa atividade de uma capacidade mental acaba por fortalecê-la, em detrimento de outras. Se o irmão D quiser tornar-se bem-sucedido obreiro no campo evangelístico, deve educar a mente. O grande desenvolvimento mental prejudica sua saúde e utilidade. Há falta de harmonia em sua estrutura mental e em resultado o corpo sofre. T2 670.4
Seria de grande interesse o irmão D cultivar simplicidade e desenvoltura em seus escritos. Precisa evitar demorar-se em pontos que não sejam de importância vital; e mesmo as mais essenciais e evidentes verdades, as quais são claras e simples por si mesmas, podem ser revestidas com palavras que as tornarão indistintas e confusas. T2 671.1
O irmão D pode ser coerente em todos os aspectos da verdade presente e mesmo assim não estar qualificado em todo o sentido para dar, por escrito, as razões de nossa esperança aos franceses. Ele pode ajudar nessa obra, mas o assunto deve ser preparado por mais de uma ou duas pessoas, a fim de que não levar a característica peculiar de alguém. A verdade que foi descoberta e estudada por muitas pessoas, e que no tempo indicado por Deus foi apresentada, elo após elo, em perfeita cadeia pelos sinceros pesquisadores da verdade, deve ser dada ao povo e adaptada para atender as necessidades de muitos. Concisão deve ser observada, de modo a interessar o leitor. Artigos longos e enfadonhos são prejudiciais à verdade que o escritor pretende apresentar. T2 671.2
O irmão D deve ter sua mente menos ocupada consigo mesmo e falar menos de si. Deve manter-se fora de vista e, na conversação, evitar fazer referências a si mesmo e tornar as peculiaridades de sua vida um modelo para outros imitarem. Deve estimular a genuína humildade. Ele se encontra sob risco de achar que sua vida e experiência são superiores às dos outros. T2 671.3
O irmão D pode ser muito valioso para a causa de Deus se houver harmonia na qualidade de seus trabalhos. Se puder ver e corrigir as próprias imperfeições que tendem a prejudicar sua utilidade, Deus pode utilizá-lo. Ele deve evitar longas pregações e orações. Essas não beneficiam a ele nem aos outros. Longos e intensos exercícios dos órgãos vocais irritam a garganta e os pulmões, e prejudicam a saúde em geral, mais do que suas rigorosas normas de alimentação e de descanso o têm beneficiado. Nem sempre se pode recuperar prontamente do abuso ou esforço excessivo dos órgãos vocais, e isso pode custar a vida do orador. Falar de maneira calma, pausada e, todavia, fervorosa, produzirá melhor influência sobre a congregação do que deixar que as emoções se tornem exaltadas e controlem a voz e o comportamento. Tanto quanto possível, o orador deve preservar os tons naturais da voz. É a verdade apresentada que influencia os corações. Se o orador faz dessas verdades uma realidade, será capaz, com a ajuda do Espírito de Deus, de impressionar os ouvintes com o fato de que ele é fervoroso, sem forçar os delicados órgãos da garganta ou dos pulmões. T2 672.1
O irmão D está profundamente interessado em sua vida doméstica; entretanto, há perigo, nas conversas, de cultivar o hábito de concentrar-se inteiramente em coisas que de modo especial o interessam, mas não interessam a outros nem lhes são de proveito. Ele procura ser metódico, o que, em si mesmo é correto; mas aí se prova mais uma vez que mesmo as coisas lícitas podem tornar-se enfadonhas e incômodas quando se demora demais sobre elas e se busca aplicá-las a todas as circunstâncias. Há perigo de negligenciar-se assuntos de maior importância. T2 672.2
Os irmãos D devem evitar serem maçantes em seus trabalhos. Sua influência, de modo geral, tem sido boa. O irmão D é naturalmente bom administrador em assuntos temporais. Seu conhecimento e exemplo nesse aspecto têm ajudado àqueles que são humildes o suficiente para serem aconselhados. Mas o ciúme, a desconfiança, a rebelião, as acusações e a murmuração que existem na igreja são desalentadores. Esses irmãos devem guardar-se de serem muito rigorosos. T2 673.1
