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Capítulo 22 — Ênfase sobre o assunto da salvação — 1890-1908

A provisão para a salvação — Penitências, mortificações da carne, constante confissão do pecado, sem arrependimento sincero; jejuns, festas e cerimônias exteriores, não acompanhadas por verdadeira devoção — tudo isso não tem valor algum. O sacrifício de Cristo é suficiente; Ele fez uma oferta completa e eficaz para Deus; e o esforço humano sem o mérito de Cristo é inútil. Não somente desonramos a Deus com esse procedimento, mas destruímos nossa utilidade no presente e no futuro. Deixar de apreciar o valor do sacrifício de Cristo tem uma influência degradante; frustra nossas expectativas e faz com que não correspondamos a nossos privilégios; induz-nos a aceitar infundadas e perigosas teorias a respeito da salvação que foi adquirida para nós a um preço infinito. O plano da salvação não é compreendido como sendo o meio pelo qual o poder divino é trazido ao homem, a fim de que seu esforço humano seja inteiramente bem-sucedido. ME3 190.1

Ser perdoado da maneira como Cristo perdoa, não é somente ser absolvido, mas também renovado no espírito do nosso entendimento. O Senhor diz: “Dar-te-ei um coração novo.” A imagem de Cristo deve ser gravada na própria mente, coração e alma. O apóstolo declara: “Nós, porém, temos a mente de Cristo.” 1 Coríntios 2:16. Sem o processo transformador que só pode ocorrer pelo poder divino, as propensões originais para pecar permanecem no coração com toda a sua intensidade, para forjar novas correntes, para impor uma escravidão que jamais poderá ser rompida pelo poder humano. Mas os homens nunca poderão entrar no Céu com seus velhos gostos, inclinações, ídolos, idéias e teorias. O Céu não seria um lugar de alegria para eles; pois tudo estaria em conflito com seus gostos, apetites e inclinações, e se oporia dolorosamente a seus traços de caráter naturais e cultivados. ME3 190.2

A felicidade é o resultado de santidade e de conformidade com a vontade de Deus. Os que querem ser santos no Céu precisam primeiro ser santos na Terra; pois quando deixarmos a Terra, levaremos nosso caráter conosco, e isto será simplesmente levar conosco alguns dos elementos do Céu que nos foram comunicados pela justiça de Cristo. — The Review and Herald, 19 de Agosto de 1890. ME3 191.1

Justificação e santificação realizadas pela fé — 1890 — Quando por meio de arrependimento e fé aceitamos a Cristo como nosso Salvador, o Senhor perdoa nossos pecados e suspende a punição prescrita para a transgressão da lei. O pecador se encontra, então, diante de Deus como uma pessoa justa; desfruta o favor do Céu, e, por meio do Espírito, tem comunhão com o Pai e o Filho. ME3 191.2

Então há ainda outra obra a ser realizada, e esta é de natureza progressiva. A alma deve ser santificada pela verdade. E isto também é realizado pela fé. Pois é somente pela graça de Cristo, a qual recebemos pela fé, que o caráter pode ser transformado. ME3 191.3

É importante que compreendamos claramente a natureza da fé. Há muitos que crêem que Cristo é o Salvador do mundo, que o evangelho é verídico e revela o plano da salvação, mas não possuem uma fé que salva. Estão intelectualmente convencidos da verdade, mas isto não é suficiente; a fim de ser justificado, o pecador precisa ter aquela fé que se apropria dos méritos de Cristo para sua própria alma. Lemos que os demônios “crêem, e tremem”, mas a sua crença não lhes traz justificação; e a crença dos que meramente dão aquiescência intelectual às verdades da Bíblia também não lhes trará os benefícios da salvação. Essa crença não atinge o ponto vital, pois a verdade não prende o coração nem transforma o caráter. ME3 191.4

Na genuína fé para a salvação há confiança em Deus, por meio da crença no grande sacrifício expiatório efetuado pelo Filho de Deus, no Calvário. Em Cristo, o crente justificado contempla sua única esperança e seu único Libertador. Pode haver crença sem confiança; mas, sem fé, não pode haver certeza oriunda da confiança. Todo pecador que chegou ao conhecimento do poder de Cristo para salvar manifestará essa confiança de modo mais intenso ao progredir na experiência. — The Signs of the Times, 3 de Novembro de 1890. ME3 192.1

