Testemunhos para a Igreja 2

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Capítulo 50 — Apelo aos pastores

Foi-me mostrada, em 2 de Outubro de 1868, a grande e solene obra diante de nós, de advertir o mundo sobre o juízo vindouro. Nosso exemplo, se de acordo com a verdade que professamos, salvará uns poucos e condenará a muitos, deixando-os sem desculpa no dia em que todos os casos serão decididos. O justo deve estar preparado para a vida eterna; e os pecadores, que não estiverem familiarizados com a vontade e caminhos de Deus, serão destinados à destruição. T2 334.2

Nem todos os que pregam a verdade a outros estão santificados por ela. Alguns não têm senão uma pálida idéia do sagrado caráter da obra. Falham em confiar no Senhor e em ter todas as suas obras feitas nEle. No íntimo não estão convertidos. Não têm experimentado em sua vida diária o mistério da piedade. Tratam com verdades imortais, importantes como a eternidade, mas não as têm inserido em sua mente, cuidadosa e diligentemente, tornando-as uma parte de si mesmos, de forma a influenciá-los em tudo o que fizerem. Não estão tão apegados aos princípios que essas verdades incutem, por isso lhes é impossível separar delas alguma parte da verdade para si. T2 334.3

Unicamente a santificação do coração e da vida é aceitável a Deus. Disse o anjo, apontando para os pastores injustos: “Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.” Tiago 4:8. “Purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor.” Isaías 52:11. Deus requer integridade de coração; quer que a verdade esteja no íntimo, transformando todo o ser “pela renovação do... entendimento” (Romanos 12:2) mediante as influências do divino Espírito. Nem todos os pastores são dedicados à obra; nem todos têm o coração nela. Operam tão desatentamente como se tivessem mil anos nos quais trabalhar pelas pessoas. Esquivam-se a cargas e responsabilidades, cuidados e privações. Abnegação, sofrimento e cansaço não lhes são agradáveis nem convenientes. É desejo de alguns fugir de trabalho cansativo. Estudam as próprias conveniências e como agradar a si mesmos, à esposa e aos filhos, e o trabalho no qual ingressaram é quase perdido de vista. T2 335.1

Deus pede dos pastores cujas obras não têm sido feitas nEle, quebrantamento de coração e confissões humildes. Foram-me apresentados os homens que se dedicam a empreendimentos mundanos. Eles sabem que se quiserem atingir seus objetivos, precisam suportar fadiga. Sacrificam a tranqüilidade e o amor do lar e suportam privações; são perseverantes, enérgicos e ativos. Nem todos os nossos pastores manifestam metade do zelo demonstrado por aqueles que buscam ganhos terrenos. Eles não são firmes em seus propósitos nem diligentes em seus esforços; não são perseverantes nem estão dispostos a negarem a si mesmos, como o fazem aqueles cujos alvos são seculares. T2 335.2

Compare-se os dois empreendimentos. Um é seguro, eterno, duradouro como a vida de Deus; o outro é coisa desta vida, mutável, perecível; e se os homens conseguem atingir seus ambiciosos intentos, aquilo que conseguem muitas vezes os fere como víbora e os submerge na perdição. Oh, por que haveria tão grande contraste nos esforços daqueles que estão empenhados — uns em realizações temporais e outros em realizações celestiais? Uns trabalham por um tesouro perecível, e em seus esforços sofrem muitas dores por aquilo que freqüentemente lhes é fonte de grandes males. Outros fazem esforços pela salvação de preciosas almas, as quais serão aprovadas pelo Céu, e recompensadas com tesouros celestiais. Aqui não há probabilidade de riscos ou perdas; os lucros são certos e elevados. T2 335.3

Aqueles que estão a serviço de Cristo admoestando pessoas a se reconciliarem com Deus devem, por preceito e exemplo, manifestar um incessante interesse em salvar pecadores. Sua diligência, perseverança, abnegação e espírito de sacrifício devem exceder a diligência e o zelo daqueles que lutam por lucros terrenos, assim como a pessoa é de muito mais valor do que a escória da Terra, e o motivo, mais elevado do que empreendimentos terrenos. Todas as realizações terrestres são insignificantes quando comparadas com a obra de salvar pecadores. As coisas deste mundo não são duráveis, embora custem muito. Mas uma pessoa salva brilhará no reino do Céu através das eras eternas. T2 336.1

