Testemunhos para a Igreja 2
Capítulo 53 — Extremos na reforma de saúde
Quando por ocasião da conferência anual em Adams Center, Nova Iorque, em 25 de Outubro de 1868, foi-me revelado que os irmãos em _____, estavam em grande perplexidade e angústia por causa da conduta de B e C. Aqueles que têm a causa de Deus no coração, não podem senão sentir zelo por sua prosperidade. Vi que esses homens não eram confiáveis, mas extremistas e lançaram por terra a reforma de saúde. Seu comportamento não era de molde a corrigir ou reformar os que eram intemperantes em seu regime alimentar. Sua influência desagradava crentes e descrentes, e os afastava da reforma em lugar de atraí-los. T2 377.1
Nossos pontos de vista diferem grandemente daqueles do mundo em geral. Eles não são populares. As massas rejeitarão qualquer teoria, por mais razoável que seja, se ela impõe restrições ao apetite. O paladar é consultado em vez da razão e da saúde. Todos quantos abandonam o caminho comum do hábito e passam a defender reformas, sofrerão oposição, serão tachados de loucos, insanos, radicais; que eles sigam essa tão coerente conduta. Mas quando os homens que defendem a reforma levam o assunto a extremos, e são incoerentes em sua conduta, as pessoas não serão culpadas se criarem aversão pela reforma de saúde. Esses extremistas causam mais danos em poucos meses do que podem desfazer em toda a sua vida. Por causa deles toda a teoria de nossa fé é exposta ao descrédito, e nunca levam aqueles que testemunham tal comportamento relacionado a assim chamada reforma de saúde, a pensar que há algo de bom nela. Esses homens estão fazendo uma obra que Satanás aprecia ver progredir. T2 377.2
Aqueles que advogam uma verdade impopular devem ser mais coerentes em sua vida e terem grande cuidado em se esquivar a tudo o que se assemelhe a extremos. Não devem trabalhar para ver quão longe podem eles levar sua posição diante dos homens, mas, diferentemente, ver quão próximos podem chegar daqueles a quem desejam reformar, para que possam ajudá-los a atingirem o nível que eles tão altamente prezam. Caso pensem assim, seguirão um rumo que recomendará a verdade que defendem ao bom juízo de homens e mulheres sinceros e sensíveis. Esses serão compelidos a reconhecer que há coerência no assunto da reforma de saúde. T2 377.3
Foi-me mostrado o procedimento de B na própria família. Tem ele sido severo e exigente. Adotou a reforma de saúde defendida pelo irmão C e, como ele, abraçou pontos de vista extremos sobre o assunto; e não possuindo mente bem equilibrada, cometeu terríveis desatinos, cujos resultados o tempo não apagará. Auxiliado por trechos extraídos de livros, começou a pôr em prática a teoria que ouvira defendida pelo irmão C e, como ele, fez questão de levar todos a adotarem a norma que ele criara. Submeteu a família a suas regras rígidas, mas deixou de controlar as próprias propensões sensuais. Deixou de colocar-se à altura do alvo, subjugando seu corpo. Se tivesse tido conhecimento correto do sistema da reforma de saúde, teria sabido que a esposa não estava em condições de dar à luz crianças sadias. As próprias paixões não subjugadas tinham dominado, sem raciocinar da causa para o efeito. T2 378.1
Antes do nascimento dos filhos, não tratava ele a esposa como deve ser tratada uma mulher em suas condições. Ele impôs sobre ela suas regras rígidas de acordo com as idéias do irmão C, as quais se provaram um grande mal para ela. Não proveu a qualidade e quantidade de alimento necessário para nutrir duas vidas em vez de uma. Outra vida dela dependia, e seu organismo não recebia o alimento saudável e nutritivo para lhe suster as forças. Havia falta na quantidade e na qualidade. Seu organismo requeria mudanças, variedade e qualidade de alimento mais nutritivo. Os filhos nasciam-lhe com aparelho digestivo débil e sangue pobre. Do alimento que a mãe era forçada a receber, não podia ela prover boa qualidade de sangue, e portanto deu à luz filhos escrofulosos. T2 378.2
