Testemunhos para a Igreja 2

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Seção 18 — Testemunho para a igreja

Capítulo 52 — Temperança cristã*

“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” 1 Coríntios 6:19, 20. T2 354.1

Não somos de nós mesmos. Fomos comprados por alto preço, os próprios sofrimentos e morte do Filho de Deus. Caso pudéssemos compreender isto, e o avaliássemos plenamente, experimentaríamos uma grande responsabilidade a repousar sobre nós quanto a manter-nos no melhor estado de saúde, a fim de prestar a Deus um serviço perfeito. Quando, porém, seguimos qualquer conduta que nos gasta a vitalidade, diminui a força ou obscurece o intelecto, pecamos contra Deus. Ao seguirmos tal conduta não O glorificamos no corpo e no espírito, que Lhe pertencem, mas estamos cometendo grande erro aos Seus olhos. T2 354.2

Entregou-Se Jesus Cristo por nós? Foi um grande preço pago pela nossa redenção? É mesmo verdade que não somos de nós mesmos? É real que todas as faculdades de nosso ser, nosso corpo, espírito, tudo quanto possuímos e tudo quanto somos pertencem a Deus? Certamente sim. E ao compreendermos isso, sob que obrigação esse fato nos coloca para com o Senhor, de conservar-nos naquelas condições em que O possamos honrar na Terra, em nosso corpo e no Espírito que Lhe pertencem! Cremos sem nenhuma dúvida que Cristo está para vir em breve. Isto não é uma fábula para nós; é uma realidade. Não temos dúvida, nem por anos temos duvidado uma só vez, de que as doutrinas que hoje mantemos sejam verdade presente, e de que nos estamos aproximando do juízo. Estamos nos preparando para encontrar-nos com Aquele que, acompanhado por uma comitiva de santos anjos, há de aparecer nas nuvens do céu, para dar aos fiéis e justos o toque final da imortalidade. Quando Ele vier, não nos purificará de nossos pecados, para remover de nós os defeitos de caráter, nem para curar-nos das fraquezas de nosso temperamento e disposição. Se acaso esta obra houver de ser efetuada em nós, sê-lo-á totalmente antes daquela ocasião. Quando o Senhor vier, os que são santos serão santos ainda. Os que houverem conservado o corpo e o espírito em santidade, em santificação e honra, receberão então o toque final da imortalidade. Mas os que são injustos, não santificados e sujos, assim permanecerão para sempre. Nenhuma obra se fará então por eles para lhes remover os defeitos e dar-lhes um caráter santo. Naquela ocasião, o Refinador não Se ocupará com o processo de purificação, para remover-lhes os pecados e a corrupção. Tudo isso deve ser realizado durante o tempo da graça. É agora que essa obra deve ocorrer em nós. T2 354.3

Abraçamos a verdade de Deus com nossas faculdades diversas, e ao chegarmos sob a influência dessa verdade, ela realizará por nós a obra necessária a fim de dar-nos aptidão moral para o reino da glória, e para a sociedade dos anjos celestes. Achamo-nos agora na oficina de Deus. Muitos de nós somos pedras rústicas da pedreira. Ao apoderar-nos, porém, da verdade de Deus, sua influência nos afeta. Eleva-nos, e tira de nós toda imperfeição e pecado, seja de que natureza for. Assim estamos preparados para ver o Rei em Sua beleza, e unir-nos afinal com os puros anjos celestes no reino da glória. É aqui que esta obra tem de ser efetuada por nós; aqui que nosso corpo e espírito devem ser habilitados para a imortalidade. T2 355.1

Achamo-nos em um mundo avesso à justiça, à pureza de caráter e ao crescimento na graça. Para onde quer que olhemos, vemos corrupção e contaminação, deformidade e pecado. E qual é a obra que devemos empreender aqui antes de receber a imortalidade? É conservar nosso corpo santo, puro o nosso espírito, para que permaneçamos incontaminados entre as corrupções tão comuns ao nosso redor nestes últimos dias. E se esta obra se há de realizar, precisamos nela empenhar-nos imediatamente, com coração e entendimento. Aí não deve entrar o egoísmo para nos influenciar. O Espírito de Deus deve ter sobre nós perfeito domínio, influenciando-nos em todas as nossas ações. Se nos apegarmos devidamente ao Céu, ao poder do alto, experimentaremos a santificadora influência do Espírito de Deus em nosso coração. T2 356.1

Ao procurarmos apresentar a reforma de saúde a nossos irmãos e irmãs, e lhes falarmos da importância de comerem e beberem, e fazerem tudo o que fizerem para a glória de Deus, muitos têm dito por suas ações: “Não é da conta de ninguém se comemos isto ou aquilo. Seja o que for que fizermos, nós mesmos é que temos de suportar as conseqüências.” Prezados amigos, vocês estão grandemente enganados. Não são vocês os únicos a sofrerem por causa de sua errônea maneira de viver. A sociedade em que estão, sofre em alto grau as conseqüências de seus erros, da mesma maneira que vocês. Se vocês sofrem por causa de sua intemperança no comer e beber, nós que nos achamos ao seu redor ou a vocês associados, também somos afetados por suas enfermidades. Temos de sofrer por causa da maneira errônea em que vivem. Se isso tem o efeito de prejudicar-lhes as faculdades mentais ou físicas, nós sentimos isto quando em seu convívio, e somos assim afetados. Se, em vez de ter um espírito bem disposto, vocês estão sombrios, lançam uma nuvem sobre o espírito de todos os que os rodeiam. Se estamos tristes e deprimidos, e perturbados, vocês poderão, caso se encontrem na devida condição de saúde, ter um cérebro claro para nos mostrar uma porta de escape, e dirigir-nos uma palavra de conforto. Mas se seu cérebro está tão entorpecido pela errônea maneira de viver que seguem, que não lhes é possível dar-nos o justo conselho, não sofremos nós prejuízo? Não nos afeta seriamente a influência que vocês exercem? Talvez tenhamos certo grau de confiança em nosso próprio juízo, todavia queremos ter conselheiros; pois “na multidão de conselheiros há segurança”. Provérbios 11:14. Desejamos que nosso procedimento pareça coerente àqueles a quem amamos, e desejamos buscar-lhes o conselho e que eles estejam aptos a no-lo dar com um cérebro esclarecido. Mas que nos importa seu juízo, se a capacidade de seu cérebro foi sobrecarregada ao máximo, e a vitalidade retirada do mesmo para atender às comidas impróprias introduzidas em seu estômago ou à enorme quantidade de alimento, mesmo que seja saudável? Que nos importa o julgamento de tais pessoas? Elas vêem através de uma massa de alimento não digerido. Portanto, sua maneira de viver nos afeta. Impossível lhes é seguir qualquer conduta errônea, sem causar sofrimento a outros. T2 356.2

