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Capítulo 50 — Depreciando os pioneiros

É possível relatar aquilo que aconteceu em conexão com a experiência passada do povo de Deus e apresentá-lo de tal modo que sua experiência assuma um aspecto ridículo e censurável. Não é correto tomar certos aspectos da obra e separá-los do grande todo. Desse modo pode ser apresentada uma mistura da verdade e do erro de que nossos inimigos se serviriam grandemente para detrimento da verdade, e para estorvar a obra e a causa de Deus. ... ME3 342.1

Não imagine nenhum de nossos irmãos que está fazendo o serviço de Deus ao apresentar as deficiências de homens que realizaram uma boa, grandiosa e aceitável obra em labutar para expor a mensagem de misericórdia a homens caídos, para a salvação de almas que perecem. Suponhamos que esses irmãos tenham débeis traços de caráter que herdaram de seus antepassados deficientes. Devem essas deficiências ser procuradas e salientadas? ME3 342.2

Devem os homens a quem Deus escolheu para efetuar a reforma contra o papado e a idolatria ser apresentados sob um aspecto objetável? O estandarte do dirigente da sinagoga de Satanás foi erguido bem alto, e o erro parece ter marchado em triunfo, e os reformadores, pela graça que lhes foi dada por Deus, travaram uma guerra bem-sucedida contra a hoste das trevas. Foram-me apresentados os acontecimentos na história dos reformadores. Sei que o Senhor Jesus e Seus anjos têm observado com intenso interesse a batalha contra o poder de Satanás, o qual combinou suas hostes com homens maus, para extinguir a luz divina, o fogo do reino de Deus. Por amor a Cristo, eles sofreram escárnio, desprezo e o ódio de homens que não conheciam a Deus. Foram difamados e perseguidos até à morte, porque não quiseram renunciar a sua fé. Se alguém se atreve a lançar mão desses homens, expondo ao mundo seus erros e faltas, lembre-se de que está lidando com Cristo na pessoa de Seus santos. ... ME3 342.3

Uma repreensão a um autor adventista — Você tornou públicos os erros e defeitos do povo de Deus, desonrando assim a Deus e a Jesus Cristo. Eu não teria dado ao mundo, em troca do meu braço direito, o que você escreveu. Você não estava inteirado de qual seria a influência de sua obra. ... ME3 343.1

O Senhor não o incumbiu de apresentar essas coisas ao público como a história correta de nosso povo. Sua obra tornará necessário que nos demos ao trabalho de mostrar por que esses irmãos tomaram a posição extrema que tiveram de tomar, e evocar as circunstâncias que vindicam aqueles sobre os quais os seus artigos lançaram suspeita e descrédito. ME3 343.2

Uma idéia deformada — Você não participou da antiga experiência das pessoas sobre as quais escreveu e que descansaram de seus trabalhos. Apenas deu uma idéia parcial; pois não apresentou o fato de que o poder de Deus operou em conexão com os seus trabalhos, embora eles cometessem alguns erros. Você salientou diante do mundo os erros dos irmãos, mas não destacou o fato de que Deus procurou corrigir esses erros e endireitar os aspectos censuráveis. Os oponentes se deleitarão em multiplicar o assunto que lhes foi fornecido por nosso povo. Você expôs os erros dos antigos apóstolos, os erros daqueles que eram preciosos aos olhos do Senhor nos dias de Cristo. ME3 343.3

Ao apresentar as posições extremas que foram tomadas pelos mensageiros de Deus, você acha que será inspirado confiança na obra de Deus para este tempo? Deixe que Deus, pela inspiração, trace os erros de Seu povo para sua instrução e advertência; mas não se demorem lábios e penas finitos nesses aspectos da experiência do povo de Deus que terão a tendência de confundir e anuviar a mente. Que ninguém chame a atenção para os erros daqueles cuja obra geral tem sido aceita por Deus. Os artigos que você apresentou não são de uma natureza que cause verdadeira e correta impressão a respeito de nossa obra e de nossos obreiros na mente daqueles que os lêem. ... ME3 344.1

Os filhos de Deus são muito preciosos à Sua vista, e aqueles que, pela pena ou pela voz, debilitam a influência, mesmo do menor dos que crêem em Jesus Cristo, são registrados no Céu como ofensores do próprio Senhor. “Sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” Precisamos lembrar-nos de que devemos guardar cuidadosamente nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas palavras, nossas ações, para que não ofendamos e magoemos o Salvador na pessoa de Seus santos; pois Ele nos disse claramente que Se identifica com a humanidade sofredora. Nem um só dos fiéis de Deus receberá a honra de uma coroa da vida no reino da glória se não tiver passado por severos conflitos e provações. Todo aquele que vencer na corrida pela coroa imortal terá lutado legitimamente. ... ME3 344.2

Não volteis as armas contra os soldados de Cristo — Devemos dirigir as armas de nossa peleja contra nossos adversários, mas nunca contra aqueles que estão sob as ordens de marcha do Rei dos reis e que estão travando varonilmente as batalhas do Senhor dos senhores. Que ninguém vise a um soldado a quem Deus reconhece, a quem Deus enviou para transmitir uma mensagem especial ao mundo e realizar uma obra especial. ME3 344.3

Os soldados de Cristo talvez nem sempre revelem perfeição em sua marcha, mas as suas faltas não devem suscitar, da parte de seus companheiros, palavras que debilitem, e, sim, palavras que fortaleçam e que os ajudem a recuperar o terreno perdido. Não devem converter a glória de Deus em desonra, dando uma vantagem aos piores adversários de seu Rei. ME3 344.4

Não sejam os soldados juízes severos e desarrazoados de seus companheiros, salientando ao máximo todo defeito. Não manifestem atributos satânicos, tornando-se acusadores dos irmãos. Nós mesmos seremos representados erroneamente e desfigurados pelo mundo, embora mantenhamos a verdade e vindiquemos a espezinhada lei de Deus; ninguém desonre, porém, a causa de Deus tornando público algum erro que os soldados de Cristo possam cometer, quando esse erro é visto e corrigido por aqueles que adotaram alguma posição falsa. ... ME3 345.1

Deus responsabilizará aqueles que expõem insensatamente as faltas de seus irmãos por um pecado de maior magnitude do que responsabilizará aquele que dá um passo errado. A crítica e a condenação dos irmãos são consideradas como crítica e condenação de Cristo. — Carta 48, 1894. ME3 345.2