A atitude tomada pelo marido, o pai dessas crianças, merece severíssima censura. Sua esposa sofreu por necessidade de alimento nutritivo e saudável. Ela não recebeu alimento suficiente e vestes para sentir-se confortável. Levou uma carga torturante. Ele, o marido, tornou-se Deus, consciência e vontade para ela. Há temperamentos que se rebelarão contra esse tipo de autoritarismo. Elas não se submeterão a tais abusos. Cansam-se da pressão e erguem-se contra ela. Mas não aconteceu assim nesse caso. Ela tolerou que ele lhe servisse de consciência e procurou aceitar que isso fosse para seu bem. Mas, uma natureza maltratada não pode ser tão facilmente dominada. Suas demandas eram sinceras. As solicitações da natureza por algo mais nutritivo a levaram às súplicas, mas sem resultado. Suas necessidades eram poucas, mas mesmo assim não foram consideradas. Os dois filhos foram sacrificados pelos erros cegos e ignorante fanatismo do pai. Se homens inteligentes tratassem os mudos animais como tratam a esposa, com respeito à alimentação, a comunidade tomaria o assunto a seu cargo e os levaria à justiça. T2 379.1
Em primeiro lugar, B não deveria cometer tão grande crime como trazer filhos ao mundo que a razão deve ensinar que seriam doentes, porque recebem um miserável legado dos pais. Uma péssima herança lhes foi transmitida. Seu sangue está cheio de humores escrofulosos, que receberam dos pais, especialmente do pai, cujos hábitos corromperam o sangue e afetaram todo o organismo. Essas pobres crianças não apenas receberam uma tendência escrofulosa em duplo legado, mas, o que é pior, serão portadores das deficiências mentais e morais do pai, e a falta de nobre independência, coragem moral e força da mãe. O mundo já é amaldiçoado por um crescente número de pessoas desse tipo, que mergulham mais baixo na escala de forças físicas, mentais e morais do que seus pais, pois sua condição e ambiente não são mais favoráveis do que os de seus pais. T2 379.2
B não é capaz de cuidar da família. Não pode sustentá-la como se esperaria, e jamais deveria ter formado família. Seu casamento foi um erro. Propiciou uma vida de pobreza à esposa e acumulou miséria ao ter filhos. Alguns deles subsistem, e isto é tudo. T2 380.1
Os que professam ser cristãos não devem entrar nas relações matrimoniais, enquanto o assunto não houver sido considerado com cuidado e oração, sob um elevado ponto de vista, a ver se Deus pode ser glorificado por essa união. Cumpre-lhes ponderar então devidamente o resultado de todo privilégio das relações conjugais, fundamentando cada ação em santificado princípio. Antes de aumentar a família, devem pensar se Deus é glorificado ou desonrado com trazerem filhos ao mundo. Devem buscar glorificar a Deus por sua união desde o princípio, e durante todo o tempo de sua vida de casados. Devem considerar com calma que provisões podem ser feitas para os filhos. Não têm direito de os porem no mundo para serem uma carga aos outros. Têm eles um meio de vida em que podem confiar quanto ao sustento da família, de maneira a não se tornarem pesados aos outros? Se o não têm, cometem um crime em trazer filhos ao mundo para sofrerem por falta do necessário cuidado, alimento e vestuário. Nesta época de pressa e corrupção, estas coisas não são consideradas. As concupiscentes paixões têm o domínio, não se submetendo ao controle, embora a fraqueza, a miséria e a morte sejam o resultado. As mulheres são forçadas a uma vida de privações, dores e sofrimentos, devido às indomáveis paixões de homens que usam o nome de marido — devendo mais apropriadamente serem chamados animais. As mães arrastam miserável existência, carregando quase o tempo todo um filho nos braços, usando todos os meios para lhes pôr na boca um pedaço de pão e uma roupa sobre o corpo. Tal é a acumulada miséria que enche o mundo. T2 380.2
Amor real, genuíno, devotado e puro, bem pouco existe. É muito raro esse precioso artigo. A paixão é denominada amor. Muita mulher tem sido ofendida em suas tenras, delicadas sensibilidades, porque as relações conjugais permitiam àquele a quem chamavam marido ser brutal em seu tratamento para com ela. Seu amor, verificou ela ser tão baixo, que lhe causou aversão. T2 381.1