Resistindo à tentação — 1891 — Muitos parecem pensar que é impossível não cair em tentação, que eles não têm poder para vencer; e pecam contra Deus com os lábios, expressando desalento e dúvida, em vez de fé e coragem. Cristo foi tentado em todos os pontos, à nossa semelhança, mas sem pecado. Ele disse: “Aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em Mim.” Que significa isto? Significa que o príncipe do mal não pôde encontrar em Cristo uma posição vantajosa para sua tentação; e pode suceder a mesma coisa conosco. — The Review and Herald, 10 de Maio de 1891. ME3 192.2

A perfeição não é alcançada de um salto — 1891 — Estamos olhando além do tempo; estamos olhando para a eternidade. Estamos procurando viver de tal modo que Cristo possa dizer: “Muito bem, servo bom e fiel.” Vivamos, cada um de nós, dessa maneira. Pode ser que cometamos faltas; pode ser que erremos; mas Deus não nos deixará no erro. “Se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.” Há esperança para nós; somos presos de esperança. ME3 192.3

Apeguemo-nos às ricas promessas de Deus. O jardim de Deus está cheio de ricas promessas. Oh! procuremos colhê-las; levemo-las para casa; demonstremos que cremos em Deus! Aceitemos o que Ele afirma; que nenhum de nós se encontre desconfiando de Deus ou duvidando dEle! ME3 192.4

Sejamos cristãos em crescimento. Não devemos ficar parados. Devemos estar mais na frente hoje do que estávamos ontem; aprendendo cada dia a ser mais confiantes, a depender inteiramente de Jesus. Assim devemos ir crescendo. Não alcançais a perfeição de um salto; a santificação é a obra de toda a vida. ... ME3 193.1

Lembro-me de um homem e sua esposa, em 1843,... os quais esperavam que o Senhor viesse em 1844, e estavam aguardando e vigiando. E cada dia eles oravam a Deus; antes de desejar boa noite um ao outro, eles diziam: “Talvez o Senhor venha quando estivermos dormindo, e precisamos estar preparados.” Então o marido perguntava à esposa se ele dissera uma palavra durante o dia que ela achava que não estava de acordo com a verdade e a fé que eles professavam; e então ela fazia a mesma pergunta para ele. Em seguida, prostravam-se diante do Senhor e Lhe perguntavam se tinham pecado em pensamento, palavra ou ação, e, nesse caso, que Ele perdoasse essa transgressão. Necessitamos agora exatamente de uma simplicidade como essa. ME3 193.2

Deveis ser como criancinhas, apegando-vos aos méritos do Salvador crucificado e ressurreto, e então sereis fortalecidos. Como? Os anjos de Deus estarão ao vosso redor como uma muralha de fogo. A justiça de Cristo, que reivindicais, vai adiante de vós, e a glória de Deus é a vossa retaguarda. Deus santifique a língua; Deus santifique os pensamentos; Deus santifique nossa mente, para que nos demoremos em assuntos celestiais e, então, para que comuniquemos esse conhecimento e luz a outros. Há um grande avanço para nós, e não deveis parar aqui. Que Deus vos ajude a tirar o máximo proveito de vossas responsabilidades! — Manuscrito 9, 1891. ME3 193.3

A justificação explicada — 1891 — A justificação pela fé é um mistério para muitos. O pecador é justificado por Deus quando se arrepende de seus pecados. Ele vê a Jesus sobre a cruz do Calvário. Por que todo esse sofrimento? A lei de Jeová foi violada. A lei do governo de Deus no Céu e na Terra foi transgredida, e é declarado que a penalidade do pecado é a morte. Mas “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Oh! que amor, que incomparável amor! Cristo, o Filho de Deus, morrendo pelo homem culpado! ME3 193.4

O pecador discerne a espiritualidade da lei de Deus e suas obrigações eternas. Ele vê o amor de Deus em prover um substituto e fiador para o homem culpado, e esse substituto é Alguém igual a Deus. Esta manifestação de graça na dádiva da salvação ao mundo enche o pecador de admiração. Este amor de Deus ao homem derruba toda barreira. Ele se aproxima da cruz, que foi colocada a meio caminho, entre a divindade e a humanidade, e se arrepende de seus pecados de transgressão, porque Cristo o está atraindo para Si. Não espera que a lei o purifique do pecado, pois não há nenhuma virtude perdoadora na lei para salvar os transgressores da lei. Ele olha para o Sacrifício expiatório como sua única esperança, por meio de arrependimento para com Deus — porque foram violadas as leis de Seu governo — e de fé em nosso Senhor Jesus Cristo como Aquele que pode salvar e purificar o pecador de toda transgressão. ME3 194.1