“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” 1 Coríntios 9:24-27. Aqueles que se empenhavam na carreira para obter um prêmio que era considerado honra especial, eram temperantes em todas as coisas, de modo que os músculos, o cérebro e todo o seu corpo se achassem nas melhores condições para correr. Caso não fossem temperantes em todas as coisas, não teriam aquela elasticidade que desfrutavam. Temperantes, poderiam realizar aquela corrida com mais êxito; e seguros de obter a coroa. T2 357.1

Mas não obstante toda a sua temperança — todos os seus esforços para se submeterem a um cuidadoso regime de modo a estar nas melhores condições — os que corriam a carreira terrestre corriam simplesmente ao acaso. Poderiam fazer o melhor que lhes fosse possível e, afinal de contas, não receber o penhor da honra; pois outro poderia estar um pouquinho adiante deles e alcançar o prêmio. Um apenas recebia a recompensa. Na carreira celeste, porém, podemos correr todos, e todos receberemos o prêmio. Não há incerteza nem risco a esse respeito. Cumpre revestir-nos das graças celestes e, com os olhos voltados para a coroa da imortalidade, manter o Modelo sempre diante de nós. Ele foi um “homem de dores, experimentado nos trabalhos”. Isaías 53:3. A vida humilde, abnegada de nosso divino Senhor, devemos conservar sempre em vista. E então, ao buscarmos imitá-Lo, olhos fitos na recompensa, podemos correr com segurança essa carreira, sabendo que, se fizermos o melhor ao nosso alcance, certamente conseguiremos o prêmio. T2 358.1

Os homens se submetiam à abnegação e à disciplina a fim de correr e obter uma coroa corruptível, daquelas que num dia perecem, e que era apenas um sinal de honra da parte dos mortais aqui. Nós, porém, temos de correr a corrida, no fim da qual se acha uma coroa de imortalidade e vida eterna. Sim, “um peso eterno de glória mui excelente” (2 Coríntios 4:17), ser-nos-á dado como prêmio quando o fim da carreira chegar. “Nós”, diz o apóstolo, “uma [coroa] incorruptível.” 1 Coríntios 9:25. E se aqueles que se empenham nesta carreira aqui na Terra por uma coroa temporal, podiam ser temperantes em tudo, não o podemos nós, que temos em vista uma coroa incorruptível, um eterno peso de glória e vida que se compara à de Deus? Tendo diante de nós tão grande incentivo, não podemos correr “com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé”? Hebreus 12:1, 2. Ele indicou-nos o caminho, e assinalou-o em toda a sua extensão com as próprias pegadas. É o caminho por onde andou e, com Ele, podemos experimentar a abnegação e o sofrimento, e trilhar esse caminho marcado com o Seu sangue. T2 358.2

“Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão.” 1 Coríntios 9:26, 27. Há aí uma obra a ser feita por todo homem, mulher e criança. Satanás está continuamente buscando adquirir controle sobre seu corpo e espírito. Cristo, porém, os comprou, e vocês são propriedade Sua. E agora lhes cabe trabalhar em união com Ele, em união com os santos anjos que os servem. Cabe a vocês manter o corpo subjugado, e reduzi-lo à servidão. A menos que façam isto, perderão por certo a vida eterna e a coroa da imortalidade. E ainda alguns dirão: “Que importa a alguém o que eu como ou bebo?” Mostrei-lhes a relação que há entre seu modo de viver e os outros. Vocês viram que isso tem muito que ver com a influência que exercem em sua família. Muito que ver com a modelagem do caráter de seus filhos. T2 359.1

Como eu disse antes, vivemos em uma época de corrupção. É um tempo em que Satanás parece ter quase inteiro domínio sobre as mentes não totalmente consagradas a Deus. Há, portanto, mui grande responsabilidade sobre os pais e pessoas que têm a seu cargo a educação de crianças. Os pais assumiram a responsabilidade de dar à existência essas crianças; e agora, qual é seu dever? É deixá-las crescer como lhes for possível, e segundo a vontade delas? Permitam-me dizer-lhes: pesada é a responsabilidade que repousa sobre esses pais. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31. Assim fazem vocês ao preparar o alimento para a mesa, e chamar a família a dele partilhar? Colocam diante de seus filhos apenas o que sabem que vai produzir o melhor sangue? É a espécie de alimento que lhes manterá o organismo na condição menos febril possível? É aquele que os colocará na melhor relação para com a vida e a saúde? É esta a comida que estão pensando em colocar diante de seus filhos? Ou, sem consideração para com seu futuro bem, vocês lhes fornecem alimentação nociva, estimulante, própria a causar irritação? T2 359.2