Muitíssimas famílias estão vivendo no mais infeliz estado, por permitir o marido e pai que as paixões sensuais de sua natureza predominem sobre o intelecto e a moral. O resultado é a sensação freqüente de cansaço e depressão; mas a causa raramente é atribuída à conseqüência de seu impróprio modo de proceder. Achamo-nos sob solene obrigação diante de Deus quanto a guardar puro o espírito e o corpo saudável, a fim de podermos ser um benefício à humanidade, rendendo a Deus um serviço perfeito. O apóstolo pronuncia estas palavras de advertência: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências.” Romanos 6:12. Ele nos anima a avançar dizendo que “todo aquele que luta de tudo se abstém”. 1 Coríntios 9:25. Exorta todos que se dizem cristãos a apresentarem o seu corpo como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Romanos 12:1. Diz ainda: “Subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” 1 Coríntios 9:27. T2 381.2
É erro generalizado não fazer diferença na vida de uma mulher antes do nascimento de seus filhos. Neste importante período o trabalho da mãe deve ser aliviado. Grandes mudanças se estão efetuando em seu organismo. Este requer maior quantidade de sangue, e portanto mais alimento da qualidade mais nutriente, para se transformar em sangue. A menos que tenha suprimento abundante de alimento nutritivo, não poderá reter sua força física, e o feto é privado de vitalidade. Sua roupa também precisa de atenção. Deve ter cuidado em proteger o corpo da sensação de frio. Não deve desnecessariamente chamar a vitalidade para a superfície, a fim de suprir a falta de suficiente roupa. Se a mãe se priva de abundância de alimento saudável e nutritivo, terá falta de sangue, na qualidade e na quantidade. Sua circulação será deficiente e ao feto faltarão os mesmos elementos. Os filhos serão incapazes de assimilar alimento que se possa converter em bom sangue, para nutrir o organismo. O bem-estar da mãe e do filho depende muito de roupa boa e quente, assim como suprimento de alimento nutritivo. O consumo extra de vitalidade da mãe deve ser considerado e atendido. T2 381.3
Mas, por outro lado, a idéia de que a mulher, por causa de seu estado especial, possa dar rédeas soltas ao apetite, é um erro baseado no costume, e não no são raciocínio. O apetite da mulher nesse estado pode ser instável, caprichoso e difícil de ser satisfeito; e o costume permite-lhe qualquer coisa que ela imagine, sem consultar a razão quanto a poder tal alimento suprir-lhe nutrição ao corpo e ao crescimento de seu filho. O alimento deve ser nutritivo, mas não de qualidade estimulante. Diz o costume que se ela deseja alimentos cárneos, picles, pratos condimentados ou tortas de carne, que os coma; o apetite, tão-somente, é que deve ser consultado. É este um grande erro e causa muito dano. Este dano não pode ser calculado. Se há ocasião em que seja necessária a simplicidade no regime alimentar, e cuidado especial quanto à qualidade do alimento tomado, é durante esse período importante. T2 382.1
As mulheres dirigidas por princípio, e bem instruídas, não se desviarão da simplicidade do regime alimentar, sobretudo nesse tempo. Considerarão que há outra vida que delas depende, e serão cuidadosas em todos os seus hábitos, e especialmente no regime alimentar. Não devem comer aquilo que seja estimulante e sem valor nutritivo, simplesmente por ser saboroso. Há demasiados conselheiros, prontos a persuadi-las a fazerem coisas que a razão lhes diz não deverem fazer. T2 382.2
Nascem crianças doentias por causa da satisfação do apetite por parte dos pais. O organismo não requeria a variedade de alimentos nos quais o pensamento se demorava. Pensar que, por estar no pensamento deve também estar no estômago, é um grande erro que as mulheres cristãs devem rejeitar. Não deve ser permitido à imaginação controlar as necessidades do organismo. Os que permitem que o paladar os domine, sofrerão a pena da transgressão das leis de seu ser. E a questão não termina aí; sofrerão também seus inocentes filhos. T2 383.1
Os órgãos produtores de sangue não podem converter em bom sangue os condimentos, tortas de carne, picles e pratos de carne doentia. E se for introduzido no estômago tanto alimento que os órgãos digestivos sejam obrigados a sobrecarregar-se de trabalho a fim de dispor dele, e livrar o organismo de substâncias irritantes, a mãe faz injustiça a si mesma e transmite ao filho as bases da doença. Se prefere comer conforme lhe agrade, e aquilo que imagina, independente das conseqüências, ela sofrerá a penalidade, mas não sozinha. Seu filho inocente sofrerá por motivo de sua indiscrição. T2 383.2