A obra mediadora de Cristo começou com o início da culpa, do sofrimento e da infelicidade humana, logo que o homem se tornou um transgressor. A lei não foi abolida para salvar o homem e colocá-lo em harmonia com Deus. Mas Cristo assumiu a posição de fiador e libertador ao tornar-Se pecado pelo homem, para que este pudesse tornar-se a justiça de Deus nAquele que era Um com o Pai, e por Seu intermédio. Os pecadores só podem ser justificados por Deus quando Ele lhes perdoa os pecados, suspende a punição que eles merecem e os trata como se realmente fossem justos e não houvessem pecado, dispensando-lhes o favor divino e tratando-os como se fossem justos. Eles são justificados unicamente pela justiça imputada por Cristo. O Pai aceita o Filho e, mediante o sacrifício expiatório de Seu Filho, aceita o pecador. ME3 194.2

Fé geral não é suficiente — Muitos mantêm uma fé geral, e reconhecem que o cristianismo é a única esperança para as almas que perecem. Mas, crer isto intelectualmente não é suficiente para a salvação da alma. ... ME3 194.3

Há necessidade não só de fé, mas também de confiança em Deus. Esta é a verdadeira fé de Abraão, uma fé que produziu frutos. “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.” Tiago 2:23. Quando Deus mandou que ele oferecesse seu filho em sacrifício, era a mesma voz que falara ordenando que ele deixasse seu país e fosse para uma terra que Deus lhe mostraria. Abraão foi tão verdadeiramente salvo pela fé em Cristo como o pecador é salvo pela fé em Cristo hoje em dia. ME3 195.1

A fé que justifica sempre produz primeiro verdadeiro arrependimento, e então boas obras, as quais constituem o fruto dessa fé. Não há fé para a salvação que não produza bom fruto. Deus deu Cristo ao nosso mundo para que Se tornasse o substituto do pecador. No momento em que é exercida verdadeira fé nos méritos do custoso sacrifício expiatório, reivindicando a Cristo como Salvador pessoal, nesse próprio momento o pecador é justificado diante de Deus, porque está perdoado. ME3 195.2

Como vencer — 1891 — João chamou a atenção do povo para o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo. Ele disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Há muita coisa nessa expressão “que tira”. A pergunta é: Continuaremos a pecar como se fosse impossível vencermos? Como devemos vencer? Como Cristo venceu, e esta é a única maneira. Ele orava a Seu Pai celestial. Podemos fazer a mesma coisa. ... Quando tentados a falar e praticar o que é mau, resisti a Satanás, dizendo: “Não submeterei minha vontade ao teu domínio. Cooperarei com o poder divino e, pela graça, serei vencedor. — Manuscrito 83, 1891. ME3 195.3

Cristo compensa nossas deficiências inevitáveis — 1891 — Jesus ama Seus filhos, mesmo quando eles erram. Pertencem a Jesus, e devemos tratá-los como a aquisição do sangue de Jesus Cristo. Qualquer atitude injusta para com eles é anotada nos livros como se fosse contra Jesus Cristo. Ele mantém Seu olhar sobre eles, e quando fazem o que está ao seu alcance, implorando o auxílio de Deus, podem estar certos de que o serviço será aceito, embora imperfeito. ME3 195.4

Jesus é perfeito. A justiça de Cristo lhes é imputada, e Ele dirá: “Tirai-lhe as vestes sujas e vesti-o de trajes novos.” Jesus compensa nossas deficiências inevitáveis. Onde os cristãos são fiéis um ao outro, sinceros e leais ao Comandante do Exército do Senhor, nunca entregando por traição encargos nas mãos do inimigo, eles serão transformados no caráter de Cristo. Jesus permanecerá em seu coração pela fé. — Carta 17a, 1891. Ver também a declaração similar feita em 1885 e publicada em Fé e Obras, 43. ME3 196.1