Deixem-me dizer-lhes que as crianças nascem propensas ao pecado. Satanás parece ter domínio sobre elas. Toma-lhes posse da mente juvenil, e elas se corrompem. Por que procedem os pais e mães como se estivessem possuídos de insensibilidade? Eles não desconfiam de que Satanás esteja semeando ruins sementes em sua família. Acham-se tão cegos, descuidosos e negligentes com relação a essas coisas, quanto é possível estar. Por que não despertam, e não lêem e estudam sobre esses assuntos? Diz o apóstolo: “Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência. E à ciência temperança, e à temperança paciência.” 2 Pedro 1:5, 6. Aí está uma obra que cabe a todos os que professam seguir a Cristo; é viver segundo o plano de adição. T2 360.1

Capítulo após capítulo tem sido aberto perante mim. Posso selecionar linhagem após linhagem nessa casa, onde cada filho é tão corrupto como o próprio inferno. Alguns deles professam ser seguidores de Cristo, e vocês, seus pais, são tão indiferentes como se tivessem sido acometidos de paralisia. T2 360.2

Disse eu que alguns de vocês são egoístas. Não compreenderam o que eu lhes queria dizer. Procuraram saber qual o alimento mais saboroso. O paladar e a satisfação, em vez da glória de Deus e do desejo de progredir na vida espiritual, e aperfeiçoar a santidade no temor do Senhor, isso é o que tem dominado. Vocês têm consultado o próprio prazer, o próprio apetite; e enquanto isso fizeram, Satanás lhes tomou a dianteira e, como se dá em geral, todas as vezes frustrou seus esforços. T2 360.3

Alguns de vocês, pais, têm levado seus filhos ao médico para ver o que havia com eles. Eu em dois minutos lhes poderia ter dito qual o problema. Seus filhos são corruptos. Satanás obteve controle sobre eles. Ele passou justamente a sua frente, enquanto vocês, que são para eles como Deus, para guardá-los, estiveram à vontade, insensíveis e adormecidos. Deus lhes ordenou criá-los “na doutrina e admoestação do Senhor”. Efésios 6:4. Mas Satanás penetrou, mesmo na sua presença, tecendo fortes laços em torno deles. E todavia continuam dormindo. Que o Céu tenha piedade de vocês e de seus filhos, pois cada um de vocês carece de Sua misericórdia. T2 360.4

Tivessem tomado posição na questão da reforma de saúde; tivessem associado com a “fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio” (2 Pedro 1:5, 6), as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas vocês se acharam apenas parcialmente despertos, pela iniqüidade e corrupção que se espalham em suas casas. Vocês abriram um pouco os olhos e então se ajeitaram para dormir novamente. Pensam que os anjos podem entrar em suas casas? Pensam que seus filhos são suscetíveis às influências santas, com essas coisas entre vocês? Posso apontar famílias e mais famílias que estão quase inteiramente sob o controle de Satanás. Sei que essas coisas são verdadeiras e anseio que o povo para elas desperte antes que seja muito tarde, e o sangue das almas, mesmo o dos próprios filhos, manche suas vestes. T2 361.1

A mente de alguns desses filhos se acha tão enfraquecida que apresenta apenas de um terço à metade do brilho que teria se houvessem eles sido retos e puros. Perverteram-na por abusarem de si próprios. Justo nessa igreja a corrupção está proliferando. Ocasionalmente há cantoria ou alguma reunião para divertimento. Cada vez que ouço acerca disso, tenho vontade de vestir-me com pano de saco. “Prouvera a Deus a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos, em uma fonte de lágrimas!” Jeremias 9:1. “Poupa o Teu povo, ó Senhor.” Joel 2:17. Fico angustiada. Sinto uma agonia de alma que está além do que posso descrever. Vocês continuam dormindo. Poderiam os relâmpagos e trovões do Sinai despertar essa igreja? Poderiam eles despertá-los, pais e mães, para darem início à obra de reforma em seus lares? Vocês devem ensinar seus filhos. Devem instruí-los sobre como fugir dos vícios e da corrupção desta época. Em vez disto, muitos estão imaginando como conseguir alguma coisa boa para comer. Vocês colocam sobre sua mesa manteiga, ovos e carne, e seus filhos disso participam. Alimentam-se dos próprios artigos que lhes despertam as paixões sensuais, e então vocês vão à reunião e pedem a Deus que abençoe e salve seus filhos. Que altura alcançarão suas orações? Vocês têm uma obra a realizar primeiro. Depois de haverem feito por seus filhos tudo que Deus deixou ao seu cuidado, poderão então, com confiança, suplicar o auxilio especial que Deus lhes prometeu dar. T2 361.2

Devem empenhar-se na temperança em todas as coisas. Devem considerá-la no que comem e no que bebem. Entretanto, dizem: “Não é da conta de ninguém o que eu como, ou o que bebo, ou o que ponho à mesa.” É, sim, da conta de alguém, a menos que tomem seus filhos e os prendam, ou vão ao deserto, onde vocês não sejam um peso para os outros, e onde seus filhos turbulentos e viciosos não corrompam a sociedade em que vivem. T2 362.1

Muitos dos que adotaram a reforma de saúde, deixaram tudo quanto era nocivo; segue-se, porém, que pelo fato de deixarem essas coisas, podem comer tanto quanto lhes apetecer? Sentam-se à mesa e, em vez de considerar quanto lhes convém ingerir, entregam-se ao apetite e comem excessivamente, e o estômago tem quanto lhe é possível processar, ou o que deve processar, para o resto do dia, afadigando-se com o fardo que lhe é imposto. Todo o alimento posto no estômago, do qual o organismo não pode tirar proveito, é uma carga para a natureza em seu trabalho. Atrapalha os órgãos. O organismo fica obstruído, e não pode com êxito levar avante sua obra. Os órgãos vitais ficam desnecessariamente sobrecarregados, e a energia nervosa do cérebro é chamada ao estômago para ajudar os órgãos digestivos no trabalho de dispor de uma quantidade de comida que não faz nenhum bem ao organismo. T2 362.2