Alguns dos pastores estão dormindo e o povo também. Contudo, Satanás está bem desperto. Há pouco sacrifício por Deus e pela verdade. Os pastores devem dar exemplo. Em seu trabalho devem mostrar que estimam as coisas eternas como de infinito valor, e as terrenas como nada. Há pastores pregando a verdade presente que precisam converter-se. Sua compreensão precisa ser fortalecida, o coração purificado e as afeições centralizadas em Deus. Devem apresentar a verdade de maneira a avivar o intelecto para apreciar sua excelência, pureza e santidade. A fim de fazer isso, precisariam ter em mente objetivos elevados e possuam uma influência purificadora, vivificante e enobrecedora. Necessitam ter o purificador fogo da verdade queimando no altar do coração, influenciando e caracterizando-lhes a vida; então, onde quer que forem, em meio à escuridão e sombras, iluminarão com a luz que neles brilha, aqueles que estão em trevas. T2 336.2

Os pastores precisam estar imbuídos do mesmo espírito de seu Mestre, quando Ele estava na Terra. Ele ocupou-Se em fazer o bem, abençoando a outros com Sua influência. Ele foi um homem de dores e que sabe o que é padecer. Os pastores devem ter claras concepções das coisas eternas e dos reclamos de Deus sobre eles. Então poderão impressionar outros, estimulando-os ao amor pelas coisas eternas. T2 337.1

Eles devem tornar-se estudantes da Bíblia. São, porventura, poderosas as verdades que apresentam? Então devem procurar apresentá-las com habilidade. Suas idéias devem ser claras e fortes, e seu espírito fervoroso, ou enfraquecerão a força da verdade que apresentam. Nunca poderão converter os homens apresentando a verdade de maneira negligente, repetindo meramente a teoria sem serem movidos por ela. Mesmo que vivessem tanto quanto Noé, seus esforços seriam em vão. Seu amor pelos seres humanos precisa ser intenso, e seu zelo ardente. Um modo apático e descuidado de apresentar a verdade nunca despertará homens e mulheres de sua apatia mortal. Por seus atos, maneiras e palavras, por sua pregação e orações, precisam mostrar que crêem que Jesus está às portas. Homens e mulheres estão nas últimas horas de graça, e no entanto, são descuidados e ignorantes, e os pastores não têm poder para despertá-los; eles próprios dormem. Pregadores sonolentos pregando a um povo adormecido! T2 337.2

Uma grande obra deve ser feita pelos pastores, a fim de que possam pregar a verdade com sucesso. A Palavra de Deus deve ser profundamente estudada. Toda e qualquer leitura é inferior a essa. Um cuidadoso estudo da Bíblia necessariamente não excluirá outras leituras de natureza religiosa. Mas, quando a Palavra de Deus é estudada com oração, toda leitura que tende a desviar a mente dela deve ser excluída. Se estudarmos a Palavra de Deus com interesse, orando por compreensão, novas belezas serão vistas em cada linha. Deus revelará a preciosa verdade de modo tão claro que a mente desfrutará prazer genuíno, e terá contínuo banquete à medida que as confortadoras e sublimes verdades forem reveladas. T2 337.3

Visitar de casa em casa constitui uma importante parte do trabalho do pastor. Deve ele ter como alvo conversar com todos os membros da família, quer professem a verdade, quer não. É seu dever examinar a condição espiritual de todos, e viver tão próximo de Deus que possa aconselhar, exortar e reprovar cautelosamente e com sabedoria. Precisa ter a graça de Deus no próprio coração e a glória do Senhor constantemente em vista. Toda leviandade e superficialidade é positivamente proibida na Palavra de Deus. Sua conversação deve ser sobre o Céu, suas palavras temperadas com graça. Toda lisonja deve ser rejeitada, pois é obra de Satanás lisonjear. Pobres, fracos e caídos mortais geralmente pensam o suficiente acerca de si mesmos e não precisam de ajuda nesse sentido. Lisonjear nossos pastores está fora de lugar. Isso perverte a mente e não conduz à mansidão e humildade, todavia homens e mulheres gostam de ser louvados, e isso freqüentemente também acontece com os pastores. A lisonja satisfaz sua vaidade, mas isso se tem provado a ruína de muitos. A repreensão deve ser mais prezada do que a lisonja. T2 338.1

