Fundamentos da Educação Cristã

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A melhor educação e seu objetivo

A melhor educação que pode ser dada às crianças e aos jovens é a que encerra a mais íntima relação com a futura vida imortal. Tal espécie de educação deve ser ministrada por pais piedosos, por professores dedicados e pela igreja, a fim de que os jovens, por sua vez, se tornem zelosos missionários, quer na pátria, quer nos campos estrangeiros. Devem ser diligentemente instruídos nas verdades da Bíblia, para que se tornem colunas na igreja, defensores da verdade, arraigados e firmados na fé. Devem saber o que crêem e ter tal experiência nas coisas divinas que jamais atraiçoem sagrados encargos. FEC 231.1

Os jovens devem ser educados, por preceito e exemplo, que lhes compete ser instrumentos para Deus, mensageiros de misericórdia, preparados para toda boa palavra e obra, e que devem ser uma bênção aos que se acham prestes a perecer. Temos grande necessidade de esmerada aptidão, e os talentos confiados a nossos jovens devem ser consagrados ao serviço de Deus e empregados em Sua obra. Deve haver homens e mulheres habilitados a trabalhar nas igrejas e a preparar nossos jovens para ramos especiais de serviço, a fim de que almas sejam levadas a ver a Jesus. As escolas estabelecidas por nós devem ter em vista este objetivo e não imitar o sistema das escolas denominacionais estabelecidas por outras igrejas ou o sistema de seminários e colégios do mundo. Devem ter um sistema muito mais elevado, em que não se origine ou não se favoreça nenhum aspecto de incredulidade. Aos estudantes deve-se ensinar o cristianismo prático, e a Bíblia deve ser considerada o livro mais elevado e importante. FEC 231.2

Em todas as partes do mundo há grande necessidade de professores cristãos e de médicos missionários. Em todas as partes do campo, tanto na pátria como no estrangeiro, há portas abertas para os que podem fazer bem ao corpo e à alma, apresentando a preciosa luz da verdade. A negligência anterior neste sentido não deve perpetuar-se. Grande luz tem incidido sobre o nosso caminho, nalguns aspectos mais do que em outros, e, no entanto, nosso progresso nesses próprios setores tem estado muito aquém da luz que recebemos. Muitos de nossos moços e moças mais promissores têm oferecido o melhor de suas aptidões em relicários idólatras, entregando-se a si mesmos como sacrifício ao príncipe do mal. Oxalá os jovens em nossas escolas, tanto individual como coletivamente, se submetam às valiosas operações do Espírito do Senhor, para que reconheçam as indicações de Sua providência e esperem em Deus, a fim de que conheçam e realizem Sua vontade! Abririam deste modo a porta do coração a Jesus. FEC 231.3

Entregando-nos a Deus, obtemos grandes vantagens; pois, se temos fraquezas de caráter, como sucede com todos nós, unimo-nos com Alguém que é poderoso para salvar. Nossa ignorância estará unida à sabedoria infinita, nossa fragilidade ao eterno poder, e, como Jacó, cada um de nós pode tornar-se um príncipe com Deus. Ligados ao Senhor Deus de Israel, teremos poder do alto que nos habilitará a ser vencedores; e mediante a comunicação do divino amor, encontraremos acesso aos corações humanos. Com mão tremente apegar-nos-emos ao trono do Infinito, e diremos: “Não Te deixarei ir, se me não abençoares.” É dada a certeza de que Ele nos abençoará e tornar-nos-á uma bênção; e isto é nossa luz, nossa alegria, nosso triunfo. Quando os jovens compreenderem o que é ter o favor e o amor de Deus no coração, começarão a perceber o valor de seus privilégios adquiridos por sangue, e consagrarão suas capacidades a Deus, procurando com todas as forças dadas pelo Senhor aumentar os talentos a serem usados no serviço do Mestre. FEC 232.1

A única segurança para nossos jovens nesta época de pecado e crime é ter viva ligação com Deus. Devem aprender como buscar a Deus, a fim de que sejam cheios de Seu Santo Espírito e procedam como se estivessem cientes de que toda a hoste celestial os contempla com atenta solicitude, prontos a socorrê-los no perigo e em tempos de necessidade. Os jovens devem ser protegidos contra a tentação por meio de advertências e instruções. Devem aprender quais os incentivos que lhes são apresentados na Palavra de Deus. Deve ser delineado perante eles o perigo de darem um passo nos atalhos do mal. Devem ser educados a respeitar os conselhos de Deus nos Seus sagrados oráculos. Devem ser instruídos de tal maneira que tomem uma posição resoluta contra o mal e decidam abster-se de trilhar qualquer vereda em que não possam esperar que Jesus os acompanhe e que repouse sobre eles a Sua bênção. Devem aprender uma religião prática e diária que santifique todos os aspectos de sua vida, no lar, nos negócios, na igreja, na sociedade. Precisam ser educados de tal modo que compreendam quão perigoso é tratar levianamente com os seus privilégios, e que Deus espera que busquem cada dia a Sua bênção com reverência e fervor. A bênção de Deus é um precioso dom, e deve receber tal apreciação que não seja abandonada por preço algum. A bênção do Senhor enriquece, e com ela não traz desgosto. FEC 232.2