Assim o vigor do cérebro é diminuído com o sacar tão fortemente dele em favor do estômago com sua pesada carga. E depois de ele concluir a tarefa, quais são as sensações experimentadas em resultado desse desnecessário dispêndio de energia vital? Uma sensação de fraqueza, como se vocês devessem comer mais. Talvez essa sensação sobrevenha justamente antes da hora da refeição. Qual a causa disso? A natureza afadigou-se com seu trabalho, e acha-se tão exausta em conseqüência disto, que vocês experimentam essa sensação de fraqueza. E julgam que o estômago diz: “Mais comida”, quando, em sua fraqueza, ele está dizendo distintamente: “Dêem-me repouso.” T2 363.1

O estômago necessita de descanso para refazer as exaustas energias para outro trabalho. Mas em vez de lhe conceder qualquer período de sossego, vocês pensam que ele precisa de mais comida, e amontoam outra carga sobre a natureza, negando-lhe o necessário descanso. É como um homem que trabalha no campo durante todo o período da manhã, até estar cansado. Ele entra ao meio-dia, e diz que está cansado e exausto; mas vocês dizem-lhe que vá trabalhar novamente, que achará descanso. É assim que tratam seu estômago. Ele se acha totalmente cansado. Em vez, porém, de dar-lhe repouso, dão-lhe mais comida, e depois chamam a vitalidade de outras partes do organismo para o ajudar no trabalho da digestão. T2 363.2

Muitos de vocês têm às vezes sentido um entorpecimento no cérebro. Sentiram-se desanimados em assumir qualquer trabalho que exigisse esforço mental ou físico, até que se tivessem refeito da sensação do fardo imposto sobre seu organismo. Depois há, novamente, essa sensação de fraqueza. Vocês dizem, porém, que é a falta de mais alimento, e colocam uma carga dupla no estômago para que ele cuide dela. Mesmo sendo cuidadosos no que se refere à qualidade de seu alimento, vocês glorificam a Deus no corpo e espírito, os quais Lhe pertencem, ao ingerir tal quantidade de alimento? Os que sobrecarregam o estômago com tanto alimento, e assim pressionam a natureza, não poderiam apreciar a verdade se a ouvissem. Eles não conseguiriam despertar as entorpecidas sensibilidades do cérebro para compreender o valor da expiação e o grande sacrifício feito em favor do homem caído. É-lhes impossível apreciar a grande, preciosa e extraordinariamente rica recompensa que está reservada para os fiéis vencedores. Jamais se deve permitir que a parte animal de nossa natureza governe a moral e intelectual. T2 363.3

E que influência o comer em excesso exerce sobre o estômago? Este se torna debilitado, os órgãos digestivos são enfraquecidos e, como resultado, surge a doença com todo o seu cortejo de males. Se as pessoas já eram doentes, aumentam dessa forma as dificuldades sobre si, e cada dia que vivem diminuem sua vitalidade. Convocam suas energias vitais para a desnecessária atividade de cuidar do alimento que colocam no estômago. Que condição terrível é essa! Sabemos algo sobre dispepsia por experiência. Sofremo-la em nossa família e vimos que é uma doença temível. Quando uma pessoa se torna dispéptica, passa a ser um grande sofredor, físico e mental, e seus amigos também sofrem junto, a menos que sejam tão insensíveis quanto os animais. E ainda você dirá: “Não é de sua conta o que eu como ou que conduta sigo”? Não sofre, porventura, qualquer pessoa relacionada ao dispéptico? Experimente seguir uma conduta que de algum modo as irrite. Quão natural é ser impaciente! Elas não se sentem bem e parece-lhes que seus filhos estão muito mal. Não podem falar-lhes calmamente, nem agir serenamente na família, sem uma graça especial. Todos ao seu redor são afetados pela doença; todos têm de sofrer as conseqüências de sua enfermidade. Eles lançam sobre os outros uma densa sombra. Seus hábitos de comer e beber não afetam, então, os outros? Eles certamente afetam. E vocês devem ser muito cuidadosos em se preservarem na melhor condição de saúde, para que possam render a Deus um serviço perfeito e cumprir seus deveres na sociedade e na família. T2 364.1

Mas mesmo os reformadores de saúde podem errar na quantidade de alimento. Podem comer imoderadamente de uma espécie saudável de alimento. Alguns, nesta casa, erram na qualidade. Nunca definiram sua atitude na questão da reforma de saúde. Preferem comer e beber aquilo que lhes agrada e quando lhes apraz. Deste modo prejudicam o organismo. Não só isto, mas prejudicam a família colocando-lhes na mesa alimento estimulante que aumenta as paixões sensuais dos filhos e os leva a darem pouca importância às coisas celestiais. Os pais estão assim fortalecendo a sensualidade dos filhos, e diminuindo-lhes a espiritualidade. Que dura penalidade terão eles de pagar afinal! E admiram-se de que seus filhos sejam tão fracos moralmente! T2 365.1