Deve exercer-se grande cuidado para tornar alegre e feliz o ambiente que circunda a mãe. O esposo e pai está sob a especial responsabilidade de fazer tudo que estiver em seu poder para aliviar a carga da esposa e mãe. Deve levar, tanto quanto possível, o fardo que representa a sua condição. Deve ser afável, cortês, bondoso, terno, e especialmente atencioso para com todos os seus desejos. Mulheres grávidas não recebem nem metade do cuidado que é dispensado aos animais no estábulo. T2 383.3
B tem sido muito deficiente. Sua esposa enquanto em sua melhor condição de saúde, não recebeu abundância de alimentos saudáveis nem vestuário adequado. Então, quando ela necessitava mais roupa, ou mais alimento, e este simples mas de qualidade nutritiva, não lhe era concedido. Seu organismo ansiava por material para converter em sangue; ele, porém, não lhe provia. Uma quantidade moderada de leite e açúcar, um pouco de sal, pão branco levedado para variar, farinha integral preparada numa variedade de maneiras por outras mãos que não as suas, bolo simples com passas, pudim de arroz com passas, ameixas e figos, ocasionalmente, e muitos outros pratos que eu poderia mencionar, teriam atendido as exigências do apetite. Se ele não conseguisse algumas dessas coisas, um pouco de vinho caseiro não teria feito a ela nenhum mal; ter-lhe-ia sido melhor do que nada. Em alguns casos, mesmo uma pequena quantidade da carne menos prejudicial, causaria menor mal do que sofrer forte desejo por ela. T2 383.4
Foi-me mostrado que tanto B como C desonraram a causa de Deus. Impuseram-lhe uma nódoa que jamais será apagada completamente. Foi-me mostrada a família de nosso prezado irmão D. Se este irmão tivesse recebido auxílio apropriado no tempo devido, todos os membros de sua família estariam vivos hoje. É de admirar que as leis do país não tenham sido postas em vigor neste caso de maus-tratos. Aquela família estava a perecer por falta de alimento — o mais simples e comum alimento. Pereciam de fome numa terra de abundância. Eram cobaias de um principiante. O jovem não morreu da doença, mas de fome. O alimento ter-lhe-ia fortalecido o organismo, mantendo em movimento o corpo. T2 384.1
Em casos de febre alta, a abstinência de alimento por breve tempo, diminuirá a febre, e tornará mais eficaz o emprego de água. Mas o médico assistente deve compreender a real situação do doente, e não permitir que o seu regime seja reduzido por grande espaço de tempo, até que seu organismo se debilite. Enquanto a febre está alta, pode o alimento irritar e estimular o sangue; mas logo que se vença a força da febre, deve-se-lhe ministrar alimento, cuidadosa e sabiamente. Se o alimento for suspenso por tempo demasiado, o desejo que dele sente o estômago provocará febre, que será aliviada por uma adequada porção de alimento de qualidade apropriada. Isto dará à natureza algo que fazer. Se o doente mostra grande desejo de alimentar-se, mesmo durante a febre, satisfazer esse desejo com quantidade moderada de alimento simples será menos prejudicial do que negar-lhe. Se ele não pode aplicar a mente em nenhuma outra coisa, a natureza não ficará sobrecarregada com uma pequena porção de alimento simples. T2 384.2
Aqueles que tomam a vida de outros em suas mãos devem ser homens notáveis por fazer da vida um sucesso. Precisam ser homens criteriosos e sábios, que possam profundamente simpatizar-se e sensibilizar-se; homens que se comovam quando testemunham o sofrimento. Alguns homens que não têm sido bem-sucedidos em outros ramos de empreendimento na vida, assumem o trabalho de médicos. Responsabilizam-se pela vida de homens e mulheres, quando não possuem nenhuma experiência para isso. Lêem sobre um plano que alguém seguiu com sucesso, adotam-no e o aplicam nos que depositam confiança neles, destruindo praticamente a última centelha de vida. E após tudo isso, nada aprenderam, mas continuam otimistas com o caso seguinte, observando o mesmo tratamento rígido. Algumas pessoas têm energia constitucional suficiente para suportar a pesada carga a elas imposta e sobrevivem. Então os principiantes recebem a glória, quando nenhum mérito lhes caberia. Tudo é devido a Deus e a uma resistente constituição. T2 385.1
