Conselhos sobre o Regime Alimentar
Parte 4 — Sidra
755. Vivemos em uma época de intemperança, e prover para o apetite do bebedor de sidra é uma ofensa a Deus. Juntamente com outros, empenhastes-vos nesse trabalho por não haver seguido a luz. Houvésseis vós permanecido na luz e não haveríeis, não poderíeis haver feito isto. Cada um de vós que tivestes parte nesse trabalho há de vir sob a condenação de Deus, a menos que façais inteira mudança em vosso negócio. Necessitais ser sinceros. Precisais começar imediatamente a obra para purificar vossa alma da condenação. ... CRA 432.3
Depois de haverdes tomado decidida atitude em oposição a ativa participação na obra das sociedades de temperança, poderíeis ainda haver conservado certa influência sobre outros para o bem, caso houvésseis agido conscienciosamente em harmonia com a santa fé que professais; mas, empenhando-vos na manufatura da sidra, prejudicastes muito vossa influência; e o que é pior, trouxestes opróbrio à verdade, e vossa própria alma foi prejudicada. Tendes estado a construir uma barreira entre vós e a causa da temperança. Vossa conduta levou incrédulos a pôr em dúvida os vossos princípios. Não estais fazendo retas veredas para vossos pés; e os coxos estão vacilando e tropeçando em vós para perdição. CRA 432.4
Não posso ver como, à luz da lei de Deus, podem cristãos empenhar-se conscienciosamente na cultura de lúpulo ou na manufatura de vinho ou de sidra para o mercado. Todos esses artigos podem ser empregados para bons fins, e demonstrarem-se uma bênção; ou podem ser postos em mau uso, e demonstrarem-se uma tentação e uma ruína. Sidra e vinho podem ser engarrafados quando frescos, e conservados doces por longo tempo; e caso sejam usados quando não fermentados, não destronarão a razão. ... CRA 432.5
O beber moderado, caminho para a embriaguez
As pessoas podem-se intoxicar na verdade tanto com vinho e sidra como com bebidas mais fortes, e a pior espécie de embriaguez é produzida por essas bebidas chamadas mais brandas. As paixões são mais perversas; a transformação do caráter é maior, mais decidida e obstinada. Alguns litros de sidra ou de vinho podem suscitar o gosto pelas bebidas mais fortes, e em muitos casos foi assim que os que se tornaram ébrios confirmados lançaram o fundamento do hábito da bebida. Para algumas pessoas não é de modo algum seguro ter em casa vinho ou sidra. Herdaram a sede de estimulantes, com que Satanás está continuamente os incitando a condescenderem. Caso eles cedam a suas tentações, não param; a sede clama por satisfação, e é satisfeita para ruína sua. O cérebro é obscurecido e anuviado; a razão não mais maneja as rédeas, antes estas são postas ao pescoço da concupiscência. Licenciosidade, adultério e vícios quase de toda sorte são seguidos em resultado da condescendência com o desejo do vinho e da sidra. Um professor de religião que gosta desses estimulantes, e habitua-se a usá-los, jamais crescerá na graça. Torna-se grosseiro e sensual; as paixões animais regem-lhe as mais elevadas faculdades da mente, e não é nutrida a virtude. CRA 433.1
O beber moderadamente, eis a escola em que se estão hoje educando homens para a carreira do ébrio. Tão gradualmente desvia Satanás das fortalezas da temperança, tão insidiosamente o inofensivo vinho e a sidra exercem sua influência no gosto, que, eles entram na senda da embriaguez sem o suspeitar. O gosto pelos estimulantes é cultivado; o sistema nervoso fica em desordem; Satanás conserva a mente numa febre de desassossego, e a pobre vítima, imaginando-se perfeitamente segura, vai prosseguindo, até que toda barreira é derribada, sacrificado todo princípio. As mais firmes resoluções são minadas; e os interesses eternos não são suficientemente fortes para manter o aviltado desejo sob o domínio da razão. CRA 433.2
Alguns nunca chegam a ser ébrios, mas encontram-se sempre sob a influência da sidra ou do vinho fermentado. Acham-se febris, mente fora de equilíbrio, não realmente delirantes, mas em condição identicamente má, pois todas as nobres faculdades da mente se acham pervertidas. Do uso habitual da sidra ácida resulta a tendência para doenças de várias espécies, como hidropisia, enfermidades do fígado, nervos trêmulos e tendência do sangue para a cabeça. Pelo uso dessas bebidas, trazem muitos doenças permanentes sobre si. Uns morrem de tuberculose ou tombam ao golpe da apoplexia, unicamente por essa razão. Alguns sofrem dispepsia. Toda função vital é amortecida, e os médicos lhes dizem que sofrem do fígado, quando se eles arrebentassem o barril de sidra, não o substituindo nunca mais, suas maltratadas forças vitais recuperariam o primitivo vigor. CRA 434.1