Os pais não têm dado aos filhos uma educação correta. Freqüentemente manifestam as mesmas imperfeições vistas nos filhos. Comem indevidamente, e isso atrai as suas energias nervosas para o estômago; e não têm vitalidade para se expandir em outras direções. Não podem dominar devidamente os filhos devido à própria impaciência; tampouco lhes podem ensinar o caminho certo. Talvez os peguem asperamente e lhes dêem, impacientemente, uma sacudidela. Tenho dito que sacudir uma criança, jogará dois espíritos maus para dentro, enquanto joga um para fora. Se a criança estiver errada, sacudi-la apenas a torna pior. Não a subjuga. Quando o organismo não está sob condição adequada; quando a circulação é prejudicada e as energias nervosas se encontram em tal nível que não podem lidar com alimento de má qualidade, ou grandes volumes de alimentos mesmo bons, os pais revelam não ter domínio próprio. Eles não podem raciocinar da causa para o efeito. Eis por que, em cada decisão tomada na família, eles criam mais problemas do que soluções. Não parecem compreender e arrazoar da causa para o efeito, e fazem as coisas como cegos. Eles parecem agir como se seu comportamento selvagem fosse glorificar a Deus de maneira especial, e se alguma errada ocorresse com suas famílias, eles a reprimiriam com rudeza e violência. T2 365.2

Quem são nossos filhos? Eles são apenas irmãos e irmãs mais jovens da família que Deus reconhece como Sua. Estamos lidando com os membros da família do Senhor. E enquanto o cuidado deles estiver sob nossa responsabilidade, quão cuidadosos deveríamos ser para educá-los para o Senhor, de maneira que quando o Mestre vier, possamos dizer: “Eis-nos aqui, Senhor, com os filhos que nos deste.” Seremos, então, capazes de dizer: “Procuramos fazer nossa obra e executá-la bem”? T2 366.1

Tenho visto mães de grandes famílias, que não podiam ver a obra que lhes ficava exatamente no caminho, diante delas, na própria família. Queriam ser missionárias, e fazer alguma grande obra. Estavam buscando para si alguma alta posição, mas negligenciando cuidar da própria obra que o Senhor lhes dera a fazer, no lar. Quão importante é que o cérebro esteja claro! Quão importante que o corpo se ache, quanto possível, livre de doenças, a fim de podermos realizar a obra que o Céu nos confiou, e efetuá-la de tal modo que o Mestre possa dizer: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” Mateus 25:21. Minhas irmãs, não desprezem as poucas coisas que o Senhor lhes deixou para fazer. Façam com que as ações de cada dia sejam tais que, no dia do final ajuste de contas, não se envergonhem de enfrentar o registro feito pelo anjo relator. T2 366.2

Mas que dizer quanto a um regime alimentar pobre? Tenho falado da importância de a quantidade e a qualidade do alimento estarem em total acordo com as leis de saúde. Não recomendamos, todavia, um regime alimentar deficiente. Foi-me mostrado que muitos têm uma idéia errônea da reforma de saúde, e adotam uma alimentação demasiadamente pobre. Vivem com uma qualidade de alimento barato e fraco, preparado sem cuidado ou sem atenção para com a nutrição do organismo. É importante que o alimento seja preparado com cuidado, para que o apetite, quando não pervertido, possa saboreá-lo. Pelo fato de, por princípio, rejeitarmos carne, manteiga, tortas de carne, especiarias, banha de porco e o que irrita o estômago e destrói a saúde, não se deve dar nunca a idéia de que não tem muita importância o que comemos. T2 367.1

Alguns há que vão a extremos. Precisam comer determinada quantidade, e apenas tal qualidade, e se limitam a duas ou três coisas. Não permitem que sejam postas diante deles e sua família senão poucas coisas para comer. Comendo pequena quantidade de alimento e este não da melhor qualidade, não põem no estômago o que é próprio para nutrir o organismo. Alimento inadequado não pode ser convertido em bom sangue. Um regime empobrecido, empobrecerá o sangue. Menciono o caso da irmã A. Seu caso me foi apresentado como extremo. Foram-me apresentadas duas classes: Primeiro, a daqueles que não estavam vivendo de acordo com a luz que Deus lhe dera. Iniciaram a reforma porque alguém o fez. Não compreendiam o organismo por si mesmos. Muitos de vocês há que professam a verdade, que a aceitaram porque outros o fizeram, e não podem dar explicação para a própria vida. Isto porque vocês são tão frágeis como a água. Em lugar de analisar os seus motivos à luz da eternidade, em vez de terem um conhecimento prático dos princípios que motivam todas as suas ações, em lugar de cavar fundo para o alicerce e construir sobre um verdadeiro fundamento, por vocês mesmos, estão andando nas fagulhas acesas por outros. E falharão nisso, assim como falharam na reforma de saúde. Ora, se tivessem agido por princípio, não teriam feito isto. T2 367.2

Alguns não podem ser impressionados com a necessidade de comer e beber para a glória de Deus. A condescendência com o apetite afeta-os em todas as relações da vida. Mostra-se na família, na igreja, na reunião de oração e na conduta dos filhos. Tem sido a maldição de sua vida. Não lhes é possível fazê-los compreender as verdades para estes últimos dias. Deus fez abundantes provisões para o sustento e a felicidade de todas as Suas criaturas; e caso Suas leis jamais fossem violadas, e todos agissem em harmonia com a vontade divina, experimentar-se-iam saúde, paz e felicidade em lugar de miséria e contínuo mal. T2 368.1

A outra classe que tem sustentado a reforma de saúde é muito severa. Essas pessoas tomam uma posição e se firmam obstinadamente nela, levando quase tudo além do limite. A irmã A é uma delas. Ela não era amável, compassiva e benévola como nosso divino Senhor. Justiça era tudo o que ela podia ver. Ela era mais extremista do que o Dr. Trall. Mesmo os pacientes dela a abandonaram, porque não recebiam alimento suficiente. Seu regime empobrecido produzia-lhe sangue fraco. T2 368.2