A fim de aperfeiçoar o caráter cristão, não deveríamos meramente cultivar uma vida de quieta e piedosa contemplação, nem uma vida de zelo exterior e agitação, enquanto a piedade pessoal é negligenciada. O tempo presente requer de nós aguardarmos a vinda do Senhor e trabalharmos vigilantemente pela salvação dos semelhantes. “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor.” Romanos 12:11. Deus não aceitará os mais elevados trabalhos, a menos que sejam primeiramente consagrados pela submissão do coração a Ele e ao Seu amor. Há certa classe de pessoas com as quais há o perigo de marginalizar o Espírito de Deus e a vitalidade da religião de Cristo, e preservar um perfeito ciclo de cansativos deveres e cerimônias. T2 673.2
Estamos vivendo no meio de uma geração perversa e desonesta, e nossos mais belos e perfeitos planos não podem ser postos em prática para favorecer a todos. Se recuarmos de nossa dignidade, falharemos em prestar auxílio àqueles que muito necessitam. Os servos de Cristo devem ajustar-se às variadas condições do povo. Não podem aplicar regras exatas para todos os casos. O trabalho deverá ser variado para ir ao encontro do povo onde ele estiver. “Salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.” Judas 23. T2 673.3
O apóstolo aconselha a seus irmãos coríntios: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar.” 1 Coríntios 10:31-33. “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.” 1 Coríntios 9:19. “Fiz-me como fraco para os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” 1 Coríntios 9:22. “Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a Si mesmo, mas, como está escrito: Sobre Mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.” Romanos 15:1-3. T2 673.4
O irmão e a irmã L, do Canadá, têm gradualmente afrouxado seu apego a Deus e o amor pelas coisas celestiais e espirituais, à medida que mais tenazmente se agarram aos tesouros terrenos. Relaxaram sua ligação com o Céu e se ligaram mais firmemente a este mundo. Poucos anos atrás, seu amor os levavam a ter interesse no progresso da verdade e da obra de Deus. Mais recentemente, seu amor pelo lucro cresceu e não têm estado mais interessados em fazer sua parte pela salvação dos semelhantes. Abnegação e benevolência por amor a Cristo não têm caracterizado sua vida. Eles têm feito muito pouco pela causa de Deus. O que estão eles fazendo com seus talentos? Enterraram-nos, investindo em terras. Não os entregaram aos banqueiros para que ao vir o Mestre, receba o que é Seu com os juros. T2 674.1
Esses irmãos têm uma obra a fazer para pôr o coração e casa em ordem. “Ajuntai tesouros no Céu.” Mateus 6:20. O coração deles foi atraído pelas coisas desta vida, e as considerações eternas postas em segundo plano. Devem eles trabalhar diligentemente para expulsar o amor ao mundo de seu coração e depositar suas afeições “nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra”. Colossences 3:2. Se os servos de Deus tivessem em mente que sua obra é fazer tudo o que lhes estiver ao alcance, por meio de influência e recursos, para salvar almas por quem Cristo morreu, haveria mais abnegados esforços e os descrentes seriam impressionados; seriam convencidos de que há realidade na verdade assim apresentada e apoiada pelo exemplo. T2 674.2
O irmão e a irmã L devem confiar na obra para estes últimos dias e aperfeiçoar o caráter cristão, para que possam receber o galardão eterno quando Jesus voltar. O vigor físico e mental do irmão L está enfraquecendo. Ele está se tornando incapaz de assumir muitas responsabilidades. Deve tomar conselho com seus irmãos que são fiéis e prudentes. T2 675.1
O irmão L é um mordomo de Deus. Foram-lhe confiados recursos e ele deve estar alerta a seu dever, e dar “a Deus o que é de Deus”. Mateus 22:21. Não deve deixar de compreender as reivindicações de Deus quanto a ele. Enquanto vive e tem o poder de raciocinar, deve ele aproveitar a oportunidade de apropriar-se dos bens que Deus lhe confiou, em vez de deixá-los a outros, para uso e apropriação após o término de sua vida. T2 675.2
Satanás está sempre pronto a obter vantagem das fraquezas e enfermidades dos seres humanos para alcançar seus propósitos. Ele é um adversário astuto e tem dominado a muitos que tinham bons propósitos de beneficiar a causa de Deus com seus recursos. Alguns têm negligenciado a obra que Deus lhes confiou em apropriar-se de seus recursos. E enquanto são negligentes em garantir à causa de Deus os recursos que Ele lhes deu, Satanás vem e os transfere para suas próprias fileiras. T2 675.3