Nem todos os que pregam a verdade compreendem que seu testemunho e exemplo estão decidindo o destino das pessoas. Se forem infiéis em sua missão e se tornarem descuidados em sua obra, pessoas se perderão como resultado. Se forem abnegados e fiéis no trabalho que o Mestre lhes confiou, serão instrumentos na salvação de muitos. Alguns permitem que coisas de pouca importância os desviem do trabalho. Estradas ruins, tempo chuvoso ou assuntos domésticos de menor importância, são desculpas suficientes para que deixem o trabalho em favor das pessoas. E freqüentemente isso é feito no momento mais importante do trabalho. Quando o interesse é despertado e a mente do povo estimulada, deixa-se morrer o ânimo porque o pastor escolhe um campo mais fácil e agradável. Os que seguem tal conduta mostram claramente que não assumem a responsabilidade da obra. Desejam ser conduzidos pelo povo. Não estão dispostos a suportar privações e dificuldades que são o quinhão do verdadeiro pastor. T2 338.2

Alguns não têm qualquer experiência em fazer o trabalho como sendo de vital importância. Não se dedicam a ele com o zelo e a diligência que mostrariam estarem eles fazendo a obra que terá de suportar a prova no Juízo. Trabalham muito na própria força. Não põem em Deus sua confiança e, portanto, erros e imperfeições assinalam todos os seus esforços. Não dão ao Senhor uma oportunidade de fazer algo por eles. Não andam pela fé, mas pela vista. Não irão mais rápido nem mais longe do que podem ver. Parecem não compreender que aventurar-se em algo pela verdade faz parte de sua experiência religiosa. T2 339.1

Alguns saem de seu lar para trabalharem no campo evangelístico, mas não agem como se as verdades que pregam fossem uma realidade para eles. Suas ações mostram que não experimentaram pessoalmente o salvador poder da verdade. Quando fora do púlpito, parecem não sentir nenhuma responsabilidade pela verdade. Algumas vezes aparentemente trabalham para beneficiar-se, contudo, com maior freqüência, sem nenhum proveito. Sentem-se com direito ao salário que recebem, como se de fato o merecessem; não obstante, sua falta de consagração tem custado mais trabalho, ansiedade e sofrimento àqueles obreiros que têm a responsabilidade da obra sobre si do que todos os esforços que fizeram em favor do bem. Tais obreiros não são produtivos. Mas terão de arcar com essa responsabilidade por si mesmos. T2 339.2

É comum o caso de pastores que são inclinados a simplesmente visitar as igrejas, dedicando seu tempo e energias onde seu trabalho não trará nenhum bem. Freqüentemente as igrejas estão adiante dos pastores que trabalham entre elas, e estariam em mais próspera condição se esses pastores estivessem fora de seu caminho e lhes dessem oportunidade para trabalhar. O esforço desses pastores para edificar as igrejas apenas as destrói. A teoria da verdade é apresentada repetidas vezes, mas não é acompanhada do vitalizador poder de Deus. Têm eles manifestado descuidosa indiferença; o espírito é contagioso e as igrejas perdem seu interesse e preocupação pela salvação de outros. Assim, por sua pregação e exemplo, os pastores embalam o povo em carnal segurança. Se deixassem as igrejas, saindo para novos campos, e trabalhassem para edificar igrejas, compreenderiam a própria capacidade e o que custa ganhar almas e firmá-las na verdade. Então se dariam conta de quão cuidadosos deveriam ser para que seu exemplo e influência não desencorajassem ou enfraquecessem aqueles cuja conversão para a verdade exigiu trabalho árduo e muita oração. “Mas prove cada um a sua própria obra e terá glória só em si mesmo e não noutro.” Gálatas 6:4. T2 340.1

As igrejas dão de seus recursos para sustentar os pastores em seu trabalho. O que têm eles para estimulá-las em sua liberalidade? Alguns pastores trabalham, mês após mês, e fazem tão pouco que as igrejas se tornam desanimadas; não vêem algo sendo feito para converter pessoas à verdade, nem para tornar os membros da igreja mais espirituais ou fervorosos em seu amor a Deus e Sua verdade. Aqueles que tratam das coisas sagradas devem ser totalmente consagrados ao trabalho, manifestar abnegado interesse e amor ardente pelos que perecem. Se não fazem isso, compreenderam mal sua missão e devem cessar seu trabalho de ensinar a outros, pois causam mais prejuízo do que proveito. Alguns pastores se exibem, mas não alimentam no devido tempo o rebanho que está perecendo de fome. T2 340.2