O irmão C tem ocupado uma posição indevida ao apoiar o irmão B. Ele lhe tem sido mentor e permanecido a seu lado para sustê-lo e ampará-lo. Esses dois são fanáticos na questão da reforma de saúde. O irmão C sabe menos do que pensa saber. Ele engana a si mesmo. É egoísta e extremista em seus pontos de vista; não tem espírito de aprendiz e uma vontade submissa. Não é um homem de mente humilde, e não tem vocação para ser médico. Pode ter obtido um pequeno conhecimento através da leitura, mas isto não é suficiente. É necessária experiência. Nosso povo é muito pouco para ser sacrificado tão inglória e facilmente em experiências tentadas por tais homens. Muitos são sacrificados por seus rígidos pontos de vista e noções antes de os abandonarem, confessarem os erros e aprenderem a sabedoria pela experiência. T2 385.2
O irmão C é determinado, teimoso e resistente demais ao ensino para que o Senhor possa usá-lo em algum trabalho especial em Sua causa. É muito obstinado para deixar que umas poucas vidas sacrificadas mudem sua conduta. Ele manteria suas opiniões e noções ainda mais decididamente. Esses homens ainda aprenderão pelas próprias tristezas que é melhor aceitar o ensino e não se apegar a seus pontos de vista extremados, qualquer que seja o resultado. A comunidade ficará em boa situação e um pouco mais segura se esses homens conseguirem emprego em algum outro ramo de negócio, onde a vida e a saúde não estejam sob risco por causa de sua conduta. T2 386.1
É grande responsabilidade ter a vida de um ser humano nas mãos. E é assustador ter essa vida preciosa sacrificada por incompetência. O caso da família do irmão D é terrível. Esses homens podem desculpar-se de seu procedimento, mas isso não evitará que a causa de Deus seja desacreditada, nem trará de volta aquele filho que sofreu e morreu por falta de alimento. Um pouco de bom vinho e alimento tê-lo-ia erguido do leito de morte, e o restituído a sua família. O pai também seria contado entre os mortos se a mesma conduta seguida com o filho continuasse, mas a presença e o oportuno conselho de um médico do Instituto de Saúde o salvaram. T2 386.2
É tempo de que alguma coisa se faça para impedir que novatos ocupem o campo e defendam a reforma de saúde. Podem poupar suas obras e palavras, pois causam maior dano do que os homens mais sábios e inteligentes poderiam depois desfazer com a melhor influência que pudessem exercer. É impossível, para os mais hábeis defensores da reforma de saúde, livrar completamente a mentalidade do público dos preconceitos gerados graças ao procedimento errado desses extremistas, e colocar o grande tema da reforma de saúde sobre base certa, na comunidade onde se achavam esses homens. A porta também se acha fechada em grande medida, de modo que os descrentes não podem ser alcançados pela verdade presente em relação ao sábado e à breve volta de nosso Salvador. As mais preciosas verdades são pelo povo postas à margem, como não merecendo ser ouvidas. Esses homens são geralmente mencionados como representantes dos reformadores de saúde e observadores do sábado. Grande responsabilidade repousa sobre os que assim se demonstraram ser uma pedra de tropeço aos descrentes. T2 386.3
O irmão C necessita de uma conversão total. Ele não enxerga a própria condição. Possuísse menor auto-estima e mais humildade de espírito, seu conhecimento poderia ser colocado em prática. Ele tem uma obra a fazer por si mesmo, que ninguém pode fazer por ele. O irmão C não submete suas opiniões ou decisões a nenhum ser vivente, a menos que seja compelido a isso. Possui os mais lamentáveis traços de caráter, os quais devem ser vencidos. Ele tem mais culpa do que o irmão B, e seu caso é pior, pois possui mais inteligência e conhecimento. B tem sido uma sombra de sua mente. T2 387.1
O irmão C possui uma vontade inflexível; seus gostos e aversões são muito fortes. Se ele começa num caminho errado e segue a inclinação de sua mente, não agindo com sabedoria, e se seu erro lhe for apresentado, mesmo que se convença de não estar correto, é tão relutante em reconhecer o fato que formula alguma espécie de desculpa para fazer com que os outros creiam que ele, afinal de contas, está certo. Esta é a razão por que ele tem sido deixado a seguir o próprio discernimento e sabedoria, que são tolices. T2 387.2