Os alimentos cárneos prejudicam o sangue. Cozinhem carne com condimentos, comam-na com requintados bolos e tortas e terão má qualidade de sangue. O organismo é demasiadamente sobrecarregado ao tentar assimilar tal espécie de alimento. As tortas de carne e os picles, que jamais deveriam encontrar lugar em qualquer estômago humano, proporcionarão mísera qualidade de sangue. E um alimento de qualidade pobre, preparado de maneira imprópria e insuficiente na quantidade, não pode formar sangue bom. Alimentos cárneos e comidas muito requintadas, bem como um regime pobre, produzirão os mesmos resultados. T2 368.3

Agora, quanto ao leite e açúcar: Sei de pessoas que ficaram assustadas com a reforma de saúde, e disseram que não queriam ter nada a ver com ela, por condenar o abundante uso dessas coisas. As mudanças devem ser feitas com grande cuidado; e devemos proceder cautelosa e sabiamente. Devemos seguir uma orientação que se recomende por si mesma aos homens e mulheres inteligentes da Terra. Grandes quantidades de leite e açúcar ingeridos juntos são prejudiciais. Comunicam impurezas ao organismo. Os animais dos quais se obtém o leite, nem sempre são sadios. Podem estar doentes. Uma vaca pode estar aparentemente boa de manhã e morrer antes da noite. Então, ela já estava enferma pela manhã e seu leite estava contaminado, e vocês não o sabiam. A criação animal está enferma. As carnes estão contaminadas. Pudéssemos nós saber que os animais estavam em perfeita saúde, e eu recomendaria que o povo comesse carne de preferência a grandes quantidades de leite com açúcar. Ela não causaria o mal que leite com açúcar ocasiona. O açúcar obstrui o organismo. Entrava o trabalho dos órgãos. T2 368.4

Houve um caso em Montcalm County, Michigan: Tratava-se de um homem nobre. Media mais de um metro e oitenta e era de bela aparência. Fui chamada a visitá-lo em sua doença. Eu havia conversado anteriormente com ele a respeito de sua maneira de viver. “Não gosto da aparência de seus olhos”, disse eu. Ele estava usando grande quantidade de açúcar. Perguntei-lhe por que fazia aquilo. Ele disse que abandonara o uso da carne, e não conhecia melhor substituto do que o açúcar. Seu alimento não o satisfazia, simplesmente porque a esposa não sabia cozinhar. Alguns de vocês enviam suas filhas, já quase adultas, para a escola a fim de aprenderem as ciências antes de saberem cozinhar, quando isto deve ser considerado da maior importância. Aí estava uma mulher que não sabia cozinhar; não aprendera a preparar alimentos saudáveis. A esposa e mãe era deficiente neste importante ramo da educação e, em resultado, visto que o alimento mal preparado não era suficiente para suprir as exigências do organismo, era ingerido açúcar em quantidade exagerada, o que causava um estado doentio no organismo inteiro. A vida daquele homem era sacrificada desnecessariamente à má cozinha. Quando fui ver o homem doente, procurei falar-lhes da melhor maneira possível como conduzir-se, e logo ele começou lentamente a melhorar. Mas usou imprudentemente suas forças não estando capacitado, comeu uma pequena quantidade de alimento, de má qualidade, e de novo regrediu. Dessa vez não houve remédio para ele. Seu organismo parecia ser uma massa viva de putrefação. Ele pereceu vítima da má cozinha. Procurou fazer com que o açúcar suprisse a falta da boa alimentação e isso tão-somente piorou a situação. T2 369.1

Sento-me com freqüência à mesa de irmãos e irmãs, e vejo que eles usam grande quantidade de leite e açúcar. Isso obstrui o organismo, irrita os órgãos digestivos e afeta o cérebro. Tudo quanto embaraça o ativo funcionamento do organismo humano, afeta muito diretamente o cérebro. E segundo a luz que me foi dada, o açúcar, quando usado abundantemente, é mais prejudicial do que a carne. Estas mudanças devem ser feitas com prudência, e o assunto deve ser tratado de tal maneira a não desgostar nem suscitar preconceito por parte das pessoas a quem queremos ensinar e ajudar. T2 370.1

Freqüentemente nossas irmãs não sabem cozinhar. A essas, eu diria: Eu iria à melhor cozinheira que se pudesse encontrar no país e ali permaneceria, se necessário, por semanas, até que me tornasse mestre na arte — uma inteligente e hábil cozinheira. Assim faria eu se tivesse uns quarenta anos. É dever de vocês saber cozinhar, da mesma maneira que é seu dever ensinar suas filhas a fazê-lo. Ao ensinar-lhes a arte culinária vocês estão construindo ao redor delas uma barreira que as preservará da leviandade e do vício a que, de outro modo, seriam tentadas a entregar-se. Eu prezo minha costureira, dou valor a minha secretária; mas, minha cozinheira, que sabe preparar bem o alimento para sustentar a vida e nutrir o cérebro, os ossos e músculos, ocupa o mais importante lugar entre os auxiliares em minha família. T2 370.2

Mães, não há nada que leve a tão grandes males como tirar as responsabilidades de suas filhas e não lhes dar nada em especial para fazer, deixando-as escolher a própria ocupação, talvez um pouco de crochê, ou algum outro trabalho manual para se ocuparem. Deixem que façam exercício dos membros e músculos. Se isso as fatiga, que há demais nisso? Vocês não se cansam de seu trabalho? A menos que sejam sobrecarregados, prejudicará mais o cansaço ao seus filhos do que a vocês? Não, de maneira nenhuma. Eles podem recuperar-se do cansaço com uma boa noite de descanso e estarem preparados para o trabalho no dia seguinte. É pecado deixá-los crescer na ociosidade. O pecado e a ruína de Sodoma foram “fartura de pão e abundância de ociosidade”. Ezequiel 16:49. T2 371.1