Há uma disposição por parte de alguns de proteger-se contra a oposição. Temem ir a novos lugares por causa das trevas e conflitos que esperam encontrar. Isso é covardia. O povo precisa ser procurado onde está. Necessitam de apelos fervorosos e práticos, bem como de sermões doutrinários. O preceito apoiado pelo exemplo exercerá poderosa influência. T2 341.1

Um pastor fiel não levará em conta a própria tranqüilidade e conveniência, mas trabalhará pelo interesse das ovelhas. Nessa grande obra esquecerá de si mesmo; em sua busca à ovelha perdida não se dará conta de que ele mesmo está cansado, com frio e faminto. Tem em vista apenas um objetivo: salvar a ovelha perdida custe-lhe o que custar. Seu salário não terá influência sobre seu trabalho nem o desviará do dever. Ele recebeu sua comissão da Majestade do Céu e aguarda a recompensa quando a obra que lhe foi confiada estiver feita. T2 341.2

Aqueles que estão trabalhando nas escolas como professores se preparam para a obra. Qualificam-se ao servir à escola e concentrar a mente no estudo. Não lhes é permitido ensinar ciências a crianças e jovens a menos que sejam capazes de instruí-los. Ao candidatarem-se a uma vaga de professor, são submetidos a um exame diante de pessoas competentes. É uma obra importante lidar com mentes jovens e instruí-las corretamente nas ciências. De quão maior importância, porém, é a obra do ministério! Muitos, porém, dos que se empenham na importante obra de interessar homens e mulheres a entrarem na escola de Cristo, onde podem aprender como formar caráter para o Céu, precisam eles mesmos tornar-se estudantes. Alguns que ingressam no ministério não sentem sobre si a responsabilidade da obra. Abrigam idéias incorretas sobre as qualificações de um pastor. Pensam que não seja requerido senão conhecimento superficial das ciências ou da Palavra de Deus para se tornarem pastores. Alguns dos que ensinam a verdade presente não estão familiarizados com sua Bíblia. São tão deficientes no conhecimento bíblico, que lhes é difícil citar corretamente de memória um texto das Escrituras. Por cometerem erros da maneira tão desastrada como o fazem, pecam contra Deus. Eles torcem as Escrituras e fazem a Bíblia dizer coisas que nela não estão escritas. T2 341.3

Alguns cuja vida tem sido conduzida por sentimentos, pensam que a educação ou um completo conhecimento das Escrituras não é de importância, se tão-somente tiverem o Espírito. Mas Deus nunca envia Seu Espírito para sancionar a ignorância. Aqueles que não possuem conhecimento e que estão sob circunstâncias em que não seja possível obtê-lo, Deus deles tem piedade e os abençoa, e algumas vezes Se digna aperfeiçoar Seu poder nas fraquezas deles. No entanto, não os isenta do dever de estudar Sua Palavra. A falta de conhecimento das ciências não é desculpa para negligenciar o estudo da Bíblia, pois as palavras da Inspiração são tão claras que até o iletrado pode compreendê-las. T2 342.1

De todos os homens na face da Terra, aqueles que trabalham com as solenes verdades para estes tempos perigosos devem entender sua Bíblia e se tornarem familiarizados com as evidências de nossa fé. A menos que possuam conhecimento da Palavra de vida, não têm nenhum direito de encarregar-se da instrução de outros no caminho da vida. Os pastores devem ser diligentes em acrescentar à “fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, a caridade”. 2 Pedro 1:5-7. Alguns de nossos pastores se formam, embora mal tenham aprendido os princípios básicos da doutrina de Cristo. Os que são embaixadores de Cristo, que estão em Seu lugar, instando com as pessoas a se reconciliarem com Deus, devem ser qualificados para apresentar inteligentemente nossa fé e serem capazes de “com mansidão e temor” dar “a razão” de sua esperança. 1 Pedro 3:15. Cristo disse: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam.” João 5:39. T2 342.2