Ele não tem sido uma bênção à família de seu pai, mas causa de ansiedade e tristeza. Não foi refreado quando criança. Relutava tanto em reconhecer abertamente que cometera erros e procedera mal que, para sair das dificuldades, em vez de humilhar-se suficientemente para confessar seu erro, convocava todas as faculdades da mente para inventar alguma desculpa da qual se gabava não ser totalmente uma mentira. Esse hábito foi levado para sua vida religiosa. Tem a habilidade peculiar de desviar-se de um ponto alegando esquecimento, quando, muitas vezes, ele acha conveniente esquecer-se. T2 387.3
Seus parentes e amigos poderiam ter sido levados à verdade, houvesse ele sido o que Deus desejava que fosse. Mas, seu comportamento o tornou antipático. Ele tem usado a verdade como motivo para debates. A despeito da oposição de seu pai, ele fala sobre assuntos bíblicos na casa paterna, e tem usado os mais objetáveis assuntos para provocar discussões, em lugar de buscar com humildade de espírito e ilimitado amor pelas pessoas, conquistá-las para a verdade e a luz. T2 388.1
Quando seguiu uma conduta errônea, evidentemente imprópria para um discípulo do manso e humilde Jesus, e reconheceu que suas palavras e atos não estavam de acordo com a santificadora influência da verdade, obstinadamente permaneceu em defesa própria, até que sua honestidade foi questionada. Ele tem tornado a mais preciosa verdade para estes últimos dias odiosa a seus parentes e amigos. Provou-se uma pedra de tropeço a eles. Suas evasivas, seu fanatismo e os extremos pontos de vista que assume desviaram mais pessoas da verdade do que os melhores esforços têm atraído. T2 388.2
Sua combatividade, determinação e auto-estima são grandes. Ele não pode trazer bênçãos a nenhuma igreja, através de sua influência, até que se converta. Pode ver as faltas dos outros, e questionará a conduta deste e daquele se eles não apoiarem o que apresenta; mas se alguém concorda com o que ele defende, não verá as faltas e erros dele. Isto não está certo. Ele pode estar correto em muitos pontos, mas não possui a mente que habita em Cristo. Quando puder ver a si mesmo como é e corrigir os defeitos de seu caráter, então estará em condição de permitir que sua luz brilhe diante dos homens, de modo que estes, vendo suas boas obras, sejam levados a glorificar ao nosso “Pai que está nos Céus”. Mateus 5:16. Sua luz tem brilhado de tal maneira que os homens a têm considerado escuridão e se afastaram dela com repugnância. O eu deve morrer, e ele precisa possuir um espírito suscetível ao ensino, ou será deixado a seguir os próprios caminhos e envaidecer-se com suas realizações. T2 388.3
“E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade.” 2 Timóteo 2:24, 25. “Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos [nem faleis a verdade de maneira arrogante e ostentosa] mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens.” Tito 3:2. “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” 1 Pedro 3:15. T2 389.1
O irmão C quer que sua mente controle os outros, e a menos que tenha esse privilégio, fica insatisfeito. Ele não é um pacificador. Seu procedimento causará tanta confusão e desconfiança na igreja que nem mesmo dez pessoas juntas seriam capazes de desfazer. Seu temperamento peculiar é tal que ele apanhará falhas e descobrirá faltas em todos, menos em si mesmo. Ele não prosperará se não aprender a lição que deveria ter aprendido muitos anos antes: a humildade de espírito. Em sua idade ele aprenderá essa lição a muito custo. Durante toda a vida tem tentado autopromover-se, salvar-se, preservar a própria vida; e sempre perde seu trabalho. T2 389.2
O que o irmão C necessita é tirar o brilho enganador dos olhos, para que possa examinar o próprio coração com olhos iluminados pelo Espírito de Deus, testando e provando cada motivo, não deixando que Satanás ponha um falso colorido em sua conduta. Sua situação é extremamente perigosa. Logo voltará definitivamente para o que é reto ou prosseguirá enganando a outros e a si mesmo. O irmão C precisa converter-se no íntimo, ser subjugado e transformado “pela renovação do... entendimento”. Romanos 12:2. Então poderá fazer o bem. Mas nunca virá para a luz até que tenha um espírito de humilde confissão e tome a decisão de consertar seus erros e, tanto quanto possa, dissipar o descrédito que trouxe à causa de Deus. T2 389.3