O beber sidra conduz às bebidas mais fortes. O estômago perde o natural vigor, e é necessário alguma coisa mais forte para o excitar à ação. ... Vemos o poder que tem a sede de bebida forte sobre os homens; vemos quantos, pessoas de todas as profissões e de sérias responsabilidades — homens de posições elevadas e privilegiados talentos, de grandes consecuções, de finas sensibilidades, nervos fortes e boas faculdades de raciocínio — sacrificam tudo pela satisfação do apetite, até que são reduzidos ao nível dos animais; e em muitos, muitos casos, sua direção decadente começou com o uso do vinho ou da sidra. CRA 434.2
Nosso exemplo deve estar do lado da reforma
Quando homens e mulheres inteligentes, professos cristãos, alegam que não há dano em fazer vinho ou sidra para o mercado, porque, quando não fermentado eles não intoxicam, meu coração se entristece. Sei que há outra face do assunto a que eles se recusam a olhar; pois o egoísmo lhes cerrou os olhos aos terríveis males que podem resultar do uso desses estimulantes. ... CRA 434.3
Como um povo, professamos ser reformadores, ser portadores de luz no mundo, ser fiéis sentinelas de Deus, guardando toda entrada pela qual Satanás pode penetrar com suas tentações para perverter o apetite. Nosso exemplo e influência podem ser uma força do lado da reforma. Cumpre abster-nos de toda prática que embote a consciência ou estimule a tentação. É preciso não abrirmos porta alguma que dê a Satanás acesso à mente de um ser formado à imagem de Deus. Se todos fossem vigilantes e fiéis no guardar as pequeninas aberturas feitas pelo uso moderado dos chamados vinho e sidra inofensivos, fechado seria o caminho à embriaguez. O que é necessário em toda comunidade é firmeza de propósito, a força de vontade para não tocar, não provar, não manusear; então a reforma pró-temperança será vigorosa, permanente e cabal. ... CRA 435.1
O Redentor do mundo, que conhece bem o estado da sociedade nos últimos dias, representa o comer e beber como os pecados que condenam este século. Ele nos diz que, como foi nos dias de Noé, assim será quando o Filho do homem Se revelar. “Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos.” Justamente tal estado de coisas existirá nos últimos dias, e os que crêem nessas advertências usarão da máxima cautela para não tomarem uma direção que os leve a ficar sob condenação. CRA 435.2
Consideremos, irmãos, este assunto à luz escriturística, e exerçamos decidida influência no sentido da temperança em todas as coisas. Maçãs e uvas são dons de Deus; podem ser usadas de maneira excelente como artigos de alimentação, ou podem ser mal empregadas, sendo usadas de modo errôneo. Já Deus está praguejando a colheita das uvas e das maçãs por causa das práticas pecaminosas dos homens. Estamos diante do mundo como reformadores; não demos ocasião aos infiéis e incrédulos para censurarem nossa fé. Disse Cristo: “Vós sois o sal da Terra”, “a luz do mundo.” Mostremos que nosso coração e consciência se acham sob a influência transformadora da graça divina, e que nossa vida é governada pelos puros princípios da lei de Deus, mesmo que esses princípios exijam o sacrifício de interesses temporais. — Testimonies for the Church 5:354-361 (1885). CRA 435.3
Sob o microscópio
756. As pessoas que herdaram o apetite dos estimulantes contrários à natureza, não devem por modo nenhum ter vinho, cerveja ou sidra diante dos olhos ou ao seu alcance; pois isto lhes mantém a tentação continuamente adiante. Considerando inofensiva a sidra não fermentada, muitos não têm escrúpulos de a comprar à vontade. Mas só por pouco tempo se conserva ela não fermentada; começa depois a fermentação. O sabor picante que adquire então a torna ainda mais apetecível para muitos paladares, e ao seu adepto repugna reconhecer que ela fermentou. CRA 436.1
Há perigo para a saúde mesmo no uso de sidra não fermentada, segundo é comumente produzida. Se o povo pudesse ver o que o microscópio revela quanto à sidra que compram, poucos estariam dispostos a ingeri-la. Freqüentemente os que fabricam sidra para o mercado não são cuidadosos quanto às condições da fruta empregada, sendo extraído o suco de maçãs bichadas e podres. Aqueles que não quereriam pensar em se servir de maçãs apodrecidas e envenenadas de outro jeito, beberão sidra delas feita, considerando-a uma delícia; mas o microscópio mostra que mesmo quando fresca, saída da prensa, essa aprazível bebida é inteiramente imprópria para o consumo. CRA 436.2
A intoxicação é produzida tão positivamente pelo vinho, cerveja e sidra, como pelas bebidas mais fortes. O uso delas suscita o gosto pelas outras, estabelecendo-se assim o hábito da bebida. O beber moderado é a escola em que os homens se educam para a carreira da embriaguez. Todavia, tão insidiosa é a obra desses estimulantes mais brandos, que a vítima entra no caminho da embriaguez antes de suspeitar o perigo em que se encontra. — A Ciência do Bom Viver, 331, 332 (1905). CRA 436.3