Meu coração fica profundamente perturbado quando leio algo sobre a degradação de nobres faculdades no serviço de Satanás. Nas repartições governamentais, nas posições de grande responsabilidade, nos encargos oficiais, os homens são tentados pelo maligno; e o resultado é corrupção, crimes, defraudações, roubos e extorsões. Existem terríveis antros de corrupção que vertem sobre o nosso mundo influências deletérias que conspurcam a comunidade. Em todos os lugares Satanás armou as suas ciladas a fim de apanhar homens de cultura, de bons dotes naturais — homens que poderiam tornar-se cooperadores com Deus, companheiros dos anjos, habitantes do Céu — a fim de atá-los ao seu séquito de escravos. E, no entanto, Jesus os resgatou da servidão do inimigo; mas recusam estar em liberdade, e não querem tornar-se filhos e herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo de uma herança imperecível. Vivem como se a Terra, o dinheiro, a posição, as casas e as propriedades fossem os principais objetivos de sua criação. Sua vida é prolongada pela terna misericórdia de Deus; mas não é deplorável ver homens de grande competência vivendo a um nível tão baixo? FEC 233.1

O resgate foi pago, e todos podem ir a Deus e, mediante uma vida de obediência, alcançar a vida eterna. Por isso, como é lamentável que os homens se afastem da herança imperecível e vivam para satisfazer o orgulho, para o egoísmo e a ostentação, e, pela submissão ao domínio de Satanás, percam a bênção que poderiam obter tanto nesta vida como na vida futura. Poderiam entrar nos palácios do Céu e associar-se em condições de liberdade e igualdade com Cristo e os anjos celestiais, e com os príncipes de Deus; entretanto, por incrível que pareça, eles se afastam das atrações celestes. O Criador de todos os mundos deseja amar os que crêem em Seu Filho unigênito como Salvador pessoal assim como ama a Seu próprio Filho. Aqui mesmo e agora Seu gracioso favor nos é outorgado nesta maravilhosa amplitude. Concedeu aos homens o dom da Luz e Majestade do Céu, e, com Ele, todos os tesouros celestiais. Assim como nos prometeu a vida futura, também nos outorga principescas dádivas nesta vida, e, como recipientes de Sua graça, deseja que desfrutemos tudo quanto enobrecerá, expandirá e elevará nosso caráter. É Seu desígnio habilitar-nos para as cortes celestiais. FEC 234.1

Satanás contende, porém, pelas almas dos homens e lança sua sombra infernal através do caminho deles, a fim de que não contemplem a luz. Não quer que tenham um vislumbre da honra futura, das glórias eternas reservadas para os que habitarão no Céu, ou que desfrutem a experiência que constitui um antegozo da felicidade do Céu. Tendo, porém, as atrações celestes diante da mente para infundir esperança, avivar o desejo e estimular o esforço, como poderemos afastar-nos desta perspectiva e escolher o pecado e seu salário, que é a morte? FEC 234.2

Os que aceitam a Cristo como seu Salvador têm a promessa da vida que agora existe e da que está para vir. O instrumento humano não é devedor de parte alguma de sua capacidade ao serviço de Satanás; mas deve toda a sua lealdade ao infinito e eterno Deus. O mais humilde discípulo de Cristo pode tornar-se um habitante do Céu, herdeiro de Deus de uma herança incorruptível que não se esvaece. Oxalá todos escolham o dom celestial, tornando-se herdeiros de Deus daquela herança cujo título está resguardado contra todo e qualquer destruidor, um mundo sem fim! Oh! não escolhais o mundo, mas escolhei a herança superior! Apressurai-vos e prossegui com insistência em direção ao alvo, para o prêmio de vossa soberana vocação em Cristo Jesus. Por amor a Cristo, moldai o objetivo de vossa educação pelos incentivos do mundo melhor. — The Review and Herald, 21 de Novembro de 1893. FEC 234.3