Correi para Cristo logo que é cometido o pecado — 1892 — Muitos não oram. Acham que estão sob a condenação devido ao pecado, e pensam que não devem ir a Deus enquanto não fizerem alguma coisa para merecer Seu favor ou até que Deus tenha esquecido suas transgressões. Eles dizem: “Não posso levantar mãos santas diante de Deus, sem ira e sem animosidade, e, portanto, não posso ir.” Assim eles permanecem longe de Cristo, e estão cometendo pecado durante todo o tempo em que procedem desse modo, pois sem Ele nada podeis fazer, a não ser o mal. ME3 196.2

Logo que cometeis algum pecado, deveis correr para o trono da graça, e contar tudo a Jesus. Deveis estar cheios de tristeza pelo pecado, porque por meio do pecado enfraquecestes vossa própria espiritualidade, entristecestes os anjos celestiais, e feristes e magoastes o amoroso coração de vosso Redentor. Quando, com a alma contrita, pedistes perdão a Jesus, crede que Ele vos perdoou. Não duvideis de Sua misericórdia divina, nem recuseis o conforto de Seu infinito amor. — The Bible Echo, 1° de Fevereiro de 1892. (Discurso proferido em Melbourne, Austrália, em 19 de Dezembro de 1891.) ME3 196.3

E se pecarmos depois que fomos perdoados? — 1892 — É o Espírito Santo que nos concede arrependimento. Jesus nos atrai para Si por meio de Seu divino Espírito; e pela fé no Seu sangue somos purificados do pecado: “O sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” 1 João 1:7. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” Verso 9. ME3 196.4

Suponhamos, porém, que pequemos depois que fomos perdoados, depois que nos tornamos filhos de Deus. Precisamos ficar desesperados? — Não, pois João escreve: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.” Cap. 2:1. Jesus está nas cortes celestiais, intercedendo junto ao Pai em nosso favor. Ele apresenta nossas orações, mesclando com elas o precioso incenso de Seu próprio mérito, para que nossas orações sejam aceitáveis ao Pai. Ele acrescenta a fragrância a nossas orações, e o Pai nos ouve porque pedimos as próprias coisas que necessitamos, e nos tornamos aos outros um aroma de vida para vida. ME3 197.1

Jesus veio sofrer em nosso favor, para que pudesse comunicar-nos Sua justiça. Só há um meio de escape para nós, e se encontra unicamente em nos tornarmos participantes da natureza divina. ME3 197.2

Muitos dizem, porém, que Jesus não era como nós, que Ele não era como nós somos no mundo, que era divino, e que não podemos vencer como Ele venceu. Mas Paulo escreve: “Pois Ele, evidentemente, não tomou a natureza dos anjos; mas tomou sobre Si a descendência de Abraão. Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” Hebreus 2:16-18. “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas, antes foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” Cap. 4:15, 16. Jesus declara: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no Meu trono, assim como também Eu venci, e Me sentei com Meu Pai no Seu trono.” Apocalipse 3:21. ME3 197.3

Jesus cingiu a raça humana com Sua humanidade, e uniu a divindade com a humanidade; assim é trazido poder moral ao homem pelos méritos de Jesus. Os que professam Seu nome devem santificar-se por Sua graça para que possam exercer uma influência santificadora sobre todos aqueles com quem se comunicam. — The Review and Herald, 1° de Março de 1892. ME3 198.1

Não há tempo para cruzar os braços — 1892 — Quando passamos a sentir nossa completa dependência de Cristo para a salvação, devemos cruzar os braços e dizer: “Não tenho que fazer coisa alguma; estou salvo; Jesus realizou tudo”? — Não; devemos empregar toda a energia para que possamos tornar-nos participantes da natureza divina. Continuamente devemos estar vigiando, esperando, orando e trabalhando. ME3 198.2

Embora façamos tudo que estiver ao nosso alcance, não podemos pagar, porém, o resgate de nossa alma. Não podemos fazer nada para originar fé, pois a fé é o dom de Deus; nem podemos aperfeiçoá-la, pois Cristo é o Consumador de nossa fé. É tudo de Cristo. Todo o anseio por uma vida melhor provém de Cristo, e constitui uma evidência de que Ele vos está atraindo para Si, e de que estais sendo sensíveis a Seu poder atrativo. — The Bible Echo, 15 de Março de 1892. ME3 198.3