Desejamos trabalhar sob um correto ponto de vista. Queremos agir como homens e mulheres que serão levados a juízo. Quando adotamos a reforma de saúde, devemos fazê-lo com um senso de dever, não porque alguém já a esteja praticando. Não mudei minha conduta em nada, desde que adotei a reforma de saúde. Não voltei nem um passo atrás desde que a luz do Céu iluminou pela primeira vez o meu caminho. Rompi com tudo imediatamente — com carne e manteiga, e com as três refeições — e isto enquanto ocupada em exaustivo labor cerebral, escrevendo desde cedo, pela manhã até ao pôr-do-sol. Baixei para duas refeições por dia sem mudar meu trabalho. Fui grande sofredora de enfermidades, havendo tido cinco ataques de paralisia. Estive com o braço esquerdo preso ao lado por meses, por ser tão grande a dor que tinha no coração. Ao fazer essas mudanças em meu regime, recusava-me a ceder ao paladar, deixando que ele me governasse. Ficará isto no caminho de minha obtenção de maior força, para que eu possa assim glorificar a meu Senhor? Permanecerá em meu caminho por um momento? Nunca! Sofri intensa fome — eu comia muita carne. Mas, quando enfraquecida, punha os braços sobre o estômago, e dizia: “Não provarei nenhum pedacinho. Comerei alimento simples, ou absolutamente nada comerei.” O pão me era repugnante. Raramente comia um pedacinho. Alguns aspectos da reforma eu podia suportar muito bem; mas quando cheguei ao pão, fiz forte objeção. Ao fazer essas mudanças, enfrentei uma grande luta. As primeiras duas ou três refeições, não me foi possível comer. Disse a meu estômago: “Você vai esperar até que possa comer pão.” Dentro em breve pude comê-lo, e pão integral também. Este eu não podia comer anteriormente; agora, porém, gosto dele, e não tenho tido perda de apetite. T2 371.2

Quando estava escrevendo Spiritual Gifts, vols. 3 e 4 [1863-64], ficava exausta pelo excessivo trabalho. Vi então que precisava mudar meu estilo de vida, e descansando alguns dias, senti-me bem outra vez. Abandonei essas coisas por princípio. Tomei minha decisão para com a reforma de saúde por princípio, e desde então, irmãos, não me têm ouvido propor quanto à reforma de saúde um ponto extremista, de que tenha de recuar. Não defendi coisa alguma senão o que hoje sustento. Recomendo-lhes um regime saudável, nutritivo. T2 372.1

Não considero grande privação abandonar aquelas coisas que deixam mau odor no hálito e mau gosto na boca. É acaso abnegação abandonar esses artigos, e chegar a uma condição em que tudo é doce como mel, em que nenhum mau gosto é deixado na boca, e que não há sensação de debilidade no estômago? Isso costumava eu experimentar muitas vezes. Desfalecia repetidamente com meu filhinho nos braços. Nada disso me acontece agora; e chamarei eu a isso privação, quando posso ficar de pé diante de vocês como hoje faço? Não há uma mulher entre cem que seja capaz de suportar a soma de trabalho que eu suporto. Agi por princípio e não por impulso. Agi porque acreditei que o Céu aprovaria a conduta que estava seguindo a fim de colocar-me no melhor estado de saúde, para que pudesse glorificar a Deus em meu corpo e espírito, que são dEle. T2 372.2

Podemos ter variedade de comida boa e saudável, preparada de modo salutar, para que seja apetecível a todos. E se vocês, minhas irmãs, não sabem cozinhar, aconselho-as a aprender. É de vital importância aprenderem a cozinhar. Há mais pessoas perdidas pela cozinha deficiente, do que são capazes de imaginar. Ela produz doença, enfermidade e mau temperamento; o organismo fica perturbado, e as coisas celestiais não podem ser discernidas. Há mais religião em um pão bem feito, do que muitos de vocês pensam. Há mais religião em cozinhar bem do que fazem idéia. Queremos que aprendam o que seja a boa religião, e a ponham em prática em sua família. Quando fora de casa, por vezes, tenho visto que o pão que estava na mesa, e a comida em geral, não me fariam bem; mas era obrigada a comer um pouco para sustentar a vida. É pecado aos olhos do Céu ter-se tal comida. Tenho sofrido por falta da comida apropriada. Para um estômago dispéptico vocês podem pôr sobre a mesa frutas de diferentes espécies, mas não muitas em uma refeição. Assim podem ter variedade, e será apetitoso, e depois de haverem tomado a refeição, sentir-se-ão bem. T2 373.1

Fico atônita ao saber que, depois de todo o esclarecimento que tem sido dado nesta instituição, muitos de vocês comem entre as refeições! Vocês não devem nunca permitir que um bocado lhes passe pelos lábios entre suas refeições regulares. Comam o que devem comer, mas o comam na refeição, e então esperem até à próxima. Como o suficiente para satisfazer às necessidades da natureza; quando me levanto da mesa, porém, meu apetite é tão bom como quando me sentei. E ao chegar a próxima refeição, estou pronta para comer minha porção e não mais. Comesse eu dobrada porção de quando em quando porque é saborosa, como me poderia curvar e pedir a Deus que me ajudasse em meu trabalho de escrever, quando não me é possível apanhar uma idéia em razão de minha gulodice? Poderia eu pedir a Deus que cuidasse daquele excessivo peso em meu estômago? Isso Lhe seria desonroso. Seria pedir para desperdiçar com minha concupiscência. Agora eu como apenas o que penso ser correto, e então posso pedir que Ele me dê força para efetuar a obra que me deu a fazer. E sei que o Céu tem atendido a minha oração, quando Lhe peço. T2 373.2