Pastores que ensinam verdades impopulares serão perseguidos por homens impelidos por Satanás e que, como seu mestre, podem citar prontamente as Escrituras. Serão os servos de Deus diferentes dos servos de Satanás no trato com as palavras da inspiração? Eles devem, como Cristo, confrontar escritura com escritura. Oh, que os que trabalham com as coisas sagradas despertem e, como os nobres bereanos, examinem diariamente as Escrituras! Irmãos no ministério, rogo-lhes que estudem as Escrituras com humilde oração por um coração compreensivo, para que possam ensinar o caminho da vida com mais perfeição. Seu conselho, orações e exemplo precisam ter um “cheiro de vida para vida” (2 Coríntios 2:16), ou vocês estarão desqualificados para indicar o caminho de vida a outros. T2 343.1

O Mestre requer que todos os Seus servos aprimorem os talentos que Ele lhes concedeu. Todavia muito mais requererá Ele daqueles que professam compreender o caminho para a vida, e que tomam a responsabilidade de conduzir outros a ele. O apóstolo Paulo exortou a Timóteo: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” 2 Timóteo 2:1, 2. T2 343.2

Os gloriosos resultados que acompanharam o ministério dos escolhidos discípulos de Cristo foram conseqüência de levarem por toda parte, em seu corpo, a mortificação do Senhor Jesus. Alguns dos que testificaram de Cristo eram homens iletrados e ignorantes, mas a graça e a verdade reinavam-lhes no coração, inspirando-os, purificando-lhes a vida e controlando-lhes as ações. Eram representantes vivos da mente e do espírito de Cristo. Eram cartas vivas, conhecidas e lidas por todos os homens. 2 Coríntios 3:2. Foram odiados e perseguidos por todos os que não aceitavam as verdades por eles pregadas e que desprezavam a cruz de Cristo. T2 343.3

Homens ímpios não se oporão a uma forma de piedade, nem rejeitarão um ministério popular que não apresenta uma cruz para carregarem. O homem natural não levantará séria objeção a uma religião que não faz o transgressor da lei tremer ou não traz ao coração e à consciência as terríveis realidades de um julgamento por vir. É a demonstração do Espírito e o poder de Deus que suscita oposição, e leva o coração natural a rebelar-se. A verdade que salva não deve apenas provir de Deus, mas Seu Espírito precisa acompanhar essa comunicação aos outros, senão ela sucumbe impotente diante das influências opositoras. Oh, que essa verdade saísse dos lábios dos servos de Deus com tal poder para inflamar o caminho ao coração das pessoas! T2 344.1

Os pastores devem estar revestidos do poder do alto. Quando a verdade em sua simplicidade e força, tal como é em Jesus, for levada contra o espírito do mundo, condenando seus prazeres incitantes e encantos corruptores, então será claramente visto que não há “concórdia... entre Cristo e Belial”. 2 Coríntios 6:15. O coração “natural não compreende as coisas do Espírito de Deus”. 1 Coríntios 2:14. Um pastor não consagrado apresentando a verdade de maneira fria, com o próprio coração impassível diante das verdades que prega aos outros, causará unicamente dano. Cada esforço que faz apenas baixa o padrão. T2 344.2

O interesse egoísta precisa ser absorvido por profunda ansiedade pela salvação de almas. Alguns pastores têm trabalhado, não porque não ousassem fazer de outro modo, nem porque o infortúnio estivesse sobre eles, mas tendo unicamente em vista o salário a ser recebido. Disse o anjo: “Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do Meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação.” Malaquias 1:10. T2 344.3

É totalmente errado acreditar em toda mensagem dada em nome do Senhor. O tesouro divino tem sido desperdiçado por aqueles que têm sido unicamente uma desonra à causa. Se os pastores se dedicassem totalmente ao trabalho de Deus e consagrassem todas as energias ao desenvolvimento da causa, de nada teriam falta. No tocante às coisas temporais, têm eles melhor sorte do que teve seu Senhor e tiveram Seus escolhidos discípulos a quem Ele enviou para salvar os perdidos. Nosso grande Exemplo, que era o resplendor da glória do Pai, foi desprezado e rejeitado pelos homens. Vergonha e falsidade O seguiram. Seus discípulos escolhidos foram exemplos vívidos da vida e espírito de seu Mestre. Eram honrados com prisão e açoites, e foi finalmente seu quinhão selar o ministério com o próprio sangue. T2 345.1

Quando os pastores estão tão interessados no trabalho que amam como parte de sua existência, então podem dizer: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de Ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!” Romanos 8:35-39. T2 345.2

“Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.” 1 Pedro 5:1-4. T2 345.3