A natureza de Cristo implantada em nós — 1894 — A verdade, preciosa verdade, é santificadora em sua influência. A santificação da alma pela operação do Espírito Santo é a implantação da natureza de Cristo na humanidade. É a graça de nosso Senhor Jesus Cristo revelada no caráter, e a graça de Cristo posta em prática em boas obras. Assim o caráter é transformado cada vez mais perfeitamente à imagem de Cristo em justiça e verdadeira santidade. Há amplos requisitos na verdade divina que abrangem um aspecto após o outro de boas obras. As verdades do evangelho não são desconexas; unindo-se, elas formam uma fieira de jóias celestiais, como na obra pessoal de Cristo, e, como fios de ouro, elas atravessam toda a obra e experiência cristã. ME3 198.4

Cristo é o sistema completo da verdade. Ele diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.” Todos os crentes verdadeiros se centralizam em Cristo; seu caráter é irradiado por Cristo; todos se encontram em Cristo e giram em torno de Cristo. A verdade vem do Céu para limpar e purificar o instrumento humano de toda contaminação moral. Ela conduz a ação benevolente, a bondoso, terno e solícito amor para com os necessitados, aflitos e sofredores. Isto é obediência prática às palavras de Cristo. — Manuscrito 34, 1894. ME3 198.5

Satanás presumia estar santificado — 1894 — Satanás presumia estar santificado e se exaltava acima de Deus, mesmo nas cortes celestiais. Tão grande era o seu poder enganador que ele corrompeu um grande número de anjos e atraiu-lhes a simpatia para seu interesse egoísta. Quando tentou a Cristo no deserto, ele presumia estar santificado e ser um anjo puro das cortes celestiais; mas Jesus não foi enganado por suas pretensões, e os que vivem de toda palavra que procede da boca de Deus também não serão enganados. ME3 199.1

Deus não aceitará uma obediência voluntariosa e imperfeita. Os que presumem estar santificados, mas desviam os ouvidos de ouvir a lei, demonstram ser filhos da desobediência, cujo coração carnal não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. — Manuscrito 40, 1894. ME3 199.2

Fé e boas obras — 1895 — Nossa aceitação por Deus só é segura por meio de Seu Filho amado, e as boas obras são apenas o resultado da atuação de Seu amor que perdoa o pecado. Não constituem um crédito para nós, e nada nos é atribuído por nossas boas obras que possamos usar para reivindicar uma parte na salvação de nossa alma. A salvação é o dom gratuito de Deus para o crente, que lhe é concedido unicamente por amor a Cristo. A alma perturbada pode encontrar paz pela fé em Cristo, e sua paz será proporcional a sua fé e confiança. Não pode apresentar suas boas obras como argumento para a salvação de sua alma. ME3 199.3

As boas obras não têm, porém, nenhum valor real? É o pecador que cada dia comete pecado impunemente considerado por Deus com o mesmo favor como aquele que pela fé em Cristo procura agir em sua integridade? A Escritura responde: “Somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” ME3 199.4

Em Sua providência divina, por meio de Seu favor imerecido, o Senhor ordenou que as boas obras sejam recompensadas. Somos aceitos unicamente pelo mérito de Cristo; e os atos de misericórdia, as ações de caridade, que realizamos, são os frutos da fé; e eles se tornam uma bênção para nós; pois os homens serão recompensados de acordo com as suas obras. ME3 200.1

É a fragrância do mérito de Cristo que torna nossas boas obras aceitáveis a Deus, e é a graça que nos habilita a praticar as obras pelas quais Ele nos retribui. Nossas obras, em si e por si mesmas, não têm mérito algum. Quando fizemos tudo que nos era possível fazer, devemos considerar-nos servos inúteis. Não merecemos agradecimentos de Deus. Só fizemos o que era nosso dever, e nossas obras não podiam ter sido realizadas na força de nossa própria natureza pecaminosa. ME3 200.2

O Senhor recomendou que nos aproximemos dEle, e Ele Se aproximará de nós; e, aproximando-nos dEle, recebemos a graça pela qual realizamos as obras que serão recompensadas por Suas mãos. — The Review and Herald, 29 de Janeiro de 1895. ME3 200.3

Circundados pela atmosfera do céu — 1898 — “Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro.” 1 João 4:19. Verdadeira conversão, verdadeira santificação será a causa da mudança em nossos conceitos e em nossos sentimentos de uns para com os outros e para com Deus. “Nós conhecemos e cremos o amor que Deus nos tem. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” Verso 16. Precisamos crescer na fé. Precisamos conhecer a santificação do Espírito. Com fervorosa oração, precisamos buscar a Deus, para que o divino Espírito possa operar em nós. Deus será então glorificado pelo exemplo do instrumento humano. Seremos cooperadores de Deus. ME3 200.4