Novamente: Quando comemos exageradamente, pecamos contra o próprio corpo. No sábado, na casa de Deus, glutões se assentarão e dormirão embalados pelas ardentes verdades da Palavra de Deus. Não conseguem manter os olhos abertos nem compreender os solenes sermões proferidos. Vocês acham que essas pessoas estão glorificando a Deus no corpo e no espírito, os quais Lhe pertencem? Não; eles O desonram. E o dispéptico — aquilo que o tornou dispéptico é estar seguindo esta conduta — em vez de observar regularidade, tem permitido que o apetite o controle, e tem comido entre as refeições. Talvez, se seus hábitos são sedentários, não tenha ele tido o vitalizante ar do céu para ajudá-lo na obra da digestão; pode ser que não tenha tido suficiente exercício para sua saúde. T2 374.1

Alguns de vocês parecem desejar que alguém lhes diga quanto devem comer. Não deveria ser assim. Cumpre-nos proceder por um ponto de vista moral e religioso. Devemos ser temperantes em tudo, pois uma coroa incorruptível, um tesouro celeste se acha diante de nós. E agora desejo dizer a meus irmãos e irmãs, que eu teria força moral para tomar uma atitude e governar a mim mesma. Não delegaria isto a outra pessoa. Vocês comem em excesso, e depois se arrependem, e ficam a pensar no que comeram e beberam. Comam simplesmente o que mais convém, e vão adiante, sentindo-se sem culpa diante do Céu, sem remorsos de consciência. Não cremos na completa remoção de tentações, seja de crianças, seja de adultos. Todos nós temos diante de nós uma luta, e cumpre-nos permanecer na atitude de resistir às tentações de Satanás; e precisamos saber que possuímos em nós mesmos poder para fazer isto. T2 374.2

E ao passo que lhes advertimos a não comer em excesso, mesmo da melhor qualidade de comida, também advertirmos aos que são extremistas a não erguerem uma falsa norma, e depois se esforçarem por levar todas as pessoas a segui-la. Alguns há que se estão iniciando como reformadores da saúde, os quais não estão habilitados a se empenharem em nenhum outro empreendimento, e não possuem bom senso suficiente para cuidar da própria família, ou manter o próprio lugar na igreja. E que fazem eles? Ora, eles se convertem em médicos da reforma de saúde, como se pudessem fazer disso um sucesso. Assumem as responsabilidades de sua prática, e tomam nas mãos a vida de homens e mulheres, quando na verdade nada sabem do assunto. T2 374.3

Minha voz se ergue contra isto, de pessoas não habilitadas tentarem tratar de doenças, professando fazê-lo segundo os princípios da reforma de saúde. Deus nos defenda de sermos os pacientes que lhes sirvam de campo de experiência! Somos muito poucos. Isto é uma batalha demasiado inglória para nela perecermos. Que Deus nos livre de tal perigo! Não precisamos de tais mestres e médicos. Procurem tratar de doenças os que conhecem alguma coisa do organismo humano. O Médico celeste era cheio de compaixão. Deste espírito necessitam os que tratam dos doentes. Alguns que empreendem tornar-se médicos, são fanáticos, egoístas, obstinados como jumentos. Vocês não lhes podem ensinar qualquer coisa. Talvez eles nunca tenham feito qualquer coisa digna de ser feita. Talvez não tenham tornado a vida um sucesso. Nada sabem realmente digno de saber-se, e todavia começaram a praticar a reforma de saúde. Não podemos permitir que tais pessoas matem este e aquele. Não; não o podemos permitir! T2 375.1

Devemos sempre ser perfeitamente corretos. Precisamos levar nosso povo à devida posição quanto à reforma de saúde. “Purifiquemo-nos”, diz o apóstolo, “de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” 2 Coríntios 7:1. Precisamos ser corretos a fim de subsistir nos últimos dias. Precisamos de cérebro claro e mente sã em corpo são. Devemos começar a trabalhar sinceramente por nossos filhos, por todos os membros de nossa família. Levaremos isso a sério e trabalharemos segundo o verdadeiro ponto de vista? Jesus vem; e se seguimos uma conduta de molde e cegar-nos para as verdades destes últimos dias que elevam a mente, como podemos ser santificados por meio da verdade? Como podemos ser preparados para a imortalidade? Que o Senhor nos ajude, a fim de começarmos a trabalhar aqui como nunca antes. T2 375.2

Falamos em realizar uma série de reuniões neste lugar e levar a sério o trabalho em favor das pessoas. Não ousamos, porém, favorecê-las. Gostaríamos que começassem essa obra de reforma nos próprios lares. Queremos que aqueles que têm estado em segundo plano apareçam. Vocês precisam começar a agir. E quando virmos que começaram o trabalho por iniciativa própria, viremos e ajudaremos. Esperamos mudança em seus filhos, que possam converter-se a Cristo, e que o espírito de reforma seja disseminado em seu meio. Mas quando vocês parecem completamente mortos e prontos a serem arrancados pelas raízes, não nos animamos a assumir o trabalho. Preferiríamos antes ir a um grupo de descrentes onde há corações prontos a receber a verdade. A responsabilidade da verdade está sobre nós. Há pessoas suficientes para ouvir a verdade, e esperamos estar onde possamos pregá-la. Vocês nos ajudarão fazendo a obra por si mesmos? T2 376.1

Possa o Senhor ajudá-los a sentirem o que nunca perceberam antes. Que Ele os ajude a morrerem para si mesmos e empreender a reforma em seus lares, para que os anjos de Deus possam vir e ministrar-lhes, e estejam vocês preparados para a trasladação. T2 376.2