Conselhos sobre Saúde
O médico dos males espirituais
A obra do médico cristão não termina com a cura das doenças do corpo; seus esforços devem estender-se aos males do espírito, à salvação da alma. Talvez não seja seu dever, a menos que seja solicitado, apresentar quaisquer pontos teóricos da verdade; mas pode encaminhar seus doentes para Cristo. As lições do Mestre divino são sempre apropriadas. Devem chamar a atenção do descontente para os sempre novos sinais de amor e cuidado da parte de Deus, para Sua sabedoria e bondade, tais como se manifestam nas obras que criou. A mente pode então ser levada, através da Natureza, ao alto, ao Deus da Natureza, e concentrada no Céu por Ele preparado para os que O amam. CSa 323.3
O médico deve saber orar. Em muitos casos, ele precisa aumentar o sofrimento, a fim de salvar a vida; e seja o paciente cristão ou não seja, sente-se mais seguro se sabe que seu médico teme a Deus. A oração dará ao doente uma permanente confiança; e muitas vezes, se seu caso é levado ao Grande Médico com humilde confiança, isto fará mais em seu benefício do que todas as drogas que sejam ministradas. CSa 324.1
Satanás é o causador da doença; e o médico está batalhando contra sua obra e poder. A enfermidade da mente reina por toda parte. Nove décimos das enfermidades sofridas pelo homem têm aí seu fundamento. Talvez algum vivo distúrbio doméstico esteja, como gangrena, roendo até à própria alma, e enfraquecendo as forças vitais. O remorso pelo pecado mina por vezes a constituição, e desequilibra a mente. Há, também, doutrinas errôneas, como a de um inferno eternamente a arder e o tormento perpétuo dos ímpios, as quais por darem uma visão exagerada e torcida do caráter de Deus, têm produzido os mesmos resultados sobre espíritos sensíveis. Os infiéis têm aproveitado ao máximo esses casos infelizes, atribuindo a loucura à religião; isto, porém, é grosseira difamação, a qual deverão enfrentar finalmente. A religião de Cristo, bem longe de causar loucura, é um de seus mais eficazes remédios; é poderoso calmante nervoso. CSa 324.2
O médico necessita de sabedoria e poder mais que humanos, a fim de saber a maneira por que deve ministrar aos muitos casos desconcertantes de doença da mente e do coração com que é chamado a lidar. Se ele ignora o poder da graça divina, não pode ajudar ao doente, antes agravará o mal; mas se está firmemente apoiado em Deus, será capaz de ajudar a mente enferma, perturbada. Será capaz de encaminhar seus pacientes a Cristo, e ensiná-los a levarem todos os seus cuidados e perplexidades ao grande Portador de fardos. CSa 325.1
Há uma ligação divinamente indicada entre o pecado e a doença. Médico algum pode clinicar por um mês sem isto lhes ser exemplificado. Talvez ele ignore o fato; sua mente poderá estar tão ocupada com outros assuntos, que a atenção não lhe seja chamada para isto; mas, se for observador e sincero, não poderá deixar de reconhecer que o pecado e a doença mantêm entre si a relação de causa e efeito. O médico deve ser pronto a ver isto, e agir com harmonia. Havendo ele granjeado a confiança dos doentes aliviando-lhes os sofrimentos e trazendo-os da beira do túmulo, pode ensinar-lhes que a doença é o resultado do pecado; e que é o inimigo caído que os procura seduzir às práticas destruidoras da saúde e da alma. Pode impressionar-lhes o espírito com a necessidade de negarem-se a si mesmos e obedecerem às leis da vida e da saúde. Na mente dos jovens, especialmente, pode ele incutir os retos princípios. CSa 325.2
Deus ama Suas criaturas com um amor que é a um tempo terno e forte. Estabeleceu as leis da Natureza; estas, porém, não são exigências arbitrárias. Todo “Não”, seja no que concerne à lei física como no que respeita à lei moral, implica uma promessa. Caso ela seja obedecida, nossos passos serão seguidos de bênçãos; se desobedecida, o resultado será perigo e infelicidade. As leis de Deus visam levar seu povo mais perto dEle. Ele os salvará do mal e os levará ao bem, se quiserem ser conduzidos; forçá-los, porém, Ele jamais fará. ... CSa 325.3
Os médicos que amam e temem a Deus são poucos, comparados aos que são infiéis ou declaradamente irreligiosos; e aqueles que devem ser procurados de preferência à última classe. Podemos bem desconfiar do médico ímpio. Abre-se-lhe a porta da tentação, o ardiloso inimigo sugerirá pensamentos e atos indignos, e apenas o poder da graça divina poderá subjugar as tumultuosas paixões e fortalecer contra o pecado. Aos que são moralmente corruptos não faltam oportunidades para corromper as mentes puras. Como, porém, se apresentará o médico licencioso no dia de Deus? Professando cuidar dos doentes, tem ele traído sagrados encargos. Tem degradado tanto a alma quanto o corpo das criaturas de Deus, e colocado os seus pés no caminho que leva à perdição. Quão terrível é confiarmos os nossos queridos às mãos de um homem impuro, que pode corromper a moral e arruinar a alma! Quão fora de lugar está o médico ímpio à beira da cama do moribundo! CSa 326.1