A santificação de alma, corpo e espírito nos circundará da atmosfera do Céu. Se Deus nos escolheu desde a eternidade, é para que fôssemos santos, tendo a consciência purificada de obras mortas para servirmos ao Deus vivo. Não devemos de maneira alguma fazer do próprio eu o nosso deus. Deus a Si mesmo Se deu para morrer por nós, a fim de que pudesse purificar-nos de toda iniqüidade. O Senhor levará avante essa obra de perfeição para nós se consentirmos em ser dominados por Ele. Leva avante essa obra para nosso bem e para a glória de Seu próprio nome. ME3 200.5

A importância de fé simples e implícita — Precisamos dar vivo testemunho às pessoas, apresentando-lhes a simplicidade da fé. Precisamos aceitar o que Deus afirma e crer que Ele fará exatamente o que disse. Se nos castiga, é para que sejamos participantes de Sua natureza divina. Faz parte de todos os Seus desígnios e planos levar avante a santificação diária em nós. Não reconheceremos nossa obra? Não apresentaremos aos outros seu dever, o privilégio que eles têm de crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo? ME3 201.1

“Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação.” 1 Tessalonicenses 4:3. Não temos prosseguido para o alvo, para o prêmio de nossa soberana vocação. O próprio eu tem encontrado lugar em demasia. Oh, permiti que a obra seja efetuada sob a direção especial do Espírito Santo! O Senhor requer todas as energias da mente e de todo o ser. É Sua vontade que estejamos em harmonia com Ele na vontade, no temperamento, no espírito, em nossas meditações. A obra da justiça não pode ser levada avante sem que exerçamos implícita fé. ME3 201.2

Avançai cada dia sob a poderosa atuação de Deus. O fruto da justiça é tranqüilidade e segurança para sempre. Se tivéssemos exercido mais fé em Deus e confiado menos em nossas próprias idéias e sabedoria, Deus teria manifestado Seu poder de maneira acentuada nos corações humanos. Pela união com Ele, por viva fé, é-nos concedido o privilégio de desfrutar a virtude e eficácia de Sua mediação. Por isso somos crucificados com Cristo, mortos com Cristo, ressuscitados com Cristo, para andar em novidade de vida com Ele. — Carta 105, 1898. ME3 201.3

É necessário haver verdadeira santificação — 1902 — Há duas noites, acordei às dez horas, muito preocupada com a falta da atuação do Espírito Santo entre nosso povo. Levantei-me e andei pelo quarto, implorando que o Senhor chegasse mais perto, muito mais perto de Seu povo, dotando-os de tal poder que realizem Sua obra tão poderosamente que por meio deles seja revelada a abundante graça de Cristo. ... ME3 201.4

No Sermão da Montanha, Cristo deu uma definição de verdadeira santificação. Ele levou uma vida de santidade. Ele era uma lição prática do que devem ser os Seus seguidores. Devemos ser crucificados com Cristo, sepultados com Ele, e vivificados então por Seu Espírito. Então somos imbuídos de Sua vida. ME3 202.1

A obra de toda a vida — Nossa santificação é o objetivo de Deus em todo o Seu trato conosco. Ele nos escolheu desde a eternidade para que fôssemos santos. Cristo a Si mesmo Se entregou para nossa redenção, para que por nossa fé em Seu poder para salvar do pecado pudéssemos tornar-nos completos nEle. Ao dar-nos Sua Palavra, Ele nos deu pão do Céu. Ele declara que se comermos Sua carne e bebermos Seu sangue, receberemos a vida eterna. ME3 202.2

Por que não nos alongamos mais sobre isso? Por que não procuramos fazer com que seja compreendido com facilidade, visto que significa tanta coisa? Por que os cristãos não abrem os olhos para ver a obra que Deus requer que eles façam? Santificação é a obra progressiva de toda a vida. O Senhor declara: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação.” 1 Tessalonicenses 4:3. É vossa vontade que vossos desejos e inclinações sejam postos em conformidade com a vontade divina? ME3 202.3

Como cristãos, comprometemo-nos a realizar e cumprir nossas responsabilidades e mostrar ao mundo que temos íntima ligação com Deus. Assim, por meio das piedosas palavras e obras de Seus discípulos, Cristo deve ser representado. ME3 202.4