O irmão L deve agir mais cautelosamente. Os que não são de nossa fé obtêm dele recursos sob os mais variados pretextos. Ele confia neles, crendo serem honestos. É-lhe impossível recuperar todos os recursos que deixou escorregar de suas mãos para as fileiras do inimigo. Ele poderia fazer um seguro investimento de seus recursos para auxiliar a causa de Deus, ajuntando assim tesouros no Céu. Freqüentemente não pode ajudar quando deseja, porque é incapaz e não sabe controlar o dinheiro. Quando o Senhor reivindica recursos, dá-se comumente estarem eles nas mãos dos que os receberam por empréstimo, alguns dos quais nunca planejam devolver, e outros que não sentem nenhuma preocupação a respeito. Satanás cumprirá seu propósito tão completamente através de mordomos desonestos quanto por qualquer outro meio. Tudo o que o adversário da verdade e da justiça quer é evitar o progresso do reino de nosso Redentor. Ele opera através de agentes para realizar seu propósito. Se puder evitar que os recursos sejam dirigidos ao tesouro de Deus, será bem-sucedido em um ramo de sua obra. Para promover sua obra, ele tem retido em suas fileiras os recursos que deveriam ser usados para ajudar no grande plano de salvar almas. T2 675.4
O irmão L deve manter honestamente todos os seus negócios e não deixá-los à deriva. É seu privilégio ser rico em boas obras, e lançar para si mesmo um bom alicerce para o tempo por vir, para tomar posse da vida eterna. Não é seguro para ele seguir o próprio julgamento falho. Ele deve aconselhar-se com irmãos experientes e buscar sabedoria de Deus, para bem fazer essa obra. Deve agora estar diligentemente providenciando para si mesmo “bolsas que não se envelheçam, tesouro nos Céus que nunca acabe”. Lucas 12:33. T2 676.1
O irmão M tem errado em sua vida doméstica. Ele não tem, em palavras, expressado à esposa a afeição que era seu dever expressar. Falhou em cultivar a verdadeira cortesia e polidez cristã. Deixou de ser em todo o tempo bondoso e de considerar os desejos e conforto dela como era seu dever. O fato de não estarem unidos na fé, acarretou infelicidade a ambos. O irmão M não tem respeitado o critério e conselho de sua esposa como devia. Em muitos aspectos o discernimento e avaliação dela eram melhores que os dele. Se consultada, ela poderia, com sua clara percepção e agudo discernimento, ajudá-lo essencialmente em seus assuntos comerciais, em negociar com seus semelhantes. Ele não deve insistir em sua dignidade, achando que sabe tudo. Se aceitasse o conselho da esposa, e por atitudes amáveis mostrasse respeito por ela, e desejo de agradá-la, não estaria fazendo nada mais do que sua obrigação. Se o conselho dela se opuser ao dever do marido para com Deus e Seus reclamos sobre ele, então ele pode discordar, e da maneira mais suave possível dar como razão não poder sacrificar sua fé ou seus princípios. Seria do interesse do irmão M ter o aconselhamento e a orientação de sua esposa em assuntos temporais. T2 676.2
Enquanto ele for áspero, rude e inflexível, não exercerá nenhuma influência para conquistar a esposa para a verdade. Ele deve corrigir-se. Necessita tornar-se flexível, terno, gentil e afetuoso. Deve permitir que a luz solar da alegria e contentamento invadam seu coração, e então deixar que seus raios brilhem sobre sua família. Ele leva para sua casa aqueles cuja influência tem-se provado uma maldição para sua esposa em vez de bênção. Assim fazendo, acarretou-lhe responsabilidades que poderiam ter sido evitadas. Ela deveria ter sido consultada e seus desejos considerados tanto quanto possível, sem comprometer a fé do marido. T2 677.1
O irmão M escolheu o próprio caminho e possui uma vontade inflexível, que se aproxima da teimosia. Com freqüência ele se mostra insubmisso. Isso não deve acontecer. Ele professa crer na verdade que possui uma influência santificadora, refinadora e suavizante. Sua esposa, não. Ele deve demonstrar que a verdade está exercendo poder sobre sua perversa natureza, para torná-lo paciente, bondoso, resignado, terno, afetuoso e perdoador. A melhor maneira de o irmão M ser um missionário vivo em sua família é exemplificar ele em sua conduta a vida de nosso querido Redentor. T2 677.2