Deus requer de nós perfeita obediência a Sua lei — a expressão de Seu caráter. “Anulamos, pois, a lei, pela fé? Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei.” Romanos 3:31. Esta lei é o eco da voz de Deus, dizendo a nós: Mais santos, sim, mais santos ainda. Desejai a plenitude da graça de Cristo; sim, almejai a justiça — tende fome e sede dela. A promessa é: “Sereis fartos.” Seja vosso coração imbuído de intenso anseio por essa justiça, cujo efeito a Palavra de Deus declara ser paz, e seu fruto, repouso e segurança, para sempre. ME3 202.5

Participantes da natureza divina — É nosso privilégio ser participantes da natureza divina, livrando-nos da corrupção das paixões que há no mundo. Deus afirmou claramente que requer que sejamos perfeitos; e, porque requer isto, Ele tomou providências para que sejamos participantes da natureza divina. Somente assim podemos ter êxito em nosso empenho pela vida eterna. O poder é concedido por Cristo. “A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.” João 1:12. ME3 203.1

Deus requer de nós conformidade com a Sua imagem. Santidade é o reflexo, da parte de Seu povo, dos brilhantes raios de Sua glória. Mas, a fim de refletir essa glória, o homem precisa cooperar com Deus. O coração e a mente têm de ser esvaziados de tudo que conduz ao mal. A Palavra de Deus deve ser lida e estudada com o sincero desejo de obter poder espiritual dela. O pão do Céu precisa ser ingerido e assimilado, para que se torne uma parte da vida. Assim obtemos vida eterna. Então é atendida a oração do Salvador: “Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade.” — Carta 153, 1902. ME3 203.2

Opiniões e práticas devem sujeitar-se à palavra de Deus — Há muitos que alegam ter sido santificados a Deus; quando, porém, lhes é apresentada a grande norma de justiça, ficam muito excitados e manifestam um espírito que prova que eles nada conhecem do que significa ser santificado. Não têm a mente de Cristo; pois os que realmente são santificados respeitarão a Palavra de Deus e lhe obedecerão logo que lhes seja exposta, e expressarão ardente desejo de conhecer o que é a verdade em todo ponto de doutrina. Sentimento exultante não é evidência de santificação. A afirmação: “Estou salvo, estou salvo” não prova que a alma está salva ou santificada. ME3 203.3

Para muitos que se acham grandemente excitados é declarado que eles estão santificados, quando não têm uma idéia inteligente do que significa essa palavra, pois não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Ufanam-se de estar em conformidade com a vontade de Deus porque se sentem felizes; mas, quando são provados, quando a Palavra de Deus é aplicada a sua experiência, tapam os ouvidos para não ouvir a verdade, dizendo: “Estou santificado”, e isso põe fim à controvérsia. Não querem ter nada que ver com examinar as Escrituras para saber o que é a verdade, e demonstram estar terrivelmente iludidos. Santificação significa muito mais do que arroubo de sentimento. ME3 204.1

Excitação não é santificação. Inteira conformidade com a vontade de nosso Pai que está no Céu unicamente é santificação, e a vontade de Deus é expressa em Sua santa lei. A observância de todos os mandamentos de Deus é santificação. Demonstrar ser filhos obedientes à Palavra de Deus é santificação. A Palavra de Deus deve ser nosso guia, não as opiniões ou idéias de homens. — The Review and Herald, 25 de Março de 1902. ME3 204.2

Santificação, uma experiência em contínuo crescimento — 1908 — Se firmarmos a mente em Cristo, Ele virá para nós como a chuva, como a chuva temporã e serôdia sobre a Terra. Como o Sol da Justiça, Ele aparecerá trazendo salvação nas Suas asas. Podemos crescer como o lírio, renovar-nos como os cereais e desenvolver-nos como a videira. ME3 204.3

Olhando constantemente para Cristo, pautando a vida por Ele, como nosso Salvador pessoal, cresceremos à Sua semelhança em todas as coisas. Nossa fé aumentará, nossa consciência será santificada. Tornar-nos-emos cada vez mais semelhantes a Cristo em todas as nossas obras e palavras. Graças a Deus, creremos em Sua Palavra. “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio-próprio. Contra estas coisas não há lei.” — Carta 106, 1908. ME3 204.4